Vol. 38 (Nº 47) Ano 2017. Pág. 18
Ricardo E. FONSECA FILHO 1; Jasmine C. MOREIRA 2
Recebido: 29/05/2017 • Aprovado: 28/06/2017
RESUMO: As áreas naturais são refúgios conservados cujo conhecimento contribui para sua proteção. O perfil do visitante e sua percepção dos recursos abióticos do Parque Estadual do Itacolomi (MG) foram objeto deste estudo, sendo os métodos: revisão bibliográfica, entrevistas de fluxo a 47 visitantes, análise e discussão dos dados. Os resultados apontam que aproximadamente 50% são turistas, e destes 50% buscam o geoturismo. Conclui-se que o conhecimento deste público pode consolidar este segmento do turismo, contribuindo para a educação em Geociências. |
ABSTRACT: Natural areas are conserved refuges whose knowledge contributes to their protection. The profile of the visitor and their perception of the abiotic resources of the Itacolomi State Park (MG, Brazil) were the object of this study, being the methods: bibliographic review, flow interviews to 47 visitors, data analysis and discussion. The results indicate that approximately 50% are tourists, and of these 50% seek geotourism. It is concluded that the knowledge of this public can consolidate this segment of tourism, contributing to education in Geosciences. |
O Parque Estadual do Itacolomi (PEIT) localiza-se nos municípios de Ouro Preto e Mariana (Figura 1), em Minas Gerais, criado em 1967 através da Lei n° 4495. Possui uma área de 7.543 hectares de mata, e abriga importante diversidade biótica e abiótica: afloramentos rochosos e várias nascentes, afluentes do Rio Doce (Tafuri, 2008; Ruchkys, 2007). O PEIT está inserido no Sudeste do Geoparque do Quadrilátero Ferrífero - QFe (Ruchkys, 2007) e, ao Sul da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço (Tafuri, 2008). Identifica-se como principal atrativo do Parque para visitação o “Pico do Itacolomi” formação rochosa que serviu como ponto de referência para as expedições de bandeirantes que vinham para a região na época da extração do ouro no século XVIII, (IEF, 2017).
Figura 1 - Mapa de localização e acesso
do Parque Estadual do Itacolomi (MG).
Fonte: Detoni (2014)
Aspectos da história da criação do Parque incluem dados de que o projeto da proposta de criação foi elaborado pela Associação dos Antigos Alunos da Escola de Minas de Ouro Preto, que agregaram entre seus principais objetivos o desenvolvimento do turismo, especialmente sob os aspectos geológicos, científicos e culturais (Ostanello, 2012).
Inserido na unidade de conservação (UC) encontra-se o Pico do Itacolomi, que possui 1.772 metros de altitude, e é comumente citado em registros históricos como ponto de referência para os antigos viajantes da Estrada Real, que buscavam metais e pedras preciosas no final do século XVII e lhe chamavam “Farol dos Bandeirantes”. Itacolomi, na língua tupi e significa “pedra menina”. Os índios da região viam o pico como o “filhote” da montanha ou “pedra mãe”, justificando assim seu nome.
O funcionamento da UC é de 8h às 17h e o acesso ao Pico do Itacolomi (via trilha Centro de Visitantes-Lagoa Seca), em trilha linear (Andrade, 2005) de cerca de 5 km, dura cerca de 3h de ida e cerca de 2h de retorno, o que totaliza pelo menos uma manhã para a visitação do principal atrativo, que dá nome ao Parque.
A área onde hoje se localiza o PEIT passou por diferentes processos de ocupação e exploração econômica. Dentre elas destacam-se a extração do ouro e ferro, a lavoura de subsistência, criação de gado, plantação de eucalipto e a cultura de chá. Elementos dessa ocupação podem ser encontrados nos monumentos históricos e arquitetônicos ainda existentes no local, que foram transformados em atrativos histórico-culturais, como a Casa Bandeirista, a capela de São José e o Museu do Chá (Ostanello, 2012).
A antiga sede da fazenda, que hoje representa o museu da Casa Bandeirista, foi tombada em 1998 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG), na categoria de Bem Imóvel do século XVIII [3]. Além disso, conta com outras estruturas como: biblioteca, alojamento para funcionários e pesquisadores, auditório, lanchonete, Centro de Visitantes, parque infantil, camping, heliporto, portaria, Centro de Informações, o Museu do Chá e a Casa Bandeirista, já citada acima.
A riqueza ambiental no Brasil vem despertando cada vez mais o interesse de pesquisadores, curiosos, estudantes, aventureiros e contempladores, mostrando que o turismo vem se desenvolvendo em ambientes naturais. O Geoturismo é um novo segmento do turismo não podendo ser confundido com o ecoturismo. Esse segmento é específico quanto a suas potencialidades e objetivos, focando na conservação, educação e, também, tendo seus atrativos naturais turísticos relacionados aos aspectos geológicos (Moreira, 2011).
