Espacios. Vol. 33 (6) 2012. Pág. 5 |
Gestão do Conhecimento - relações entre Criação de Conhecimento e Design ThinkingKnowledge Management - relationships between Knowledge Creation and Design ThinkingIsamir M. Carvalho 1 , Dafne F. Arbex 2, Gregorio J. Varvakis 3 y Klaus North 4 Recibido: 29/09/2011 - Aprobado:15/12/2011 |
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RESUMEN: |
ABSTRACT:
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1 - IntroduçãoAs organizações cada vez mais tem incorporado a gestão do conhecimento (GC) em suas atividades. Práticas e processos destas atividades podem envolver tecnologias além de métodos, ferramentas e técnicas suportadas por elementos simples e complexos, temporários e duradouros, tradicionais e inovadores. Dentre as práticas citam-se Narrativas, Lições Aprendidas, Brainstorming, Redes Sociais, Repositórios de Conhecimento. Já os processos envolvem, principalmente, a criação de conhecimento, transferência, disseminação, compartilhamento e proteção de conhecimento. O conhecimento pode ser definido como dados ou informações organizados de forma útil para a organização. O desafio está na percepção das organizações de que a nova economia está baseada no conhecimento e deve ser visto como uma atividade, um serviço, um produto e um processo (Ghani, 2009). No mundo atual, a ideia ou significado de conhecimento está associado a conceitos de diferentes contextos interdisciplinares. No ambiente do trabalho não se tem um conceito unificado de conhecimento, mas prevalece a ótica individual que o aproxima da psicologia. Na informática e na área da inteligência artificial o conhecimento se refere ao aspecto cognitivo da pessoa nos processos eletrônicos. Por sua vez, na economia, o conhecimento se integra às doutrinas de gestão como fator de produção com ênfase no coletivo, usualmente denominado conhecimento organizacional (North, 2010). Criatividade e inovação se referem à criação e aplicação de novos conhecimentos. Como tal, estão no foco da gestão do conhecimento (Gurteen, 1998). A gestão do conhecimento tem por objetivo aproveitar de forma ótima os conhecimentos existentes, desenvolvendo-os e transformando-os em novos produtos, processos e campos da atividade econômica. O capital intelectual, de maneira semelhante ao capital financeiro, deve aumentar, e elevar o valor da empresa. Para tanto, abrange clientes, fornecedores, sócios e outros usuários externos, significando uma abertura simultânea para fora e para dentro da empresa (North, 2010). A gestão do conhecimento, deste modo, utiliza conceitos, técnicas, métodos e modelos de diferentes disciplinas, tais como a psicologia cognitiva, ciência da informação, ciências da computação, engenharias e administração, para captar, reter, disseminar e estimular a criação de conhecimento tácito nas organizações. Todavia, após a implantação de novas práticas, as organizações também incorporam em seus processos novos conceitos envolvendo pessoas de modo que sejam alcançados os objetivos estratégicos e cumprida a missão institucional. Por exemplo, técnicas de benchmarking e medição devem ser adaptadas, pois de forma coerente contribuem para os objetivos considerando o tipo e tamanho da empresa, o mercado, a cultura organizacional e demais aspectos relevantes (Varvakis et.al, 2009). Diante deste contexto, práticas e processos que abrangem criação de conhecimento e design thinking são assimilados com a intenção de transformar a organização em geradora de inovação. Os conceitos fundamentais da criação de conhecimento envolvem o conhecimento tácito e o conhecimento explícito. Estes tipos de conhecimentos em combinação geram a “espiral” do conhecimento em dimensões específicas (individual, organizacional e interorganizacional) e co-existem nas atividades de socialização, externalização, combinação e internalização (Nonaka e Takeuchi, 1997). Por sua vez, o design thinking usa a sensibilidade e os métodos de design para suprir as necessidades com o que é tecnologicamente factível, e recorre ao que uma estratégia de negócios pode converter em valor para o cliente e oportunidade de mercado (Brown, 2009). Neste sentido, uma organização que favoreça a troca de experiências e colaboração requer que os atores envolvidos possam estar conectados por canais e