ISSN 0798 1015

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Vol. 38 (Nº 24) Año 2017. Pág. 8

A contribuição da extensão rural na gestão das Associações de Produtores Rurais do Município de Cacoal/Rondônia

The contribution of the rural extension in the management of the Rural Producers 'Associations of the Cacoal / Rondônia municipality

Charles Carminati de LIMA 1; Ronaldo Leão de MIRANDA 2; Gilberto Friedenreich dos SANTOS 3; Vanusa Andrea CASARIN 4

Recibido: 28/11/16 • Aprobado: 13/12/2016


Conteúdo

1. Introdução

2 Fundamentação teórica

3. Metodologia

4. Análise e discussão dos resultados

5. Considerações finais

Referências


RESUMO:

O presente trabalho tem por objetivo, identificar a contribuição das ações de extensão rural utilizadas pela Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia - EMATER/RO para a gestão das associações de agricultores familiares no município de Cacoal no ano de 2015. A metodologia teve uma abordagem de natureza qualitativa se enquadrando como pesquisa de campo, descritiva e exploratória. A pesquisa demonstrou que a extensão rural viabilizou através de orientações técnicas, conhecimentos relacionados à gestão, que propiciaram melhorias para os agricultores familiares na gestão das associações pesquisadas. Mostrou também a necessidade da EMATER-RO viabilizar estratégias visando difundir tecnologias necessárias ao aprimoramento das atividades gerenciais, bem como aprimorar além da quantidade de visitas realizadas, as ações de extensão rural voltadas a gestão agrícola.
Palavras-Chave: Extensão Rural; Gestão; Produtores Rurais; Emater/RO

ABSTRACT:

The present work aims to identify the contribution of the rural extension actions used by the Association of Technical Assistance and Rural Extension of the State of Rondônia - EMATER / RO for the management of associations of family farmers in the municipality of Cacoal in the year 2015. Methodology had an approach of qualitative nature being classified as field research, descriptive and exploratory. The research showed that the rural extension enabled through technical orientations, knowledge related to the management, that provided improvements for the familiar farmers in the management of the researched associations. It also showed the need for EMATER-RO to make feasible strategies aimed at disseminating technologies necessary for the improvement of management activities, as well as to improve beyond the number of visits made, rural extension actions aimed at agricultural management.
Keywords: Rural Extension; Management; Farmers; Emater / RO

1. Introdução

O tema referente a contribuição das ações de Extensão Rural para a gestão das associações rurais de cafeicultores tem sido objeto de estudo dos órgãos governamentais vinculados ao setor, bem como a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Ministério da Agricultura. Vários autores vêm destacando e analisando a importância das formas associativas para os agricultores e a necessidade de gestores qualificados, para um bom desempenho das funções.

Batalha et al, (2003), ressalta que os métodos de gestão empregados pelos gestores afetam, de forma direta, os resultados obtidos, desta forma são necessários esforços de pesquisa, capacitação dos agricultores familiares em gestão, técnicas de planejamento estratégico e novas tecnologias de produção. A extensão rural e assistência técnica disponibilizada pela EMATER/RO possui extrema importância para os agricultores familiares no desempenho de suas atribuições junto às organizações sociais no Estado de Rondônia, pois constitui uma fonte de conhecimento para dar orientação a gestão das associações. Para tanto, no dia 31 de agosto de 1971 foi fundado em Rondônia, o serviço de extensão rural, com a denominação de Associação de Crédito e Assistência Rural do Território Federal de Rondônia – ACAR-RO. Em 10 de abril de 1984, passou a denominar-se EMATER/RO, sem, contudo alterar sua denominação, personalidade jurídica e natureza dos serviços prestados.

Desse modo, a EMATER/RO destina seus serviços à organização de entidades que apoiem a gestão da produção nas comunidades rurais envolvidas no crescimento da atividade econômica de base agrícola. Por meio do Projeto de Organização Social, visa apoiar o processo de organização social nas comunidades rurais do Estado, assessorando a criação, funcionamento e gestão das organizações de produção coletiva e de participação sociopolítico das populações rurais do Estado de Rondônia. Rondônia é um Estado eminentemente agrícola e o município de Cacoal um destaque regional na produção de café.