Neste sentido, o PEIT apresentou-se como um potencial objeto para o estudo do geoturismo, visto que além de ser uma unidade de conservação na categoria de Parque (estadual), está inserido em um Geoparque (do Quadrilátero Ferrífero), mantendo diversificada oferta de atrativos geoturísticos, sendo o principal deles o Pico do Itacolomi.
Pelo fato de que o Geoturismo constitui um novo segmento do Turismo (atrelado ao seguimento do Ecoturismo), tem sua atenção voltada principalmente para os atrativos do meio abiótico em áreas naturais. No Brasil a atividade começou a ser incentivada através do movimento de geoconservação nos fins do séc. XX através de pesquisadores, estudantes e profissionais das Geociências e, com o incentivo da UNESCO para criação dos chamados Geoparks (Geoparques) por todo o mundo (Nascimento, 2012).
O Geopark Quadrilátero Ferrífero abrange aproximadamente 6.500 km² da área total do Quadrilátero Ferrífero (MG). Envolve municípios que têm economia baseada na extração mineral e na metalurgia. O 1o dossiê de candidatura do Geopark para a rede Mundial de Geoparks foi enviado à UNESCO em 2009, em 2011 foi feita uma avaliação presencial da candidatura por avaliadores, mas a região não entrou na Rede Mundial de Geoparks até o presente momento.
A identificação deste “Geoturista” que visita o PEIT, que faz uso de seus atrativos e infraestrutura, bem como a compreensão de suas impressões e percepções durante a visita constitui parte importante dentro da formulação de ferramentas para a preservação desta área, por exemplo, o fortalecimento de programas de educação ambiental dentro do PEIT.
O objetivo do presente trabalho foi o de identificar o perfil do visitante do PEIT, na tentativa de estabelecer sua relação com o geoturismo, passível de classificá-lo como um geoturista, compreendendo melhor suas características e no sentido de contribuir para uma melhor gestão da UC e a conservação de sua geodiversidade e consequentemente biodiversidade.
Na primeira etapa foi feito um levantamento bibliográfico, em seguida foram feitos trabalhos de campos para (re)conhecimento das principais trilhas e características naturais (clima, vegetação, rede hidrográfica, biodiversidade, geologia) e turísticas (infraestrutura turística, uso público), dentre outras julgadas relevantes, do PEIT. Durante os trabalhos de campo foram utilizados: aparelho GPS Garmin® 60CSx, bússola, câmera digital, caderneta de campo, prancheta e formulários de entrevista.
Para a coleta do perfil do visitante foi elaborado um questionário estruturado baseando-se em experiências adquiridas e observadas em campo. Foram realizados 04 (quatro) pré-testes em campo (Figura 2) para se chegar a sua estrutura final e começar as aplicações. 4.
Com a finalidade de produzir os mapas temáticos, dados geográficos foram coletados nos sites da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Ministério do Meio Ambiente (MMA), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e IEF, tratando-os nos softwares TrackMaker versão 11.8 e ArcGis® versão 10.0.
Os campos realizados para aplicação de questionários foram realizados de forma esporádica em dias de semana (segunda à sexta) e fins de semana (sábado e domingo) de agosto de 2013 a julho de 2014. Foram coletados 50 questionários (Figura 3). As pesquisas foram realizadas principalmente na Lagoa da Capela e no Centro de Visitantes do Parque.
Figuras: Entrevistas com geoturistas do Parque Estadual do Itacolomi (MG, Brasil)
2 – na trilha Lagoa Seca-Pico do Itacolomi (Ricardo Fonseca Filho, 2014);
3 – no atrativo Pico do Itacolomi (Gabriela Ribeiro, 2013).
Os resultados aqui apresentados são procedência, permanência no município, permanência no parque, transporte, acompanhamento, informação, meio de hospedagem, motivação, atrativos, satisfação, ineditibilidade e retornabilidade.
O perfil do entrevistado (Figura 4) diz respeito a um filtro aplicado inicialmente quanto à: 1) residência em Ouro Preto ou Mariana. A hipótese um classificaria o visitante como comunidade. Sendo autóctone, marianense ou ouro-pretano, não estaria habilitado para a classificação de turista de acordo com a OMT e MTUR (2006). Contanto, devido ao elevado número de entrevistados de procedência local, tais entrevistados foram considerados como amostra válida, dividindo-os em visitantes e moradores (Figura 5).
Dos 47 entrevistados a maioria (79%) não era morador, isto é, poderia ser excursionista ou turista. Variável esta que foi respondida na questão dois, quanto ao pernoite. Destes 11 respondentes, a predominância foi de autóctones, sendo 10 de Ouro Preto e 1 de Mariana.
Quanto à procedência 28% é de Belo Horizonte, 8,5% de São Paulo e de Rio de Janeiro. Dos 18 municípios de origem o mais próximo – não se considerando os que o Parque está inserido (Mariana e Ouro Preto) – Barão de Cocais (MG) e o mais distante Paris (França), com 92 km e 8.938 km respectivamente.
