Espacios. Vol. 37 (Nº 14) Año 2016. Pág. 20
Edson Figueiredo de Andrade NETO 1; Nilton José de SOUSA 2; Eduardo Henrique REZENDE 3; Marcelo Dias de SOUZA 4; Alexandre França TETTO 5; Ricardo Anselmo MALINOVSKI 6; Lucas Kania NETO 7
Recibido: 05/02/16 • Aprobado: 15/03/2016
RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência do herbicida haloxyfop-methyl no controle de Brachiaria. sp, em plantios de eucalipto. O experimento foi realizado no município de Avaí- SP, Brasil. Foram testadas cinco doses do herbicida haloxyfop-methyl, e dois volumes de calda, como testemunha foi aplicado o herbicida glyphosate,. Foram avaliados: o nível de intoxicação e o percentual de controle das plantas de Braquiaria. Somente as maiores dosagens do herbicida causaram altos níveis de intoxicação e de percentual de controle das plantas de Brachiaria. Os volumes de calda não influenciaram o controle de Brachiaria. |
ABSTRACT: The goal of this study was to evaluate the herbicide haloxyfop-methyl's efficiency on the control of Brachiaria, in eucalyptus cultivation. The experiment was held in Avaí-SP, Brasil. Five doses of the herbicide haloxyfop-methyl were tested and two spray volumes, the herbicide glyphosate was applied as a reference. We evaluated: the intoxication level, and the Braquiaria plants control rate, however not enough to cause their death. Only higher dose caused high intoxication levels and the Braquiaria plants control rate. The spray volume did not influence the Brachiaria control. |
Dentre as culturas florestais o eucalipto é a mais cultivada no Brasil, em razão de suas características de rápido crescimento, destacando-se pelo seu potencial para a produção de madeira para usos múltiplos e da boa adaptação às condições edafoclimáticas existentes no país (Oliveira Neto et al., 2010). Porém, a ocorrência de plantas daninhas afeta o crescimento inicial do eucalipto e, consequentemente, a produção final de madeira. Tal fato caracteriza essa classe de plantas como um problema tornando indispensável o manejo adequado da flora infestante (Tuffi Santos et al., 2005).
Dentre as plantas daninhas, as do gênero Brachiaria figuram entre as mais problemáticas e importantes nos plantios de eucalipto no Brasil (Toledo et al., 2001), pois de acordo com GOBBI et al.(2009), o capim-braquiária e agressivo e pode se desenvolver em áreas parcialmente sombreadas.
A interferência negativa de Brachiaria pode ser observada: no crescimento de eucalipto; na quantidade de biomassa seca de ramos e de folhas; na redução do comprimento das raízes, da área foliar, da matéria seca do caule e das raízes; pode ainda ser hospedeira de pragas e doenças (Souza et al., 2003; Toledo et al., 2001; Brendolan et al., 2000; Lopes et al., 2003).
O controle de Brachiaria em plantios de eucaliptotem sido realizado principalmente em pós-emergência, com produtos à base de glyphosate. Porém, utilizando este produto, o manejo se torna difícil pela ação não seletiva ao eucalipto, dificultando a aplicação, principalmente no controle de manutenção, pois o deve-se evitar ao máximo o contato do herbicida com as plantas de eucalipto, diminuindo assim o rendimento e aumentando os custos de aplicação.
Por se tratar de um herbicida não seletivo, sintomas de intoxicação em plantas de eucalipto causados pelo contato do glyphosate com as folhas, principalmente via deriva, têm sido relatados com freqüência. A deriva pode acarretar prejuízos no crescimento do eucalipto ou mesmo a diminuição do estande, devido à morte de plantas mais jovens (Tuffi Santos et al., 2005).
Uma das alternativas para reduzir estes efeitos negativos do glyphosate em plantios com ocorrência de Brachiaria pode ser a utilização do herbicida haloxyfop-methyl, pois este herbicida, por ser inibidor da Accase, que é uma enzima uniprotéica em gramíneas, impede a formação de malonil-CoA, bloqueando a reação inicial da rota metabólica de síntese de lipídeos nas gramíneas (Brachiaria), o que não acontece com dicotiledôneas em que Accase não é uniprotéica (Vidal, 1997). Assim, o referido herbicida é seletivo para o eucalipto, podendo ser aplicado diretamente sobre a cultura, sem causar danos e não influenciando no seu crescimento (Andrade Neto, 2012).
