Espacios. Vol. 37 (Nº 06) Año 2016. Pág. 30

Geração e manejo dos resíduos de construção civil nas obras de edifício comercial na cidade de São Paulo

Waste generation and management in a construction work of commercial building in São Paulo

João Alexandre PASCHOALIN FILHO 1; Eric Brum de Lima DUARTE; Ana Cristina de FARIA 2

Recibido: 21/10/15 • Aprobado: 25/11/2015


Contenido

1. Introdução

2. Referencial teórico

3. Métodologia

4. Análise e discussão dos resultados

5. Conclusões

6. Referências


RESUMO:

Esta pesquisa tem por objetivo apresentar indicadores econômicos obtidos mediante o gerenciamento dos resíduos de construção durante as obras de um edifício localizado em São Paulo. Verificou-se que a maior parte dos resíduos pode ser classificada como sendo Classe A. As quantidades produzidas apresentaram crescimento exponencial com o andamento da construção e a composição gravimétrica demonstrou relação com a fase executiva. A triagem possibilitou redução nos custos de destinação final dos resíduos Classe A e valoração dos resíduos Classe B por meio da venda destes para uma cooperativa de reciclagem.
Palavras chaves: Construção Civil; Gerenciamento; Indicadores; Resíduos; Sustentabilidade.

ABSTRACT:

This research aims to present economic indicators achieved by the management of construction waste during construction of a building located in São Paulo. It was found that most of the waste may be classified as Class A. The quantities of waste produced showed exponential growth with the progress of construction and gravimetric composition showed relationship with the executive stage. The sorting of waste has enabled reduction in disposal costs of waste Class A and Class B valuation of waste by selling these for a recycling cooperative.
Key words: Construction; management; indicators; waste; Sustainability

1. Introdução

Dentre os impactos causados pelo setor da Construção Civil, podem ser destacados os volumes de resíduos gerados diariamente por obras de grande, médio e pequeno porte que, muitas vezes, advêm de perdas e desperdícios causados pela ineficiência de processos executivos antiquados, pela baixa qualificação e rotatividade da mão-de-obra disponível e pela adoção de ferramentas de gerenciamento pouco eficientes; incorrendo, dessa forma, em maiores custos executivos e danos ao meio ambiente.

Silva e Fernandes (2012) apontam que este setor consome uma grande quantidade de recursos naturais, além de gerar um volume elevado de resíduos; cerca de 50 a 60% dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) produzidos diariamente nas cidades têm origem nesse setor. Estima-se que, aproximadamente, 40% dos resíduos sólidos gerados globalmente estejam relacionados às atividades de construção. Por este motivo, tem sido tema de estudos de diversos pesquisadores, nacionais e internacionais, ferramentas de gerenciamento destes, no intuito de possibilitar sua valoração e mitigar os impactos ambientais causados (Arif; Bendi; Toma-Sabbagh,012).

Assim, a utilização de práticas gerenciais que visem à sintonia das operações do setor da Construção Civil com a sustentabilidade, consiste em um importante paradigma a ser discutido pelo meio técnico, uma vez que proporciona a redução da "pegada ambiental" causada pela sua cadeia produtiva, dos custos incorridos (principalmente no transporte e deposição de resíduos e importação de matéria-prima) e colabora na solidificação de uma boa imagem das empresas envolvidas junto ao mercado consumidor e stakeholders.

Dessa forma, além dos aspectos econômicos relevantes, o gerenciamento dos Resíduos de Construção Civil (RCC), no canteiro de obras, agrega vantagens sociais e ambientais que merecem destaque, uma vez que alivia a carga de resíduos nos aterros disponíveis e reinsere no mercado de trabalho uma fração da mão-de-obra que outrora se encontrava excluída. Além do mais, a separação (triagem) dos resíduos gerados "in loco", de acordo com suas características, proporciona uma obra mais limpa e segura; evitando a ocorrência de acidentes de trabalho e ambientais.

Diante deste contexto, esta pesquisa possui como objetivo demonstrar e discutir como o gerenciamento da produção e do manejo dos resíduos de construção em um canteiro de obras pode possibilitar a obtenção de indicadores econômicos positivos e configurar-se em uma ferramenta de inserção de variáveis ambientais e sociais na Construção Civil.