Figura 4 - Perfil de procedência local do entrevistado; e
Figura 5 - Gráfico sintético da relação turista x não turista (morador/excursionista)
do Parque Estadual do Itacolomi (MG).
Fonte: dados da pesquisa (2014)
Especificando-se mais, o Estado de origem é basicamente de mineiros, que totalizam 74% da amostra, seguidos pelos estados de São Paulo (15%), Rio de Janeiro (9%) e Pará (2%). Dos municípios somente quatro capitais foram citadas, o que já configura uma correlação com a questão quatro, relacionada ao meio de transporte. Quanto ao país de origem, quase que a totalidade foi de brasileiros (46 respondentes). Somente um foi estrangeiro, francês.
O tempo de permanência no município – Ouro Preto ou Mariana – demonstrou que cerca de metade (51%) dos entrevistados eram turistas, isto é, pernoitariam. O restante (49%), de moradores (30%) ou excursionistas (19%) (Figura 6). É interessante observar que cerca de 1/5 dos entrevistados (19%) passariam somente “meio dia” (ou uma manhã ou uma tarde) no município. O que configura, no entendimento dos autores, uma visita “unicamente para conhecer a unidade de conservação”.
Figura 6 - Gráfico de tempo de permanência no(s) município(s); e
Figura
7 - Gráfico de permanência do Parque Estadual do Itacolomi (MG)
Fonte: dados da pesquisa (2014)
A permanência no parque por sua vez (Figura 6) é predominantemente de excursionistas, considerando-se que o morador de Ouro Preto ou de Mariana também possam ser considerados no perfil, já que está fora de seu local de residência (e embora dentro do mesmo município de residência). Dos entrevistados, 75% permaneceram meio dia no parque e 19% o dia todo, o que totaliza 94% de “excursionistas no Parque”. Esta categoria só não é integral porque o parque conta com Casa de Hóspedes e dois dos entrevistados (4%) estavam hospedados nela.
O meio de transporte principal utilizado para se chegar ao Parque (Figura 8) foi o veículo próprio, com 30% do total de entrevistados. Em seguida destacaram-se o ônibus fretado, ou convencional e a bicicleta (15% para cada). Sabe-se que o Parque não possui transporte regular entre a entrada e os atrativos, havendo dificuldades para o acesso aos mesmos, o que proporciona a utilização de outros meios de transporte, como a “carona” (por visitantes ou funcionários do próprio parque).
Figura 8 - Gráfico de transportes utilizados para o acesso; e
Figura
9 - Gráfico de tipo de acompanhamento do Parque Estadual do Itacolomi (MG).
Fonte: dados da pesquisa (2014)
O tamanho dos grupos de visitantes foi considerado pela questão cinco, relacionada ao acompanhamento (Figura 9). Embora não se estabeleceu o quantitativo (número de acompanhantes, exceto para “sozinho” e “cônjuge”), definiu-se o tipo de acompanhamento, isto é, o perfil do grupo. A grande maioria foi de pequenos grupos, como amigos (45%), cônjuge/namorado(a) (15%), “excursão” (15%), família (11%), colegas de trabalho/escola/faculdade (4%) e estes em associação (8%). Visitantes solitários, mais alocêntricos (Lohmann & Panosso Netto, 2008 apud Plog, 1972) do que em grupo, totalizaram três respondentes, enquanto que em grupo 44 (94%).
Pode-se afirmar que o visitante do Parque do Itacolomi está satisfeito com sua visita (Figura 10). Dos respondentes, 43 responderam “sim” se a visita foi satisfatória. Dentre os respondentes somente 2 se demonstraram insatisfeitos e um regular. Dentre os motivos dos visitantes insatisfeitos um respondeu que “falta sinalização”, outro que “falta orientação”. Um dos visitantes estava no início da visita e não tinha condições de responder, contanto “esperava estar satisfeito ao fim da visita”.
Questionados se era a primeira vez que visitava o parque, 29 respondentes afirmaram que sim e 18 que não. Destes 4% visitaram duas vezes, 2% três a cinco vezes e também 2% mais de cinco vezes. Destaca-se que 28% não sabem, ou “não se lembram”.
Todos os visitantes entrevistados alegaram que retornariam ao parque numa próxima oportunidade. Este comportamento demonstra que: satisfeitos, gostariam de retornar; insatisfeitos, que independente da insatisfação gostaria de retornar; e que nem satisfeito nem insatisfeito (“regular”), também gostariam de retornar. Analisando-se sob um olhar do marketing turístico, Oppermann (1999) estabelece que a retenção do cliente seja uma estratégia favorável, mas tem recebido pouca atenção da literatura de turismo. O processo de escolha, que recebe forte influência da psicologia, envolve aspectos individuais e sociais – família, amigos, trabalho, status quo, etc. (Ross, 1993).
