Espacios. Vol. 37 (Nº 27) Año 2016. Pág. 14
Daniel E. SAWATANI 1; Guery A. E. Martínez 2; Gustavo A. S. MARTÍNEZ 3
Recibido: 12/05/16 • Aprobado: 23/06/2016
RESUMO: A proliferação do uso de energia limpa tem no custo um grande obstáculo. No entanto é fácil de se verificar a existência de grandes volumes de resíduos orgânicos sem a correta destinação prejudicial ao meio ambiente. O desenvolvimento de um biodigestor residencial é uma ótima resposta para a geração de biogás a partir de resíduos orgânicos. Com essa finalidade foi realizada a análise e atendimento, com passos estruturados de uma metodologia criativa de inovação sistemática, das reais necessidades técnicas do equipamento de tal forma a possibilitar a definição de um projeto simples, barato e de fácil construção. Os resultados mostram que é possível o desenvolvimento de um biorreator residencial de baixo custo e fácil fabricação para obtenção de biogás oriundo de resíduos alimentícios residenciais sob o enfoque na Teoria Inventiva de Solução de Problemas (TRIZ). |
ABSTRACT: Cost is a serious obstacle in the spread of clean-energy devices for domestic use. Concurrently, there is an escalating volume of organic waste entering the environment without treatment. A solution addressing both situations is the use of domestic bio-digesters as converters of organic wastes to biogas. In this study, analysis and processes were conducted by the use of a structured creative methodology with systematic innovations in sourcing materials and technical resources to create a bio-gas generator that should be simple, cost-effective, and easy to build. Results demonstrate that a low-cost domestic bio-gas generator using domestic organic waste is feasible as per the theory of inventive problem solving (TRIZ). |
A questão ambiental e a necessidade de disponibilidade de energia limpa como resposta aos combustíveis fósseis geradoras de CO2 na atmosfera e, o consequente aquecimento global devido ao efeito estufa, é uma das motivações deste trabalho.
Uma solução para este cenário é o desenvolvimento de novos métodos de obtenção de energia limpa, principalmente tecnologias de recursos renováveis. Conforme Metz (2013), é importante que se desenvolva, desde as séries iniciais em escolas e colégios, a consciência do uso racional de energia e que se fomente as possibilidades de formas alternativas de produção de energia renovável.
A necessidade de disponibilidade de energia limpa e barata vêm de encontro a importância do desenvolvimento e utilização de biodigestores, que traz benefícios em forma de gás metano, biogás e fertilizantes.
O projeto de um biodigestor parece muito simples, o questionamento colocado neste trabalho é relativo a uma análise mais técnica, com passos estruturados somente possível com alguma metodologia criativa de inovação sistemática.
Este trabalho teve como objetivo verificar a viabilidade da aplicação da metodologia russa Solução Inventiva de Problemas (TRIZ) no projeto de um biorreator de uso residencial.
O biogás (gás de dejetos) é um combustível gasoso, subproduto da fermentação anaeróbia da matéria orgânica, com um conteúdo energético elevado (PNUD, 2010) semelhante ao gás natural, que pode ser utilizado como combustível para a geração de energia elétrica, térmica ou mecânica, com poder calorífico variando de 5.000 a 7.000 kcal/m³ (GARFI, 2012).
O biodigestor é uma câmara fechada que fornece condições adequadas para a fermentação da matéria orgânica (DeGANUTTI, 2002) que ocorre na presença de bactérias específicas, com temperaturas mesófilas situadas entre 30-40ºC e pH entre 7-8 (ALVES,1980). Além disso, o teor de sólidos pode variar de 6 a 8% (SATHIANATHAN, 1975). Segundo ALCIDES et al. (2009), a biodigestão é dividida em três etapas: fase da hidrólise, fase ácida e a fase metanogênica, com produção do biogás somente na última fase.
TRIZ é um acrônimo russo de ‘‘teorijarezhenijaizobreta-telskih zadach’’ desenvolvida pelo engenheiro, inventor, cientista, jornalista e escritor, Genrich Saulovich Altshuller (1926-1998) e seus colaboradores (DEMARQUE, 2005; DeCARVALHO,1999). Segundo Tai (2014) ao utilizarmos a TRIZ gera-se uma solução científica do problema, eliminando o comportamento instintivo de adivinhar e gerar ideias aleatoriamente para solucioná-lo.
Uma das principais ferramentas da TRIZ e a Matriz das Contradições (FIGURA 1), que tem como base de análise requisitos conflitantes (contradições) com relação a um mesmo sistema técnico.