Portanto, o objetivo deste trabalho é investigar as ações de extensão rural utilizadas pela EMATER/RO, na qual contribuem para a gestão das associações de produtores rurais, no município de Cacoal no ano de 2015. A pesquisa foi realizada em 10 associações de produtores rurais, dentre 40 associações assistidas pela EMATER/RO, que receberam ações de extensão rural voltadas para gestão, no ano de 2015. Além disso, buscou-se verificar a contribuição da extensão rural nas estratégias de gestão, na perspectiva das potencialidades e dos percalços de uma nova extensão rural voltada a associações rurais de agricultores familiares. Também, abordar fatores culturais educacionais, tecnológicos, financeiros e mercadológicos que influenciam no processo de gestão das associações rurais de agricultores familiares.

2. Fundamentação teórica

2.1 O Associativismo e Atividade Rural.

Silva (1997), quando se refere a atividade rural no Brasil, afirma que é fundamental que nas pequenas e médias cidades do interior se implemente a estratégia da criação de empregos não agrícolas, dotando-as de infraestrutura adequada (luz, água, esgoto, saneamento básico, creches, escolas, hospitais, etc.) e estimulando a instalação de agroindústrias visando aumentar o valor agregado da produção agropecuária local e evitando os conhecidos “passeios da safra”, que além de prejudicial ao país como um todo, drena a maior parte do excedente da renda agrícola das regiões interioranas.

De acordo com Costa e Ribeiro (2011), as novas formas de articulação e intermediação de interesses instituídos no campo, por meio de políticas governamentais têm como principal característica a intermediação de interesses da pequena produção. Por esse motivo, as associações, assim como os sindicatos, os partidos políticos e os movimentos sociais, se constituem como atores da sociedade civil que operam primariamente como recursos de ressonância pública: viabilizam a tematização de situações, interesses e exigências emergentes ao nível das relações cotidianas, visando sua transposição do mundo da vida para o plano público e constituem um contraponto fundamental dos interesses particularistas levados ao sistema político, desta forma, a associação traz embutida na sua prática a ideia de representação de interesses sócio econômicos dos pequenos produtores.

A associação de produtores rurais é uma sociedade formal, criada com o objetivo de integrar esforços e ações dos agricultores e seus familiares em benefício da melhoria do processo produtivo e da própria comunidade a qual pertence, (MAPA 2012). Segundo o MAPA (2008), as Associações de Produtores Rurais revelam-se como uma forma estratégica de geração e fortalecimento dos laços de relação e, principalmente, de confiança entre as famílias participantes, o que possivelmente permitirá avanços em processos associativos de negócios, conquista de espaço no ambiente municipal força a criação de novos mecanismos de Políticas Públicas Municipais para melhor atendimento de suas demandas.

2.2 Características gerais do associativismo.

As Associações de Produtores Rurais apresentam nítida tendência de crescimento e consequente importância no cenário municipal, caracterizando-se como um efetivo espaço de representação dos agricultores familiares; revela-se como uma forma estratégica de geração e fortalecimento dos laços de relação e, principalmente, de confiança entre as famílias participantes, o que possivelmente permitirá avanços em processos associativos de negócios; a conquista de espaço no ambiente municipal força a criação de novos mecanismos de políticas públicas municipais para melhor atendimento de suas demandas.

Tais potencialidades vêm estimulando os pequenos agricultores a se organizarem de forma associativa, somando forças para enfrentar os seculares problemas do homem do campo e, ao mesmo tempo, situar a atividade agrícola como caminho viável para o desenvolvimento brasileiro, (MAPA, 2008). A associação tem uma grande desvantagem em relação à Cooperativa, ela engessa o capital e o patrimônio, em compensação tem algumas vantagens que compensam grupos que querem se organizar, mesmo para comercializar seus produtos: o gerenciamento é mais simples e o custo de registro é menor, (SEBRAE-MG, 2015). Com relação às cooperativas, Zuin e Queiróz (2006) afirmam que a cooperação pode ser entendida como ações coordenadas semelhantes ou complementares, que refletem as expectativas conjuntas, levadas por empresas, em uma relação interdependente, objetivando alcançar resultados mútuos e individuais ao longo do tempo, ou seja, refere-se a como os membros de um canal sincronizam suas atividades para realçar os benefícios mútuos.