Uma dificuldade para a utilização de haloxyfop-methyl é o fato de que ainda não existem avaliações precisas sobre a eficiência deste herbicida, no controle Brachiaria, em plantações de eucaliptos, pois tradicionalmente o controle de Brachiaria nesses plantios é feito com produtos à base de glyphosate.
Diante desses fatos, existe a necessidade de desenvolver essa tecnologia requerida, avaliando a melhor forma de aplicação deste herbicida, levando em conta a melhor dose e volume de calda a se utilizar, uma vez que este herbicida é utilizado apenas em culturas agrícolas, onde o controle em pós-emergência é feito com as plantas de Brachiaria em um estado fenológico mais jovem, em relação ao controle realizado em plantios de eucalipto. Assim, este trabalho teve como objetivo testar a eficiência de controle do herbicida haloxyfop-methyl sobre as plantas Brachiaria sp. em plantios de eucalipto utilizando-se diferentes doses e volumes de calda.
O estudo foi realizado no município de Avaí, no estado de São Paulo, com clima tropical de altitude do tipo Cwa pelo sistema de classificação de Köppen, e altitude média de 481 m. Para o preparo da área foi feito a dessecação das plantas de Brachiaria sp. utilizando-se o herbicida glyphosate, aplicado em área total na dose 1585,00 g ha-1.
As mudas plantadas foram de um clone de Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis, plantadas visando à produção de madeira para a fabricação de celulose no espaçamento de 3,80 m x 2,10 m. Após o plantio, foi realizado o controle em pré-emergência aplicando 157,5 g ha-1 do herbicida Isoxaflutol, cobrindo uma faixa de aplicação de 1,20 m na linha de plantio.
Os tratamentos foram elaborados no Laboratório de Proteção Florestal da Universidade Federal do Paraná, UFPR, e consistiam de cinco doses do herbicida haloxyfop-methyl. Para determinação das cinco doses do herbicida, utilizou-se como referência a dose recomendada em bula (61,35 g.ha-1), as doses testadas foram 0,5; 1; 2; 4 e 8 vezes a dose recomendada. Também foram testados dois volumes de calda diferentes (100 e 200 L.ha-1). Como testemunha foi realizada uma aplicação do herbicida glyphosate na dosagem 1.585,00 g.ha-1 (Tabela 1).
Tabela 1 - Descrição dos tratamentos, doses e volume de calda, utilizados para o controle de Brachiaria sp. em plantios de eucalipto.
Tratamentos |
Herbicida |
Dosagem (g ha-1) |
Volume de calda (L.ha-1) |
Volume de calda (L.ha-1) |
T1 |
Haloxyfop-methyl |
31,175 |
100 |
200 |
T2 |
Haloxyfop-methyl |
62,350 |
100 |
200 |
T3 |
Haloxyfop-methyl |
124,700 |
100 |
200 |
T4 |
Haloxyfop-methyl |
249,400 |
100 |
200 |
T5 |
Haloxyfop-methyl |
498,800 |
100 |
200 |
Testemunha |
Glyphosate |
1585,000 |
100 |
100 |
A aplicação dos herbicidas (tratamentos) foi realizada na área total, 90 dias após o plantio das mudas de eucalipto. Nessa fase, as plantas de Braquiaria eram adultas, tinham cerca de 25 centímetros de altura e estavam produzindo sementes. Os tratamentos foram aplicados utilizando-se pulverizador costal, equipado com válvula reguladora de pressão, munido de barra com um bico tipo leque TT 11002, operando a 2,5 bar, tendo sido utilizado também surfactante (óleo mineral).
O experimento foi instalado em delineamento experimental de blocos casualizados (DBC), com 11 tratamentos (5 doses x 2 volumes de caldas x testemunha), com quatro repetições (blocos), onde cada parcela apresentou área de 400 m² (20 m x 20 m), com uma média 50 plantas por parcela. Para a avaliação dos resultados, foram instaladas dentro de cada parcela uma sub-parcela circular de 6 metros de raio (113,04 m2), o restante da parcela foi considerado como bordadura. Nestas sub-parcelas foram realizadas avaliações para determinar a eficiência do herbicida sobre Brachiaria, através da determinação do nível de intoxicação e do percentual de controle.