O atrativo precisa ser condizente com seu visitante, assim como o empresário com seu cliente. Esta é uma simples ponderação que tem muitos significados. No entanto poucos gestores, empresários, funcionários sabem quem são seus usuários, seus consumidores. Não há como aumentar o consumo, a visitação, a demanda – se é que é preciso aumentar continuamente, de acordo com os princípios da sustentabilidade –, sem conhecê-la. Há um enfoque comum na oferta, na qualidade do serviço e outros aspectos relacionados. Ambas devem ser pesquisadas concomitantemente.
Figura 10 - Gráfico de satisfação da visita
ao Parque Estadual do Itacolomi (MG).
Fonte: dados da pesquisa (2014)
Verificou-se que a maioria dos entrevistados foi do sexo masculino (57%), com 20 entrevistados do sexo feminino.
A idade dos entrevistados é predominantemente de jovens. Entre 18 e 25 anos de idade, 43% dos visitantes e entre 26 e 35, 32%. Em seguida, 15% de 46 a 60, e 11% de 36 a 45 anos. Mais de 60 não houve nenhum entrevistado. E, como apontado na metodologia não foram entrevistados menores de 18 anos de idade.
O grau de instrução dos visitantes do PEIT é, em sua maioria (70%), Ensino Superior, sendo incompleto 40%, e completo 30%. Em seguida 17% têm Ensino Médio completo e 13% pós-graduação.
Sobre a renda foi perguntado ao visitante qual a renda média mensal em Salários Mínimos (SM). Para tanto foi disponibilizado um Cartão Resposta, com os intervalos em números arábicos e intervalos de valores em SM5.
Dos respondentes a maioria (34%) ganha entre R$1.448,01 e R$2.896,00 (Figura 11), o que corresponderia à Classe C, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV, 2014). Em seguida há um nivelamento: entre R$724,01 e R$1.448,01,00 e até R$724,00 com 13% cada; de entre R$2.896,01 e R$4.344,00 e não responderam, com 11% cada; mais de R$8.688,01 e de R$4.344,01 a R%5.792,00, com 6% cada; e finalmente, declarando-se sem renda, 2% (um entrevistado).
Utilizando-se da faixa de renda familiar da FGV aplicada aos entrevistados do PEIT tem-se que a maior parte do público do PEIT é da classe C, seguida pela classe E, D e A. Não houve a classe B amostrada (Tabela 1).
Figura 9 – Gráfico de renda em intervalo de valores
dos visitantes do Parque Estadual do Itacolomi (MG).
Fonte: dados da pesquisa (2014)
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Tabela 1 – Faixa de renda familiar das classes de visitantes
entrevistados no Parque Estadual do Itacolomi (MG).
Classe |
Valor |
Unidade |
Relativo |
A |
Acima de R$9.745,00 |
3 |
7,14% |
B |
De R$7.475,00 a R$9.745,00 |
0 |
0,00% |
C |
De R$1.734 a R$7.475,00 |
26 |
61,90% |
D |
De R$1.085,00 a R$1.734,00 |
6 |
14,29% |
E |
De R$0,00 a de R$1.085,00 |
7 |
16,67% |
Fonte: dados da pesquisa (2014)
Assim, temos que o visitante do Parque Estadual do Itacolomi, quanto aos aspectos sócio-econômicos, é: em sua maior parte homem; solteiro; jovem; com elevado grau de instrução (Ensino Superior); exerce trabalho remunerado; se não trabalha é estudante; e com renda média de dois a quatro Salários Mínimos, que corresponde aproximadamente à Classe C.
O geoturismo é um segmento turístico. A segmentação, de acordo com MTUR (2010, p. 33) “constitui-se em uma estratégia para a estruturação de produtos e consolidação de roteiros turísticos e destinos, a partir de elementos da identidade de cada região”. Assim, a segmentação turística seria “uma forma de organizar o turismo para fins de planejamento, gestão e mercado. Os segmentos turísticos podem ser estabelecidos a partir dos elementos de identidade da oferta6 e também das características e variáveis da demanda7” (idem, p. 61), Sendo o “segmento, do ponto de vista da demanda, é um grupo de clientes atuais e potenciais que compartilham as mesmas características, necessidades, comportamento de compra ou padrões de consumo” (idem).
Assim, o “geoturismo é um novo segmento do turismo em áreas naturais” (Moreira, 2010, p. 5) e “um novo segmento do turismo no Brasil” (Nascimento et al., 2007). Apesar das semelhanças, não pode ser comparado ao Ecoturismo, que “é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações” (MTUR, 2006, p. 9).
Isto porque, embora considere a definição de patrimônio natural8, seu foco é na geodiversidade, isto é, “a diversidade de características, assembléias, sistemas e processos geológicos (substrato), geomorfológicos (formas da paisagem) e do solo” (Sharples, 1993 apud Nascimento, 2012). Sua origem remonta a meados do Século XIX, com o desenvolvimento da geologia e consequentemente um “turismo geológico” (Mcfarlane, 2005 apud Moreira, 2010). Isto é, paralelamente ao desenvolvimento do turismo moderno (Panosso Netto, 2010).