As associações e cooperativas conforme destacado por Malassise e Alves (2011), estão sujeitas as leis que as regulamentam e também as leis maiores do país, não sendo lícito propor situações que infrinjam a lei ou que leve degeneração do ser humano, e que por questões legais o papel da tomada de decisão é tido como um processo que ocorre no coletivo, onde tudo será discutido e a decisão será dirigida pelos membros, eles é que criarão e deliberarão sobre estas decisões que estarão formalizadas através de estatutos e atas. Conforme citado, entende-se que as associações assim como as cooperativas são formas organizadas em que pessoas com interesse comum, constituem, para alcançar seus objetivos e usufruir dos benefícios que elas propiciam. Cabe então destacar as principais características em que se assemelham assim como, as principais diferenças entre essas duas formas de agregação social, as quais serão expostas no quadro comparativo abaixo:

Figura 1: Comparativo entre Cooperativas e Associações
Fonte: Instituto de Cooperativismo e Associativismo

2.3 A importância do planejamento na associação rural.

A elaboração e a implementação do planejamento de acordo com Zuin e Queiroz (2006), se configuram como ações essenciais para a busca e manutenção da competitividade de um empreendimento, e devem ser sustentadas por uma comunicação clara e eficiente entre os gestores, para isto a formação e atualização dos gestores são primordiais para a gestão do negócio. Zuin e Queiroz (2006), afirmam ainda, que o planejamento compreende a definição das metas de uma organização, e o estabelecimento de uma estratégia global para alcançar essas metas, baseando-se no conhecimento dos fins desejados, dos recursos disponíveis e do potencial das diferentes combinações de recursos.

De acordo com Crozatti (2003), pode-se definir o planejamento estratégico como o processo de gestão pelo qual a organização identifica ou constrói o cenário em que atua, as oportunidades e ameaças, suas forças e debilidades, como resultado da análise das variáveis ambientais, produzindo diretrizes estratégicas que orientem o cumprimento da missão e garantam a continuidade da empresa. Fischmann e Almeida apud Antonialli (2000) definem o planejamento estratégico como técnica administrativa que, por meio da análise do ambiente de uma organização, cria a consciência das suas oportunidades e ameaças dos seus pontos fortes e fracos para o cumprimento da sua missão e, mediante esta consciência, estabelece o propósito de direção que a organização deverá seguir para aproveitar as oportunidades e evitar os riscos.

Já o planejamento tático é um planejamento de curto prazo, predominantemente quantitativo, que abrange decisões administrativas e operações e visa à eficiência da organização, sua principal função são de examinar as determinadas áreas especificas de resultado. Segundo Moioli et al. (2006), o planejamento operacional é elaborado a partir das diretrizes e cenários traçados durante o processo de planejamento estratégico. Ele consiste na identificação, integração e avaliação de alternativas de ação e na escolha de um plano de ação a ser implementado. Para uma melhor compreensão do disposto acerca do planejamento, o quadro abaixo destaca alguns aspectos de diferenciação entre as três etapas em que usualmente alguns autores, buscando esquematizar, tendem a detalhar o planejamento. A figura 2 destaca algumas características relacionadas a cada etapa do planejamento, onde se pode observar que o planejamento estratégico é um processo voltado para o futuro que ao abordar a empresa como um todo visa a racionalidade na tomada de decisões. O planejamento tático transforma em planos as decisões do planejamento estratégico, ao abordar cada unidade da empresa, preocupa-se em atingir os objetivos da unidade e o planejamento operacional coloca em prática os planos táticos dentro de cada setor da empresa, criando condições para a realização dos trabalhos diários da empresa.