mecanismos de comunicação que propiciem a formação de equipes e a troca de informação e conhecimento. A promoção de condições que ofereçam diferentes formas de comunicação e incentive as relações de colaboração, autonomia e criatividade são importantes iniciativas dentro de uma organização. Assim, este artigo descreve os aspectos que relacionam criação de conhecimento e design thinking. A busca pelo embasamento teórico dos termos e possíveis relações foi a motivação para este estudo que adotou a estratégia de pesquisa qualitativa (Creswell, 2007). A pesquisa foi orientada para responder a questão: Como a criação de conhecimento se relaciona ao design thinking em uma organização? Para tanto, objetivou-se identificar os entendimentos quanto aos termos, examinar suas características e analisar as relações existentes. Para a verificação empírica foi analisada uma empresa pública brasileira. O critério de escolha da organização foi a explícita adoção de práticas relacionadas à inovação. 2. Criação de ConhecimentoA literatura mostra que existe consenso no entendimento do termo criação de conhecimento. A maioria dos autores se refere a novos conhecimentos ou conhecimentos emergentes que surgem nas organizações. Simonin (1999) escreveu um artigo tendo sido o mais citado na base de dados Scopus (353 citações). Sua pesquisa analisou o papel do conhecimento no processo de transferência do conhecimento tecnológico entre parceiros de alianças estratégicas envolvendo 147 empresas multinacionais. O estudo ressalta a ambigüidade do conhecimento - mediador de tacitividade, experiência prévia, complexidade, distância cultural, e distância organizacional. A principal conclusão indica que as características do conhecimento não permitem que sejam moderados com facilidade pela organização, criando-os dependente da sua capacidade de aprendizagem, do nível de colaboração de know how entre os parceiros e duração da aliança. Pertinente pesquisa foi realizada por Argote, Gruenfeld e Naquin (2001) ao estudarem como se processa a criação de conhecimento. O estudo aponta que os membros de um grupo ganham experiência ao trabalharem juntos desenvolvendo novos conhecimentos, entendimentos ou percepções que nenhum deles possuía no início de suas interações, ou como eles podem combinar seus conhecimentos prévios em novas formas criando um novo produto coletivamente. Alguns entendimentos do processo de criação de conhecimento encontrados na literatura são mostrados no Quadro 1. Quadro 1 – Alguns entendimentos do processo criação de conhecimento.
Fonte: elaborado pelos autores De acordo com a Teoria de Criação do Conhecimento, preconizada por Nonaka e Takeuchi (1997), a criação de conhecimento envolve condições que apontam elementos que promovem a “espiral do conheciemnto”, quais sejam:
Deste modo, a criação de conhecimento é considerada um dos processos da gestão do conhecimento ligada aos demais processos de forma interativa ou associativa. 3. Design ThinkingMétodos e técnicas de gestão do conhecimento permitem às empresas capturar e internalizar o conhecimento das pessoas, facilitando o compartilhamento entre seus integrantes, por meio do desenvolvimento de uma cultura organizacional que motive seus membros. Também a cultura, o ambiente para criação de conhecimento pressupõe a interação entre tempo e espaço provendo um lugar que permita o surgimento de ideias onde as pessoas possam sentir a confiança (Orofino, 2011). Este ambiente é propício ao desenvolvimento do design thinking. Design thinking pode ser definido e moldado pelo pensamento do designer que constrói uma lógica de raciocínio para os negócios delineados pelo pensamento analítico e intuitivo (Brown, 2010). Esse pensamento é guiado para um processo de colaboração em grupo e na capacidade de criar opções e de fazer escolhas em uma atitude de experimentação (Arbex, 2011). Porém, é difícil identificar quando as melhores ideias surgem, por isso os insights e soluções precisam ser prototipados, testados e aprimorados, para gerar aprendizagem e enriquecimento de novas ideias (Ambrose, 2011). O design thinking (Bonini, Endo, 2011) foca no desenvolvimento de soluções impecáveis esteticamente e com novas funcionalidades, criando novas experiências, valor e, principalmente, significado para os consumidores. Para