Espacios. Vol. 37 (Nº 25) Año 2016. Pág. 22
Nathália Fernanda CALSAVARA; Fabricio Yoschinori Freitas IMANAKA 1; Henrique Guilherme SCATOLIN
Recibido: 25/04/16 • Aprobado: 23/05/2016
RESUMO: Esta pesquisa tem como objetivo a análise das marcas Itaú, Apple e Google, semióticamente. Sendo que semiótica é toda forma, desenho ou palavra com grande carga simbólica, que remetem a coisas no subconsciente. Assim poderemos elencar os símbolos das logomarcas, e interpretar como estes influenciam seus usuários. Para tanto, foram pesquisadas nas marcas suas mudanças, para assim, levantar os símbolos mais decorrentes e marcantes. Com base em livros e dicionários de símbolos, obtivemos o resultado de que símbolos que podem influenciar nas decisões. Também, pode-se pressupor que mesmo sem pretensão o criador usa dos símbolos para influenciar os usuários. |
ABSTRACT: This research has the objective to analyze the brands Itaú, Apple and Google, semiotically. semiotics is every form, design or word with great symbolic, which refer to things in the subconscious. The objective is to list the symbols of logos, and interpret how these affect its users. Therefore, brands and their changes were surveyed, to thus raise the most striking symbols derived and based on books and symbols of dictionaries. As a result, we get symbols that can influence decisions. Also, it can be assumed that even without pretense the creator uses symbols to influence users. |
De acordo com SANTAELLA (2001) a semiótica é uma ciência que investiga todas as linguagens possíveis, que reproduz um significado ou sentido. Esta ciência, em tempos de globalização, torna-se fundamental para comunicação, principalmente com tantas imagens sendo criadas e desenvolvidas, que torna seu entendimento cada vez mais complexo. Sobre isto, NORTH e SANTAELLA (2004) ressaltam que não há uma presença relevante entre as teorias da comunicação da semiótica na América Latina, incluindo o Brasil. A partir disto, este estudo se propõe pesquisar os símbolos nas marcas Itaú, Apple e Google que são de reconhecimento mundial.
Para tal, também irá ser utilizado às contribuições de JUNG (2008) que compreende o símbolo como um termo, nome ou mesmo uma imagem que nos pode ser familiar na vida cotidiana, embora possua conotações especiais.
Devido a não importância referente à tomada da presença da semiótica nesses símbolos, como ocorre no Brasil, este estudo procura conduzir os usuários dessas grandes marcas a uma reflexão, apontando como essas empresas podem influenciar nas escolhas inconscientes desses consumidores, uma vez que são construídas pelo nosso pré-conhecimento e pelo conhecimento adquirido.
A pesquisa respalda-se em uma análise descritiva com base na analise de livros de marketing, como também em artigos acadêmicos voltados para semiótica e a simbologia Junguiana. Os livros darão a base teórica da semiótica e dos símbolos para as analises dessas marcas. As bases dos artigos darão à pesquisa o corpo científico em relação às marcas multinacionais analisadas e cooperarão em discussão dos resultados obtidos.
Uma pesquisa realizada por CASAQUI E RIEGEL (2009) como foco do estudo para marca GOOGLE (norteado pelo fenômeno da disseminação midiática de imagens do seu ambiente corporativo) indicou que o trabalhador torna-se o consumidor modelo do universo simbólico da marca. Trabalho e consumo, dessa forma, unem-se no mesmo campo simbólico, com a predominância na manifestação dos sentidos do consumo.
MOURA (2011) efetuou um estudo focando a compreensão de iconografias dos estudantes da disciplina de indexação. A partir dessa identificação, pegaram-se algumas interfaces comemorativas do GOOGLE e de seus gestos de representação da informação iconográficos. Para essa análise foram utilizados os seguintes conceitos: signo, semiose, ícone, índice, símbolo, experiência colateral, semiótica, interpretação e paranoica. Como resultado, de acordo com a fundamentação teórica de base semiótica, foi evidenciada a importância do alargamento da experiência estética e sociocultural do analista como base para representação e recuperação em contextos digitais em rede.