Figura 2: Etapas do Planejamento.
Fonte: elaborado pelos autores (2016) 

3. Metodologia

O estudo possui um caráter exploratório, na qual a coleta de dados ocorreu por meio de levantamento bibliográfico e pesquisa de campo. A investigação baseou-se em variáveis qualitativas e quantitativas discretas e contínuas, de forma retrospectiva, na forma de levantamento bibliográfico, pesquisa em sítios (web) e banco de dados da EMATER/RO, selecionados para a pesquisa com base no ano de 2015. Considerando o objetivo, esta pesquisa se constitui do tipo prática, pois seu objeto de estudo se estabelece por uma situação social e por um problema encontrado em tal situação, buscando identificar as ações de extensão rural utilizadas pela EMATER/RO que contribuem para a gestão das associações de produtores rurais, no município de Cacoal no ano de 2015.

A localização da pesquisa foi junto a EMATER/RO em 10 associações de produtores rurais de Cacoal, representando assim 25% das associações existentes no município, sendo elas as seguintes associações: Assoc. Prod. Rurais Campo Verde, Assoc. Prod. Rurais Maringá, Assoc. Prod. Rurais Corumbiara, Assoc. Prod. Rurais Org. Soc. Fam, Assoc. Prod. Rurais Santo Antonio, Assoc. Prod. Rurais da Linha 21, Assoc. Prod. Rurais Linha União, Assoc. Prod. Rurais Bola de Ouro, União Capixaba, Assoc. Prod. Rurais Rio Formoso, nas quais realizou-se a coleta de dados por meio de aplicação de questionários. Foi adotado o método de aplicação de questionário por meio de entrevista com os presidentes das associações pesquisadas. Os resultados obtidos foram organizados conforme a necessidade do objeto de estudo, tendo como subsídio, para apoio de compreensão e análise, o material da literatura. A apuração dos resultados está demonstrada por meio de gráficos e tabelas.

4. Análise e discussão dos resultados

4.1 Breve caracterização do território – Rondônia – Cacoal

Através da Lei de criação nº 6.448, de 11de Outubro de 1977, foi criado o município de Cacoal com uma Área geográfica de 3.792,64 km² (2002). É um dos municípios mais prósperos e importantes do Estado por sua sólida economia em plena expansão, destacando-se como grande centro produtor agropecuário. Está localizado a 476 km de distância rodoviária da capital, Porto Velho, é uma das maiores cidades do interior, com população de 78.574 habitantes, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010). A figura 3, mostra o do mapa do Estado de Rondônia e a localização do município em estudo:

           Figura 3: Mapa do estado de Rondônia e localização do município de Cacoal.
 Fonte: IBGE (2010)

A economia de Cacoal caracteriza-se pelo seu comércio forte e diversificado e em sua vocação para as atividades agropecuárias, principalmente as atividades agrícolas. Sendo a base econômica da agricultura permanente, o café, o município já foi considerado o maior produtor do Estado, mas essa produção vem caindo gradativamente. No desenvolvimento de culturas temporárias, as mais importantes são o arroz, o feijão, a mandioca e o milho, com uma produção muito expressiva. O município possui cerca de 4000 (quatro mil) propriedades rurais que abastecem a região, conforme informações da Prefeitura Municipal de Cacoal

(2015). Segundo dados da EMATER/RO (2015), Cacoal possui cerca de 40 (quarenta) associações de agricultores familiares distribuídas pela zona rural do município.

4.2 As políticas de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) praticadas no Estado de Rondônia para a agricultura familiar

Segundo a EMATER/RO (2015), nas décadas anteriores a demanda pelo trabalho da ATER pública se dava no âmbito de ações que fomentassem a criação das entidades organizativas como propósito de fomentar a infraestrutura de produção. Atualmente as demandas tem-se dado em função do processo de gestão dessas organizações já criadas ou em fase de criação. Ainda, a política da ATER pública em Rondônia se destina a organização de entidades que apoiem a gestão da produção nas comunidades rurais envolvidas no crescimento da atividade econômica de base agrícola. O Projeto de Organização Social, de acordo com a EMATER/RO (2015), visa apoiar o processo de organização social nas comunidades rurais do Estado, assessorando a criação, funcionamento e gestão das organizações de produção coletiva e de participação sociopolítico das populações rurais do Estado de Rondônia. A figura 4 apresenta o resultado referente à pesquisa documental realizada, evidenciando o número de organizações sociais em Rondônia e o número de participantes respectivo a cada uma:

Figura 4: Temática e respectivas orientações técnicas.
Fonte: EMATER/RO (2015)

Nota-se que há um grande número de organizações sociais assistidas pela EMATER/ RO no estado de Rondônia, através dos programas Educação para a Organização social/ Gestão de Organizações Sociais. Dentre as organizações sociais existentes, 91,77% são associações, e destas 4,98% destas associações estão localizadas na zona rural do município de Cacoal. A figura 5 destaca as orientações técnicas relacionadas às duas temáticas abordas pelas ações de extensão rural para as organizações sociais em Rondônia:

Figura 5: Temática e respectivas orientações técnicas.
Fonte: EMATER/RO (2015)

4.3 Associações rurais: Apectos organizacionais, administrativos e a formação em gestão dos dirigentes

Neste tópico serão apresentados os resultados da pesquisa referente aos 10 presidentes entrevistados das associações do município de Cacoal: Assoc. Prod. Rurais Campo Verde, Assoc. Prod. Rurais Maringá, Assoc. Prod. Rurais Corumbiara, Assoc. Prod. Rurais Org. Soc. Fam, Assoc. Prod. Rurais Santo Antonio, Assoc. Prod. Rurais da Linha 21, Assoc. Prod. Rurais Linha União, Assoc. Prod. Rurais Bola de Ouro, União Capixaba, Assoc. Prod. Rurais Rio Formoso. Os resultados levantados dizem respeito às razões que os motivaram a participar como dirigentes, cujos resultados poderão ser apreciados a seguir:

Com relação à motivação para a associação, todos os entrevistados afirmaram que a participação na associação se deu com o objetivo de alcançarem melhorias para as comunidades locais e contribuir para o crescimento da associação. Foi investigado o nível de conhecimento dos entrevistados sobre assuntos inerentes às premissas de gestão na associação, tais como a) planejamento, b) contabilidade, c) associativismo, d) legislação fiscal, e) orçamento, f) informática, g) direitos/deveres e h) liderança, desta forma, os seguintes resultados foram encontrados:

Figura 6: conhecimento em relação aos temas propostos aos dirigentes.
 Fonte: Dados da pesquisa (2016)

4.4. Percepção dos entrevistados sobre o planejamento na gestão da associação rural

O planejamento é uma ação de controle essencial para a busca e manutenção da competitividade nas associações de agricultores, conforme afirmam Zuin e Queiroz (2006). Desta forma foi investigada a ocorrência do planejamento, a forma como foi feito e na sua não ocorrência, os fatores que dificultam sua elaboração. Os resultados evidenciados referente à percepção dos entrevistados sobre a elaboração do planejamento, detectou que 60% das associações de cafeicultores estudadas não é feito um planejamento anual por parte dos dirigentes, e 40% é realizado um planejamento anual. Dentre os dirigentes que afirmaram possuir um planejamento anual em suas associações, 75% responderam que a forma pelo qual se deu tal planejamento foi escrito e coletivamente. A pesquisa mostrou também, algumas ações de gerenciamento que são utilizadas pelas associações para conduzirem suas atividades como demonstra a figura a seguir:

Figura 7: Ações de gerenciamento.
 Fonte: Dados da pesquisa (2016)

Destaca-se, que em todas as associações pesquisadas, as estratégias de registro histórico das reuniões e assembleias são realizadas através de:

a)  Livro Ata e Controle de caixa: são utilizados em 100% das associações, para auxiliar o gerenciamento da associação;

b)  O orçamento anual: em 40% das associações usa-se fazer um planejamento anual;

c)  O Bloco do Produtor Rural: ação de gerenciamento utilizada, sendo assim, uma ação de gerenciamento utilizada em 20% das associações.

d)  Planilha de custos: utilizada apenas em (10%) das associações.