A avaliação da intoxicação de Brachiaria foi realizada aos 10, 20, 30, 40 e 50 dias após a aplicação (DAA) dos tratamentos, através da análise visual, descrita pela Sociedade Brasileira de Ciência das Plantas Daninhas (SBCPD, 1995).
Primeiramente era atribuído, para as plantas de Brachiaria presentes em cada parcela dos tratamentos, uma nota de intoxicação. Em seguida, a média das notas obtidas por cada tratamento, nas respectivas parcelas de cada bloco, foi distribuída em intervalos de níveis de intoxicação (Tabela 2).
Tabela 2 - Notas de intoxicação por parcela, nível de intoxicação,
em função da média das notas de cada parcela, e conceito de intoxicação, utilizados
para avaliação da intoxicação de Brachiaria sp. em plantios de eucalipto.
Nota por parcela |
Nível de intoxicação (média das parcelas) |
Conceito de intoxicação |
0 |
0,00 a 0,49 |
Nenhum |
1 |
0,50 a 1,49 |
Fraco |
2 |
1,50 a 2,49 |
Regular |
3 |
2,50 a 3,49 |
Forte |
4 |
3,50 a 4,00 |
Muito forte |
Fonte: Adaptada de SBCPD (1995).
O percentual de controle de Brachiaria foi realizado 50 dias após a aplicação (DAA) dos tratamentos, sendo utilizada uma escala de avaliação visual preconizada pela Associación Latinoamericana de Malezas (ALAM, 1974), que atribui notas de percentual de controle, bem como seu conceito para cada classe de porcentagem estabelecida (Tabela 3).
Tabela 3 - Classe de porcentagem de controle, notas e conceito de controle,
para determinação do controle de Brachiaria sp. em plantios de eucalipto.
Classe de porcentagem (%) |
Notas |
Conceito de controle |
0 - 40 |
1 |
Nenhum/pobre |
41 - 60 |
2 |
Regular |
61 - 70 |
3 |
Suficiente |
71 - 80 |
4 |
Bom |
81 - 90 |
5 |
Muito bom |
91 - 100 |
6 |
Excelente |
Fonte: Adaptado de ALAM (1974).
Os dados obtidos foram separados em dois grupos. No primeiro grupo, as análises foram feitas para dose e volume de calda separadamente; enquanto que para o segundo, avaliou-se em esquema fatorial dose x volume de calda. Os dados foram submetidos aos testes de normalidade (Kolmogorov D: Normal test), homogeneidade de variância (Bartlett) e análise de variância (ANOVA). As médias foram comparadas pelo teste de SCOTT & KNOTT, (1974) ao nível de 5% de probabilidade de erro.
Para a variável percentual de controle, os dados foram transformados pela fórmula , visando à normalidade dos mesmos, conforme preconizam BANZATTO & KRONKA (2006). As análises foram executadas pelo software SISVAR versão 5.6 (Ferreira, 2008).
Na primeira avaliação, realizada 10 dias após a aplicação (10 DAA), o nível de intoxicação das plantas de Brachiaria foi determinado como "nenhum" para os tratamentos T1 e T2, pois as notas atribuídas a estes tratamentos foram inferiores a 0,5, de acordo com o nível de intoxicação determinado pela SBCPD (1995). Os tratamentos T3, T4 e T5 foram classificados com o conceito "fraco" (notas entre 0,5 e 1,49). A testemunha foi classificada com o conceito "forte" (notas ente 2,5 e 3,49), conforme apresentado na Figura 1.
Figura 1 - Gráfico dos valores médio dos níveis de intoxicação dos tratamentos testados
sobre Brachiaria sp. em função da dose, aos 10, 20, 30, 40 e 50 DAA.
Com 20 DAA foram verificados diferentes níveis de intoxicação das plantas de Brachiaria para cada tratamento:no tratamento T1 foi constatado nível de intoxicação "fraco"; para T2 e T3 o nível de intoxicação foi "regular"; para os tratamentos T4 e T5 foi determinado um nível de intoxicação "forte"; na testemunha (glyphosate) o nível de intoxicação das plantas de Brachiaria foi considerado como "muito forte".