O estudo de um dos produtos da APPLE, do I-Phone, realizado por CARDOSO E ROCHA (2013), apontam que este virou uma "mania" internacional. A pesquisa foi realizada pelo conceito semiótico e as interpretações dos signos. Na análise da marca, obteve-se os seguintes resultados: a logomarca trouxe a maçã que aponta a acepção do pecado original; mas também trouxe a teoria da gravidade de Isaac Newton. Analisando a mordida na maçã, que em inglês a palavra mordida é bite (que pode ser referenciado com a palavra byte que é um termo da informática) a mordida também representa que o mundo consuma APPLE e possam se alimentar de conhecimento. Assim, pode ser afirmado que essa mania dá-se pelo grau de satisfação e de apoio social. Quando se consome algo que esta na moda, o grau de satisfação do desejo pessoal é o da diferenciação de classe social.
Um artigo realizado por LOPES (2006) estudando as marcas Itaú e Coca-Cola, afirma que se as marcas forem analisadas superficialmente aparenta-se que as marcas possuem uma valorização da linguagem gráfico-visual, ou seja, esta linguagem aparenta superpor à linguagem discreta do texto. Mas se realizada uma analise semiótica mais aprofundada, a percepção inicial não se mostrará verdadeira, pois a semiose gráfico visual ocorre através de um processo de medição da escrita alfabética. Este processo de significação, através do processo de mediação, desencadeia um método criativo em que há a alteração da semiose espacial, promovendo mudanças na representação gráfica- visual da palavra e, consequentemente, modificando a sua forma de leitura.
Esta pesquisa se classifica como descritiva. Conforme GIL (2008) a pesquisa descritiva é aquela que descreve as características de determinadas populações ou fenômenos. Uma de suas peculiaridades está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática.
Segundo PRODANOV E FREITAS (2013) a pesquisa descritiva classifica, ordena, explica e interpreta dados sem manipulá-los. Esta pesquisa é uma simples descrição do fenômeno, ordenando em categorias ou classificações de dados qualitativos ou quantitativos. Nesse estudo, utilizaremos métodos qualitativos, que para GOLDENBERG (1997), esse tipo de pesquisa é o aprofundamento de um grupo de dados não numérico, e para PRODANOV E FREITAS (2013), nesse tipo de pesquisa, os pesquisadores analisam os dados de forma indutiva, instigando o pesquisador a se aprofundar mais ao tema. Assim, o processo e seu significado se tornam foco das principais discussões. Sendo assim, tornar-se como base deste estudo livros e artigos, relacionados à cerca do tema estudado.
Para que haja um aprofundamento do estudo atual das três marcas (Apple, Itaú e Google) é necessário estudar o contexto histórico da evolução dessas logomarcas. A história de cada um desses logos é fundamental para que se consiga realizar a análise semiótica dos símbolos que as compõe, uma vez que a psique, que segundo JUNG (2008) descreve como uma esfera que representa a nossa consciência, influência na criação de qualquer imagem.
Posteriormente, no item seis, apontaremos os símbolos que compõe o logo atual de cada logomarca supracitada. Detalhando cada um deles, explicando o que cada um dos símbolos significa, baseado no livro Dicionário Dos Símbolos de Herder Lexikon (1990). Logo, será contraposto esses símbolos com a teoria da semiótica, e como eles podem influenciar a consumidor.
Por último, ressaltamos que este trabalho está aprovado pelo comitê de ética da FHO Uniararas, sob o nº555/2014.
4.1. Itaú
De acordo com a pesquisa feita pela empresa Norte-Americana Interbrand (2001), a marca Itaú foi eleita de maior valor do Brasil.
Segundo SILVA (2004), Alexandre Wollner e Francesc Petit em 1972 criaram a "bolacha quadrada preta". Já em 1982 e em 1983 o programa de identidade visual do banco Itaú começa ser implantado. Nesse período, o Itaú começa a trazer um novo logotipo em formato de bolacha quadrada, mantendo ainda aspectos modernos, de cor preta e com o nome Itaú em branco. Neste momento, o logo remete ao significado do nome Itaú que em tupi significa "pedra preta".
Ao longo do tempo, pequenas mudanças foram realizadas no logo, deixando-a com um aspecto mais moderno, mas o modelo agrada o tanto, que a marca não perdeu sua identidade ao longo dessas mudanças. Podemos observar as essas mudanças na figura 1.