A pesquisa ainda mostrou que apenas 10% dos entrevistados utilizam as planilhas de custo, devido a pequena parte das associações serem informatizadas, onde, é utilizado apenas um computador, e também pelo fato de 70% dos dirigentes entrevistados declararem não ter conhecimento a cerca de informática. Identificou-se também, que 80% dos dirigentes veem como necessidade o acesso a serviços/benefícios de aquisição de máquinas e equipamentos e Capacitação gerencial, para desenvolvimento das atividades da associação.

4.5. A contribuição da ATER na gestão das associações rurais pesquisadas

A EMATER/RO buscou através das ações de extensão rural capacitar os dirigentes e sócios das associações de agricultores em orientações técnicas voltadas para a gestão das mesmas. A pesquisa constatou que todos os dirigentes de associações tem conhecimento acerca dos programas de extensão rural praticada junto às associações rurais, sendo assistidas inteiramente pela EMATER/RO durante o ano de 2015. A pesquisa verificou também, a frequência do extensionista nas associações, assim como, as ações utilizadas para mobilização dos agricultores:

Figura 8: Frequência e ações de mobilização utilizadas pelos extensionistas.
Fonte: Dados da pesquisa (2016)

Os extensionista, que são os profissionais responsáveis pela execução das ações de

extensão rural visitaram as associações com frequência mensal e/ou bimestral, destacando que as visitas mensais foram realizadas em 60% das associações pesquisadas. A pesquisa destacou que os extensionistas utilizaram diversas ações para mobilização dos associados envolvidos nas entidades rurais, foi identificado como meios de mobilização; palestras, cursos e manuais contendo as orientações técnicas para a gestão de associações, as palestras foram as mais utilizadas, sendo identificadas em 100% das associações pesquisadas. Com relação aos cursos e palestras que foram oferecidos via extensão rural aos agricultores pesquisados no ano de 2015, pode-se destacar:

Figura 9: Orientações técnicas apresentadas pelos extensionistas.
Fonte: Dados da pesquisa (2016)

Evidencia-se a grande proporção de 90% dos dirigentes entrevistados que receberam orientações técnicas relativas a constituição de uma associação rural, de um estatuto e de regimento interno, sendo esta a orientação mais desenvolvida pelos extensionistas. Em relação às ações educativas sobre comercialização, a pesquisa mostrou que 70% dos dirigentes receberam orientação através dos extensionistas, com as seguintes orientações: pesquisa de mercado, cotação de preço e alternativas de venda.

Acerca das ações de extensão rural voltadas para a gestão das associações pesquisadas, todos os dirigentes entrevistados afirmaram ter recebido algum tipo de orientação técnica, dentre as orientaçõe trabalhadas, pode se destacar:

a) prestação de contas;

b) ordenamento dos livros de controle;

c) caixa e Ata;

d) organização administrativa da associação.

Foi constatado que após a aplicação dos cursos para os dirigentes das associações rurais pesquisadas, em 90% destas, os extensionistas, prestam serviços de apoio, buscando dar continuidade, este apoio em sua maioria é feito através de visitas, acompanhamento, vistoria e divulgação. Com relação a percepção dos agricultores entrevistados sobre como eles consideram a quantidade e a qualidade de treinamentos e capacitação em gestão recebidos através da extensão rural praticadas pela EMATER/RO, pode-se destacar:

Figura10: Qualidade e quantidade de treinamentos e capacitação em gestão.
Fonte: Dados da pesquisa (2016)

Com relação aos treinamentos e capacitação em gestão recebida via extensão rural, 80% dos entrevistados consideraram de média a baixa a quantidade recebida no ano de 2015, Destacou-se também que os treinamentos e capacitação em gestão recebidos através da extensão rural para os agricultores foi considerada de boa qualidade por 80% dos entrevistados. Considerando as informações pode-se estabelecer um perfil dos treinamentos e capacitação em gestão recebidos como de boa qualidade, porém em quantidade considerada baixa. Destaca-se ainda, que de acordo com 90% dos agricultores entrevistados, ocorreram melhorias após a participação da associação da qual participa nos programas de Extensão Rural, através das ações voltadas para a gestão da associação. Dentre as melhorias percebidas no ano de 2015, destacam-se:

a) organização interna e conhecimento na associação;

b) melhoramentos no controle de caixa;

c) incentivo aos sócios a participarem nas decisões.