isso, é de fundamental importância que a organização inicie o processo de inovação tendo como foco o consumidor, obtendo suas impressões relativas aos produtos, serviços e processos. Desta forma, o designer precisa aprender a lidar com uma ampla variedade de problemas e ascender no processo de inovação (Brown, 2010). Portanto, a criação coletiva é incentivada por uma equipe interdisciplinar concentradas na solução de problemas complexos, a partir de métodos e técnicas de criação e trocas de conhecimento a disposição para colaborar em diferentes disciplinas. Brown (2010) aborda que o design thinkingcomo um processo não linear de natureza iterativa se sobrepõe em três espaços de inovação e pode servir como ponto de partida e ponto de referência útil, à medida que a equipe lapida suas ideias e explora novos direcionamentos. Pode-se pensar neles como a inspiração, o problema ou oportunidade que motiva a busca por soluções; a idealização, o processo de gerar, desenvolver e testar ideias; e a implementação, o caminho do estúdio de design ao mercado. O primeiro estágio do processo de design costuma se referir a identificação das restrições que podem ser visualizadas em função de três critérios sobrepostos para a criação de ideias: praticabilidade (o que é funcionalmente possível num futuro próximo), viabilidade (o que provavelmente se tornará parte de um modelo de negócios sustentáveis) e desejabilidade (o que faz sentido para as pessoas). Para a geração de resultados inovadores, conforme proposto por Brown (2010), uma estrutura de processo de design thinking contempla os seguintes requisitos : 1 - Elaboração de briefing e benchmarking- briefing pode ser entendido por um conjunto de restrições mentais que proporcionam à equipe uma referência a partir da qual se inicia o projeto. Por benchmarking pode ser entendido o como definir a forma de mensurar o progresso e o conjunto de objetivos a serem atingidos permitindo à equipe de projeto definir metas realistas e inovadoras. 2 - Equipe de projeto – denominado o grupo que compõe um time interdisciplinar e heterogêneo para trabalhar de forma harmônica na busca de soluções que atendam a praticabilidade, a viabilidade e a desejabilidade do projeto solicitado no briefing pelo cliente. As equipes de projeto não precisam necessariamente estar em um único ambiente físico. Podem utilizar as ferramentas disponíveis na internet como videoconferências, emails, chats, redes sociais, wikis e blogs que permitam o compartilhamento de conhecimento para sustentar o desenvolvimento do trabalho e a geração de novas ideias. 3 - Cultura de inovação – entendida por um ambiente dentro da organização que estimule as pessoas a experimentarem novas ideias e possibilidades, assumindo riscos calculados e explorando aptidões ao promover uma cultura criativa. 4 - Ambiente apropriado - espaço físico que permite o surgimento da criatividade e inovação, e tenha disponíveis as ferramentas necessárias para que as equipes de projeto trabalhem de forma adequada. 5 - Existência de Insight - técnica de observação que visa a extração de ideias inovadoras a partir do olhar para o comportamento humano no dia a dia. 6 - Empatia - tentativa de ver o mundo pelos olhos dos outros, de compreender o mundo por meio das experiências alheias e de sentir o mundo por suas emoções. 7 - Times ou Tribos - tentativa de transcender ao individual, compreender as interações sociais para além do indivíduo, buscando entender a interação da pessoa nos grupos bem como a interação entre grupos. Assim, o design thinking propõe práticas inovadoras que iniciam no briefing onde são estabelecidos o problema de design, o público-alvo e a definição dos objetivos, identificando a proposição geral do projeto, até uma série de etapas que estimulem a geração de novas ideias apoiadas na colaboração em equipe (Ambrose, 2011). As etapas perpassam a “jornada do cliente” (relação empresa e consumidor), até a geração de ideias, pesquisa e a prototipagem, a partir de diversas potencialidades entre outras práticas pautadas no pensamento do designer (Brown, 2010). Portanto, o desafio das equipes que concebem design está em explorar esse processo e trabalhar em oportunidades gerando resultados a partir de soluções inovadoras. 