As contradições (requisitos conflitantes) existentes devem ser traduzidas em dois Parâmetros de Engenharia (PE), sendo que a melhora de um primeiro parâmetro implica na piora de um segundo parâmetro.
Na coluna da Matriz das Contradições (MC), temos os PE´s a serem melhorados, enquanto que na linha da MC temos os PE´s contraditórios (aqueles que serão degradados). Nos cruzamentos entre linhas e colunas, são apresentados os Princípios de Inventivos (PI) utilizados para solucionar a contradição.
Os PI´s são sugestões de possíveis soluções para um determinado problema. Estes princípios foram obtidos a partir de padrões das patentes utilizadas na criação, desenvolvimento e melhoria de sistemas técnicos de diferentes áreas (DeCarvalho, 2007).
Figura 1 – Matriz das Contradições
Fonte: DeCARVALHO, 1999
Projetos de biodigestor podem ser facilmente encontrados, no caso especifico deste projeto e construção o objetivo foi adequar as necessidades do projeto aos materiais facilmente encontrados em sucata ou na residência, focando na funcionalidade técnica, na facilidade de construção e no custo baixo. Desta forma este trabalho seguiu a sequência descrita a seguir:
a) Identificar o principal requisito do sistema em estudo.
b) Definir o sistema ideal.
c) Identificar os conflitos.
e) Selecionar e resolver as contradições.
d) Escolha da melhor solução.
f) Construção do biodigestor.
O principal direcionamento foi no sentido da reutilização de uma bombona plástica de 250 litros, além de flange, válvulas de esfera, tubo, união e cotovelo de PVC; de custo relativamente baixo e montagem simples, de tal forma a possibilitar a sua construção e uso. Com o objetivo de facilitar a montagem o biodigestor foi dividido em três subsistemas: entrada, armazenamento, tratamento.
O projeto foi desenvolvido e o protótipo construído a baixo custo e utilizando materiais fáceis de serem encontrados em loja de material de construção. Esse objetivo foi atingido utilizando heurísticas que tem como principal elemento a metodologia TRIZ. A seguir são discutidos os principais resultados do trabalho.
Numa primeira etapa foi levantado os principais requisitos (LIU, 2014) do projeto (TABELA 1), na sequencia foi definido o nível de importância de cada um dos itens definidos como requisitos (TABELA 2).
Desta forma foi possível verificar que o biodigestor se destina a obtenção de gás natural em quantidade suficiente, de fácil manuseio, baixa necessidade de manutenção, durável e, principalmente seguro (TABELA 3).
A aplicação desta etapa mostrou que a prioridade é uma vedação eficiente, ou seja, a segurança do sistema (MONTIEZ, 2012). O vazamento implicaria em mal cheiro (proveniente da matéria orgânica putrescível em decomposição) e também acarretaria riscos de explosões (gás metano é inflamável).
Tabela 1 – Requisitos e características do projeto
Requisitos do projeto |
Características do Projeto |
1 – Não vaze ou entupa |
1.1 – Tubos que não obstruam com a passagem de matéria 1.2 – Bem Vedado |
2 – Não muito robusto |
2.1 – Componentes de tamanho reduzido |
3 - Fácil manuseio |
3.1 – Manutenção fácil |
4 - Baixa necessidade de limpeza/manutenção |
4.1 – Sistema de extração de produtos eficaz |
5 – Estético |
5.1 – Discreto |
6 - Durável |
6.1 – Componentes Resistentes |
7 – Produza gás em quantidade suficiente |
7.1 – Micro-organismos eficientes 7.2 – Bastante espaço para deposito de matéria orgânica 7.3 – Sistema de Agitação eficaz |
Fonte: Próprio autor
Tabela 2 – Valor da relação
Valor |
Grau de Relação |
9 |
Direta forte |
4 |
Direta |
1 |
Direta fraca |
0 |
Inexistente |
-1 |
Inversa fraca |
-4 |
Inversa |
-9 |
Inversa forte |
Fonte: Próprio autor
Tabela 3 – Relação “O que” x “Como”
Fonte: Próprio autor
Com o auxílio dos requisitos do projeto (TABELA 1) foi possível identificar o Parâmetros de Engenharia (PE) que devem ser levados em consideração para a definição do sistema ideal. Com esse objetivo primeiramente listamos na Tabela 4 todos os PE´s possíveis de serem aplicados a este projeto. Na sequência relacionamos os requisitos do projeto (TABELA 1) a cada PE selecionado. Finalmente selecionamos somente os PE´s que atendem os requisitos do projeto.
