Espacios. Vol. 35 (Nº 12) Año 2014. Pág. 1
Joselaine Andréia de Godoy STÊNICO 1; Joyce Mary Adam de Paula e SILVA 2
Recibido: 24/07/14 • Aprobado: 23/10/14
2. Educação profissional: estudo e análise da produção do conhecimento
RESUMO: |
ABSTRACT: |
As transformações ocorridas no campo educacional com foco no valor profissional devem-se, sobretudo, as mudanças ocorridas no âmbito econômico, orientada pelas reformas com objetivos de competitividade presentes na sociedade globalizada. Saviani (2002) afirma que a educação é fundamentada pelas determinações diretas das condições de funcionamento do mercado capitalista.
Nesse contexto, nota-se, ao longo dos anos, as tentativas do empresariado de alinhar economia e educação em prol dos objetivos da produtividade, apontando o interesse do capital na educação e discutindo as relações entre empresa e escola de modo a formar um novo trabalhador, polivalente, qualificado e flexível adquirindo habilidades e competências em tempo reduzido.
A partir desses pressupostos, este artigo dedica-se a discutir e identificar as relações existentes no campo da educação e trabalho de modo a identificar as tendências dos temas mais pesquisados no meio acadêmico, verificando o que se tem documentado e produzido no contexto da sociedade brasileira, sobretudo no que se refere a Educação Profissional.
Em seguida, traçamos nossas análises na tentativa de examinar o conhecimento já elaborado, indicando possíveis contribuições das pesquisas para com as rupturas sociais, assim como, evidenciando perspectivas e novos rumos.
Vale ressaltar que a educação profissional está fundamentada na Lei nº9394/96, nos artigos 36º, 39º a 42º e regulamentada por meio do Decreto nº 5.154/04. De modo geral, essa modalidade de educação é destinada a ensinar um ofício, geralmente são cursos compatíveis com o que espera o mercado de trabalho, em consonância com uma formação geral que fornece condições necessárias para o desenvolvimento de potencialidades.
Para atingir os objetivos a que nos propomos, realizamos uma pesquisa no contexto da abordagem qualitativa norteado pela pesquisa bibliográfica e pela pesquisa do tipo estado da arte.
De acordo com Romanowski e Ens (2006), pesquisas que abordam "estado da arte" derivam da necessidade de se apontar caminhos que vêm sendo tomados, possibilitando contribuir com a organização e análise na definição de um campo. De modo geral, procura-se identificar os aportes teóricos, apontar as restrições sobre o campo que se move a pesquisa, objetivando, sobretudo, compreender como se dá a produção do conhecimento de uma determinada área bem como analisá-lo, revelando enfoques e perspectivas.
O debate educacional no campo "Educação e Trabalho" no que se refere especificamente a temática "Educação profissional" é marcado pela multiplicidade e pluralidade de perspectivas e enfoques: Ora aponta-se para a articulação entre essa modalidade educacional com a Educação Básica, ora dedica-se a análise no âmbito da legislação enquanto política pública e ainda debates em torno de temas relacionados a qualificação e a competência.
No que se refere a associação entre a educação profissional e educação básica, a pesquisa de Moura (2010) discute tal relação, propondo, inclusive os princípios da politecnia para romper a dualidade estrutural e o sistema educacional como modelo para atender o desenvolvimento econômico.
Desse mesmo modo, Wermelinger et. al. (2007) apontam a politecnia como alternativa escolar e profissional. Os autores estudam a educação profissional perpassando pelo processo histórico dessa modalidade de ensino, abordando a dualidade do ensino médio frente a formação do cidadão assim como para as necessidades do mundo do trabalho.
Outro autor que estabelece relação entre a educação escolar e a profissional são os estudos de Ferreti (2008) que aborda a discussão sobre formação e conhecimento, nessa mesma perspectiva, Frigotto (2007) analisa a relação entre a educação básica e a educação profissional, relatando sobre o projeto de capitalismo dependente que abrange o elevado grau de analfabetismo, a baixa qualidade da educação básica e a perspectiva da formação profissional voltada para os objetivos do mercado.