Figura 1. As mudanças da logomarca do Itaú do ano de 1972 a 2008.
Fonte: site Itaú
Ainda para SILVA (2004), o texto, seco e preciso, inserido no retângulo, transparece a solidez, que é qualidade indispensável para um banco, e isto reforçava o significado original da palavra Itaú.
4.2. Apple
Segundo Viana et. Al. (2014) o logotipo original da Apple foi criado por Ron Wayne. Seu objetivo era mostrar Isaac Newton debaixo da macieira, onde ele descobriu a teoria da gravidade. Ron queria demostrar à mesma coisa, o senso da descoberta. Mas o logo original era de difícil entendimento e de difícil identificação da marca.
Então, o criador do produto, representado pela marca Apple, Esteve Jobs, contratou o designer Rob Janoff para renovar a marca, justamente pelas dificuldades que o logotipo apresentava.
O resultado obtido, de acordo com Viana et. al. (2014), "foi o surgimento do conhecido logotipo representado por uma maçã colorida com uma mordida, que muitos acreditam estar relacionando a marca com a história bíblica de Adão e Eva ou até mesmo com o matemático Alan Turing, considerado o pai do computador, que cometeu suicídio comendo uma maçã que ele havia envenenado com cianeto".
CARDOSO (2013) elenca duas relações ao desenho da maçã mordida:
Este logotipo fica como logomarca dos anos de 1977 a 1999. Com o retorno de Steve Jobs à Apple no ano de 1998, algumas mudanças ocorreram no logotipo. Podemos observar a mudanças na figura 2.
Figura 2.
Segundo Fernandes (2014) "em 1998, com o retorno de Jobs ao comando da Apple e a internacionalização da empresa, a logomarca ganhou novos contornos em seu design. Então a maçã com listras é substituída pela maçã monocromática, usada até hoje".
4.3. Google
Segundo VIANA e GALVÃO (2014), o Google foi criado por dois estudantes de doutorado de Ciência da Computação de Stanford: Sergey Brin e Lage Page. No verão de 1995 criaram um sistema nomeado BackRub pela habilidade de rastrear 14 links da internet. Com o seu aperfeiçoamento em 1997, o sistema BackRub foi renomeado e conhecido ate os dias atuais como Google.
Para CARMONA (2004), a inspiração do nome Google dá-se ao termo matemático centésima potencia de 10, ou seja, para simplificar um número grande. A teoria foi criada por Dr. Edward Kasner, mas o nome Googol foi criado por seu sobrinho de oito anos Milton Sirotta quando seu tio pediu para que ele dê-se um nome para um número muito grande.
O logotipo foi projetado pela design gráfica brasileira Ruth Kedar. A base do logo era a fonte Catull. O primeiro logo durou apenas dois meses. O próximo logo ganhou um ponto de exclamação e as letras G's ficaram azuis. A partir do ano 2000, o logo começou a ser aperfeiçoado, para qual conhecemos atualmente. A fonte ficou mais fina, o ponto de exclamação foi retirado, as cores ficaram mais brilhantes e os sombreamentos foram ausentados. Podemos acompanhar essas mudanças na figura 3.
Figura 3.
Além do logo ter sofrido essas modificações, ele sofre variações de acordo com datas comemorativas de cada país. O nome criado para essas variações é Google Doodles16, pois as homenagens são desenhadas sobrepostas ao logo oficial da marca.
Para JUNG (2008) símbolo é uma palavra adjacente para uma imagem ou uma palavra que nos é comum no cotidiano, mesmo que seus reais significados não sejam evidentemente explícitos. O símbolo surge, na maioria das vezes, em sonhos, de forma abstrata, uma vez que acontecimentos do cotidiano que nos passam despercebidos são absorvidos pelo inconsciente e interpretado nos sonhos. Um símbolo tende a trazer informações diretas ou indiretamente em seu formato, cores e contornos. JUNG (2008) destaca também que uma imagem pode ser simbólica quando insinua algo além do seu significado aparente. Essas conotações, muitas vezes, são imperceptíveis pelo nosso cotidiano.
Segundo JUNG (2008) os símbolos carregam uma grande carga simbólica. Isso porque alguns desses símbolos estão relacionados com a cultura, religião ou algo relacionado à determinada sociedade, acarretando assim possíveis reações. Assim, estes aspectos são importantes em nossa estrutura mental.