Aos 30 DAA os tratamentos T1, T2 e T3 proporcionaram nível "regular" de intoxicação para as plantas de Brachiaria. Os tratamentos T4 e T5 e testemunha mantiveram o nível de intoxicação da avaliação aos 20 DAA, ou seja, "forte" e a testemunha como "muito forte".
Na avaliação aos 40 DAA, em todos os tratamentos, as plantas de Brachiaria mantiveram-se no mesmo nível de intoxicação observado aos 30 DAA: T1, T2 e T3 "regular", T4 e T5 "forte" e a testemunha "muito forte".
Na última avaliação aos 50 DAA, os tratamentos T1 e T2 tiveram seus níveis de intoxicação reduzidos de "regular" para "fraco", enquanto o tratamento T3 manteve-se no nível "regular" de intoxicação. Os tratamentos T4 e T5 aumentaram seu nível de intoxicação nesta avaliação passando de "forte" para "muito forte", ficando no mesmo nível de intoxicação da testemunha.
Somente os dois tratamentos com maiores dosagens de haloxyfop-methyl (T4: 249,400 e T5: 498,800 g.ha-1) ocasionaram a morte das plantas de Brachiaria. Os tratamentos com menores dosagens (T1: 31,75 e T2: 63,350 g.ha-1‑) apresentaram sintomas iniciais de intoxicação, porém estes regrediram ou se mantiveram 20 DAA, apresentando sintomas fracos de intoxicação. Aos 50 DAA, apenas no tratamento T3: 124,70 g.ha-1 os sintomas se mantiveram regulares, não avançando a ponto de causar a morte das plantas de Brachiaria. Isso pode indicar um efeito de subdosagem do herbicida, permitindo a recuperação da planta daninha ao longo do tempo.
As menores doses testadas de haloxyfop-methyl não proporcionaram uma intoxicação adequada das plantas de Brachiaria, pois obtiveram níveis de intoxicação inferiores as maiores dosagens e a testemunha. Esses resultados, para as menores doses do herbicida, discordam dos resultados relatados por FLECK (1994). Este autor relata que doses reduzidas de herbicidas inibidores de ACCase são eficientes para se obter um nível satisfatório de intoxicação de controle de papuã (Brachiaria plantaginea (Link) Hitchc), enquanto neste trabalho os dados indicam que nas menores doses (tratamentos T1 e T2) do inibidor de ACCase testado não apresentou níveis satisfatórios de intoxicação.
Em relação aos sintomas visuais provocados pelos herbicidas testados nas plantas de Brachiaria, constatou-se que os sintomas do herbicida inibidor de ACCase (haloxyfop-methyl) diferiu do sintoma do herbicida inibidor de EPSPs (glyphosate). Os sintomas proporcionados pelo haloxyfop-methyl aconteceram também de forma mais lenta em relação ao glyphosate, sendo que este último levou às plantas daninhas a morte em um menor período de tempo. Esta constatação está de acordo com o descrito por VIDAL (1997), que afirma que inibidores de ACCase possuem ação mais lenta do que inibidores de EPSPs.
Nas observações realizadas, constatou-se que o crescimento das plantas de Brachiaria, nas parcelas tratadas com haloxyfop-methyl, cessou logo após a aplicação dos tratamentos. As plantas ficaram "arroxeadas", notando-se os sintomas inicialmente nas regiões meristemáticas que ao longo do tempo ficavam secas (Figura 2). Esses sintomas de intoxicação são parecidos com os descritos por VIDAL (1997), que relatou que plantas tratadas com herbicidas inibidor de ACCase tem seu crescimento cessado logo após a aplicação e que inicialmente nota-se os sintomas nas regiões meristemáticas, onde a síntese de lipídeos para formação de membrana é muito intensa. O autor ainda menciona que os meristemas sofrem descoloração, ficam marrons, desintegram-se e as folhas mais desenvolvidas podem ficar roxas, laranjas ou vermelhas.
VIDAL (1997) também cita que plantas tratadas com glyphosate (inibidor de EPSPs) apresentam cloroses logo após a aplicação e necroses entre uma e 3 semanas nas regiões meristemáticas e folhas mais jovens. Os sintomas relatados por este autor também foram observados neste trabalho já nas avaliações com 20 DAA.