Para tal, foi conduzido um estudo de caso referente a construção de um edifício comercial localizado na cidade de São Paulo; em que, por meio dos documentos consultados, visitas realizadas "in loco" e entrevistas com um dos engenheiros responsáveis pela gestão ambiental do canteiro, pode-se observar como a preocupação com o manejo conferido aos resíduos gerados conduziu a ganhos econômicos, sociais e ambientais relevantes para a obra. 

2. Referencial teórico

2.1 A problemática da geração de resíduos pelo setor da Construção Civil

De acordo a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE, 2012), a quantidade per capita no Brasil de Resíduos de Construção Civil (RCC) coletada, comparando-se os anos de 2010 e 2011, cresceu aproximadamente 6%, ou seja, de 0,618 para 0,656 kg/hab/dia. Este incremento correspondeu a uma massa adicional de 7.195 ton/dia recolhida.

Delongui et al. (2011), que comentam que a geração per capita de RCC, no Brasil, situa-se entre 0,23 a 0,76 ton/hab.ano com uma média 0,51 ton/hab.ano.  Em relação à situação internacional, a geração per capita de RCC em alguns países membros da União Europeia, varia entre 0,32 a 5,90 ton/hab.ano, sendo observada uma média de 2,07 ton/hab.ano (Coronado et al, 2011). Além dos países membros da União Europeia, podem-se citar os volumes gerados por países como: Austrália: 44.042 ton/dia (Tam, 2009); Japão: 2.404 ton/dia (TAM, 2009), Estados Unidos: 458.333 ton/dia (Yuan et al., 2012); e, também, algumas metrópoles chinesas, por exemplo: Shanghai: 67.628 ton/dia (Yuan et al., 2011) e Hong Kong: 49.359 ton/dia (Yuan 2013).

Quanto à origem do RCC gerado no Brasil, Pinto e González (2005) e Bernardes et al. (2008) comentam que, em média, 59% são provenientes de reformas, ampliações e demolições e 41% de obras de novas edificações; enquanto Carmo et al. (2012) afirmam que 64,1% do RCC são gerados por meio de reformas; 18,2% de novas obras; 7,1% de demolições e 10,6% de outras atividades.

Para Leite et al. (2010) e Ângulo et al. (2013), o RCC possui grande variedade de materiais em sua composição, derivados das inúmeras atividades construtivas que ocorrem, concomitantemente, no desenvolvimento de uma obra. Contudo, de forma geral, os volumes gerados de RCC são compostos, basicamente, por resíduos que podem ser reutilizados em obras ou recicláveis como agregados, tais como: cimentícios, solo, alvenaria, em como comercializados com cooperativas e usinas de reciclagem de entulho. Malia et al (2013), afirmam, por meio de estudos conduzidos em canteiros de obras residenciais, na Europa, que a massa de resíduos gerada lá é composta, basicamente, por cimentícios, cerâmica e concreto, tal como no Brasil.

No ano de 2002, foi publicada a Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) que teve por objetivo apresentar definições e atribuições de deveres e responsabilidades para geradores de RCC públicos e privados. De acordo com esta resolução os RCC podem ser classificados em quatro grupos em função de suas características físicas, tal como se verifica por meio do auxílio do Quadro 1.  

Quadro 1 – Classificação e destinação dos resíduos de Construção Civil
Fonte: Resolução CONAMA no307/2002; Resolução CONAMA no431/2011.

2.2 Gerenciamento dos resíduos como ferramenta sustentável na Construção Civil

Os resíduos produzidos em uma construção podem representar um significativo passivo ambiental, caso estes não sejam devidamente manejados e destinados. Dessa forma, configura-se de grande importância o gerenciamento destes por meio da adoção de técnicas que garantam o seu correto manejo, em consonância com práticas de sustentabilidade. Nagapan et al (2012) destacam que os fatores mais significantes que causam a geração dos resíduos nas obras são: gerenciamento ineficiente dos canteiros, planejamento inadequado da construção, erros na fase de projeto e execução e mão-de-obra pouco qualificada.