4. Procedimentos MetodológicosFoi adotada a estratégia de investigação de pesquisa qualitativa (Creswell, 2007). A partir da busca sistemática da literatura foram identificados os termos criação do conhecimento e design thinking. O termo criação de conhecimento foi pesquisado na base de dados Scopus, período 1992 a 2011, todas as áreas, todos os tipos de documentos. Já o termo design thinking considerou os estudos de Brown e autores mais citados na base de dados do Portal da Capes. Acrescentaram-se buscas dirigidas tendo sido possível obter os entendimentos necessários para alcançar os objetivos pretendidos. A coleta dos dados teve como fontes e instrumentos: entrevista e análise de documentos organizacionais (Yin, 2001). A entrevista foi do tipo semi estruturada tendo sido explorado o conceito criação de conhecimento, destacando-se a Autonomia, uma das condições preconizadas por Nonaka e Takeuchi (1997) e o conceito design thinking desenvolvido por Brown (2010). Para operacionalizar os conceitos foram estabelecidos os seguintes entendimentos e respectivos indicadores que constituíram o escopo da entrevista semi estruturada, quais sejam: Criação de conhecimento - condição Autonomia - é a utilização de equipes auto-organizadas ou interfuncionais de modo a possibilitar aos indivíduos que se auto motivem para criar novo conhecimento e atuem como parte de uma estrutura na qual o todo e cada parte compartilha informações gerando ideias organizacionais. Este entendimento foi observado a partir de seis indicadores (Carvalho, 2006). Design thinking – é o processo exploratório que conduz às descobertas inesperadas por meio de uma disciplina que utiliza a sensibilidade do designer e métodos para atender às necessidades com aquilo que é tecnologicamente viável, transformando tais necessidades em valor para o cliente e em uma oportunidade de mercado (Brown, 2010). Este entendimento foi observado a partir de sete indicadores construídos para este estudo. Para a verificação empírica foi investigada empresa pública brasileira que adota práticas de inovação e tem institucionalizado um programa de inovação. Trata-se do SERPRO, empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), vinculada ao Ministério da Fazenda, do governo do Brasil. A entrevista foi realizada no mês de julho de 2011 e por meio da análise de documentos (a intranet dispõe os documentos normativos). A verificação foi feita em nível de análise organizacional tendo sido o público alvo o gerente responsável pelo Projeto Inovação do SERPRO. Quanto ao tratamento e a análise dos dados buscou-se identificar e analisar os aspectos que relacionam criação do conhecimento e design thinking para a inovação. A questão da pesquisa é respondida a partir da discussão da entrevista, da análise dos documentos e da literatura consultada. Dentre as limitações destaca-se a não investigação das percepções dos gerentes e dos empregados da organização. Também a não exploração de outras práticas e processos que contribuem para a inovação. Outra limitação foi a investigação em apenas uma organização não permitindo a comparação entre organizações. A participação de outras organizações permitira apontar descobertas e outros aspectos a serem investigados. 5. O caso de uma empresa pública brasileira - SERPROAlgumas empresas públicas no Brasil estão investindo em práticas e tecnologias que envolvem o conhecimento - recurso relevante da atual economia. É o caso do SERPRO, empresa pública de Tecnologia da Informação e Comunicações (TIC), que tem desempenhado importante papel no atual contexto da sociedade do conhecimento. A empresa ocupa posição de vanguarda tecnológica, é referência nacional e internacional em sua área de atuação. Sua sede está localizada em Brasília, Distrito Federal, possui 11 regionais nas principais capitais e 17 escritórios em cidades do país. Possui 7.800 empregados em sua força de trabalho (Jun/2011) distribuídos geograficamente. A partir da entrevista e da análise de documentos foram identificadas evidências da criação de conhecimento e design thinking. Os Quadros 2 e 3 apresentam os resultados decorrentes das respostas fornecidas, ou seja, percepções do gerente responsável pelo Projeto Inovação do SERPRO. Quadro 2 – Evidências da Criação de Conhecimento – condição Autonomia – no SERPRO
