Espacios. Vol. 35 (Nº 10) Año 2014. Pág. 3 |
Produção científica brasileiraBrazilian scientific productionPriscila RUBBO 1; Luiz Alberto PILATTI 2; Maria Helene Giovanetti CANTERI 3 Recibido: 28/05/14 • Aprobado: 07/08/14 |
Contenido |
RESUMO: |
ABSTRACT: |
1. IntroduçãoAs transformações científicas e sociais, geradas pela produção de novos conhecimentos originaram, entre outros desafios, a necessidade da divulgação dos estudos junto com as comunidades científicas. Para que as pesquisas sejam reconhecidas cientificamente é necessária sua publicação em periódicos conceituados. A comunicação científica tornou-se fundamental diante da necessidade de certificação por meio das publicações das pesquisas. Esse processo teve início no século XVII com o surgimento dos primeiros periódicos científicos, que se tornaram uma importante forma para a obtenção de informações (SILVA, 2008). Para Vilhena e Crestana (2002), os periódicos são os canais mais usados para a comunicação da pesquisa científica, fontes de investigações que geram informações difundidas pelo mundo. Castiel (2007) identificou que a internet proporcionou uma crescente possibilidade de acesso às produções acadêmicas, servindo como fonte bibliográfica e contribuindo para a atualização de quem as lê. As universidades brasileiras foram as que mais alimentaram a crescente participação brasileira na produção científica mundial, que no ano de 2000 estava na 20.ª posição e passou em 2008 para a 13.ª posição, estando à frente de países como Holanda e Rússia (WOORWALD, 2010). Segundo Schwartzman (2002), no Brasil existe um paradoxo: a maior parte do recurso concedido para a pesquisa é direcionado para a pesquisa em atividades aplicadas. No entanto, esses resultados que poderiam auxiliar o desenvolvimento do país nem sempre são aproveitados. Outro cenário constatado refere-se às pesquisas executadas com a finalidade de aplicação, mas sem atingir esse objetivo prático, sendo denominadas "pesquisas de prateleira". Para essa situação há uma simples explicação: as agências financiadoras injetam recursos para o pesquisador desenvolver seu projeto; no entanto, não há compradores para esse tipo de pesquisa. Perante a UNESCO (2010), o Brasil ainda não conseguiu transformar o P&D em resultados aplicáveis como os países da Europa. Isso ocorre, entre outras causas, em função da educação deficiente, dos problemas de logística e da alta taxa de juros, dificultando o acesso ao capital. 2. Comunicação e produção científicaA comunicação do conhecimento, segundo Baptista (2007), tem sido um dos temas mais estudados, principalmente na área da ciência da informação, que contribui consideravelmente por meio da tecnologia para que a ciência se dissemine. O processo da comunicação científica, segundo Silva (2008), inicia-se no momento em que o pesquisador é estimulado a desenvolver uma determinada ideia e consolida-se quando os resultados forem divulgados. Essa divulgação pode ser mediante livros, teses, relatórios, artigos, entre outros. A escolha por um desses meios de publicação está inteiramente ligada ao público a que se destina o conhecimento produzido. Logo, "o conjunto de publicações de um determinado autor e/ou instituição e/ou grupo é o que se chama de produção científica" (SILVA, 2008, p. 38). Para a autora, a produção científica faz parte de um ciclo, que compreende a origem da ideia, o desenvolvimento da pesquisa e a comunicação. Essa promove os avanços científicos, tecnológicos e culturais do país, gerando novas ideias. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES (2008) divulgou que, no ano de 2007, o Brasil estava em 15.º lugar no ranking da produção científica mundial, sendo publicados 19.428 artigos. Com esses números, o país respondia por 2,02% da produção científica do mundo, estando à frente de países como a Suíça e a Suécia, com valores abaixo de 2% e próximos de países como a Holanda e a Rússia. Em 2009, a CAPES divulgou um novo cenário da produção científica brasileira de 2008, que passou de 15.º lugar para 13.º na classificação mundial. A produção elevou-se para 30.451 publicações. Os doze primeiros países no ranking da produção científica mundial em 2009 foram os Estados Unidos, a China, a Alemanha, o Japão, a Inglaterra, a França, o Canadá, a Itália, a Espanha, a Índia, a Austrália e a Coreia do Sul. A base de dados utilizada para esse ranking foi a Thomson Reuters, indexadora de periódicos com fator de impacto, ocasionando maior confiabilidade. A produção científica brasileira em relação ao mundo é evidenciada no quadro 1, com o percentual de artigos brasileiros publicados em periódicos científicos indexados pela Thomson/ISI por área de conhecimento, entre 2007 e 2009.