Figura 2 - Sintoma de intoxicação em Brachiaria sp. tratada com haloxyfop-methyl.
Respectivamente: folhas "arroxeadas" (seta preta); folha seca (seta branca).
Em relação ao volume de calda (100 e 200 L.ha-1), nas parcelas em que foi aplicado o volume de calda 200 L, os tratamentos com haloxyfop-methyl (T1, T2, T3, T4 e T5) obtiveram maiores valores médios de intoxicação da Brachiaria em todas as avaliações do experimento (Tabela 4). Porém, quando estes valores foram submetidos a escala de notas da SBCPD (1995), o conceito de intoxicação foi igual para os dois volumes testados.
Tabela 4 - Valores médios dos níveis de intoxicação de Brachiaria sp. das parcelas
tratadas com herbicidas, em função da dose, volume de calda e época de avaliação.
Tratamento |
Dose (g.ha-1) |
Calda (L.ha-1) |
Nível de intoxicação |
||||
10 DAA |
20 DAA |
30 DAA |
40 DAA |
50 DAA |
|||
T1 |
31,175 |
100 |
0,00 |
1,75 |
1,25 |
1,25 |
1,00 |
T2 |
62,350 |
100 |
0,50 |
1,50 |
1,50 |
1,50 |
1,00 |
T3 |
124,700 |
100 |
0,25 |
2,25 |
1,50 |
1,50 |
1,25 |
T4 |
249,400 |
100 |
0,75 |
2,50 |
2,75 |
2,75 |
3,75 |
T5 |
498,800 |
100 |
0,50 |
2,25 |
2,75 |
2,75 |
3,75 |
Valores médios |
0,40 |
2,05 |
1,95 |
1,95 |
2,15 |
||
T1 |
31,175 |
200 |
0,00 |
1,25 |
1,75 |
1,75 |
1,00 |
T2 |
62,350 |
200 |
0,25 |
2,00 |
1,50 |
1,50 |
1,50 |
T3 |
124,700 |
200 |
0,75 |
2,00 |
2,25 |
2,25 |
2,00 |
T4 |
249,400 |
200 |
1,00 |
2,75 |
2,75 |
2,75 |
3,75 |
T5 |
498,800 |
200 |
0,75 |
3,00 |
3,00 |
3,00 |
4,00 |
Valores médios |
0,55 |
2,20 |
2,25 |
2,25 |
2,45 |
Nas parcelas em que foram utilizado 200 L.ha-1 de calda, contatou-se uma evolução nos sintomas de intoxicação bem semelhante aos observados na aplicação de 100 L.ha-1 de calda. Entretanto, observou-se que nas duas maiores doses (T4: 249,40 e T5: 498,80 g.ha-1) os sintomas evoluíram para forte aos 20 DAA, quando aplicado o volume de calda de 200 L.ha-1; enquanto nos locais onde foi aplicado o volume de calda de 100 L.ha-1, ocorreu esse fato aos 30 DAA, mostrando que o maior volume de calda pode ter acelerado a intoxicação da planta.
Esse resultado indica que herbicidas a base de haloxyfop-methyl apresentam melhor absorção e ação quando aplicado em maior volume de calda. No entanto, cabe ressaltar que mesmo com o volume de calda de 100 litros por hectare, os tratamentos T4 e T5 foram eficientes, levando as plantas à morte, demonstrando ação satisfatória. Outro fato importante é que essas dosagens que se mostraram capazes de causar morte a Brachiaria são respectivamente 4 e 8 vezes maiores do que o recomendado em bula para esse herbicida, que é de 62,35 g.ha-1. Isso se deu provavelmente pelo estágio em que a espécie se encontrava no momento da aplicação. A recomendação contida na bula é destinada às culturas agrícolas, onde a intervenção é feita mais cedo (devido ao ciclo curto das culturas) e as plantas daninhas possuem cerca de 2 a 4 pares de folhas, em pleno desenvolvimento.