5.1. Anima
O anima é uma personificação de tendências psicológicas feministas na psique do homem, ou seja, os símbolos femininos como, por exemplo, a lua ou um cálice trazem grandes influência psiquicamente, como também na tomada de decisões. JUNG (2008) justifica esse comportamento do símbolo da anima pela contribuição da figura materna no desenvolvimento do ser humano, principalmente no homem. Essa influência pode ser negativa ou positiva. Uma maneira em que a anima pode se manifestar de forma negativa, ainda segundo JUNG (2008), é por observações rancorosa e/ou afeminada em acontecimentos marcantes. De forma positiva, a anima traz a frente uma forma erótica, relacionando com a forma feminina de maneira sensual, que pode ser relacionada com aspectos primitivos.
JUNG (2008) afirma que existem quatro estágios da anima:
JUNG (2008) descreve o animus assim como a anima. O animus é a personificação masculina no inconsciente feminino. Diferentemente do anima que pode ser considerado primitivo, o animus torna-se uma convicção, se tornando algo sagrado. JUNG (2008) assegura que essa convicção não tem como ser questionada, pois é uma afirmação certa que a mulher cria dentro de si, entretanto se colocada em determinados contextos, pode não ser adequado.
Como o anima é construído por influências positivas ou negativas da mãe, o animus é construído por essas mesmas influências, porém da figura paterna. As influências negativas podem ser destruidoras: a mulher torna-se extremamente calculista e maldosa. Esses pensamentos são construídos pelo seu subconsciente, porém poucos ditos e desprovidos de sentimentos.
As influências negativas podem igualmente ser frutos de pensamentos deprimentes. Esse tipo de pensamento, segundo JUNG (2008), esta cada vez mais recorrente. Isso ocorre porque o ego se identifica com ele e não como eles realmente são. Mas o animus também tem seu lado positivo. O animus está ligado ao nosso subconsciente (self¹); o que desenvolve um aspecto criativo nas mulheres. Um dos exemplos que podemos citar seria o Google, já que tem seu logotipo constantemente mudado tanto definitivamente quanto provisoriamente em datas comemorativas. Outro aspecto de influencia positiva do animus são características masculinas. Coragem, sabedoria e iniciativa, poder de tomada de decisões são alguns exemplos.
O animus também é composto por quatro estágios segundo Jung. São eles:
Os símbolos circulares podem aparecer em formas de visão, principalmente em sonhos. Esse fenômeno acontece para tentar consertar alguma dissociação ocorrente da psique. JUNG (2008) afirma que o circulo ou esfera é uma representação simbólica da self. Ele também nos descreve como os símbolos circulares estão presentes em varias culturas.
Um dos símbolos circulares mais conhecidos são as mandalas. A mandala é um tipo de projeção arquétipa do inconsciente humano para o mundo exterior. Segundo JUNG (2008) construções circulares e/ou sagradas são construídas a partir de mandalas. Essas construções podem ser vistas em igrejas medievais ou construções orientais principalmente.
Fonte: HAMAKER-ZONDAG, Karen. O Simbolismo Astrológico e a Psique Humana. 2005
A cromoterapia é influencia das cores no corpo e na mente de um ser vivo. Desde o Egito antigo, na cidade de Heliópolis, a cromoterapia já era utilizada. A prática era improvisada através de flores e pedras preciosas de diferentes cores, segundo VALCAPELLI (2001).
5.4.1. Vermelho
Cada cor representa um significado. O vermelho, segundo VALCAPELLI (2000) estimula a circulação, levando calor. Este produz uma sensação de poder. Remete ao sexualismo, por ser uma cor muita atraente e chamativa e que estimula a criatividade.
O vermelho é uma cor que, por estimular vários comportamentos, como a raiva, agitação e sensualismo, acabam não incorporando experiências agradáveis às pessoas exposta a ela por muito tempo. O sentido simbólico do vermelho segundo VALCAPELLI (2000, pág. 73), é: "perigo, fogo, sangue, paixão, destruição, raiva, guerra, combate e conquista. Cor de aproximação e encontro".
5.4.2. Azul
LEXIKON (1990) aponta que, por se tratar de uma cor transparente, este remete-se a pureza. O azul é a cor da verdade, da fidelidade e do divino.