Tabela 4 – PE x Requisitos do projeto
|
Não vaze ou entupa |
Não muito robusto |
Fácil manuseio |
Baixa necessidade de manutenção |
Estético |
Durável |
Produza em quantidade |
|
01 |
02 |
03 |
04 |
05 |
06 |
07 |
||
Parâmetro de Engenharia - PE |
Requisitos do projeto |
|||||||
01 |
Peso do objeto em movimento |
|
x |
x |
|
x |
x |
|
02 |
Peso do objeto parado |
x |
|
x |
x |
|
|
|
08 |
Volume do objeto parado |
|
x |
x |
|
|
|
|
11 |
Tensão ou pressão |
|
|
|
|
|
|
|
12 |
Forma |
x |
x |
x |
x |
x |
x |
x |
13 |
Estabilidade da composição |
|
|
|
|
|
|
|
14 |
Resistência |
x |
x |
x |
x |
|
x |
|
15 |
Duração da ação do objeto em movimento |
x |
x |
x |
x |
|
|
|
22 |
Perda de energia |
|
|
|
|
|
|
|
23 |
Perda de substância |
|
|
|
|
|
|
|
25 |
Perda de tempo |
x |
|
|
x |
|
x |
X |
26 |
Quantidade de substância |
|
|
|
|
|
|
|
27 |
Confiabilidade |
x |
|
x |
x |
|
x |
x |
29 |
Precisão de fabricação |
x |
|
|
x |
|
|
|
32 |
Manufaturabilidade |
|
|
|
x |
|
x |
|
33 |
Conveniência de uso |
x |
|
x |
|
|
x |
x |
34 |
Mantenabilidade |
|
|
|
|
|
|
|
36 |
Complexidade do objeto |
|
|
|
|
|
|
|
39 |
Capacidade ou produtividade |
x |
|
x |
x |
|
|
x |
Fonte: Próprio autor
Os PE´s que mais atendem os requisitos do projeto foram associados a cada um dos subsistemas do biodigestor.
4.2.1 Subsistema de Entrada
O subsistema de entrada é composto por uma bombona plástica (250 litros), pelo tubo de carga de resíduos alimentícios (alimentação), tubo de retirada de biofertilizante e tubo de limpeza do biodigestor. A partir dos resultados das Tabelas 1 e 4 foi possível a construção da Matriz das Contradições (MC) e a identificação dos Princípios Inventivos (PI) para o subsistema de entrada (TABELA 5).
Tabela 5 – MC – Subsistema de entrada
|
Peso do objeto parado |
Forma |
Resistência |
Perda de tempo |
Confiabilidade |
Manufaturabilidade |
|
02 |
12 |
14 |
25 |
27 |
32 |
||
PE a melhorar |
PE indesejado |
||||||
02 |
Peso do objeto parado |
-------- |
15,10,26,3 |
40,26,27,01 |
10,20,26,05 |
03,10,08,28 |
01,27,36,13 |
12 |
Forma |
13,10,29,14 |
-------- |
10,30,35,40 |
04,10,34,17 |
35,01,16,11 |
01,28,13,27 |
14 |
Resistência |
28,02,10,17 |
30,14,10,40 |
-------- |
29,03,28,18 |
11,28 |
01,03,10,32 |
25 |
Perda de tempo |
10,20,26,35 |
14,10,34,17 |
29,03,28,10 |
-------- |
10,30,04 |
35,28,34,04 |
27 |
Confiabilidade |
10,28,08,03 |
10,40,16 |
11,03 |
10,30,04 |
-------- |
-------- |
32 |
Manufaturabilidade |
28,1,9 |
11,32,17,28 |
11,03,10,32 |
35,28,34,04 |
-------- |
-------- |
Fonte: Próprio autor
Altshuller ordenou os PI´s conforme a frequência com que eles foram identificados em sua pesquisa, da mesma forma identificamos os PI´s conforme a frequência (Fr) neste trabalho (TABELA 6).