Em relação ao percentual médio de controle da braquiária, a aplicação da molécula haloxyfop-methyl nas doses dos tratamentos T4 e T5, com valores médios entre 55 e 70%, apresentou, nos dois volumes de calda estudados (50 DAA), percentual de controle semelhante ao obtido pelo o herbicida glyphosate, estes não diferiram estatisticamente entre si. Estes tratamentos receberam 3 (suficiente) pela escala de notas de avaliação visual da ALAM, exceto o tratamento T4, com 100 L.ha-1, que recebeu nota 2 (regular) (Tabela 5). Os demais tratamentos obtiveram baixo percentual de controle, ficando abaixo dos 40%, recebendo nota 1 de controle (nenhum/pobre). O bloco não influenciou significativamente nos tratamentos (αbloco= 0,18110).
Tabela 5 - Percentual médio, conceito e nota de controle de plantas de Brachiaria, de acordo com a escala da ALAM 1974, 50 dias após a aplicação (DAA).
Tratamento |
Calda (L.ha-1) |
Estatística1 |
Controle (%) |
Conceito/Nota |
|||
T1 |
100 |
0,00 |
e |
0 |
Nenhum/Pobre |
1 |
|
T2 |
100 |
4,90 ± 3,45 |
d |
1 |
Nenhum/Pobre |
1 |
|
T3 |
100 |
16,76 ± 4,78 |
b |
8,75 |
Nenhum/Pobre |
1 |
|
T4 |
100 |
49,34 ± 4,08 |
a |
57,5 |
Regular |
2 |
|
T5 |
100 |
51,52 ± 2,80 |
a |
61,25 |
Suficiente |
3 |
|
T1 |
200 |
0,00 |
e |
0 |
Nenhum/Pobre |
1 |
|
T2 |
200 |
12,71 ± 2,75 |
c |
5 |
Nenhum/Pobre |
1 |
|
T3 |
200 |
20,61 ± 2,51 |
b |
12,5 |
Nenhum/Pobre |
1 |
|
T4 |
200 |
52,24 ± 1,70 |
a |
62,5 |
Suficiente |
3 |
|
T5 |
200 |
53,75 ± 2,45 |
a |
65 |
Suficiente |
3 |
|
Testemunha |
100 |
54,51 ± 2,88 |
a |
66,25 |
Suficiente |
3 |
|
αBloco |
0,1810ns |
||||||
αTratamentos |
0,00000073** |
||||||
CV(%) |
9,66 |
1Dados transformados em:
ns Não significativo
** Significativo a 1% de probabilidade de erro
Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, ao nível de 5% de erro probabilidade pelo teste de Scott & Knott (1974).
A testemunha (glyphosate), na dose recomendada na bula para Brachiaria, proporcionou o maior percentual de controle (66,25%). O conceito de controle satisfatório (suficiente), para o herbicida haloxyfop-methyl, foi obtido com doses elevadas desse herbicida, respectivamente 4 e 8 vezes maiores que a dose recomendada (tratamentos T4 e T5). LÓPEZ-OVEJERO et al. (2006) em seus experimentos também constataram que o herbicida haloxyfop-methyl só era eficiente quando as doses aplicadas eram superiores as doses recomendadas para controlar Digitaria ciliaris (Retz) Koeler (capim-colchão), uma gramínea tão agressiva na ocupação de áreas quanto Brachiaria.
As parcelas que receberam o tratamento T3 controlaram uma pequena parte da braquiária nos dois volumes de calda, sendo separadas em outro grupo de controle, porém não foi satisfatório, recebendo nota 1 pela escala da ALAM. Como terceiro grupo de controle, o tratamento T2 do haloxyfop-methyl aplicado a um volume de calda de 200 L.ha-1, também controlou pequena parte da braquiária, abaixo de 10% de controle. Os demais tratamentos ficaram separados no quarto grupo, onde foi predominante a ausência total de controle da braquiária aos 50 dias após a aplicação dos tratamentos.
Em relação à influência significativa do volume de calda, os resultados mostraram que a mesma não ocorreu na maioria das doses testadas, com exceção do tratamento T2, onde houve uma diferença, tendo o volume de calda de 200 L.ha-1 demonstrado maior porcentual de controle que o de 100 L.ha-1 (Tabela 6). Observando o ocorrido com a maioria das parcelas, percebe-se que essa situação não representa o restante dos tratamentos e essa diferença provavelmente ocorreu devido ao estágio fenológico em que a braquiária se encontrava nas parcelas onde foi aplicada esta dose com 200 litros de calda por hectare, permitindo maior controle.