VALCAPELLI (2000) descreve a cor como aquela que representa a espiritualidade, pois nesta cor é possível encontra paz e serenidade. O azul remete a beleza em todos os aspectos. Em termos simbólicos, o azul representa a religião, os sentimentos de fé e devoção. Corroborando, NUNES (2001) assegura que o azul é a cor que transmite tranquilidade, ou seja, tem efeito calmante sobre as pessoas.
5.4.3. Laranja
A cor alaranjada emite a sensação de bem-estar, alegria, prazer e satisfação. Assim como o vermelho, o alaranjado é a cor do calor, porém o calor nesse caso é um sinônimo para superação de obstáculos, pois o alaranjado também é a cor do movimento. O alaranjado traz desejo de aquisição tendo seu efeito de forma moderado e estimula o apetite. VALCAPELLI (2000, p. 78) afirma que: "o alaranjado simboliza encorajamento, estimulação, robustez, atração, gentileza, cordialidade, tolerância e prosperidade". É a cor que simboliza o instinto maternal.
5.4.4. Verde
LEXIKON (1990) associa o verde com reino vegetal: a primavera, água, frescor e meditação. Além disso, traz o verde como a cor da longevidade e imortalidade. No islamismo, o verde é a salvação material e espiritual, da sabedoria e dos profetas.
Esta é a cor do equilíbrio da harmonia do corpo físico, mental e emocional. Segundo NUNES (2001) a cor verde tem efeito calmante, refrescante e suavizam-te, aludindo-se a uma estabilização emocional. Na cromoterapia o verde é muito utilizado como relaxante e energizante. O verde é também a cor da esperança, da vida e juventude, trazendo em si um significado de inexperiência que nos remete ao período da juventude. Este é também uma cor que facilita a concentração.
5.4.5. Violeta
A cor violeta, para LEXIKON (1990) simboliza a mediação e equilíbrio. A cor nos traz sensações de segurança, relaxamento, harmonia e equilíbrio para a mente como também paz para a mente. VALCAPELLI (2000, p.108) fala que a cor violeta é "uma cor imponente e elevada associada a realeza, transmite uma sensação de luxúria, porém com pouca alegria". "Esta também traz em si um simbolismo dignidade, devoção, piedade, sinceridade, festividade, espiritualidade, nobreza, esplendor". O violeta também está ligado ao espiritualismo e a reencarnação, passagem entre o céu e a terra. NUNES (2001) complementa ainda que é uma cor que transmite animo, e que está ligada ao coração, no sentido poético.
5.4.6. Amarelo
O amarelo é uma cor quente e irradiante. Traz-nos sensação de proteção e de justiça, afastando o medo. NUNES (2001) afirma que a cor amarela tem propriedades estimulantes, e é capaz de ativar nossa capacidade criativa. Para VALCAPELLI (2000) o amarelo nos remete ao sol e ao ouro.
Segundo LEXIKON (1990) a cor amarela remete ao ouro e a luz do sol, que pode significar eternidade, transfiguração e maturidade. Porém o amarelo pode ter diferentes significados. Na China, a cor amarela por ser oposto ao preto, o amarelo significa o lado bom (yang) e o preto o lado ruim (yin). Cabe ressaltar que, dependendo do tom do amarelo remete-se a coisas ruins, por exemplo, o amarelo-ouro significa bom e luminoso enquanto o amarelo-enxofre refere-se a algo mau e diabólico.
No islamismo o amarelo-ouro significa sabedoria e bom conselho. Já o amarelo pálido remete a traição e ilusão.
Se voltarmos à idade média, as interpretações negativas são as que prevalecem na cor amarela, como a inveja, infâmia, hereges e prostitutas. Na idade medieval, o amarelo é uma cor positiva, já que se remetia a riqueza, ouro e poder.
5.4.7. Índigo
O índigo é uma cor energizante, traz traços de suas cores primárias que são azul e vermelho. VALCAPELLI (2000) cita-nos que a cor traz em sim um efeito simbólico.