Tabela 6 – PI conforme frequência (Fr)
Princípios Inventivos |
Fr |
Princípios Inventivos |
Fr |
01. Segmentação |
5 |
18. Vibração Mecânica |
1 |
02. Extração |
1 |
19. Ação Periódica |
1 |
03. Qualidade Local |
8 |
20. Continuidade de Ação Útil |
2 |
04. Assimetria |
5 |
26. Cópia |
5 |
05. Integração |
1 |
27. Objetos Baratos e de Vida Curta |
2 |
08. Contrapeso |
2 |
28. Substituição Mecânica |
11 |
10. Ação Prévia |
17 |
29. Pneumática e Hidráulica |
3 |
11. Amortecimento Prévio |
5 |
30. Estruturas Flexíveis e Membranas Finas |
4 |
13. Inversão |
3 |
32. Alterar a Cor |
3 |
14. Curvatura |
3 |
34. Descarte e Recuperação |
4 |
15. Dinamização |
1 |
35. Alterar parâmetros e Propriedades |
5 |
16. Ação Parcial ou Excessiva |
2 |
36. Mudança de Fase |
1 |
17. Mudança para Outra Dimensão |
4 |
40. Materiais Compostos |
4 |
Fonte: Próprio autor
4.2.2 Subsistema de Armazenamento
O subsistema de armazenamento é composto por uma bombona plástica de 100L, além de conexões de entrada do gás, oriundo do subsistema de entrada, e saída para o subsistema de tratamento. A partir dos resultados das Tabelas 1 e 4 e da aplicação da MC foram identificados os PI´s para este subsistema (TABELA 7). Na Tabela 8 identificamos os PI´s conforme a frequência (Fr) de ocorrência neste trabalho.
Tabela 7 – MC – Subsistema de armazenamento
|
Peso do objeto em movimento |
Resistência |
Confiabilidade |
Precisão de fabricação |
Manufaturabilidade |
|
|
01 |
14 |
27 |
29 |
32 |
|
PE a melhorar |
PE indesejado |
|||||
01 |
Peso do objeto em movimento |
-------- |
01,08,40,15 |
03,08,10,40 |
28,32,13,18 |
28,29,45,16 |
14 |
Resistência |
28,27,18,40 |
-------- |
11,28 |
03,27 |
01,03,10,32 |
27 |
Confiabilidade |
01,03,11,27 |
11,03 |
-------- |
11,32,01 |
-------- |
29 |
Precisão de fabricação |
28,35,26,18 |
03,27 |
11,32,01 |
-------- |
-------- |
32 |
Manufaturabilidade |
27,28,01,36 |
11,03,10,32 |
-------- |
-------- |
-------- |
Fonte: Próprio autor
Tabela 8 – PI conforme frequência (Fr)
Princípios Inventivos |
Fr |
Princípios Inventivos |
Fr |
01. Segmentação |
6 |
26. Cópia |
1 |
03. Qualidade Local |
7 |
27. Objetos Baratos e de Vida Curta |
5 |
08. Contrapeso |
2 |
28. Substituição Mecânica |
6 |
10. Ação Prévia |
3 |
29. Pneumática e Hidráulica |
1 |
11. Amortecimento Prévio |
6 |
32. Alterar a Cor |
5 |
13. Inversão |
1 |
35. Alterar parâmetros e Propriedades |
2 |
15. Dinamização |
1 |
36. Mudança de Fase |
1 |
16. Ação Parcial ou Excessiva |
1 |
40. Materiais Compostos |
3 |
18. Vibração Mecânica |
3 |
|
|
Fonte: Próprio autor
4.2.3 Subsistema de Tratamento
O subsistema de tratamento é composto por um borbulhador, além de conexões de entrada e saída do gás. A partir dos resultados das Tabelas 1 e 4 e da aplicação da MC foram identificados os PI´s para este subsistema (TABELA 9). Na Tabela 10 identificamos os PI´s conforme a frequência (Fr) de ocorrência neste trabalho.