No Brasil, aparece cerca de um século depois, conforme Silva & Araújo (1987 apud Moreira, 2010):
É elaborado um mapa inventário, contendo todos os recursos potenciais, naturais e culturais, bem como as variáveis geofísicas e sócio-culturais que atuam na área, a saber: clima, regime de ventos, existência de endemias, erosão, ação do homem, etc. Esse mapa, denominado geoturístico ambiental, difere dos mapas geológicos, geofísicos clássicos e é de fácil elaboração, porem não dispensa os conhecimentos técnicos tradicionais (p. 179).
Deste modo, na pesquisa realizada com os visitantes, verificou-se que com relação à “motivação geológica” (atrativos da geodiversidade) a maioria relacionou a sítios geomorfológicos (Figura 12), relacionados à paisagem, como lagoa (25%) e cachoeiras (8%) (geomorfologia fluvial) e montanhas e serras (21%), e o pico (8%), respectivamente geomorfologia fluvial e relevo (Christofoletti, 1980). Sítios geológicos (e geomorfologia estrutural) como formações rochosas (4%), e elementos da biodiversidade, como flora (8%) também foram citados, além dos que buscaram ambos, demonstrando a complexidade do perfil do ecoturista, em parte geoturista.
Questionados se têm conhecimentos sobre geologia (Figura 13) mais da metade (24 respondentes) dos entrevistados afirmou que não, e a quase outra metade (21 visitantes), responderam que “um pouco”. E a resposta “sim”, configura só um entrevistado, assim como um que também preferiu não responder.
Prosseguindo quanto aos conhecimentos geológicos a questão seguinte diz respeito à informação geológica, isto é, se houve e como o visitante teve acesso à mesma. A imensa maioria (73%) respondeu que não. O que já destaca a correlação com a questão anterior, em que se esperava que no máximo 51% respondessem não nesta questão, já que não tinham conhecimento. Isto demonstra que embora não tivessem conhecimentos, ainda assim, não procuraram saber, de forma ativa (pesquisando), ou não chegou à mesma informação geológica alguma, de forma passiva (por um folheto, placa ou outra forma). O que valida estratégias de marketing, seja da UC, seja de instituições de ensino e pesquisa da área de geologia, geografia física e outras.
Figura 12 - Gráfico de motivação geológica do visitante
do Parque Estadual do Itacolomi (MG).
Fonte: dados da pesquisa (2014).
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Figura 13 - Gráfico de conhecimento a respeito da
geologia do Parque Estadual do Itacolomi (MG).
Fonte: dados da pesquisa (2014)
Quanto à origem da informação geológica a respeito do Parque (Figura 14), dos que responderam que buscaram: em primeiro lugar se destaca a internet, com 9% do total, mas com 31%, se desconsiderar os que responderam não – logo 1/3 do universo amostral; e em segundo, boca a boca 6% e 23% respectivamente – isto é, cerca de ¼ da amostragem. Ademais, Guia do Parque, trabalhos/artigos, universidade/escola (aulas/professor) apareceram com 2% cada.
Outros procuraram em mais de um canal de distribuição da informação geológica, como três respondentes, que responderam apontaram mais de um canal. Assim como a questão seis, referente ao canal de distribuição de informações sobre o Parque, as respostas eram lidas, podendo-se optar por múltiplas respostas. Entretanto, mais uma vez, não se utilizou de intermediários, como Guias de Turismo, Monitores/Guarda-Parques/Brigadistas/Chefe do Parque ou Agências de Viagens (receptivas e/ou de ecoturismo).
Com relação à compreensão da paisagem pela geologia (Figura 13), isto é, se a informação dada (passiva) ou buscada (ativa) “contribuiu para entender melhor a paisagem do Parque”, dos entrevistados válidos, 85% responderam que sim e 15% que não.
Figura 14 - Gráfico de informação geológica
do Parque Estadual do Itacolomi (MG).
Fonte: dados da pesquisa (2014)
Das 47 respostas à pergunta a respeito da “definição de patrimônio geológico” nenhuma foi idêntica à outra. A partir da descrição das mesmas houve uma condensação, tal qual um Diagrama de Venn, em que afinidades tais como palavras-chave e tendências, eram subjetivamente agrupadas pelo tabulador. De 47 respostas chegou-se à seguinte condensação: 1) natureza/meio ambiente/paisagem; 2) patrimônio; 3) lei/proteção/preservação; 4) geologia; 5) história; 6) unidades de conservação; 7) solos; 8) biodiversidade; 9) cultura.