Há ainda pesquisas que analisam a categoria educação profissional sobre o enfoque da legislação enquanto política pública, como por exemplo, o trabalho de Jacometti (2008) que verifica como o contexto institucional brasileiro vem afetando as transformações na educação profissional a partir de 1964. O autor explica que uma possível causa dessa mudança, deve-se ao caráter neoliberal das duas Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB's), a de 1971 e a de 1996.
Já Moraes e Lopes Neto (2005) trabalham as formas de certificação no sistema educacional brasileiro que é formada por dois elementos: a primeira voltada para a formação do indivíduo a partir da educação profissional básica, a chamada certificação escolar. Enquanto que a segunda está voltada para uma certificação com vistas a atender as demandas do mercado de trabalho, favorecendo adquirir competências para o exercício do trabalho. Para romper esse dualismo, os autores propõem uma política pública que integre ambas as certificações, tendo em vista a dissociação entre a certificação e formação profissional.
Enquanto isso, Ferreti e Silva Júnior (2000) analisam a educação profissional no contexto da sociedade capitalista de modo a verificar as relações entre essa modalidade educacional e o Ensino Médio, examinando o documento de Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico do MEC/CNE que parece estar orientado a partir do modelo de competência e no determinismo tecnológico.
Complementarmente, Ramos (2002) analisa a reforma da educação profissional no Brasil a partir do Decreto nº2208/97, apresentando duas perspectivas: a primeira pautada no conceito de qualificação sobre a noção da competência, evidenciando desse modo, o enfraquecimento da dimensão social e a despolitização do conteúdo. Já a segunda perspectiva está pautada na discussão da educação profissional que se baseia em competências apresentando os limites epistemológicos, pedagógicos e metodológicos das orientações curriculares.
Por outro lado, Frigotto et. al. (2005) analisam as políticas de educação profissional, partindo da revogação do Decreto nº 2.208/97, além disso, investigam os programas federais intitulados "Escola de Fábrica", Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) e Inclusão de Jovens (PROJOVEM). Para esses autores, tais políticas, processa-se como programas focais e contingentes que perpassam pelo terreno da contradição.
Silva (2011), então, analisa a política curricular que visa integrar a educação profissional e a educação geral na modalidade PROEJA no Estado do Paraná, tendo como premissa o trabalho como princípio educativo.
Outro estudo com o Decreto nº2208/97 foi realizado por Tavares e Matsumoto (2012) que analisam o ensino técnico a partir da reforma da educação profissional por meio de tal Decreto. Os autores examinam as Escolas Agrotécnicas Federais e revelam que a adesão de tal programa não proporcionou tempo hábil para o debate no interior das escolas, além disso, houve impacto negativo nas escolas tendo em vista a fragmentação da formação profissional e a redução da carga horária das aulas práticas. O impacto dessa reforma foi suficiente para desmontar uma organização que lhe era conferida como centro de excelência no ramo de ensino profissionalizante.
Outra pesquisa abordando legislação é o de Lobo Neto (2009) que analisa o discurso da tecnologia presente na educação profissional diante da formulação legal do Projeto de Lei n.º1258/88 até a Lei n.º9394/96, pretende com a discussão propor que a educação profissional seja uma proposta de formação humana e práxis transformadora das relações trabalho – tecnologia – profissão – educação.
Nessa mesma perspectiva, Souza (2012) estuda as tensões da educação profissional pretendendo romper com certos mitos sobre a formação profissional, sendo uma delas a educação como instrumento de reprodução social.
Apesar dessas constantes preocupações com os temas específicos mais acionados, há trabalhos que tratam da educação profissional no nível técnico, dentre os quais as pesquisas de Machado (2012) e Freitas (2004). O primeiro analisa em uma abordagem sócio-histórica, o ensino técnico industrial entre os anos de 1930 e 1960 a partir da Escola Técnica de Curitiba, como pano de fundo está o projeto de modernização da França do século XX e sua relação com a formação.