Tabela 9 – MC – Subsistema de tratamento
|
Peso do objeto em movimento |
Forma |
Resistência |
Confiabilidade |
Manufaturabilidade |
Conveniência de uso |
Mantenabilidade |
Capacidade ou produtividade |
|
|
01 |
12 |
14 |
27 |
32 |
33 |
34 |
39 |
|
PE a melhorar |
PE indesejado |
||||||||
01 |
Peso do objeto em movimento |
---------- |
08,10,29,40 |
01,08,40,15 |
03,08,10,40 |
29,28,16,15 |
25,02,13,15 |
02,27,35,11 |
35,26,24,37 |
12 |
Forma |
10,14,35,40 |
---------- |
10,30,35,40 |
35,01,16,11 |
01,28,13,27 |
15,34,29,28 |
01,13,02,04 |
14,10,34,40 |
14 |
Resistência |
28,27,18,40 |
30,14,10,40 |
---------- |
11,28 |
01,03,10,32 |
32,40,03,28 |
11,01,02,09 |
29,28,10,18 |
27 |
Confiabilidade |
01,03,11,27 |
10,40,16 |
11,03 |
---------- |
---------- |
17,27,08,40 |
11,10,01,16 |
01,35,10,38 |
32 |
Manufaturabilidade |
27,38,01,36 |
01,32,17,28 |
11,03,10,32 |
---------- |
---------- |
02,05,12 |
01,35,11,10 |
35,28,02,24 |
33 |
Conveniência de uso |
35,03,02,24 |
32,15,26 |
32,40,25,02 |
27,17,40 |
02,05,13,16 |
---------- |
01,12,26,15 |
01,28,07,10 |
34 |
Mantenabilidade |
02,27,28,11 |
02,13,01 |
27,11,03 |
01,11 |
35,01,11,09 |
12,26,01,32 |
---------- |
01,32,10,25 |
39 |
Capacidade ou produtividade |
35,03,24,37 |
17,26,34,10 |
29,35,10,14 |
01,35,29,38 |
35,01,10,28 |
15,01,10,28 |
01,32,10 |
---------- |
Fonte: Próprio autor
Tabela 10 – PI conforme frequência (Fr)
Princípios Inventivos |
Fr |
Princípios Inventivos |
Fr |
01. Segmentação |
23 |
18. Vibração Mecânica |
2 |
02. Extração |
11 |
24. Intermediação |
4 |
03. Qualidade Local |
9 |
25. Auto‐serviço |
3 |
04. Assimetria |
1 |
26. Cópia |
4 |
05. Integração |
2 |
27. Objetos Baratos e de Vida Curta |
9 |
07. Aninhamento |
1 |
28. Substituição Mecânica |
14 |
08. Contrapeso |
4 |
29. Pneumática e Hidráulica |
6 |
09. Compensação Prévia |
2 |
30. Estruturas Flexíveis e Membranas Finas |
2 |
10. Ação Prévia |
21 |
32. Alterar a Cor |
9 |
11. Amortecimento Prévio |
12 |
34. Descarte e Recuperação |
2 |
12. Equipotencialidade |
3 |
35. Alterar parâmetros e Propriedades |
14 |
13. Inversão |
5 |
36. Mudança de Fase |
2 |
14. Curvatura |
4 |
37. Expansão Térmica |
2 |
15. Dinamização |
7 |
38. Oxidantes Fortes |
2 |
16. Ação Parcial ou Excessiva |
6 |
40. Materiais Compostos |
13 |
17. Mudança para Outra Dimensão |
4 |
|
|
Fonte: Próprio autor
4.2.4 Manutenção e Segurança
Revisões periodicas do sistema como um todo são necessarias, além da limpeza geral.
A partir dos resultados das Tabelas 1 e 4 e da aplicação da MC foram identificados os PI´s para este subsistema (TABELA 11). Na Tabela 12 identificamos os PI´s conforme a frequência (Fr) de ocorrência neste trabalho.
Tabela 11 – MC – Manutenção e segurança do sistema biodigestor
|
Peso do objeto móvel |
Peso do objeto parado |
Volume do objeto parado |
Duração da ação do objeto em movimento |
Conveniência de uso |
|
|
01 |
02 |
08 |
15 |
33 |
|
PE a melhorar |
PE indesejado |
|||||
01 |
Peso do objeto móvel |
---------- |
---------- |
---------- |
19,05,34,31 |
25,02,13,15 |
02 |
Peso do objeto parado |
---------- |
---------- |
35,10,19,14 |
---------- |
06,13,01,25 |
08 |
Volume do objeto parado |
---------- |
05,35,14,02 |
---------- |
---------- |
04,18,39,31 |
15 |
Duração da ação do objeto em movimento |
05,34,31,35 |
---------- |
---------- |
---------- |
29,03,08,25 |
33 |
Conveniência de uso |
35,03,02,24 |
06,13,01,32 |
---------- |
12,27 |
---------- |
Fonte: Próprio autor
Tabela 12 – PI conforme frequência (Fr)
Princípios Inventivos |
Fr |
Princípios Inventivos |
Fr |
01. Segmentação |
2 |
18. Vibração Mecânica |
1 |
02. Extração |
3 |
19. Ação Periódica |
2 |
03. Qualidade Local |
2 |
24. Intermediação |
1 |
04. Assimetria |
1 |
25. Auto‐serviço |
3 |
05. Integração |
3 |
27. Objetos Baratos e de Vida Curta |
1 |
06. Universalização |
2 |
29. Pneumática e Hidráulica |
1 |
08. Contrapeso |
1 |
31. Materiais Porosos |
3 |
10. Ação Prévia |
1 |
32. Alterar a Cor |
1 |
12. Equipotencialidade |
1 |
34. Descarte e Recuperação |
2 |
13. Inversão |
3 |
35. Alterar parâmetros e Propriedades |
4 |
14. Curvatura |
2 |
39. Atmosfera Inerte |
1 |
15. Dinamização |
1 |
|
|
Fonte: Próprio autor
Tendo em mãos os PI´s conforme a frequência com que eles foram identificados neste trabalho, nesta etapa iremos analisar cada um deles conforme a sua aplicabilidade na situação específica da construção de um biodigestor.