As respostas mais recebidas (13) são relacionadas à “geologia”, tais como: “rochas, paisagem, Terra”; “formações rochosas, aspectos naturais”; “rochas, minerais”; dentre outras. Em que se podem fazer algumas observações, como a interseção entre geologia/natureza (“aspectos naturais”), assim como geologia/cultura (“paisagem”), o que será entendido com outra interpretação mais à frente. Além disto, outra observação é a de que há um entendimento reduzido da geologia, esquecendo-se questões que a regem, como história da Terra, ciclo das rochas, intemperismo, tectonismo e outros aspectos. O que condiz com o “não conhecimento” ou “pouco conhecimento” de geologia.
Em seguida a resposta mais observada foi a relacionada à “lei/proteção”, com 12 respostas (“algo protegido por lei”, “bem a ser preservado” e “conservação da natureza para o público”). E, em terceiro lugar, “natureza/meio ambiente/paisagem”, com sete respostas, dentre elas: “natureza para todos”, “aspectos da paisagem que devem ser preservados” e “riquezas naturais que uma área tem tanto acima quanto abaixo da superfície”. Três entrevistados não sabiam a resposta e um não respondeu.
Figura 15 - Gráfico de compreensão da paisagem por meio
da geologia do Parque Estadual do Itacolomi (MG).
Fonte: dados da pesquisa (2014)
Extrapolando a percepção do visitante para a conceituação científica, Brilha (2005) define patrimônio geológico como
o conjunto de geossítios de um local, delimitado geograficamente, onde ocorrem elementos da geodiversidade, com valores singulares do ponto de vista científico, pedagógico, cultural ou turístico. É constituído por todos os recursos naturais não-renováveis, quer sejam formações geológicas ou geomorfológicas, paisagens, afloramentos mineralógicos e paleontológicos (p. 52).
Para Ruchkys (2007, p. 9) “o patrimônio geológico, representado pelos sítios geológicos, pode ser definido como recurso documental de caráter científico de conteúdo importante para o conhecimento e estudo da evolução dos processos geológicos e que constitui o registro da totalidade da evolução do planeta”.
Assim, pode-se afirmar que a observação anterior à apresentação dos dados desta questão, de que os entrevistados tinham uma noção do patrimônio geológico ser relacionado à proteção e à geologia, era correta, contanto sem uma visão profunda. Isto talvez seja fruto da visão geral de patrimônio, como algo intocado por lei, logo, sem sentimento de pertencimento pelo não uso. Ou mesmo a não concepção de que a natureza seja um patrimônio. Fato é que Ouro Preto, cidade incrustada em cadeia montanhosa e geologia complexa do Quadrilátero Ferrífero, é focada no patrimônio cultural, na forma da arquitetura barroca. Apesar de parte de esta ser construída em pedra-sabão, típica rocha metamórfica (esteatita, um tipo de talco), encontrado e extraído em um de seus distritos, Santa Rita de Ouro Preto (Santos et al., 2009). Em que organismos como Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), IEPHA, Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) e Secretarias de Turismo e de Patrimônio, não costumam focar o olhar no ambiente, mas na cultura: museus, centro histórico, esculturas, adros, pinturas, altares, igrejas etc.
No entanto, para a IUCN, a UNESCO, as Secretarias de Meio Ambiente, o IEF, o ICMBio e outros órgãos ambientais, já consideram este patrimônio (natural), como um bem a ser preservado, antes mesmo da criação dos Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC (Brasil, 2000), como a categoria dos parques, que inclusive têm dentre seus objetivos “proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural”.
Assim, radicalizando a percepção do visitante quanto ao patrimônio geológico, correlacionou-se o mesmo à sua percepção de impacto. A seguinte pergunta foi “se o visitante acredita que a degradação presente em rochas (como pichações e depredações) ou solos (como erosão) torna esses atributos (geológicos) menos atraentes, ou se acabam por tornar a paisagem menos atraente”. Surpreendentemente 46 respondentes afirmaram positivamente, havendo apenas uma resposta negativa (2%). A surpresa se deve à não concepção de patrimônio geológico por todos, e mesmo para os que tinham, aquém dos conceitos acadêmicos. No entanto, praticamente todos foram capazes de perceber que o ser humano pode impactar a paisagem, na forma de destruição dos recursos abióticos. O entrevistado que negou a afirmativa considerou que “são fenômenos naturais”, o que nos leva a uma nova observação.
Ainda quanto à degradação do patrimônio geológico e sua relação com a atratividade da paisagem, as respostas têm um direcionamento próximo às respostas anteriores (Figura 16), relacionadas à geologia e ao patrimônio geológico. Condensando-se a partir das associações, quase metade dos entrevistados (23 respondentes) associou à “natural/antrópico/original/artificial”. Em segundo lugar “poluição visual/pichação”, com 10 respostas afins. Em seguida: “cênico/estética” (4), “alteração/descaracterização” (3), história, “ecossistema”, “acessibilidade” e “cultural” (com um cada). Não souberam dois e não se obteve resposta de um entrevistado, pois não acreditava que havia o impacto negativo antrópico.
Figura 16 - Gráfico das temáticas degradação do patrimônio geológico
versus atratividade da paisagem do Parque Estadual do Itacolomi.