Uma importante ferramenta de gerenciamento sustentável de resíduos em obras consiste no modelo da pirâmide da hierarquia de gestão de resíduos sólidos, sendo esta recomendada em legislações nacionais e internacionais, tais como: a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) do Brasil (Lei 12.305/2010); a Diretiva 2008/98/CE, relativa aos resíduos da União Europeia e a Lei de Recuperação e Conservação de Recursos (ECRA) da Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos (Inglezakis; Zorpas, 2011; Hwang; Yeo, 2011; Heidjen; Bueren, 2013)

A comercialização e a reciclagem dos resíduos gerados nas obras de construção trazem benefícios que são abordados por diversas pesquisas nacionais e internacionais (Arif et al., 2013; Oyedete et al., 2013). De acordo com Yeheyis et al (2012),  mais de 75% dos resíduos gerados pela indústria da Construção Civil têm potencial de valoração, reciclagem ou reuso.

Yuan et al. (2011) expõem que os benefícios econômicos obtidos por meio da reciclagem dos RCC são enormes, uma vez que estes são reinseridos na cadeia produtiva. Os autores complementam citando outras vantagens: aumento da competitividade entre empresas ocasionada pela redução das despesas (principalmente de transporte, destinação e aquisição de matéria prima); geração de receita em função do ganho econômico obtido por meio da comercialização dos resíduos recicláveis; melhoria da imagem pública da empresa pela atenuação do encaminhamento de resíduos para aterros e a diminuição de velocidade de esgotamento dos "bota-foras". Além dos benefícios econômicos mencionados, o gerenciamento sustentável dos RCC, também se traduz em melhorias nas esferas social e ambiental. (Oyedete et al., 2013).

3. Métodologia

3.1 Procedimento de pesquisa utilizado

 Esta pesquisa pode ser considerada de natureza qualitativa e traz o relato e a análise da complexidade dos procedimentos utilizados no gerenciamento dos RCC Classe A e B, gerados durante as obras do site em estudo. Apesar de no canteiro de obras, também terem sido gerados resíduos Classes C e D, estes foram destinados de acordo com suas respectivas normas técnicas, tal como sugerido pela Resolução 307 do CONAMA/2002, e não farão parte deste estudo em particular.

De acordo com Yin (2005), o estudo de caso consiste em uma investigação empírica, uma metodologia que abrange planejamento, técnicas de coleta de dados e análise dos mesmos. Ainda de acordo com o autor, o estudo de caso poderá se utilizar de seis fontes potenciais de informação, dentre estas se podem citar: documentos, registros, entrevistas, observação direta, observação dos participantes e artefatos físicos. No presente estudo, as fontes de informação utilizadas foram:

i) Documentos: Foi utilizado o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil da obra (PGRCC) em estudo, no qual foram obtidas as seguintes informações relevantes referentes às operações de gerenciamento dos resíduos: i) formas de armazenamento do resíduos "in loco"; ii) remoção de acordo com as normas técnicas vigentes; e iii) destinação final;

ii) Registros: foram utilizadas planilhas de Controle de Transporte de Resíduos (CTR), geradas pela fiscalização da obra diariamente, todas as vezes que uma caçamba contendo RCC deixava o canteiro de obras. Ressalta-se que a emissão da CTR, toda vez que uma caçamba de resíduo Classe A deixa a obra, é obrigatória de acordo com o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PGIRS) do município de São Paulo. Foram analisadas, também as planilhas de comercialização dos resíduos Classe B com uma cooperativa de reciclagem local.

iii) Cotação de custos de remoção dos resíduos Classe A: Estes custos foram calculados por meio de uma cotação de preços de mercado efetuada pelos pesquisadores junto a três empresas transportadoras localizadas na cidade de São Paulo, escolhidas por critério de proximidade da obra. Ressalta-se que as empresas escolhidas deveriam, previamente, comprovar documentalmente a conformidade destas com os seguintes itens: a) Cadastro atualizado junto ao órgão municipal da cidade de São Paulo, ou seja, a AMLURB (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana do município de São Paulo); b) Apresentação de comprovante de segurança veicular e comprovante de condições operacionais dos veículos para execução da atividade de coleta e remoção, expedido por organismo de inspeção credenciado pelo INMETRO; c) capacidade da empresa em atender às demandas impostas pelo contrato; e d) experiência da transportadora em obras da construtora contratante.