Na identificação, seleção dos PI´s foi levado em consideração os requisitos do projeto da Tabela 1.
Os PI´s mais frequentes no subsistema de entrada são: 10, 28, 03.
O PI 10 (Ação Prévia) propõe alteração prévia no subsistema de entrada antes do recebimento do material, que exigiria maior conhecimento do usuário final. O PI 28 (Substituição Mecânica) propõe a mudança do subsistema de entrada simples para um de maior complexidade, o que acarreta um aumento do custo. O PI 3 (Qualidade Local) propõe a alteração da estrutura do subsistema de entrada do biodigestor de uniforme para não uniforme e a funcionalidade de forma específica e favoráveis ao processo.
Na Tabela 13 identificamos os PI´s que foram utilizados neste trabalho. Na Figura 2 temos a análise funcional resultante da aplicação da PI relativo a qualidade local. Com o auxílio da Figura 3 podemos ver a montagem final resultante do subsistema de entrada.
Tabela 13 – PI do subsistema de entrada
Princípios Inventivos |
Se aplica |
|
Sim |
Não |
|
03. Qualidade local |
x |
|
10. Ação Prévia |
|
x |
28. Substituição Mecânica |
|
x |
Fonte: Próprio autor
Figura 2 – Análise funcional do subsistema de alimentação e retirada do biofertilizante
Figura 3 – Montagem final do subsistema de entrada
Fonte: Próprio autor
4.3.2 Subsistema de Armazenamento
Os PI mais frequentes no subsistema de armazenamento são: 03, 01, 11, 28.
O PI 3 (Qualidade Local) propõe a alteração da estrutura do subsistema de armazenamento do biodigestor de uniforme para não uniforme e a funcionalidade de forma especifica e favoráveis ao processo. O PI 1 (Segmentação) propõe que o subsistema de armazenamento tenha partes independentes e de fácil desmontagem, o facilita a manutenção. O PI 11 (Amortecimento Prévio) propõe meios emergenciais previa para compensar a baixa confiabilidade do subsistema de armazenamento, o que ocasionaria um aumento no custo. O PI 28 (Substituição Mecânica) propõe a mudança do subsistema de armazenamento simples para um de maior complexidade, o que acarreta um aumento do custo.
Na Tabela 14 identificamos os PI´s que foram utilizados neste trabalho. Na Figura 4 temos a análise funcional resultante da aplicação da PI relativo a segmentação e qualidade local.
Tabela 14 – PI do subsistema de armazenamento
Princípios Inventivos |
Se aplica |
|
Sim |
Não |
|
01. Segmentação |
x |
|
03. Qualidade local |
x |
|
11. Amortecimento Prévio |
|
x |
28. Substituição Mecânica |
|
x |
Fonte: Próprio autor
Figura 4 – Análise funcional do subsistema de armazenamento
Fonte: Próprio autor
Os Princípios Inventivos mais frequentes no subsistema de tratamento são: 01, 10, 28, 35.
O PI 1 (Segmentação) propõe que o subsistema de tratamento tenha partes independentes e de fácil desmontagem, o facilita a manutenção. O PI 10 (Ação Prévia) propõe alteração prévia no subsistema de tratamento antes do recebimento do material, que exigiria maior conhecimento do usuário final. O PI 28 (Substituição Mecânica) propõe a mudança do subsistema de tratamento simples para um de maior complexidade, o que acarreta um aumento do custo. O PI 35 (Alterar parâmetros e Propriedades) propõe a alteração das propriedades do subsistema de tratamento, ação que faz parte de um biodigestor.