Fonte: MCT (2010) A área com o maior número de registros de indexação foi a de ciências agrárias, com 9,89% em 2009. No entanto, a área com menor desempenho foi a de Economia e Negócios, com 0,86%. A grande área de engenharias não apresentou desempenho relevante comparada às outras áreas, ficando com 1,50% da produção. Para a CAPES (2009), o desempenho alcançado pelo Brasil é resultante: a) dos trabalhos das universidades e dos centros de pesquisas atuantes na pós-graduação; b) do apoio das agências de fomento à pesquisa e à formação de recursos humanos, mediante bolsas de estudos para pós-graduandos stricto sensu; c) da disponibilidade do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES que fornece acesso livre, dentro das instituições, ao conhecimento gerado. A partir da constatação da CAPES, pode-se analisar e fundamentar cada item que contribui para a produção científica do país. Em primeiro lugar, serão abordadas as universidades, visto que mais de 90% das publicações científicas são derivadas das universidades públicas, segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – UNESCO (2010). De acordo com a CAPES (2006), aproximadamente 85% da produção científica brasileira era efetuada pela pós-graduação ocasionada pelo aumento dos cursos de mestrado, nas modalidades acadêmica ou profissional, e doutorado. Dados estatísticos distribuídos geograficamente evidenciam que, no ano de 1998, no Brasil, havia 1.259 cursos de pós-graduação, sendo 749 programas de mestrado e doutorado acadêmico, 19 na modalidade profissional, 464 de mestrado, 3 de mestrado profissional e 24 de doutorado (GEOCAPES, 2011). Já em 2009, apresenta-se o seguinte panorama: Figura 1 - Distribuição de Programas de Pós-graduação por nível Em 2009, havia um total de 2.718 cursos de pós-graduação, sendo 1.381 programas de doutorado e de mestrado, 1.054 de mestrado, 243 de mestrado profissional e 40 de doutorado. O Ministro da Educação, Fernando Haddad, enfatizou que se o país continuar nesse compasso, em pouco tempo se posicionará entre os dez maiores produtores de conhecimento científico do mundo. Também destacou que esse crescimento é consequência do aumento orçamentário dispensado para as Universidades Federais desde 2005. Nesse período, ocorreu aumento do número de docentes com doutorado e foram contratados mais de 10 mil profissionais por concurso público (CAPES, 2009). A Universidade, segundo Ohira (1998), mediante suas atividades apresenta um ambiente propício para a produção de conhecimento científico, estando diretamente ligada à pesquisa, seguidora dos princípios metodológicos, gerando, assim, resultados de alta confiança, que geram produtos, materiais, tecnologias e textos, sendo essa a forma preferida para comunicação entre os pesquisadores com a comunidade interessada. Para alcançar mais pesquisadores e aumentar a elite prestigiada, o governo dispõe de fomento junto a agências como a Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES e a Fundação de Amparo à Pesquisa – FAPs, todas com a missão de desenvolver o país por meio da pesquisa científica. A FINEP (2011) é uma empresa pública, fundada em 24 de julho de 1967, com o intuito de agenciar e desenvolver econômica e socialmente o país. Seu trabalho é auxiliar a ciência, a tecnologia e a inovação, atuando nas empresas, universidades, institutos tecnológicos e demais instituições privadas e públicas. Vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT, a FINEP já desenvolveu projetos que repercutiram nacionalmente devido ao sucesso econômico. Alguns exemplos foram o desenvolvimento do avião Tucano, da Empresa Brasileira de Aeronáutica – Embraer, projetos com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, entre outros. Esta última possui o poder de desenvolver atividades inovadoras, gerando diferencial competitivo para as empresas brasileiras. Já, o CNPq (2011) foi criado em 1951, com a finalidade de gerar e estimular o desenvolvimento da investigação científica e tecnológica. Esse