Ao passo que Freitas (2004) examina os atores sociais envolvidos com a escola técnica diante do desemprego juvenil. No que se refere conceitualmente, a autora pautou-se na centralidade do trabalho como práxis social intersubjetiva de Lukács e na teoria da ação comunicativa de Habermas.
Além disso, a autora aborda ainda, a interação entre a escola e o setor produtivo, abordando a ambiguidade da noção de competências subordinando o conhecimento à utilidade. Por meio disso, identifica-se que uma resposta para o desemprego juvenil está na mudança do conceito de empregado para o empregador.
Freitas (2004) demonstra que houve aumento na oferta de emprego, entretanto, uma quantidade significativa de alunos não possuem estágios, mas é relevante o otimismo do jovem em relação ao futuro, que acredita em sustentar a família com o fruto de seu trabalho.
Dessa maneira, identificou-se em alguns trabalhos, citados acima, análises de programas como Escola de Fábrica, Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) e Inclusão de Jovens (PROJOVEM), tais ações governamentais, implantadas por meio de políticas públicas educacionais, fornecem uma educação específica, visando ações que tem objetivo imediato de inserir jovens no mercado de trabalho através de programas que visam à qualificação e a formação rápida.
Encontrou-se ainda pesquisas que trabalham a Educação Profissional versus Qualificação e Competência, como por exemplo, o trabalho de Kuenzer (2006) que estuda políticas voltadas para a classe trabalhadora em empresas afetadas pela internacionalização do capital do setor coureiro-calçadista com o objetivo de examinar as políticas de educação profissional de 1995 a 2005, tendo em vista as mudanças no mercado de trabalho frente ao regime de acumulação flexível, tomando como categorias de análises a inclusão, a precarização, a polarização das competências e a relação entre o público e o privado.
Ainda sobre políticas públicas, Mourão (2009) realiza uma pesquisa quantitativa em 1150 instituições, em 115 municípios e 23 unidades federadas, apresentando um mapeamento nacional de oportunidades de qualificação profissional.
Os principais resultados apontam que mais de um quarto das organizações não realizam ações de qualificação dos seus funcionários além das diferenças significativas entre as regiões brasileiras e entre as organizações públicas e privadas. Desse modo, a pesquisa destaca a importância das políticas públicas em organizações menores que oferecem poucas oportunidades de qualificação bem como a urgência em facilitar o processo de capacitação de pessoas dessas organizações.
Moraes (2000) analisou o Plano Estratégico do Sistema Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, referente ao período de 1996 a 2001 de modo a verificar as reformulações da política interna dessa instituição às mudanças na economia e no sistema educacional brasileiro.
Já a pesquisa de Ferreti (2004) aborda o modo como a temática educação e trabalho tem se apropriado na noção de qualificação profissional como relação social. A partir das matrizes da técnica e da sociopolítica, ambas com a tônica da concepção essencialista, reportando a momentos do taylorismo e fordismo até a organização e produção flexíveis.
Outros trabalhos relacionados à tônica qualificação profissional são os de Nascimento (2006), Eidelwein (2005), Kuenzer (2007), Soares et. al. (2011), Ciavatta (2009) e Longoni et. al. (2009):
Nascimento (2006) analisa a relação entre qualificação profissional e a reinserção produtiva a partir de um estudo de caso de ex-funcionários do Banestado que adeririam ao programa de demissão voluntária no período de 1997 a 1999 tendo em vista o processo de privatização. Aborda a importância de se qualificar e a condições precárias de reinserção dos pedevistas ao considerar as transformações no mundo do trabalho.
Eidelwein (2005) traz o campo da psicologia para trabalhar a temática educação e trabalho, intitulada como duas tecnologias sociais da inteligência, parte do princípio da experiência prática para o um projeto de qualificação profissional.
Kuenzer (2007) aborda a temática educação e trabalho a partir do regime de acumulação flexível, que exclui a força de trabalho formal para incluí-la novamente por meio de uma formação profissional que inclui para excluir, conduzindo uma certificação desqualificada. Tal processo é chamado pela autora de dualidade negada na acumulação flexível.