Foram, também realizadas visitas "in loco" pelos pesquisadores e uma entrevista não estruturada com um dos engenheiros responsáveis pela gestão ambiental da construtora responsável pela obra.

3.2 Delimitação do objeto de estudo

O objeto de estudo desta pesquisa consiste em um edifício localizado na cidade de São Paulo/SP. O terreno possui cerca de 5.500 m² de área final, sendo que o conjunto edificado possui, aproximadamente, 20.000 m² de área privativa útil para a locação de escritórios de um total construído de 40.000 m².

O empreendimento conta com um pavimento térreo, um mezanino, quinze pavimentos tipo, dois pavimentos diferenciados tipo "Penthouse", ático e cobertura. As obras iniciaram-se em setembro de 2010 e foram finalizadas em dezembro de 2012.  O edifício foi executado em estrutura mista de concreto e aço com lajes tipo steel deck, de maneira a proporcionar maior rapidez construtiva e facilidade logística.

4. Análise e Discussão dos Resultados

4.1 Gerenciamento dos resíduos durante a obra

Os resíduos produzidos foram manejados de acordo com as instruções do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil (PGRCC) da obra pesquisada; tal como recomendado pela Resolução 307/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e exigido pelo Plano de Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos (PGIRS) da Cidade de São Paulo (PMSP, 2014).

Após geração, os RCC eram dispostos, inicialmente, em uma área específica para execução de triagem. Durante esta fase, a massa de RCC era separada de acordo com sua tipologia, obedecendo aos critérios da resolução CONAMA 307/2002. A Figura 1 apresenta o framework de manejo dos resíduos adotado na obra.

Figura 1- Framework do gerenciamento dos resíduos de construção da obra em estudo.
Fonte: Elaborada pelos autores

Os resíduos de Classe B eram dispostos em baias específicas para cada tipo (plástico, madeira, metal e papéis e derivados). Em relação aos resíduos de madeira, estes foram separados em duas baias, uma contendo resíduos de madeira limpos e a outra resíduos de madeira com traços de concreto, argamassa. Os resíduos de Classe B, posteriormente eram comercializados com uma cooperativa de reciclagem, que se encarregava do transporte destes para fora do canteiro; ficando, assim, a construtora isenta da responsabilidade de remoção destes e dos custos incorridos nesta operação. Destaca-se que a cooperativa realizava a coleta de todos os resíduos Classe B gerados; mesmo os de madeira com traços de concreto e argamassa.

 Uma vez que a cooperativa arcava com todos os custos referentes ao transporte dos resíduos de Classe B da obra, ficou acordado entre ambas as partes a determinação de um preço de comercialização único que seria pago pela cooperativa à construtora, independentemente do tipo de resíduo. Dessa forma, ficou acertado que a cooperativa deveria pagar a construtora um valor de R$0,38/kg. Deve-se salientar que a escolha da cooperativa foi baseada na conveniência da construtora e na experiência desta em obras anteriores.

Em relação ao manejo dos resíduos de Classe A, estes eram armazenados em pilhas. Para a destinação final, estes eram acondicionados em caçambas metálicas de 5m3 de capacidade (sem exceder às bordas), as quais eram transportadas por meio de caminhões tipo poliguincho para deposição final. 

4.2 Indicadores da quantidade de resíduos gerados

Durante a obra foram produzidas aproximadamente, 4.641,5 toneladas de resíduos Classe A e B, configurando-se em uma taxa de geração equivalente a 0,1m3/m2 ou aproximadamente 126kg/m2 . Poon et al (2001) determinaram uma taxa de geração de resíduos de 0,17 m3/m2 para alguns edifícios em Hong Kong; Bossink e Brouwers (1996) determinaram para obras localizadas na Holanda, taxa de geração de 0,125 m3/m2 enquanto que Llatas (2011) apresenta taxa de 0,138 m3/m2 para obras espanholas.  Na Figura 2 é apresentada a geração acumulada de resíduos durante o período da obra.