Fonte: dados da pesquisa Observa-se que os elementos que constituem os indicadores da criação de conhecimento – condição Autonomia - são identificados na organização investigada. Os exemplos relatados ilustram como se concretizam as práticas e os processos. No caso da liderança foi considerado o entendimento de que liderança é o comportamento do indivíduo ao influenciar pessoas para atingir as metas da organização (Daft, 1999), podendo apresentar as dimensões Foco nas pessoas ou Foco na tarefa (Fleishman apud Bass, 1990). Quadro 3 – Evidências do Design Thinking no SERPRO
Fonte: dados da pesquisa Percebe-se que os elementos que constituem os indicadores do design thinking são identificados na empresa. A concretização das práticas e dos processos é relatada por exemplos ilustrativos. 6. Resultados e DiscussõesA tentativa de relacionar os conceitos explorados neste estudo aponta que existem relações entre criação do conhecimento e design thinking na organização investigada. Observa-se afinidade entre as respostas das questões dos dois conceitos. Assim,as relações derivam das semelhanças dos elementos envolvidos e dos aspectos característicos, considerando os indicadores estabelecidos, conforme mostra oQuadro 4. Quadro 4 – Relações entre criação de conhecimento e design thinking
Fonte: elaborado pelos autores Dentre as relações observadas entre criação do conhecimento e design thinking destacam-se os seguintes aspectos:
As relações percebidas são decorrentes das várias evidências identificadas na organização estudada conforme relatos descritos a seguir. A empresa não adota o termo briefing, mas utiliza de modo semelhante esta prática, pois considera as orientações do planejamento estratégico. Quanto à formação de equipes, conforme apontam Nonaka e Takeuchi (1997), a empresa assume uma formação geral de grupos disciplinares e alguns grupos interdisciplinares voltados para projetos específicos. Percebe-se que existe uma cultura de inovação que contribui para um ambiente voltado à geração de novas ideias que são incentivadas pela empresa, mas que ainda necessitam de ajustes. Há uma valorização da cultura da inovação propiciada pela gerencia – o limite está na capacidade em assumir riscos (Brown, 2010). Os requisitos básicos dos projetos são pautados na qualidade e no prazo. Notam-se espaços físicos em áreas específicas da empresa proporcionando um ambiente de criação de conhecimento e colaboração, mas não é disseminado por todos os departamentos. Um pré-requisito fundamental para a inovação é propiciar um ambiente – social e espacial (Brown, 2010) – em que as pessoas saibam que podem experimentar e assumir riscos explorando aptidões. Não existe mecanismo explícito de insigths como incentivo aos processos criativos, isso acontece de forma “natural” sem registros formais. As tentativas em inovar no trabalho em grupo são motivadas por equipes que sustentam a colaboração em grupo e não descartam ideias e insigths. Tudo é válido e reaproveitado em diferentes momentos do processo. No que se refere à empatia entre grupos, esta é avaliada pela gerencia em um sistema de desempenho que possibilita um “termômetro” para o clima de empatia entre equipes que depois é discutido como feedback. A liderança é desenvolvida pela gerencia, porém dá mais atenção às tarefas, além das pessoas (Fleishman apud Bass, 1990). Dentre os critérios do design thinking (Desejabilidade, Viabilidade e Praticabilidade) observou-se destaque da viabilidade considerando que a empresa dá ênfase à disponibilidade das soluções tecnológicas e aos prazos acordados junto aos clientes. A intuição surge da familiaridade da pessoa em cada processo, direcionada para alguma solução ou problema, de especialistas em relação aos negócios. Assim, os mais experientes têm mais familiaridade e naturalmente utilizam sua intuição. Nota-se que existem alguns padrões para a criação de conhecimento e sua explicitação. A elaboração de manuais dos processos da área financeira é um exemplo. De modo semelhante a edição de livro pela área de aquisição e contratos, pois compilou o conhecimento organizado. Os repositórios da empresa, onde são armazenados os conteúdos demonstram como pode ser acessado o conhecimento pelas pessoas. Esta prática é corroborada por M.Wasko, Faraj (2000) que apontam que a criação de novos conhecimentos