Soares et. al. (2011) abordam a relação entre a profissionalização no futebol e a escolarização, faz menção na criação de uma indústria de formação profissional como modo de competição com a escolarização básica dos jovens.
Ciavatta (2009) traz um estudo comparativo entre Brasil, México e Itália diante da formação profissional na visão dos sindicatos dos três países. Para tanto, como pano de fundo estão as mudanças ocorridas nos anos 90 com a expansão das políticas economias neoliberais com a ideologia de privatização, Estado Mínimo e corte de custos.
A autora notou que tanto no Brasil como no México avançava no padrão da economia globalizada com o sistema toyotista de produção, além disso, constatou-se a baixa escolaridade e a frequência em participar em cursos breves com a ilusão de capacitação. Na Itália a educação dava classe trabalhadora a capacidade de incorporar as propostas de trabalho, formação e novas tecnologias. Além disso, os programas voltados para a população trabalhadora em grande parte é gerido por ONG's orientada pelas demandas econômicas regionais.
Longoni et. al.(2009) abordam os projetos de qualificação profissional das cidades de São Leopoldo e Novo Hamburgo, desenvolvidos para jovens que vislumbram acesso ao emprego formal a partir da educação não-formal, além disso, apresentam as construções que os jovens fazem do trabalho e dos ofícios.
Considerando o breve exposto das principais pesquisas na área de educação e trabalho no que se refere essencialmente a educação profissional, uma possível análise é que se nota que a educação profissional é o modelo mais adequado para a efetiva aproximação entre as demandas do mercado e a educação, pois estão ancoradas na lógica da competitividade, da produtividade e da flexibilidade.
Sendo assim, fornecem uma educação específica, trabalhando em questões pontuais, adaptando-os às mudanças técnicas, gerenciais e organizacionais conforme a necessidade do negócio, tentativa essa que atraem o trabalhador a participar em programas educacionais que atendem concomitantemente a formação de mão de obra bem como as demandas do mercado de trabalho.
Vale ressaltar que o sistema educacional brasileiro inserido na estrutura capitalista moderna adquire características desse modo de produção, do qual a educação deve cumprir com a formação profissional, proporcionando que os jovens ocupem vagas nesse sistema.
Nesse sentido, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Brasileira (LDB) nº9394 datada de 20 de dezembro de 1996, no art. 1º, §2º consta em seu conteúdo que a formação e a prática escolar devem ser vinculadas ao mercado de trabalho assim como deve ser orientado a prática social, desse modo, a educação profissional deve proporcionar ao aluno o permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva.
Essa ideologia vem sendo absorvida pelas propostas educacionais e amplamente disseminados nas práticas educativas por meio dos Referenciais Curriculares Nacionais, refletindo-se no currículo escolar que cada vez mais se volta ao contexto do mundo do trabalho ainda que não diretamente, mas propiciando que os saberes a serem contemplados na prática educacional possibilitem uma melhor adequação do jovem às necessidades de mercado.
Outra possível análise a partir das pesquisas encontradas perpassa o modo como os pesquisadores trabalham a temática no meio acadêmico, nota-se que geralmente é abordado com uma visão crítica tendo em vista uma educação articulada aos interesses capitalistas de modo a ampliar as possibilidades de inserção dos indivíduos na vida produtiva e social.
A crítica dos autores, talvez, esteja na formação para a cidadania, se de fato implicaria um passo além da lógica de mercado vigente, o que segundo Severino (2002) exige compartilhamento concreto dos bens materiais, simbólicos (culturais) e sociais, integração dos homens no universo do trabalho, da consciência pessoal e das relações político-sociais.
Assim, cabe questionar se a formação proporcionada pela mediação de educação básica profissional abrange efetivamente as duas esferas, técnica e crítica, ou se uma sucumbi às exigências imediatas da outra.