Tabela 6 - Percentual médio da interação entre a dose e o volume de calda
para o controle de Brachiaria sp. aos 50 dias após a aplicação.
Doses g ha-1 |
(Volume de calda L.ha-1) |
|||
100 |
200 |
|
||
T5 |
51,52 ± 2,80 |
aA |
53,75 ± 2,45 |
aA |
T4 |
49,34 ± 4,08 |
aA |
52,24 ± 1,70 |
aA |
T3 |
16,76 ± 4,78 |
b A |
20,61 ± 2,51 |
b A |
T2 |
4,90 ± 3,45 |
c B |
12,71 ± 2,75 |
c A |
T1 |
0,00 |
- |
0,00 |
- |
αBloco |
0,3531ns |
|||
α(Volume x Dose) |
0,0219* |
|||
CV(%) |
10,88 |
ns Não significativo
* Significativo a 5% de probabilidade de erro
Médias seguidas pela mesma letra minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem estatisticamente entre si, ao nível de 5% de probabilidade de erro pelo teste de Scott e Knott (1974).
O volume de calda não influenciou significativamente sobre o nível de controle do herbicida haloxyfop-methyl. De acordo com GALON et al. (2007), os produtos de contato, de um modo geral, necessitam de maior volume de calda para obter melhor controle, uma vez que a eficácia desses herbicidas depende da cobertura proporcionada pela calda, ou seja, que uma maior superfície da planta entre em contato com o herbicida. Porém, para o caso dos herbicidas sistêmicos, como o caso do haloxyfop-methyl, o autor afirma que eles podem ter a mesma eficiência quando distribuídos com a mesma dose, porém com menor volume de calda.
Portanto, os tratamentos T4 (294,4 g.ha-1) e T5 (498,800 g.ha-1), independente do volume de calda utilizado, se apresentaram como os mais eficientes para o controle de Brachiaria, levando-se em consideração as duas análises feitas, de intoxicação e percentual de controle da planta daninha. Mas pensando em otimização dos produtos e dos custos, o tratamento T4, com volume de calda de 100 L.ha1, mostrou-se o tratamento de maior vantagem, por proporcionar um controle satisfatório com menor quantidade de ingrediente ativo, em relação ao tratamento T5, e com um menor volume de calda em relação ao volume de 200 ha-1. O volume de calda por hectare influência na operação de aplicação, visto que, ao se utilizar um menor volume de calda, aumenta-se a autonomia do equipamento pulverizador e reduz as paradas para abastecimento, elevando assim a eficiência operacional da aplicação. Além disso, reduz o uso do surfactante (óleo mineral), que cai de 1 L.ha-1 (no caso de 200 litros de calda) para 0,5 L.ha-1 (no caso de 100 litros de calda).
O herbicida haloxyfop-methyl é eficiente para o de controle das plantas de Brachiaria sp. nas doses mais altas, porém o volume de calda não influencia significativamente a sua eficiência de controle do herbicida haloxyfop-methyl;
O tratamento mais eficiente para o controle de Brachiaria sp., utilizando o herbicida haloxyfop-methyl, é o tratamento T4, com dosagem 249,4 g.ha-1 aplicado com volume de calda de 100 L.ha-1.
ANDRADE NETO, E. F. (2012); Seletividade de herbicidas inibidores da enzima Accase no controle de Brachiaria sp. no cultivo de eucalipto. Dissertação de Mestrado em Silvicultura, Universidade Federal do Paraná, UFPR, Curitiba. Brasil, 108p.
Asociación Latinoamericana de Malezas (ALAM). (1974); Recomendaciones sobre unificación de los sistemas de evaluación en ensayos de control de malezas. ALAM 1(1): 35 – 38.
BANZATTO, D. A.; KRONKA, S. N. (2006); Experimentação agrícola. 4.ed. Jaboticabal. Brasil: 237p.
BRENDOLAN, R. A.; PELLEGRINI, M. T.; ALVES, P. L. C. A. (2000); Efeitos da nutrição mineral na competição inter e intraespecífica de Eucalyptus grandis e Brachiaria decumbens: Scientia Forestalis, 58(1), 49–57.
FERREIRA, D. F. (2008); SISVAR um programa para análises e ensino de estatística. Revista Symposium, 6(1), 36-41.