6.1. Análise da marca Itaú
Para LEXIKON (1990) os pitagóricos² consideravam o quadrado como a representação dos quatros elementos. E no islamismo, o quadrado representa o coração dos homens comuns, tendo em vista que o homem comum tem só quatro possibilidades de inspiração: divina, angélica, humanas e demoníacas. Para JUNG (2008), o quadrado tem um significado de matéria, corpo e coisas terrenas.
O logo traz em si forte significado simbólico em seu formato que remete a etimologia do nome Itaú, que em Tupi significa "pedra preta". Na compreensão de LEXIKON (1990) a dureza da pedra pode estar relacionada aos poderes eternos, imutáveis e divinos. Entretanto, na mitologia grega, uma pedra-negra fazia parte do culto à deusa-mãe Cibele. E no cristianismo esta relacionada à força protetora de Deus.
Para FERREIRA (2013) "as pedras, ossos da terra mãe, atiradas por Deucalião e Pirra, por onde passavam, iam se transformando em seres humanos". Este contexto pode ser interpretado como transformação.
No logo atual do banco se destaca o amarelo, que é uma cor quente e estimulante que remete a ouro, riqueza. A cor amarela traz um contraste com o equilíbrio financeiro. Que remete-se a riqueza e tranquilidade. Este também contrasta-se com azul, que transmite uma sensação de calma e tranquilidade.
A cor preta para LEXIKON (1990) na cadeia simbólica (mãe è fecundidade è mistério èmorte) trata-se da cor das deusas mães e suas sacerdotisas.
Discorrendo sobre a marca Apple, percebe-se que no início de sua criação, no qual, encontra-se a macieira que simbolicamente refere-se como qualquer árvore que CHEVALIER e GHEERBRANT (1997), que as raízes encontram-se abaixo do solo e seus galhos em direção ao céu. Estão diretamente relacionados entre o céu e a terra. Corroborando com CHEVALIER e GHEERBRANT (1997), FERREIRA (2013) destaca o sentindo imanente e transcendente da maçã, no qual o homem aceita fazer parte do meio em que vive. CIRLOT (1984) refere-se à macieira como a árvore da vida, entre o racional e o emotivo, sendo a maçã o seu símbolo. Assim como a árvore que possui suas raízes nas profundezas sombrias o tronco, o seu meio externo procura alcançar o céu. Nesse contexto, o homem também vive esse paradigma, pois vive entre o sensível e o inteligível.
De acordo com a história da criação da marca, encontra-se a história de Eva e Adão. LEXIKON (1990) afirma que o simbolismo do casal Adão e Eva pode transmitir redenção e esperança. O fruto traz consigo o símbolo da maturidade e desenvolvimento.
MARKALE (1979) afirma que a maçã representa conhecimento, revelação e magia para a população de origem Céltica. Legitimando o que MARKALE (1979) disse, LEXIKON (1990) ressalta que a maçã é encontrada nas tradições célticas como símbolo do saber espiritual.
Na mitologia grega, a maçã era como um pomo de ouro das hespérides³ que representava a imortalidade.
LURKER (1993) afirma que a maçã na Idade Média retratava o lado obscuro, ou seja, o pecado original. O desejo por algo talvez inalcançável ou inaceitável. No século XIV a maçã retorna na história bíblica com o símbolo de absolvição do pecado, uma vez que Jesus segura a maçã na obra de Lucas Cranach, o velho.
Atualmente a marca Apple, encontra seu logotipo com a cor prata, que remete ao metal. Para LEXIKON (1990) o metal se colocado com o trabalho de ferraria, é simbolicamente associado ao fogo do inferno. Porém, se minerado, relaciona-se a purificação e espiritualização. Para JUNG (2008) o metal simboliza a sexualidade que necessita de purificação. Na tecnologia, podemos interpretar, como algo que necessita de aprimoramento.
Neste contexto, LEXIIKON (1990) afirma ainda, que a prata, por ser uma cor branca e luminosa, remete-se a pureza. Esta seria uma cor feminina, submetendo-se a lua, que na simbologia é a oposição ao sol (figura masculina) representado pelo dourado. Esses símbolos acabam trazendo um equilíbrio para marca.
6.3. Os símbolos do Google
O posicionamento das letras e cores utilizadas traz um ar de criatividade. As cores utilizadas remetem a imagem da marca. O azul pode transmitir paz e devoção. Já o vermelho é estimulante e traz sensação de poder. O amarelo traz uma percepção de proteção. E por último, o verde caracteriza Jovialidade.