objetivo seria desenvolvido com fomento para pesquisa, formação de pesquisadores e técnicos, cooperação com as universidades brasileiras e intercâmbio com instituições estrangeiras. O CNPq é uma agência do MCT dedicada a fomentar pesquisas científicas e tecnológicas e formação de recursos humanos para a pesquisa no país. O CNPq oferece vários tipos de bolsas aos alunos, desde o ensino médio, graduação, pós-graduação, recém-doutorados, até pesquisadores já experientes. Além das bolsas, outra forma de apoio oferecida é o auxílio à pesquisa, em que são subsidiadas as publicações científicas, o apoio à capacitação de pesquisadores por meio de intercâmbios científicos ou da promoção e atendimento a reuniões e congressos científicos. A categoria mais procurada pelos pesquisadores é a de apoio a projetos de pesquisas, realizadas por meio de editais públicos ou chamadas. A CAPES foi criada em 11 de julho de 1951, com a finalidade de "assegurar a existência de pessoal especializado em quantidade e qualidade suficientes para atender às necessidades dos empreendimentos públicos e privados que visam ao desenvolvimento do país" (CAPES, 2011). Atualmente, a CAPES desenvolve importante papel na expansão e concretização da pós-graduação, do mestrado e do doutorado, em todo o Brasil. Suas principais atividades desenvolvidas são: avaliação do sistema de pós-graduação, acesso e divulgação da produção científica, investimentos na formação de recursos de alto nível no país e no exterior, promoção da cooperação científica internacional, indução e fomento da formação inicial e continuada. A partir de suas avaliações, a CAPES direciona os fomentos para bolsas de estudos, auxílios e apoios. A CAPES tem sido essencial para o sucesso nacional da pós-graduação, cumprindo com seus propósitos e proporcionando a construção e o avanço no conhecimento. A quantidade de bolsas providas pela CAPES e pelo CNPq para pesquisadores residentes no país, em 1997, chegou a 13.336 concessões. Em 2009, passou para 66.824 bolsas, representando um aumento de mais de cinco vezes no número de bolsas concedidas. Quanto ao exterior, as bolsas em 1997 foram 1.076, havendo um aumento de mais de três vezes no número de bolsas concedidas em 2009, com 3.777 bolsas. Além das bolsas, a CAPES (2011) possui outros programas de apoio, sendo um deles o Programa de Apoio à Aquisição de Periódicos – PAAP, instituído pela CAPES em 1995, com a finalidade de fortalecer os programas de pós-graduação no Brasil, proporcionando acesso imediato à produção científica e tecnológica produzida no mundo inteiro, através do acesso a publicações eletrônicas via internet. No Portal de Periódicos da CAPES (2011) são disponibilizadas produções científicas atualizadas de alta qualidade de 11.000 revistas científicas brasileiras e internacionais. Fonte de informação pela Internet, o portal compreende base de dados com referências e resumos sobre patentes e textos providos de uma coleção com mais de 150.000 livros publicados no século XVIII. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP (2011), principal referência de promoção à pesquisa científica e tecnológica do país, disponibiliza bolsas e assistência à pesquisa em todas as áreas do conhecimento. Esse apoio deve-se ao interesse de que a pesquisa científica no Brasil cresça cada vez mais para gerar tecnologia e inovação, aquecer a economia e diminuir cada vez mais as diferenças sociais. A FAPESP (2011) avalia criteriosamente todas as propostas encaminhadas, adotando o critério de mérito científico e tecnológico e analisando a adequação do projeto perante as suas normas. A avaliação é efetuada por pesquisadores voluntários ativos, escolhidos por sua competência, de acordo com a área do conhecimento da proposta. Apesar de a FAPESP ser a agência estadual de fomento mais reconhecida, cada Estado possui sua própria agência de fomento. Essas são denominadas, de forma geral, de Fundação de Amparo a Pesquisa – FAP, estando evidenciadas no quadro 1.