ocorre a partir do aumento do acesso ao conhecimento codificado. Já o observatório de tecnologia pode ser considerado outra forma de estabelecer um padrão para divulgar o conhecimento das novas tecnologias da empresa. Os ambientes colaborativos adotados - wiki que contém versões e Colab - guardam a produção coletiva resguardando quem contribuiu com o que. O uso de brainstorming e prototipagem, por exemplos, apoiam o ciclo de vida da tecnologia (fase da absorção). Desta maneira é verificado se os problemas foram resolvidos. A atuação da empresa está alinhada ao design thinkingindicado por Bonini e Endo (2011) que focam em soluções e funcionalidades que criam experiências, valor e, principalmente, significado para os clientes. Intencionalmente não são adotadas ideias “funcionais e emocionais” na criação de produto ou serviço, conforme preconizado por Brown (2010). No entanto, é criado clima favorável ao trabalho em equipe e à iniciativa e à aprendizagem continua, conforme argumenta Nonaka e Takeuchi (1997). As competências são valoradas por mecanismos da gestão de pessoas. É atribuição das chefias de promover o clima favorável que contribuei para a formação das competências organizacionais. Uma das formas de idealização é exercitada em evento corporativo anual. Neste evento, o Congresso SERPRO – ConSerpro, as pessoas explicitam suas ideias por meio de submissão de artigos de propostas de projetos que envolvem tecnologias e gestão organizacional. A implantação das ideias ocorre por meio de processo formal. As melhores propostas do ConSerpro, por exemplo, são tratadas em forma de projeto, em especial os da área de tecnologia. Algumas vezes são feitos projetos piloto, mas na maioria das vezes são incorporados ao processo produtivo sem experimentação. Isto porque são assumidos riscos relacionados aos prazos, mas em parceria com os clientes. Todavia, para a ideia ser implantada são realizados vários testes. Outra forma de implantar novas ideias foram as iniciativas durante o planejamento estratégico. Foi implementado o “momento participativo” no qual as pessoas poderiam propor projetos vinculados aos problemas apresentados pela alta liderança. Todas as informações estavam disponíveis na intranet da empresa. Portanto, observa-se a afinidade e o entrelaçamento dos conceitos estudados. 7 - Considerações FinaisA criação de conhecimento está relacionada ao design thinking de tal maneira que compõem os processos de gestão do conhecimento. Esta constatação é corroborada por Argote, McEvily, Reagans (2003) ao argumentarem que os processos de criação, retenção e transferência de conhecimento são resultados da gestão do conhecimento. Assim, ambos os conceitos explorados neste estudo contribuem para um ambiente de troca de conhecimento, no âmbito da gestão do conhecimento, e se caracterizam por conceitos relevantes ao impulsionar a organização para a inovação. Para estudos futuros sugere-se a análise das percepções dos diversos níveis gerenciais e a percepção dos empregados. Também se sugere explorar outras práticas e processos que possam contribuir para a inovação. Parece conveniente investigar empresas de mesmo tipo de negócio e de negócios distintos visando descobrir se existem diferenças significativas. Recomenda-se a comparação entre organizações que tenham implantado práticas e processos semelhantes, pois os resultados poderiam contribuir para a identificação de facilidades e dificuldades visando apoiar outras organizações. Sugere-se a aplicação em organizações que se interessem em introduzir novas práticas e processos em seus programas de inovação. ReferênciasAmbrose G., Harris P. (2011); “Design Thinking. Ação ou prática de pensar o design”. Porto Alegre. Ed. Bookmark. Arbex, D. F.; FIalho F. A.P.; Rados G. V. (2011); “Design thinking how an iterative process for innovation of products and services”. VI Anais do Congresso Internacional de Pesquisa em Design – CIPED. Lisboa. Argote, L., Gruenfeld, D., & Naquin, C. (2001) Group learning in organizations. In M. E. Turner (Ed.), Groups at Work: Theory and Research: 369-411. Mahwah, NJ:Lawrence Erlbaum Associates. Argote, L., Mcevily, B., Reagans, R. 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1 Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Brasil, isamir.carvalho@gmail.com |