Figura 2. Geração acumulada de resíduos Classe A + B durante o período da obra.
Fonte: Dados da pesquisa

Observa-se por meio da Figura 2 que a geração de resíduos ocorreu de forma exponencial durante o andamento da obra. Situação semelhante já havia sido relatada por Katz e Baun (2011), os quais monitoraram a construção de 10 edifícios residenciais em Israel e identificaram que a geração dos resíduos aconteceu orientada por modelos matemáticos exponenciais, ou seja, menores quantidades são produzidas durante as fases iniciais da obra, sendo incrementadas na medida em que a construção se aproxima do final. A Figura 3 demonstra a produção mensal dos resíduos.

 

Figura 3. Massas de resíduos geradas mensalmente durante o período de execução das obras.
Fonte: Dados da pesquisa

Com auxílio das Figuras 2 e 3, constata-se que, até fevereiro de 2012, período equivalente a 64% da obra, término execução do fechamento e estrutura e início da etapa de acabamento, a massa acumulada de resíduos até então equivaleu a 19% do total, enquanto que o período restante consistiu em 82%. Mueller (2014) apresenta dados de estudos conduzidos na Alemanha, e conclui que o entulho é produzido em todas as etapas da obra, contudo, cerca de 25% ocorre no início dos serviços de construção, enquanto que os demais 75% são produzidos nas etapas finais. Percebe-se, também que, por todo o período da obra, a massa acumulada de resíduos Classe A correspondeu a 95% do montante total gerado. A Figura 4 apresenta as massas mensais de resíduos Classe B produzidas durante a obra.

 Figura 4. Quantidades mensais de resíduos Classe B geradas durante o período da obra.
Fonte: Dados da pesquisa

Por meio da Figura 4, pode-se notar que, durante os meses de setembro de 2010 a janeiro de 2011, a massa de resíduos Classe B foi igual a zero. Em seguida, observa-se a elevação das massas em todo o período de estudo, apenas ocorrendo uma redução entre os meses de maio e outubro de 2011. Nota-se, também que os resíduos de madeira apresentaram-se predominantes por quase todo o período da obra. Begum et al (2006) realizaram um estudo de quantificação de RCC, em uma obra localizada na Malásia, em que, de uma forma geral, os autores, também identificaram que dentre àqueles que poderiam ser caracterizados como Classe B, aqui no Brasil, a madeira foi apresentou maior representatividade durante a obra.

Observa-se que, nos meses de dezembro de 2011 e maio de 2012 ocorreram dois picos de geração de massa de resíduos de madeira. Tal fato pode estar correlacionado ao andamento das obras do edifício, uma vez que nestes meses ocorreram as operações de execução de formas e desforma das estruturas de concreto da estrutura, respectivamente.  Cesar et al.(2009) comentam que a maior parte dos resíduos de madeira é gerada durante a fase de execução das fôrmas das estruturas; uma vez que a maioria das empresas não apresenta preocupação com o corte e a racionalização mais apuradas destas peças.

A partir do mês de Outubro de 2012, a obra encontrava-se em período de acabamento; dessa forma, percebeu-se uma redução nas massas de resíduos de madeira descartadas e um acréscimo de massa referente a papeis e derivados, provenientes das embalagens dos materiais utilizados nesta fase executiva.

Durante o período compreendido por esta pesquisa, foi produzida uma massa total de 239, 7 toneladas de resíduos Classe B; sendo esta, predominantemente composta por resíduos de madeira, ou seja, 45,9% do valor total (cerca de 110 toneladas). Os resíduos de plásticos e papéis, que somados totalizaram 48,5% da massa total (116,2 toneladas) corresponderam, em sua maior parte, às embalagens dos insumos utilizados na obra. Os resíduos metálicos (ferrosos e não ferrosos) demonstram ocorrência de 5,6%, da massa total produzida (13,3 toneladas). Estes, da mesma forma que os resíduos de madeira, foram, predominantemente, produzidos durante a execução das armaduras das estruturas de concreto armado, instalação da estrutura metálica e caixilhos.

Dessa maneira, pode-se evidenciar que o tipo e classe de resíduo, bem como as quantidades produzidas, apresentaram relação com a fase de andamento da obra em que estes foram contabilizados. Esta situação já foi observada por Naime e Garcia (2007), os quais destacam que os RCC variam em relação ao tipo e a quantidade de acordo com a fase da obra.