Quadro 1 –FAPs – Fundações e Entidades de Amparo à Pesquisa Por se tratarem de veículo de comunicação que abrangem as produções científicas em nível mundial, visando à qualidade e à disseminação do conhecimento, faz-se necessária a abordagem sobre os periódicos científicos de modo a compreender a sua função. 3. Periódicos científicos e sua avaliaçãoPara Silva (2008) e Vilhena (2002), os periódicos são o veículo de comunicação mais utilizado pelos pesquisadores para exposição dos trabalhos científicos. Sua principal função é de "registro oficial público da informação, mediante a reconstituição de um sistema de editor-avaliador e de um arquivo público" (MIRANDA e PEREIRA, 1996). Outra relevante função é a de disseminação para os cientistas de informações de natureza histórica, metodológica, pedagógica, entre outras. Segundo Miranda e Pereira (1996), o periódico científico consiste em divulgar o conhecimento originário da pesquisa científica. Para que o periódico exerça sua função, é necessário que se estabeleça e consolide-se, posteriormente. Miranda e Pereira (1996) elencam fatores dos quais o veículo depende para o seu bom funcionamento: a) de como se estabelece o desenvolvimento da área científica, em que as ideias veiculam; b) de uma comunidade empenhada na pesquisa e da influência que as produções científicas exercem; c) da existência das instituições que preparam as edições, as avaliações, e as publicações, entre outras funções; d) da utilização da pesquisa cientifica; e) do meio de distribuição, recuperação e acesso às informações. Os periódicos científicos, segundo Stumpf (1996), tiveram início no século XVII, passando a desempenhar imprescindível papel para divulgação da ciência. Esse novo método surgiu da evolução do sistema particular e privado de comunicação, em que anteriormente a transmissão do conhecimento era feita mediante cartas entre investigadores e ata das reuniões científicas. Para Silva (2008), os periódicos surgiram da necessidade das academias e sociedades de aquisição de novos conhecimentos. No século XVII, o livro era fonte de publicação oficial, porém com elevado custo e demora nas publicações, o que inviabiliza a prioridade da descoberta. De acordo com Silva (2008), foi em 1665 o surgimento dos periódicos científicos, sendo os pioneiros o: Journal de Sçavants e o Philosofical Transactions ofthe Royal Society of London. Para Bonnemain (2011), o Journal de Sçavants, que significa "Jornal do homem culto", iniciou em 05 de janeiro de 1665, publicado semanalmente. Stumpf (1996) especifica que o Journal de Sçavants, um periódico francês, foi o primeiro a fornecer conhecimentos regulares sobre a ciência, principalmente nas áreas de física, química, anatomia e meteorologia. Stumpf (1996) relata que o periódico Journal de Sçavants era editado por Dennis de Salo, o qual lia todos os livros publicados nos ramos da ciência e resumia para apresentar no periódico. O editor entendia que se o livro despertava interesse a ele, podia interessar a outras pessoas. Além dos resumos dos livros, Dennis incluía no seu periódico decisões legais, teológicas e apresentações de cientistas famosos. O Journal de Sçavants passou por várias interrupções devido à publicação de material ofensivo à inquisição. No entanto, sempre conseguiu a reabertura, continuando até os dias atuais. Segundo Stumpf (1996), o Philosofical Transactions of the Royal Society of London começou a ser publicado em 06 de março de 1665, adotando uma periodicidade mensal, considerado um exemplo para todos os periódicos científicos. Seu primeiro editor foi Henry Oldenburg. Com uma cópia do Journal de Sçavants, os membros da Royal Society debateram os assuntos abordados e viram a necessidade de uma abordagem mais científica, enfatizando as experiências realizadas pelos cientistas (STUMPF, 1996). Após o surgimento desses dois periódicos, Stumpf (1996) aborda que os periódicos científicos se difundiram por toda a Europa, tendo como principal missão a comunicação científica das sociedades e academias científicas. Ainda no século XVII, surgiram os periódicos científicos caracterizados por áreas do conhecimento tais como a química, a física, a biologia, a agricultura e a medicina. No entanto, nem todos os periódicos possuíam essa distinção, pois continuavam sendo não especializados em uma única área do conhecimento. No Brasil, segundo Reis e Giannasi-Kaimen (2007), os periódicos nasceram duzentos anos após o surgimento do periódico francês. Entretanto, cada vez mais os periódicos do país vêm superando as expectativas, atingindo qualidade e respeito no meio científico no formato impresso e eletrônico. Contudo, segundo Silva (2008), os