Na Tabela 15 identificamos os PI´s que foram utilizados neste trabalho. Na Figura 5 temos a análise funcional resultante da aplicação da PI relativo a segmentação e alteração de parâmetros e propriedades no subsistema de tratamento. Com o auxílio da Figura 6 podemos ver a montagem final resultante do subsistema de tratamento.
Tabela 15 – PI do subsistema de tratamento
Princípios Inventivos |
Se aplica |
|
Sim |
Não |
|
01. Segmentação |
x |
|
10. Ação Prévia |
|
x |
28. Substituição Mecânica |
|
x |
35. Alterar parâmetros e Propriedades |
x |
|
Fonte: Próprio autor
Figura 5 – Análise funcional do subsistema de tratamento
Fonte: Próprio autor
Figura 6 – Montagem do subsistema de tratamento
Fonte: Próprio autor
4.3.4 Manutenção e Segurança
Os PI´s mais frequentes no quesito manutenção e segurança são: 35, 02, 05, 13, 25, 31.
O PI 35 (Alterar parâmetros e Propriedades) propõe a alteração das propriedades do sistema, ação que faz parte de um biodigestor. O PI 2 (Extração) propõe separar partes do sistema como elemento de segurança. O PI 5 (Integração) propões a junção de operações semelhantes como elemento de manutenção e segurança, não aplicável devido a simplicidade do sistema. O PI 13 (Inversão) propõe uma aplicação contraria a convencional de um sistema biodigestor como elemento de manutenção e segurança. O PI 25 (Auto‐serviço) propõe o uso de recursos do próprio sistema como elemento de manutenção e segurança. O PI 31 (Materiais Porosos) propõe o uso ou retirada da porosidade como elemento facilitador de manutenção e segurança, o que ocasionaria o aumento do custo.
Na Tabela 16 identificamos os PI que foram utilizados neste trabalho.
Tabela 16 – PI de manutenção e segurança do sistema biodigestor
Princípios Inventivos |
Se aplica |
|
Sim |
Não |
|
02. Extração |
x |
|
05. Integração |
|
x |
13. Inversão |
|
x |
25. Auto‐serviço |
x |
|
31. Materiais Porosos |
|
x |
35. Alterar parâmetros e Propriedades |
x |
|
Fonte: Próprio autor
Os PI´s foram de grande valia no desenvolvimento deste trabalho pois possibilitou ações pontuais como (FIGURA 7):
-Pensar o sistema biodigestor dividido em subsistemas e as necessidades especificas e favoráveis aos processos;
-Partes independentes e de fácil montagem e manutenção;
-Possibilidades de alterações na utilização do sistema.
Em termos de manutenção e segurança a possibilidade de separar partes do sistema, o uso de recursos próprios como elemento de segurança.
Figura 7 – Montagem do subsistema de tratamento
Fonte: Próprio autor
Na Tabela 17 podemos verificar o valor de cada (CATAPAN, 2012) um dos itens utilizados e, principalmente o baixo valor final necessário para construção de um protótipo do biodigestor. É importante lembrar que o valor final de R$380,04 (U$$ 100) sofre razoável redução quando da construção de um número maior de biodigestores.
O valor relativo a mão de obra não foi considerada devido a possibilidade de construção por parte do interessado.
Tabela 17 – Componentes do biodigestor
Componente |
Medida |
Quantidade |
Valor (R$) |
|
Unitário |
Total |
|||
Bombona plástica |
250 litros |
01 |
150 |
150 |
Tambor plástico |
100 litros |
01 |
50 |
50 |
Abraçadeira de metal |
Ø1m |
02 |
|
|
Abraçadeira de metal |
¼`` |
02 |
6 |
12 |
Tubo PVC |
30cm de comprimento e Ø100mm |
03 |
7,58/metro |
7,58 |
Tubo PVC |
30cm de comprimento de ½`` |
03 |
10,90/ 3metros |
10,90 |
Tubo PVC |
50cm de comprimento de ½`` |
02 |
10,90/ 3metros |
10,90 |
Cap PVC |
½`` |
02 |
1,23 |
2,46 |
Cap PVC |
Ø100mm |
02 |
8,10 |
16,20 |
Flange |
½`` |
01 |
11,90 |
11,90 |
Cotovelo de 90º |
½`` |
04 |
0,49 |
1,96 |
Mangueira de jardinagem |
1m de comprimento e ½`` |
04 |
1,82/metro |
7,28 |
Mangueira plástica (borbulhador) |
30cm de comprimento e 5/8`` |
01 |
5,49/metro |
5,49 |
Conectores |
½`` |
06 |
9,09 |
54,54 |
Conector em T |
½`` |
01 |
7,59 |
7,59 |
Roscas PVC |
½`` |
02 |
0,72 |
1,44 |
Palha de aço |
- |
01 |
1,90 |
1,90 |
Gangorra metálica |
- |
01 |
|
|
Saco plástico |
- |
01 |
4,90/ 50unidades |
4,90 |
Tapware (borbulhador) |
900ml |
01 |
23,00 |
23,00 |
Valor final = |
380,04 |
Fonte: Próprio autor
Com este trabalho foi possível comprovar:
-Que é possível o desenvolvimento de um biorreator residencial de baixo custo e fácil fabricação para obtenção de biogás oriundo de resíduos alimentícios residenciais sob o enfoque da metodologia TRIZ.