Fonte: dados da pesquisa (2014).
As respostas dos entrevistados demonstram uma associação com os conceitos de patrimônio geológico e, sobremaneira, associação à percepção para a sociedade, como as respostas “natural/antrópico/...”, “poluição/pichação”, “cênico/estético” e “alteração/descaracterização”, que, se somadas correspondem a 85% das respostas. Um olhar mais atento a esta análise nos remete aos primeiros jardins botânicos, na Itália, no século XVI. Embora seu enfoque fosse na produção de plantas medicinais (Vale dos Contos, 2017) e consequentemente biodiversidade, aquele fugere urben era valorizado como local de descanso e da relação homem/meio. Tal qual nos primórdios das áreas naturais protegidas como os parques, que só surgiriam em fins do séc. XIX, nos EUA (Candido, 2002; Costa, 2002).
Isto é demonstrado na curiosidade pelo patrimônio geológico. Questionados se gostariam de conhecer mais sobre o patrimônio geológico do parque, 44 responderam afirmativamente e somente dois negativamente.
Perguntados se sabiam o que era “geoturismo” (Figura 17) mais da metade dos entrevistados (28) responderam que não sabiam. Parte considerável “já tinha ouvido falar” (14) e poucos que sabiam (5). Ampliando a análise, questionados se acreditavam se o geoturismo poderia contribuir para a conservação do Parque Estadual do Itacolomi (Figura 22), todos que responderam que sabiam (14) o que era geoturismo e os que já tinham ouvido falar (5), responderam que sim (19). O que demonstra, mesmo sem o questionamento de uma definição do conceito de geoturismo, a percepção da correlação proteção da geodiversidade, turismo e meio ambiente, no caso unidades de conservação. Embora exista um conceito que possa causar confusão, o de Geoparque (Boggiani, 2010), na questão seguinte será apresentada a percepção do visitante quanto a este aspecto. Isto é observado na curiosidade pelo patrimônio geológico.
Figuras 17 - Gráfico de conhecimento dos visitantes do
Parque Estadual do Itacolomi (MG) acerca do geoturismo.
Fonte: dados da pesquisa (2014).
Quanto ao conceito de geoparque (Figura 18), um quarto da amostra respondeu que não sabia o que era. Cerca de 1/5 (19%) já tinha ouvido falar e 6% que não. Comparativamente aos conceitos de patrimônio “geológico” e de “geoturismo” pode-se fazer uma análise: há um decréscimo à medida que os conceitos e tornam mais específicos. Enquanto que 43 sabem o que é patrimônio geológico, cinco sabem o que é geoturismo e três o que é geoparque, uma média de 36%. O princípio é inversamente proporcional quanto aos que não sabem, com 3, 28 e 35 respectivamente, numa média de 47%. Embora na média geral haja mais que não sabem (22) dos três conceitos dos que sabem (17) ou já ouviram falar (8).
Com relação aos geoparques, a UNESCO (2014) define como
um território de limites bem definidos com uma área suficientemente grande para servir de apoio ao desenvolvimento socioeconômico local. Deve abranger um determinado número de sítios geológicos de relevo ou um mosaico de entidades geológicas de especial importância científica, raridade e beleza, que seja representativa de uma região e da sua história geológica, eventos e processos. Poderá possuir não só significado geológico, mas também ao nível da ecologia, arqueologia, história e cultura.
Figura 18 - Gráfico de conhecimento do conceito de geoparque
Figura 19 - Gráfico da definição de geoparque
do Parque Estadual do Itacolomi (MG).
Fonte: dados da pesquisa (2014).
Aproveitando-se da definição de geoparque, pode-se afirmar que todas as respostas dos visitantes relacionadas ao entendimento do conceito (Figura 19) são condizentes, mas não houve citação da “sustentabilidade”, nem das “populações” ou mesmo “cultura”, embora possamos considerar “uso e ocupação do solo” como uma ação antrópica no meio dessas. O que demonstra uma ênfase natural maior que a humana ou sua relação, tal qual teoria Determinista.
Quanto aos benefícios da visitação nos Geoparques, os entrevistados qualificáveis (12, que responderam que sabiam ou já tinham ouvido falar no conceito), a maioria (6%) respondeu que “economicamente”, “geração de emprego e renda”, “preservação”, “educação” e “pesquisa científica”, variáveis apresentadas. Além destes destaca-se que nas respostas conjugadas em dois ou três variáveis há uma tendência a se considerar a educação e a pesquisa, com aproximadamente 13% das respostas.
Outra observação é a pouca seleção das variáveis “economicamente” e “geração de emprego e renda”, o que denota um viés menos econômico e mais sociológico sob o olhar do turismo (Panosso Netto, 2010). Além disto, não se observa uma correlação entre os impactos positivos ou negativos da mineração e outras formas de exploração de recursos minerais e demais abióticos. Talvez porque o visitante estivesse dentro de uma unidade de conservação, como parque em que não é permitido este tipo de atividade. Contanto, provavelmente numa UC como uma Área de Proteção Ambiental, que permite tais atividades minerarias, haveria um direcionamento para este olhar.