Por meio dos artigos pesquisados, encontramos trabalhos que relacionam legislação, políticas e ações governamentais com a educação profissional, dos quais, identificou-se na maioria das pesquisas a presença do tecnicismo voltado ao mercado de trabalho.
Tal fato evidencia que, na sociedade atual, passou-se a ter como prioridade a educação voltada para uma demanda mercadológica, embora se verifique o objetivo de aprimoramento e formação integral do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico, contempladas nas Diretrizes Curriculares Nacionais e nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, percebe-se que a preparação e orientação básica para a integração ao mundo do trabalho norteiam propostas e discursos a respeito da educação para a juventude constituindo-se, muitas vezes, em preparo técnico para o ajustamento destas classes ao setor produtivo.
A partir dos artigos encontrados foi possível identificar também que as noções de competência e qualificação geralmente estão relacionadas à educação profissional, parece-nos haver uma convergência nos discursos oriundos a essa temática, independente do ângulo tomado para a análise.
Há predominância nos artigos que tende a reproduzir a ideologia dominante, questionando, inclusive, essa realidade; propondo a superação e espaços para a emancipação do indivíduo que tem sido negado nas relações entre a vida, a educação e o trabalho.
Ao longo deste artigo buscou-se mapear e analisar as principais pesquisas com enfoque na educação profissional. Como se pôde observar, atualmente há muitos autores que têm estudado essa temática e a apresentação dos principais pensamentos e contribuições desses autores apontam para a educação profissional com um campo de disputas.
Nota-se, portanto, a importância da educação frente a sociedade, assim como, a visão instrumental da educação, que se sujeita diretamente à razão econômica e é concebida como grande potenciadora de renda, onde o trabalhador é condicionado a desenvolver competências exigidas pelo mercado de trabalho, fortalecendo ainda mais o vínculo entre educação e o processo produtivo, de modo a estabelecer o mercado como regulador das relações sociais.
Nesse discurso, nota-se, portanto, uma educação que proporciona aos alunos oportunidade de trabalho manual de modo que não permite analisar as situações de maneira crítica, ela é desvinculada da totalidade, ou seja, desprovida da historicidade, uma vez que os acontecimentos são concebidos como movimentos independentes e desarticulados, comprometendo a compreensão da realidade em que se está inserido, e a consequente atuação sobre a mesma.
Este fato refletiu sobremaneira no campo educacional que, atualmente, encontra-se afligido pelo movimento de Recuo da Teoria, assim conceituado por Moraes (2001), no qual há a prevalência dos conhecimentos provenientes da prática sobre os conhecimentos oriundos de investigação racional e objetiva (científica).
Sendo assim, a educação voltada ao trabalho permite desenvolver a capacidade de trabalho manual, sobretudo para as camadas populares que possuem acesso às escolas, mas que são de baixa qualidade, evidenciando, desse modo, o caráter classista dessa divisão entre as escolas para os que detêm maior poder aquisitivo e os que estão a sua margem, já denunciado por Gramsci no início do século XX.
O caminho para superação dessa diferenciação escolar para Gramsci estaria na implementação de uma escola única inicial de cultura geral humanista formativa que desenvolva tanto a capacidade de trabalho manual quanto o trabalho intelectual e dirigida a todos os membros da sociedade. Para Gramsci o princípio educativo é o trabalho, entendida como atividade teórico-prática, ou seja, o trabalho não é só atividade teórica é também prática, uma dialética entre teoria e prática.
A partir do exposto, nota-se a tendência dos pesquisadores que abordam a educação profissional brasileira em analisá-la como campo de contradição e disputas, além disso, o ensino e a instrução enquanto instrumentos de transformação, emancipação dos indivíduos e libertação das condições opressoras é suprimido pelas necessidades imediatas do capital e constitui o ponto chave dessa trama em que se produz a exploração dos trabalhadores.
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1 Mestre em Educação. Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - UNESP Campus Rio Claro/ SP – Brasil. e-mail: josellaine@yahoo.com.br
2 Professora Livre Docente. Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - UNESP Campus Rio Claro/ SP – Brasil. E-mail: joyce@rc.unesp.br