Espacios. Vol. 28 (3) 2007. Pág. 22

Gestão da tecnologia e inovação: o caso do Departamento de Desenvolvimento de Novos Produtos de uma empresa de nobreaks

Gestión del tecnología y innovación: el caso del departamento de desarrollo de nuevos productos de una empresa de nobreaks

Innovation Technology Management: the case of project and Development Department of UPS industry

Rosane Yoshida Natume, Hélio Gomes de Carvalho, Luiz Alberto Pilatti


6. Resultados

Como o questionário era subdividido em 4 partes compostas por várias perguntas, a nota final foi dada de acordo com a média relativa a somatória das perguntas de cada parte. Estas notas variaram de acordo com a seguinte tabela:

NOTA

CLASSIFICAÇÃO

4,0 – 5,0

Excelente

3,0 – 3,9

Bom

2,0 – 2,9

Regular

1,0 – 1,9

Insuficiente

Tabela 1: Classificação das notas para obtenção dos resultados

            Os resultados das notas referentes a cada uma das partes estão demonstrados no gráfico a seguir:

 

 Gráfico 1 – Notas relativas aos itens avaliados no instrumento de pesquisa.

            Especificamente no item Conhecimento e Inovação o respondente da empresa disse ser insuficiente ou sofrível (1) quando se questionou sobre a produção do conhecimento para a inovação, por isso a nota neste item não foi melhor. Quando se questionou sobre o gerenciamento do conhecimento para a inovação, a abertura para novas idéias sobre processos, produtos e serviços, estar atento a inovações na sua área e a busca por inovações a nota dada foi muito bom (4).

            No segundo item Sistema de Implantação e Consolidação do Conhecimento adquirido foi o de menor nota, pois quando se questionou sobre a documentação de modificações em todos os processos e produtos, esquemas que incentivam o compartilhamento/difusão dos conhecimentos das pessoas-chave da organização e a existência de esquemas formais de transmissão de informações obtidas externamente à empresa o respondente alegou praticamente não existir (1). O que há é somente uma documentação dos experimentos que “não deram certo”.

Quanto ao Sistema de Geração de Conhecimentos, este ítem era subdividido em duas partes: quanto ao Planejamento/Priorização e quanto à organização, cujos resultados estão melhores demonstrados no gráfico a seguir:

Gráfico 2: Resultado da avaliação dos Sistemas de geração de Conhecimentos.

Referente ao último tema avaliado Sistema de Captação e Identificação de necessidades e oportunidades tecnológicas, este também era subdividido em partes, e para melhor visualização dos resultados foram colocados em forma de gráfico, demonstrados a seguir:

Gráfico 1: Notas relativas ao resultado da avaliação dos Sistemas de captação
e identificação de necessidades e oportunidades tecnológicas.

7. Análise e discussão dos resultados

Ao se avaliar a gestão tecnológica e inovações no caso estudado, observou-se uma busca muito grande pelo crescimento e desenvolvimento da organização seja de seus produtos, serviços, melhorias nos processos e tudo o que diz respeito ao processo inovativo. Isso se traduz nos resultados do questionário em relação ao item Conhecimento e Inovação, onde a empresa obteve a maior pontuação e um resultado considerado Bom. A empresa alegou ser muito boa a receptividade e utilização de novas idéias sobre melhorias no processo, produto e serviços prestados. Um outro ponto avaliado e alegado ser muito bom, foi a atenção dada pela empresa às inovações dentro da área a qual está inserida e a busca pela inserção de inovações em produtos, processos e serviços com o intuito de manter a competitividade no mercado de nobreaks e estabilizadores. O único ponto fraco no item Conhecimento e Inovação foi o não gerenciamento e a não produção do conhecimento de seus funcionários para a geração de inovações.

Confirmando o que Cunha (2005) relatou, demonstrado no levantamento teórico, a inovação na empresa estudada advêm muito de soluções criativas de clientes, formas de atendimento ao cliente, alterações de uma pequena etapa do processo e também de novas tecnologias (equipamentos, componentes). Diferentemente do que Mañas (2001) conclui também relatado no levantamento teórico, em que o mesmo expõe ser a sobrevivência da empresa dependente da criação inédita e que esta inovação deve estar sempre além daquilo que o consumidor imaginava, a empresa analisada tem sobrevivido por mais de 18 anos, crescido e ampliado seu negócio através de uma corrida acirrada atrás do concorrente. Ou seja, buscando o que o concorrente está lançando no mercado e melhorando, inovando em uma ou outra característica, não algo totalmente inédito.