As mudanças das cores na palavra, e suas constantes mudanças, remetem-se aos momentos internos e projetivos externos do crescimento de cada usuário. Ou seja, o amadurecimento de cada um.
Podemos observar no logo da Google símbolos circulares. LEXIKON (1990) estabelece o círculo como um símbolo que retrocede para si mesmo. JUNG (2008) corrobora, afirmando que o círculo é a representação da self. Sendo assim, por ser uma linha infinita, simboliza o tempo e a infinitude.
Pela observação dos aspectos analisados, acredita-se que há diversas conotações subliminares nos símbolos de cada marca estudada. Juntamente com essas conotações, trazem uma grande carga simbólica desde tempos antigos.
Seja pela cor ou pelo formato; esses símbolos podem afetar a psique de cada membro que teve contato com os mesmos. Podendo assim, um significado para cada símbolo que o cerca.
Analisando os resultados obtidos da marca Itaú, podemos pressupor que os símbolos encontrados no logo da empresa podem remeter a aspectos de segurança. A pedra, por ser um elemento rígido, traz sensação de poder e proteção. A cor a amarela contrastada com o azul, transmiti um segurança e tranquilidade em relação à riqueza que o usuário está entregando nas "mãos" da empresa.
O logo da Apple encontra-se na cor prata, um metal que está relacionado à purificação e espiritualização, mas também, associado a chamas do fogo, pelo trabalho de ferraria, dando uma sensação de poder. O metal traz o equilíbrio entre a riqueza relacionado ao minério e a tranquilidade por ser uma cor luminosa que remete a pureza.
A maçã mordida da marca pode levar ao desejo de consumo, tanto físico, quanto do conhecimento.
Avaliando as várias cores primárias do GOOGLE, pode se interpretar como uma fonte de mudanças e amadurecimento do usuário. Principalmente por se tratar de um site de pesquisa e ferramentas que auxiliam na formação do conhecimento dos usuários. Além disso, as cores podem passar sensação de segurança, tranquilidade e poder ao usuário, promovendo a confiança do mesmo nas ferramentas e informações disponibilizadas pelo GOOGLE e o poder de ter o conhecimento ao seu alcance.
Os símbolos, às vezes mesmo sem pretensão de quem criou a logomarca, está presente. A carga simbólica esta guardada em nossa pisque, que pode ser transmitida na criação de um desenho, de uma pintura, etc. Que muitas vezes, quem está vendo aquilo que foi criado, sentirá o mesmo de quem criou, por ser construída a partir de um contexto histórico de uma linguagem universal, que se passará quase que imutavelmente de geração para geração.
Para uma análise mais conclusiva sobre o significado das marcas, remetendo-se ao simbolismo e semiótica, sugere-se uma pesquisa de caráter exploratório com os usuários das marcas.
CAMARGO, M. A. D. A. P., CRESCITELLI, E., STREHLAU, V. L., SUTTER, M. B. (2015). A Apropriação da Imagem de um País Emergente na Construção de uma Marca Europeia: Estudo de Caso L´Occitane au Brésil. Caracas- Venezuela: Revista Espacios, V. 37, p. 5.
CARDOSO, S. A., ROCHA, M. A. V. (2013). A semiótica aplicada a tecnologia e a moda como fenômeno social. Recife-PE: Jepex.
CARMONA, T. (2006). Segredos do Google. 2ª edição. São Paulo-SP: Digerati Books.
CASAQUI, V., & RIEGEL, V. (2009). Google e o consumo simbólico do trabalho criativo. São Paulo-SP: Revista comunicação, mídia e consumo, v. 06, n. 17, p. 161-180.
CIRLOT, J. E. (1984). Dicionário dos símbolos. São Paulo-SP: Moraes.
CHEVALIER, J., & GHEERBRANT, A. (1997). Dicionário dos Símbolos. Rio de Janeiro-RJ: José Opympio. 11ª ed.
FERREIRA, A. E. A. (2013). Dicionário de imagens, símbolos, mitos, termos e conceitos bacherlarianos. Londrina-PR: Eduel.
GIL, A. C. (2008). Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo-SP: Atlas, 5ª ed.