-A importância do conhecimento da metodologia TRIZ na solução de problemas.
ALCIDES et al. Relatório do projeto integrado I. Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos - UNIFEB, 2009.
ALVES, S. M.; MELO, C.F.M.; WISNIEWISKI, A. Biogás: uma alternativa de energia no meio rural. Belém, EMBRAPA/CPATU. (Miscelânea, 4), 1980.
CHANGQING, Gao, HUANG Kezheng, and MA Fei. "Comparison of innovation methodologies and TRIZ." The TRIZ Journal, Issue (September 2005) (2005).
CATAPAN, Dariane. Análise da viabilidade financeira da produção de biogás através de dejetos de equinos. 2012.
DE CARVALHO, M. A.; BACK, N. Uso dos conceitos fundamentais da TRIZ e do método dos princípios inventivos no desenvolvimento de produtos. Florianópolis-SC, 3º Congresso Brasileiro de Gestão de Desenvolvimento de Produto, 2001.
DE CARVALHO, M. A. Metodologia TRIZ para a Ideação de Novos Produtos. Florianópolis-SC, Tese de Doutorado, 2007.
DE CARVALHO, M. A. Modelo prescritivo para a solução criativa de problemas nas etapas iniciais do desenvolvimento de produtos. Florianópolis-SC, Dissertação do Mestrado, 1999.
DEGANUTTI, R.; PALHACI, M. do C. J. P.; ROSSI, M.; TAVARES, R.; SANTOS, C. Biodigestores rurais: modelo indiano, chinês e batelada. Bauru – SP, 2002.
DEMARQUE, E. TRIZ: Teoria para a Resolução de Problemas Inventivos aplicada ao Planejamento de Processos na indústria automotiva. 2005. 160 f.Trabalho de curso (Mestrado Profissional em Engenharia Automotiva) Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.
ESTUDO SOBRE O POTENCIAL DE GERAÇÃO DE ENERGIA A PARTIR DE RESÍDUOS DE SANEAMENTO, VISANDO INCREMENTAR O USO DE BIOGÁS COMO FONTE ALTERNATIVA DE ENERGIA RENOVÁVEL. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD. Ministério do Meio Ambiente. 2010.
GARFÍ, M.; FERRER-MARTÍ, L.; VELO, H.; FERRER, I. Renewable and Sustainable Energy Reviews. Barcelona-Espanha, Elsevier Journal, 2012.
LIU, F.; LI, X.; YU, F.; PING, E. Method for Product Integrated Innovations Based on Functional Combination and TRIZ. Tianjin-China, 2014.
METZ, H. L. Construção de um biodigestor caseiro para demonstração de produção de biogás e biofertilizante em escolas situadas em meios urbanos. Lavras – MG, 2013.
MONTIEL, A. H.; FLORES, K. D. L. Modelo de análisis funcional como herramienta didáctica para el aprendizaje de TRIZ. Orizaba-Veracruz-México, 7° Congreso Iberoamericano de Innovación Tecnológica, 2012.
SATHIANATHAN, M. A. Biogas achievements challenges. New Delhi: Association of Voluntary Agencies for Rural Development, 1975.
TAI, M. J. E.; LEE, C. K. M. Enabling Green Design with TRIZ. Singapura-Malásia, 2014.
1. Graduando em Engenharia Química, Escola de Engenharia de Lorena – USP. E-mail: danielsawatani@gmail.com
2. Graduando em Engenharia de Produção, UNISAL-Lorena. E-mail: guerym@gmail.com
3. Engenheiro Mecânico, Doutor, Escola de Engenharia de Lorena – USP. E-mail: gustavo.martinez@usp.br