No item Sistema de Implantação e Consolidação do Conhecimento adquirido a empresa demonstrou maior deficiência com o resultado Regular. Este resultado se deve ao fato de, segundo entrevista, as pessoas-chave, detentoras dos processos decisórios e conhecimentos explícitos não compartilharem seus conhecimentos e nem existir nenhum esquema formal que facilite esse compartilhamento. As informações são repassadas a quem interessar somente se o interessado ir em busca dessa informação. Existe uma deficiência muito grande no que diz respeito à documentação de tudo o que é feito, inclusive de experimentos fracassados e à transmissão de informações adquiridas externamente e que não são repassadas aos colegas de trabalho. Isto se agrava pelo fato de não haver nenhum esquema formal de compartilhamento de informações, o que facilitaria a transmissão de informações e conhecimento por todos da organização.

É muito importante que para as empresas serem mais inovativas, é necessário que elas retenham o conhecimento qualificado de seus funcionários para o seu crescimento do capital intelectual. Isto se deve ao fato de que as mesmas perceberam que são os seus funcionários que desenvolvem a maior parte das idéias criativas, fazendo com que haja uma maior valorização ao lado humano das organizações no que diz respeito à rentabilidade e desempenho através das inovações. Assim, as empresas procuram explorar mais o lado humano através de um melhor gerenciamento do conhecimento e do crescimento de grupos que gerenciem esse conhecimento. Além disso, procuram ferramentas que propiciem aos gerentes, um cuidadoso olhar nas possíveis oportunidades de mercado (DRUCKER, 1998). Essa realidade ainda não é muito explícita no caso estudado, resultando numa nota Regular no item que avalia este ponto, que é o de Sistema de Geração de Conhecimentos. O que foi observado são reuniões semanais onde são discutidos pontos a serem corrigidos, ou seja, sistemas corretivos e não que visem o estímulo a criação e inovação dos produtos fabricados.

Conforme o estudo feito por Terra (1993) melhor explicado no levantamento teórico, as empresas adquirem tecnologias a fim de melhorar o processo e não desenvolvem tecnologias novas. Também se utilizam muito de contatos pessoais e informais para sua capacitação tecnológicas. E Quinn (2000, apud TERZIOVSKI, 2006) enfatiza claramente a necessidade das empresas utilizarem as capacidades externas de conhecimento de líderes, não somente para estimular contínuas inovações, mas para a criação e evolução de idéias. Ele aborda que as fontes externas de inovação têm alavancado altas tecnologias industriais em vários segmentos industriais. Isto se confirmou na empresa analisada, onde existe uma interação com a infra-estrutura tecnológica externa como Universidades conveniadas e Institutos de pesquisa, com seus fornecedores e clientes. O resultado do item Sistema de Captação e identificação de Necessidades e Oportunidades Tecnológicas só não foi melhor, obtendo a nota Regular, pela sua deficiência no que diz respeito ao contato com empresas do exterior, a não ter uma postura pró-ativa na solução de problemas dos clientes, no acompanhamento e evolução dos produtos de seus clientes e não utilizar o cliente como fonte de informações tecnológicas.

8. Considerações finais

Ao final do estudo observou-se que em termos de gestão de tecnologias e inovações a empresa necessita criar ambientes organizacionais que visem a ampliação e compartilhamento dos conhecimentos dos colaboradores para o processo inovativo. Isto inclui tanto um ambiente físico como também estratégias, estrutura organizacional e a própria cultura da organização. O que existe ainda, é o que se verifica na maioria das empresas, que é o gerenciamento das atividades a fim de manter a organização produzindo, mantendo seus clientes satisfeitos em termos de oferta e serviços prestados.

            A sobrevivência e crescimento da empresa observa-se claramente que é pelo fato da mesma estar muito atenta aos seus concorrentes, buscando inovar em relação ao que o concorrente está lançando no mercado e o fato da empresa privilegiar muito o cliente no que diz respeito às suas necessidades e dificuldades em relação aos seus produtos.

            Um outro ponto muito importante para o crescimento das empresas, não comentado e abordado no levantamento teórico, mas citado pela empresa é a forma de gerenciamento das metodologias e das estratégias de marketing da empresa. Estes, segundo entrevistado, se mostram muito deficientes, podendo ser um empecilho no desenvolvimento da empresa, que poderia ser maior ainda caso a organização gerenciasse de forma mais acirrada.

9. Referências Bibliográficas

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