GOLDENBERG, M. (1997). A arte de pesquisar. Rio de Janeiro-RJ: Record.
HAMAKER-ZONDAG, K. (2004). Astropsicologia: o simbolismo astrológico e a psique humana. Nova Fronteira.
JUNG, C. G. (2008). O homem e seus símbolos, Rio de Janeiro-RJ: Nova fronteira.
KAST, V. (1997). A Dinâmica dos Símbolos. São Paulo-SP: Loyola.
KOTLER, P. (2006). Administração de marketing. São Paulo-SP: Pearson Prentice Hall, 12ª edição.
LEXIKON, H. (1990). Dicionário dos símbolos. São Paulo-SP: Cultrix.
LOPES, A. O. D. M. M. (2006). As diferentes linguagens no signo escrito alfabético. Intercon.
LURKER, M. (1993) Dicionário dos Deuses e demônios. São Paulo-SP: Martins Fontes.
MARKALE, J. (1979). L'Epopée Celtique d' Irlande. Paris- França: Payot.
MOURA, M. A. (2011) Semiose e analise de assunto em ícones comemorativos da Google: implicações da experiência colateral na representação da informação iconográfica em ambientes digitais. Brasilia-DF: Enancib.
NOTH, W., SANTAELLA, L. (1999) Imagem – Cognição, Semiótica e Mídia. Iluminuras, 2ª ed.
NOTH, W. (2008). Panorama da semiótica: de Platão e Peirce. Annablume. São Paulo-SP: Annablume. 4ª ed.
NOTH, W., SANTAELLA, L. (2004). Comunicação e semiótica. São Paulo-SP: Hacker editores.
PEIRCE, C. S. (2010). Semiótica. Perspectiva. 4ª ed.
PINHO, J. B. (1996). O poder das marcas. São Paulo-SP: Summus. 3ª edi.
MOREIRA, R. S. (2009). Revisões no sistema de identidade visual corporativa de marcas brasileiras: uma analise critica. São Paulo-SP: FAUUSP, p. 159-271.
NUNES, R. (2001). Compêndio científico da cromoterapia. Brasília-DF: Editora L.G.E.
PRODANOV, C. C., FREITAS; E. C. (2013). Metodologia do trabalho científico: Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. Rio Grande do Sul-RS: Feevale. 2ª ed.
SANTAELLA, L. (1985). O que é semiótica. São Paulo-SP: Brasiliense.
SANTAELLA, L. (2012). Leitura de imagens. 1ª ed. São Paulo. Melhoramentos.
SANTAELLA, L. (2001). Matrizes da linguagem e pensamento: sonora visual verbal. 3ª ed. São Paulo-SP: Iluminuras.
SANTAELLA, L. (2004). O método anticartesiano de C.S. Peirce. São Paulo. Unesp.
SANTOS, C. (2011). O simbolismo das marcas no discurso publicitário contemporâneo. O capital simbólico da YORN. Revista Comunicação e Sociedade, vol. 19.
SILVA, D. R. D. (2004). Identidade visual forte, marca forte. Um breve estudo da Identidade Visual do Banco Itaú através da aplicação na sua comunicação. Porto Alegre- RS: Intercon.
VIANA, A. R. T., GALVÃO; L. N. (2014). Marcas Publicitárias: dos Históricos aos Logotipos. Foz do Iguaçu-PR: Intercom.
VALCAPELLI. (2000). As cores e suas funções. São Paulo-SP: Roka.
VALCAPELLI. (2001). Cromoterapia a cor e você. 7ª ed. São Paulo-SP: Roca.
VÁSQUEZ, R. P. (2007) identidade de marca, gestão e comunicação. Revista Organicon, Edição nº 7.
ZIERER, A. (2001). Significados Medievais da maçã: fruto proibido, fonte do conhecimento, ilha paradisíaca. Marimbilia-Mali: UEMA.
1. Email: ffimanaka@hotmail.com
2. Numa asserção geral, entende-se por self aquilo que define a pessoa na sua individualidade e subjetividade, isto é, a sua essência. O termo self em português pode ser traduzido por "si" ou por "eu", mas a tradução portuguesa é pouco usada.
3. Os pitagóricos interessavam-se pelo estudo das propriedades dos números.
4. São primitivas deusas primaveris que representavam o espírito fertilizador da natureza.