FLECK, N. G. (1994); Doses reduzidas de herbicidas de pós-emergência para controle de papuã em soja. Planta Daninha, 12(1), 21-28.
GALON, L.; PINTO, J. J. O.; AGOSTINETTO, D.; MAGRO, T.D. (2007); Controle de plantas daninhas e seletividade de herbicidas à cultura da soja, aplicados em dois volumes de calda. Revista Brasileira Agrociência, 13(3), 325–330.
GOBBI, K. F.; GARCIA, R.; GARCEZ NETO, A. F.; PEREIRA, O. G.; VENTRELLA, E. C.; ROCHA, G. C. (2009); Características morfológicas, estruturais e produtividade do capim-braquiária e do amendoim forrageiro submetidos ao sombreamento. Revista Brasileira de Zootecnia, 38(9), 1645–1654.
LOPES, S.A.; MARCUSSI, S.; TORRES, S. C. Z.; SOUZA, V.; FRAGAN, C.; FRANÇA, S. C. (2003); Weeds as alternative hosts of the citrus, coffee, and plum strains of Xylellafastidiosa in Brazil. Plant Disease, 87(5), 544–549.
LÓPEZ-OVEJERO, R. F.; CARVALHO, S. J. P.; NICOLAI, M.; CHRISTOFFOLETI, P. J. (2006); Suscetibilidade comparativa a herbicidas pós-emergentes de biótipos de Digitaria ciliaris resistente e suscetível aos inibidores da Accase. Planta Daninha, 24(1), 789-796.
OLIVEIRA NETO, S. N.; VALE, A. B.; NACIF, A. P.; VILAR, M. B.; ASSIS, J. B. (2010); Sistema agrossilvipastoril: integração lavoura pecuária e floresta. Viçosa, SIF, 193 p.
SCOTT, A. J.; KNOTT, M. (1974); A cluster analysis method for grouping means in the analysis of variance. Biometrics, 30(3), 507–512.
SOCIEDADE BRASILEIRA DA CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS (1995). Procedimentos para instalação, avaliação e análise de experimentos com herbicidas. 42p.
SOUZA, L. S.; VELINI, E. D.; MAIOMONI RODELLA, R. C. S. (2003); Efeito alelopático de plantas daninhas e concentrações de capim-braquiária (Urochloa decumbens) no desenvolvimento inicial de eucalipto (Eucalyptus grandis). Planta Daninha, 21(3), 343–354.
TOLEDO, R. E. B.; DINARDO, W.; BEZUTTE, A. J.; ALVES, P. L. C. A.; PITELI, R. A. (2001); Efeito da densidade de plantas de Brachiaria decumbens sobre o crescimento inicial de mudas de Eucalyptus grandis W. Hillex Maiden. Scientia Forestalis, 60(1), 109 – 117.
TUFFI SANTOS, L. D.; FERREIRA, F. A.; MEIRA, R. M. S. A.; BARROS, N. F.; FERREIRA, L. R.; MACHADO, A. F. L. (2005); Crescimento e morfoanatomia foliar de eucalipto sob efeito de deriva do glyphosate. Planta Daninha, 23(1), 133–142.
VIDAL, R. A. (1997); Herbicidas:mecanismo de ação e resistência de plantas. Porto Alegre: Palotti, 165p.
1. Engenheiro Florestal, Mestre em Ciências Florestais pela Universidade Federal do Paraná, UFPR, Área de Silvicultura.
2. Engenheiro Florestal, Doutor em Ciências Florestais. Professor do Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal do Paraná. Área de Proteção Florestal.
3. Engenheiro Florestal, Mestre em Ciências Florestais e Doutorando em Ciências Florestais pela Universidade Federal do Paraná, UFPR, Área de Silvicultura. email: eduardo.h.r@hotmail.com
4. Engenheiro Florestal, Mestre em Ciências Florestais e Ambientais e Doutor em Ciências Florestais pela Universidade Federal do Paraná, UFPR, Área de Proteção Florestal.
5. Engenheiro Florestal, Doutor em Engenharia Florestal. Professor do Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal do Paraná. Área de Climatologia.
6. Engenheiro Florestal, Professor Doutor, Departamento de Ciências Florestais, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Paraná, Brasil. Área de Silvicultura.
7. Acadêmico de Engenharia Florestal, Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal do Paraná. Área de Silvicultura.