Quando questionado se sabia que estava na área de proposta do Geopark Quadrilátero Ferrífero, 11 não sabiam e cinco sabiam. No entanto, considerando-se os que não sabiam o que era um geoparque, 42 entrevistados, o que corresponde a 89%, pode-se afirmar que não saberiam. Logo, há pouca informação sobre o Geopark QFe. Embora o único Geoparque do Brasil reconhecido pela UNESCO seja o de Araripe há outras propostas para o Brasil (CPRM, 2012).
Pode-se dizer que o perfil do turista quanto aos dados geoturísticos é: motivado geologicamente; não tem conhecimentos geológicos; se procura informação geológica é na internet e boca a boca; acredita que a geologia é relevante para a compreensão da paisagem; sabe o que é patrimônio geológico e o entende o patrimônio geológico como associado à geologia e proteção; considera o patrimônio geológico importante para preservar e conservar; alega a perda de atratividade da paisagem pela degradação do patrimônio geológico devido à percepção estética; tem interesse em conhecer melhor o patrimônio geológico, em especial formações rochosas, relevo, biodiversidade e solos; não sabe o que é geoturismo; acredita na conservação do parque pelo geoturismo; não sabe o que é geoparque; os que sabem o que é o associam a proteção e geologia; acreditam que o geoparque traz benefícios para a comunidade, em especial com fins de ensino e de pesquisa; e não sabe que o PEIT está na proposta de Geoparque do Quadrilátero Ferrífero.
Há semelhanças deste geoturista com muito poucos estudos publicados de outros parques como do Parque Estadual da Serra do Rola-Moça (Fonseca Filho & Ribeiro, 2016), do Parque Estadual do Ibitipoca (Bento & Rodrigues, 2014), geoparques (Carvalho & Rudzewicz, 2015) e atrativos em geral (Boley et al., 2011; Garofano, 2012). Hose (1996, 1997 apud Nascimento et al., 2008) os caracterizou como: turistas acidentais, (descobrem o patrimônio geológico por acaso); adultos com mais de 30 anos de idade; agrupamento em casais ou pequenos grupos de famílias com crianças; muito poucos conhecem geologia; a disponibilização de informação os agrada, e estão dispostos a pagar apenas por entradas moderadas; - observam os painéis de interpretação por um pequeno momento de tempo. Assim, há que se fazerem estas pesquisas, sob o olhar do turista (URRY, 2001), fortalecendo de um lado a conservação destas áreas protegidas e suas comunidades e de outro, as ações geoeducativas.
A pesquisa de campo é um procedimento complexo. Se por um lado deve haver um trabalho de escritório prévio que reflita as demandas daquele, por outro a dinâmica do campo, reestabelece o escritório, de forma premente. Deste modo, esta pesquisa foi realizada não somente em campo, no Parque Estadual do Itacolomi, mas no escritório, poro meio das entrevistas ao ar livre e revisão a respeito de metodologias de entrevista deste segmento turístico recente.
A hipótese inicial de que há um “geoturista” no Parque mediante problemáticas diversas (como, sem se esgotar: a falta de estudos da demanda geoturística e mesmo o conhecimento deste segmento relacionado ou não a unidades de conservação) é validada ao fim da pesquisa.
Este geoturista do PEIT, composto por cerca de 4 de cada 5 visitantes entrevistados, tem nos dados específicos que metade dos visitantes têm motivação geológica, direta ou indiretamente.
Este estudo, assim, conjuntamente à inventariação da oferta do PEIT, por meio de outros estudos da oferta geoturística e os impactos negativos antrópicos (e/ou naturais), complementarmente ao perfil desta demanda turística (ou geoturística) e ainda entrevistas a gestores, pode ser planejado, implementado e monitorado numa trilha-piloto e numa UC de proteção integral como a categoria ora presente, parque, como UC-piloto.
Acredita-se que esta pesquisa possa vir a embasar políticas ambientais para uma concepção da natureza para além da biodiversidade, e patrimoniais além da cultura.
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1. Professor, Departamento de Turismo. Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). ricardo@turismo.ufop.br
2. Professora, Departamento de Turismo. Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). jasmine@uepg.br
3. Disponível em http://www.iepha.mg.gov.br/bens-protegidos/index.php?option=com_controlebens&view=informacao&bemid=363
4. Os pré-testes foram realizados nos dias: 08 de dezembro de 2013; 29 de março de 2014; e 05 de abril de 2014.
5. O Valor do Salário Mínimo, de acordo com o Ministério do Trabalho do Brasil (http://portal.mte.gov.br/sal_min/) era de R$724,00 entre 01/01/2014 a 01/01/2015.
6. Demanda turística: “composta pelo conjunto de produtos, serviços e organizações envolvidas ativamente na experiência turística” (Mtur, 2010, p. 15).