Espacios. Espacios. Vol. 31 (3) 2010. Pág. 43
O Modo Empreendedor de Desenvolvimento de Estratégias da Líder de Mercado do Setor Hoteleiro Brasileiro
Mode Entrepreneur Development Strategies Market leader of the Brazilian Hotel Sector
Estrategias de desarrollo empresarial del líder de mercado del sector hotelero braseileño
Yákara Vasconcelos Pereira Leite y Eduardo de Aquino Lucena
5 Considerações finais
Foi observado que a empresa adotou o modo empreendedor de desenvolvimento de estratégias em duas fases ao longo de sua trajetória. Nestas, o papel desempenhado pelo principal líder da companhia foi decisivo, destacando as percepções dos executivos da organização pesquisada. Foi possível identificar esses achados por considerar as percepções dos dirigentes em relação aos eventos, às estratégias e aos processos vivenciados pela organização.
As duas fases que foram caracterizadas pelo modo empreendedor de formação de estratégias (Mintzberg, 1973) ocorreram quando a organização ainda era jovem. Na primeira fase, a firma estava sendo constituída e, na segunda, ela apenas tinha 12 unidades da marca Novotel. É importante ressaltar esse aspecto porque em 2004 a Accor Hospitality, que atuava mais de acordo com o modo de planejamento, possuía mais de 100 unidades hoteleiras, tendo assim um tamanho bem superior do que quando adotou o modo empreendedor. Demonstrando a limitação do estudo de Mintzberg (1973) que considerava o modo empreendedor como característico de organizações jovens e estrutura simples.
Outro aspecto importante deste estudo é em relação à presença do líder no processo de formação de estratégias (Mintzberg, 1998). Percebeu-se que na primeira fase analisada (seção 4.1.1), o líder conseguiu constituir um grupo de doze acionistas por meio da sua capacidade de identificar oportunidades (Filion, 2004; Shane, Venkataraman, 2000). Ele enfrentou riscos por acreditar no futuro retorno que o negócio poderia alcançar (McCarthy, Leavy, 1999). Na segunda fase, o fundador conduziu a firma a uma mudança. Inovando com uma marca no formato das necessidades dos brasileiros, o líder conseguiu implementar essa estratégia devido a sua capacidade de identificar oportunidades e de manter suas redes de relacionamento (Bryman, 2004; Kotter, 2000; Mintzberg, 1986). Isso foi importante para a expansão da companhia no Brasil.
Este estudo faz algumas contribuições para a literatura acadêmica ao descrever as fases em que a líder de mercado do setor de hotelaria do Brasil adotou o modo empreendedor de formação de estratégias. No período analisado, percebe-se o papel inovador do líder e como efetivamente uma organização pode se expandir num ambiente turbulento. Destaca-se ainda que se trata de uma trajetória de sucesso empresarial num país em desenvolvimento, caracterizado por suas atividades política e econômica turbulentas.
Finalmente, recomenda-se o desenvolvimento de estudos que descrevam como efetivamente organizações identificam e exploram oportunidade de negócio ao longo de suas trajetórias de desenvolvimento. Acredita-se que pesquisas desse tipo poderão contribuir para orientar a prática profissional de diferentes dirigentes organizacionais.
Referencias bibliográficas
- Accor. (2005); Accor tem participação de 29% no capital da rede Club Méditerranée [citado 25 julio 2005], Disponible en la World Wide Web: http://www.universia.com.br/investnews/vernoticia.jsp?noticia=438083.
- Akgün, A. E.; Lynn, G. S.; Byrne, J. C. (2003); “Organizational learning: a socio-cognitive framework”, Human Relations, 56 (7), 839-869.
- Bogdan, R. C.; Biklen, S. K. (1994); Investigação qualitativa em educação; Porto, Porto Editora.
- Bryman, A. (2004); “Liderança nas organizações”, en: Handbook de estudos organizacionais; Caldas, M.; Gachin, R.; Fischer, T. (ed); São Paulo; Atlas, 257-281 p.
- Filion, L. J. (1999); “Empreendedorismo: empreendedores e proprietários-gerentes de pequenos negócios”, Revista de Administração, 34 (2), 05-28.
- Gartner, W. B. (1985); “A conceptual framework for describing the phenomenon of new venture creation”, Academy of Management Review, 10 (4), 695-705.
- Gazeta Mercantil. (1999); Análise setorial: a indústria hoteleira; São Paulo, 1.
- Godoy, A. S. (1995); “Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais”, Revista de Administração de Empresas, 35 (3), 20-29.
- Gremaud, A. P.; Vasconcellos, M. A. S.; Tonedo, R. T. (2004); Economia brasileira contemporânea: São Paulo, Atlas.
- Hosmer, L. T. T. (1982); “The importance of strategic leadership”, Journal of Business Strategy, 3 (2), 47-57.
- Kotter, J. P. (2000); Afinal, o que fazem os líderes: a nova face do poder e da estratégia: Rio de Janeiro, Campus.
- McCarthy, B.; Leavy, B. (1999); “The entrepreneur, risk-perception and change over time: a typology approach”, IBAR, 20 (1), 126-140.
- Merriam, S. B. (1998); Qualitative research and case study applications in education: San Francisco, Jossey-Bass.
- Mintzberg, H. (1973); “Strategy-making in three modes”, California Management Review, 16 (2), 44-53.
- Mintzberg, H. (1978); “Patterns in strategy formation”, Management Science, 24 (9), 934-948.
- Mintzberg, H.; Ahlstrand, B.; Lampel, J. (2000); Safári de estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico: Porto Alegre, Bookman.
- Mintzberg, H.;McHugh, A. (19850; “Strategy formation in an adhocracy”, Administrative Science Quarterly, 30, 160-197.
- Mintzberg, H.; Waters, J. A. (1982); “Tracking strategy in an entrepreneurial firm”, Academy of Management Journal, 25 (3), 465-499.
- Mintzberg, H. (1998); A criação artesanal da estratégia, en: Estratégia: a busca da vantagem competitiva, Montgomery, V.; Porter, M. 2. ed. Rio de Janeiro, Campus, 419-437 p.
- Noda, T.; Bower, J. L. (1996); “Strategy making as iterated processes of resource allocation”, Strategic Management Journal, 17, 159-192.
- Okumus, F.; Hemmington, N. (1998); “Management of the change process in hotel companies: an investigation at unit level”, Hospitality Management, 17, 363-374.
- Patton, M Q. (2001); Qualitative research and evaluation methods: California, Sage Publication.
- Pettigrew, A. M. (1987); “Context and action in transformation of the firm”, Journal of Management Studies, 24 (6), 649-670.
- Porter, M. (1986): Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência: Rio de Janeiro, Campus.
- Porter, M. (1991); “Toward a dynamic theory of strategy”, Strategic Management Journal, 12, 95-117.
- Rowe, W. G. (2001); “Creating wealth in organizations: the role of strategic leadership”, Academy of Management Executive, 15 (1), 81-94.
- Rumelt, R.; Schendel, D.; Teece, D. (1994); Fundamental issues in strategy: a researsh agenda: Boston, Harvard Business School Press.
- Shane, S.; Venkataraman, S. (2000); “The promise of entrepreneurship as a field of research”, Academy of Management Review, 25 (1), 217-226.
- Taylor, S. J.; Bogdan, R. (1984): Introduction to qualitative research methods: the search for meanings: John Wiley & Sons. 2. ed.
- Van de Ven, A. H. (1992); Suggestions for studing stratey process: a research note, Strategic Management Journal, 13, 169-188.
[anterior] [inicio]