periódicos impressos estão atravessando um período de crise devido ao alto custo de publicação e ao tempo transcorrido entre o envio para a avaliação e a data da publicação. Em alguns casos, essa demora pode tornar os resultados obsoletos. Nesse contexto, os periódicos eletrônicos estão ocupando espaço, pois apresentam entre suas características o rápido acesso, a facilidade das operações e a possibilidade de adicionar textos integrais das citações bibliográficas. Foi na década de 90 que, segundo Mueller (2006), os primeiros periódicos eletrônicos começaram a aparecer, juntamente com outras formas que utilizavam o meio eletrônico, originando novos tipos de publicação eletrônica e acesso à pesquisa, inclusive o acesso aberto ou livre. Os periódicos de acesso livre, segundo Mueller (2006), são eletrônicos, similares aos periódicos por assinatura quanto à aparência, porém com a importante diferença de serem consultados sem pagamento. Esse modo de consulta proporciona ao pesquisador maior quantidade em termos de acesso à pesquisa. Baptista (2007) destaca o benefício do acesso livre, por proporcionar maior visibilidade das pesquisas, e de seu emprego, gerando desenvolvimento da ciência. Para o autor, o acesso livre é resultado de uma reação dos pesquisadores com o tipo de negócio de editoras comerciais e de periódicos científicos e a conscientização do impacto que proporcionam às pesquisas livres de empecilhos de acesso. De acordo com Ferreira (2010), as publicações eletrônicas impactam positivamente no desenvolvimento da ciência, sendo cada vez mais respeitadas pelos pesquisadores, que antes utilizavam os periódicos eletrônicos somente como meios alternativos. Os benefícios trazidos pelo meio eletrônico são, entre outros, os recursos, proporcionando a busca e a recuperação da informação, o formato, facilidades na leitura, no download, no armazenamento e na impressão do arquivo. O usuário de um periódico eletrônico, segundo Dias (2002), pode usá-lo de duas maneiras diferentes: o usuário acessa o periódico eletrônico, abre o artigo de seu interesse e faz a leitura na tela do computador ou poderá optar pela impressão, selecionando a alternativa mais adequada, sendo a segunda opção a mais utilizada pelos usuários, na opinião do autor. Para Gomes (2002), a classificação dos periódicos deve ser utilizada pelos pesquisadores para adotarem como referências, periódicos influentes e saber onde poderão encontrar artigos para obter ideias de novos trabalhos ou complementar suas produções científicas. De acordo com Silva (2008), existe uma imensa preocupação com os métodos de avaliação da produção científica, devido ao fato de evidenciarem indicadores científicos que caracterizem uma área do conhecimento, pesquisadores, instituição, entre outros fatores envolvidos no processo de pesquisa. No Brasil, o sistema de avaliação utilizado para classificar a qualidade da produção intelectual é o Qualis, criado em 1998. "O Qualis afere a qualidade dos artigos e de outros tipos de produção, a partir da análise da qualidade dos veículos de divulgação, ou seja, dos periódicos científicos" (CAPES, 2010). Para Costa e Yamamoto (2008), devido ao aumento dos periódicos, suas avaliações são consideradas essenciais para garantir a qualidade da ciência produzida e assegurar produção relevante e confiável. Segundo a CAPES (2011), o objetivo do Qualis é a classificação dos meios usados para a divulgação da produção científica de professores e alunos de programas de pós-graduação, tendo como prioridade a composição de índices que mencionem a qualidade dessa produção, a serem aproveitadas pela CAPES na avaliação dos cursos. A necessidade de manter a qualidade, segundo Silva (2008), desencadeia uma verdadeira corrida para reconhecimento de uma publicação no cenário científico. A construção destes indicadores é alcançada baseando-se na medição e na avaliação do conhecimento difundido nos periódicos científicos. Para Silva (2008), a avaliação da produção científica tornou-se preceito para medir a qualidade dos periódicos científicos. Isso evidencia que, antes de ser publicada, a pesquisa passa por avaliação que define sua aceitação para publicação no periódico científico. A avaliação dos periódicos é efetuada de acordo com a área de avaliação, sendo atualizada anualmente. Os veículos são classificados pela CAPES, considerando-se a sua qualidade quanto à circulação (local, nacional e internacional) e quanto à qualidade A, B e C, tendo maior grau de destaque a classificação A1, seguida pela, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C com peso igual a zero. No quadro abaixo serão abordadas as exigências de cada classificação.