De acordo com Souza et al. (2004), o entendimento de cada fase do processo executivo da obra constitui-se como um dos primeiros passos na implementação de ações voltadas à redução da geração dos resíduos nos canteiros.  Além da etapa executiva, Souza et al. (2004) comentam que a forma ocorrência dos resíduos, também pode ser atribuída a causas específicas observadas no canteiro de obras.

4.2 Indicadores econômicos com a venda dos resíduos de Classe B

De posse das massas de resíduos geradas, foram calculados os custos totais de transporte até a destinação final.  Salienta-se que foram pesquisadas empresas mais próximas da obra em estudos, de forma a minimizar o efeito da distância nos preços cotados.  A Tabela 1 apresenta os preços de transporte das caçambas fornecidos pelas empresas pesquisadas:

 

Tabela 1-Preços fornecidos pelas empresas transportadoras prospectadas
Fonte: Dados da pesquisa

Por meio da Tabela 1, pode-se notar que os preços mantiveram-se entre os valores de R$ 54,00 e R$ 65,00 por metro cúbico de entulho, ou seja, uma variação de, aproximadamente, 17%. Na Tabela 2 é apresentado o custo incorrido na destinação dos resíduos, considerando-se o preço proposto pela empresa "A".

Tabela 2 - Custos totais de transporte de resíduos de Classe A

Estima-se pela Tabela 2 um custo total com a destinação dos resíduos de Classe A de R$ 182.790,00. Os resíduos Classe B foram comercializados com uma cooperativa de reciclagem que ficou a cargo de sua coleta mensal. A Tabela 3 apresenta as massas totais geradas a cada ano e os valores arrecadados pela obra com a venda dos resíduos.

 

Tabela 3. Massa de resíduos Classe B e valores arrecadados pela obra
Fonte: Dados da pesquisa

Constata-se, por meio da Tabela 3, que o ano de 2012 foi o que apresentou maior quantidade de resíduos de Classe B gerados; produzindo assim, ganho equivalente a 73% do montante arrecadado com a venda dos resíduos durante todo o período da obra. Com base nos valores obtidos com a venda dos resíduos Classe B e nos custos de destinação dos resíduos Classe A, foi calculado por meio da utilização da equação (1), o saldo referente ao gerenciamento dos resíduos durante o período pesquisado.

SDR = (PVB x MtB)-(Cc x VTA)  (1)

Em que:

SDR = Saldo de destinação dos resíduos (R$);  

PVB= Preço de venda - resíduo Classe B (R$/kg);

MtB= Massa total - resíduo Classe B (kg);

CC = Custo de destinação (R$/m3);

VTA= Volume total de resíduos de Classe A (m3).

A Figura 5 apresenta a evolução mensal do saldo calculado pela equação (1), bem como a estimativa de gastos com transporte e destinação final destes dos resíduos Classe A, caso a comercialização dos resíduos Classe B não tivesse ocorrido.

Figura 5- Comparação entre indicadores econômicos obtidos
Fonte: Dados da pesquisa

Na Figura 5, nota-se que durante o período compreendido entre os meses de setembro de 2010 e outubro de 2011, os valores obtidos com a venda dos resíduos de Classe B superaram os custos de destinação dos resíduos de Classe A, influenciados pelas baixas quantidades de resíduos produzidas na etapa construtiva referente a este período. A partir do mês de novembro de 2011, em função do incremento da geração de resíduos Classe A, os custos de destinação destes excederam os valores obtidos com a comercialização dos resíduos Classe B.

Contudo, ao se comparar estes valores com a estimativa calculada, desconsiderando-se a receita gerada pela comercialização dos resíduos de Classe B, nota-se que há uma diferença significativa entre estes, indicando uma economia mensal proporcionada pelo modelo de gerenciamento de resíduos adotado na obra.

Pode-se, também constatar por meio da equação (1) que a comercialização dos resíduos de Classe B gerou uma queda no custo total de destinação dos resíduos de Classe A de, inicialmente, R$ 182.790,00 para, aproximadamente, R$ 91.700,00; ou seja, uma redução no custo de 50% a cada metro cúbico.

De acordo com Linhares et al. (2007), é comum construtoras de médio e grande porte comercializarem resíduos Classe B com cooperativas de reciclagem ou, simplesmente, efetuarem a doação destes, de maneira a se reduzir custos de transporte e deposição final. Os autores citam o exemplo da madeira, que pode ser destinada para empresas que a utilizarão como biomassa na geração de energia elétrica e calor. Lima e Cabral (2013) concluíram, após estudos de caracterização dos RCC gerados na cidade de Fortaleza/CE, que o percentual de ocorrência de resíduos de Classe B na composição gravimétrica da massa total gerada demonstrou-se pequena, em função deste tipo de prática adotada pelas construtoras. Cesar et al. (2009) apresentam um estudo de caso de três obras localizadas no município de Salvador/BA. Nestas, os resíduos Classe B, após separação, eram encaminhados para agentes recicladores, por meio de venda ou doações. Segundo os autores, a comercialização dos resíduos permitiu que os valores arrecadados retornassem aos trabalhadores, configurando-se em um estímulo a mais para a implantação do Plano de Gerenciamento de Resíduos de Construção Civil (PGRCC) da obra, agregando, também a estes benefícios sociais.

5. Conclusões

De acordo com os parâmetros obtidos, pode-se concluir que, na obra em estudo, a maior quantidade de resíduos gerada foi do tipo Classe A, composta, basicamente, por concreto, solo, cimentícios e cerâmica. Dentre a composição gravimétrica dos resíduos Classe B, a madeira apresentou-se como sendo predominante. Observou-se, também que as massas de resíduos produzidas apresentaram crescimento exponencial, na medida em que a obra se apresentava próxima de seu término. Ressalta-se que esta tendência já foi verificada em pesquisa realizada por Katz e Baun (2011).

A taxa de geração de resíduos da obra apresentou-se dentro do relatado por pesquisadores nacionais e internacionais, tais como Poon et al. (2001), Bossink e Brouwers (1996) e Llatas (2011), o que valida o parâmetro obtido. Constatou-se nesta pesquisa que a composição gravimétrica dos resíduos foi influenciada pela etapa do processo executivo da obra. Dessa forma, pode-se assumir que conhecimento de tal tendência é de grande importância para que o gestor da obra possa prever e dimensionar as ações de gerenciamento de resíduos mais adequadas, de acordo com cada fase construtiva.

A comercialização dos resíduos Classe B com a cooperativa de reciclagem proporcionou ganhos econômicos significativos para a obra, proporcionando a recuperação de parte dos valores gastos com a destinação final dos resíduos Classe A, além da economia em relação à não necessidade de realização do transporte e deposição dos resíduos Classe B. Ressalta-se que as vantagens da comercialização de resíduos recicláveis produzidos em obras com cooperativas já foram relatadas por autores como Linhares et al. (2007), Cesar et al. (2009), Lima e Cabral (2013).

Concluindo, o manejo dos resíduos adotado na obra pode ser correlacionado ao conceito de triple botton line; sendo o pilar ambiental representado pela redução dos volumes de resíduos que, provavelmente, seriam destinados para aterro e na redução das emissões de carbono advindas das operações de transporte destes resíduos; o pilar econômico pelos ganhos obtidos com comercialização dos resíduos Classe B e o pilar social pela criação de mais um elo da cadeia produtiva da construção, a da reciclagem e comercialização dos resíduos gerados, possibilitando apoio às cooperativas e inclusão de uma fração da mão de obra que, outrora, encontrava-se excluída do mercado de trabalho.

Ressalta-se que as conclusões obtidas nesta pesquisa referem-se ao objeto de estudo considerado, dessa forma, para novas pesquisas, os autores sugerem a obtenção de mais dados provenientes de obras semelhantes, de forma a poder se constatar tendências e correlações que possam ser extrapoladas para um maior universo de estudos.

6. Referências  

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1. Professores do Programa de Mestrado em Gestão Ambiental e Sustentabilidade da Universidade Nove de Julho/SP, Brasil. (jalexandre@uninovbe.br)
2. Professores do Programa de Mestrado em Gestão Ambiental e Sustentabilidade da Universidade Nove de Julho/SP, Brasil


Vol. 37 (Nº 06) Año 2016

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