Quadro2 – ClassificaçãoQualis Na visão de Ferreira (2010), para a realidade brasileira, o Qualis da CAPES é a melhor maneira de avaliar a qualidade do periódico que se pretende publicar. Porém, essa avaliação é mal vista por alguns cientistas, principalmente das áreas de ciências. 4. ConclusãoA produção científica brasileira não possui lugar de destaque a nível mundial, mas o governo através de fomento e investimento dispensado para as Universidades, maiores produtoras de conhecimento do país, almejam fortalecer e alcançar um lugar de prestigio a nível mundial. Três são os grandes pilares da produção científica brasileiras: as universidades, as agencias de fomento e a acesso aos periódicos científicos. As universidades ganham destaque devido aos programas de pós-graduação a qual vem crescendo o numero de programas de mestrado nas modalidades profissional e acadêmico e o doutorado. Com esta expansão, a tendência é aumentar o número de publicações criando expectativa que o país fique entre os dez primeiros produtores de conhecimento do mundo. Para alcançar o objetivo, o governo e os estados auxiliam os pesquisadores proporcionando bolsas, auxilio a pesquisa, entre outras formas mediante as agencias de fomento que possuem como principal objetivo o desenvolvimento da pesquisa cientifica e tecnológica do país. Todo este universo de produção, tem por finalidade a divulgação de trabalhos desenvolvidos que agreguem para o desenvolvimento do país gerando novas tecnologias e conhecimento. Esta interação é efetuada através de periódicos, o qual comunica a sociedade sobre os estudos desenvolvidos pela universidade. Estes periódicos possuem avaliação quanto a sua qualidade, de acordo com a área de conhecimento. O país que investe em pesquisa tende a esperar retorno, o qual seria em transformar os resultados das pesquisas em aplicações para desenvolver o país, tornando o mesmo mais tecnológico e atrativo mundialmente, o que não acontece de forma satisfatória. Talvez esta ocorrência seja oriunda do tardio reconhecimento do governo perante a educação e pela deficiente administração dos recursos do país onde impacta a cultura e educação do povo. ReferênciasBAPTISTA, A. A. et alii; Comunicação científica: o papel da Open Archives Initiative no contexto do Acesso Livre. Encontros Bibli: Ver. Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, n. especial, 1. sem, p. 1-17, 2007. BRAMBILIA, S. D. S. et alii; Mapeamento de um artigo produzido na UFRGS: razões das citações recebidas. Revista Eletrônica Biblioteconomia, Florianópolis, n. esp., p. 195-208, 1º sem. 2006. CABRA, C. G.; BAZZO, W. A.; As mulheres nas escolas de Engenharia Brasileiras: história, educação e futuro. Revista de Ensino de Engenharia, v. 24, n. 1, p. 3-9, 2005. CAPES – Coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior. Produção científica cresce com pós-graduação. 2006. Disponível em: http://www.capes.gov.br/servicos/sala-de-imprensa/36-notícias/1423. Acesso em: 10 abr 2011. CASE, D. O.; HIGGINS, G. M.; How can we investigate citation behavior? A study of reasons for citing literature in communication. Journal of the American Society for Information Science. Maryland, v. 51, n. 7, p. 635-645, 2000. CASTIEL, L. D. et alii; Entre fetichismo e sobrevivência: o artigo científico é uma mercadoria acadêmica? Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n. 12, p. 3041-3050, dez. 2007. CORREA, H.; ROCHA, F. F.; A relevância da produção latina americana psiquiátrica e da suicidiologia entre os periódicos psiquiátricos com maior fator de impacto. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 30, n. 1, p. 86-90, 2008. GIL, A. C.; Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. HAYASHI, M. C. P. I.; SILVA, R. C. S.; Revista Educação Especial: um estudo bibliométrico da produção científica no campo da Educação Especial. Revista Educação Especial, Santa Maria, n. 31, p. 117-136, 2008. LEITE, F. C. L.; COSTA, S. M. S.; Gestão do conhecimento científico: proposta de um modelo conceitual com base em processos de comunicação científica. Ciência da Informação, Brasília, v. 36, n. 1, p. 92-107, jan./abr. 2007. MARICATO, J. M.; Dinâmica das relações entre Ciência e Tecnologia: estudo Bibliométrico e Cientométrico de múltiplos indicadores de artigos e patentes em biodiesel. 2010. 359f. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de são Paulo, São Paulo. MARQUES, M. M.; Indicadores bibliométricos em sistemas de informação: uma análise a partir de artigos publicados no encontro nacional de Engenharia de Produção. 2005. 268 f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Engenharia de Produção, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2005. MERLIN, G.; Pragmatism and self-organization research collaboration on the individual level. Research Policy, 29, p. 31-40, 2000. MIRANDA, D. B. de; PEREIRA, M. de N. F.; O periódico científico como veículo de comunicação: uma revisão de literatura. Ciência da Informação. Brasília, v. 25, n. 3, p. 375-382, set./dez. 1996. MONTENEGRO, M. R.; ALVES, V. A. F.; Critérios de autoria e coautoria em trabalhos científicos. Revista do Instituto de Medicina de São Paulo, v. 29, n. 4, p. 191-193, 1987. PILLING, S.; Agências de fomento à pesquisa no país. Disponível em: http://www1.univap.br/spilling/MES/Fomento%20a%20pesquisa%20no%20Pais.pdf. Acesso em: 05 nov. 2011. SILVA, E. L.; A Rede Científica e a Construção do Conhecimento. Informação & Sociedade. João Pessoa, v. 12, n.1, jan/jun. 2002a. SILVA, M. R.; Configuração do campo da educação no Brasil: estudo bibliométrico da Revista Brasileira de Educação e da Revista Brasileira de Historia da Educação. 207 f. Tese (Doutorado) – Programa de pós-graduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, 2008. SCHWARTZMAN, S.; A pesquisa científica e o interesse público. Revista Brasileira de Inovação, v. 1, n. 2, p. 361-395, jul./dez. 2002. SPINAK, E.; Indicadores cienciometricos. Ciência da Informação, Brasília, v. 27, n. 2, p. 141-148, mai./ago. 1998. SOARES, G. A.; Souza, C. P. R. de; Moura, T. M.; Colaboração na produção científica na Ciência Política e na Sociologia Brasileiras. Revista Sociedade e Estado, v. 25, n. 3, set/dez. 2010. TARGINO, M. das G.; CALDEIRA, P. da T. Análise da produção científica em instituições de ensino superior: o caso da Universidade Federal do Piauí. Ciência da Informação, Brasília, v. 17, n. 1, p. 15-25, jan/jun. 1988. UNESCO. UNESCO science report 2010: the current status of science around the world. Paris: Unesco, 2010. VANTI, N. A. P. Da bibliometria à webliometria: uma exploração conceitual dos mecanismos utilizados para medir o registro da informação e o avanço do conhecimento. Ciência da Informação, v. 31, n. 2, p. 152-162, maio/ago. 2002. VELHO, L.; A contemporaneidade da pesquisa Agrícola Brasileira como reflexo da distribuição da idade das citações. Ciência da Informação, Brasília, v. 15, n. 1, p. 3-9, jn/jun. 1986. VILHARES, R. M.; NAKANO, D. N.; A produção científica nos anais de encontro nacional de Engenharia de Produção: um levantamento de métodos e tipos de pesquisa. Revista Produção, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 65-75, jul/dez. 1999. VILHENA, V.; CRESTANA, M. F.; Produção cientifica: critérios de avaliação de impacto. Revista Associação Médica Brasileira, v. 48, n. 1, p. 1-25, 2002. WOORWALD, H. J. C.; O debate equivocado sobre a universidade. In: Jornal da ciência, maio, 2010, São Paulo. Disponível em: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=70687. Acesso em: 10 mar. 2011. |
1 Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – Brasil - priscila_rubbo@hotmail.com |