Pela atuação dos extensionistas junto ás associações, as orientações passadas, que como resultado puderam ser percebidos com o advento das melhorias percebidas pelos dirigentes das associações, destaca-se a importância das ações de extensão rural para as associações de cafeicultores, na manutenção das atividades relacionadas à gestão eficiente e em consonância com os preceitos legais inerentes ao associativismo.

5. Considerações finais

A presente pesquisa pautou-se em identificar as políticas públicas da ATER praticadas no Estado de Rondônia para os agricultores, além de verificar como se deu a estrutura organizacional e administrativa das associações pesquisadas, elencando quais ações de extensão rural contribuem com a gestão das associações pesquisadas, no ano de 2015. E, de acordo com os objetivos propostos neste artigo, conclui-se com os seguintes resultados:

a) Com relação as políticas da ATER praticadas no Estado de Rondônia para as associações de produtores rurais, a pesquisa mostrou que são 875 organizações sociais assistidas pela EMATER/RO, sendo 92% associações, e destas, 5% estão localizadas na zona rural do município de Cacoal. Nestas associações, as ações de extensão rural contribuíram na orientação sobre o mercado consumidor, os direitos e deveres, aspectos gerais sobre gestão administrativa, compra e venda, legislação trabalhista e fiscal, formação de instituições, elaboração de estatuo, regimento interno e outros mais.

b) Considerando os aspectos organizacionais, administrativos e a formação em gestão dos dirigentes, destaca-se em primeiro lugar que a motivação dos dirigentes em associar-se, se deu com o objetivo de alcançarem melhorias para as comunidades locais e visando o crescimento da entidade. Em segundo lugar, com relação ao nível de conhecimento dos entrevistados, a pesquisa mostrou deficiência dos dirigentes em conhecimentos ligados à contabilidade e legislação fiscal. E demonstrou que a dificuldade do acesso à informática, correspondeu a 70% dos entrevistados. Em terceiro lugar, o estudo mostrou que em 60% das associações não foi feito um planejamento anual da entidade por deficiência na formação em gestão de seus gestores. Por outro lado, destacaram-se as estratégias utilizadas por todos os pesquisados, com relação ao registro e no controle de reuniões e nos gastos financeiros, através da utilização do livro ata e do livro caixa, e por apenas 10% das associações serem informatizadas, apenas essas utilizaram planilha de custos de maneira a controlar seu fluxo operacional. E em quarto lugar, referente aos treinamentos realizados em 2015, para os dirigentes, 57% destes foi voltado para o associativismo e gerenciamento da associação.

c) No que diz respeito à contribuição que a ATER propiciou na gestão das associações rurais pesquisadas, destaca-se que em todas as entidades os dirigentes possuíam conhecimento acerca das ações de extensão rural praticados pela EMATER/RO, através de visitas mensais realizadas com o objetivo de realizar palestras, cursos e produzir manuais de orientação, contendo informações técnicas sobre ações de gerenciamento voltadas para as entidades assistidas. Ainda com relação aos cursos e palestras que foram oferecidos via extensão rural, a pesquisa mostrou que 90% dos dirigentes entrevistados receberam orientações técnicas relativas a constituição de uma associação rural, de um estatuto e de regimento interno. Ressalta-se que todas as orientações propostas inicialmente pela EMATER/RO foram aplicadas e identicadas pelos entrevistados. Identificou-se também, que 70% dos dirigentes receberam ações educativas sobre comercialização dos excedentes de produção, pesquisa de mercado, cotação de preço e alternativas de venda.

d) Com relação às ações de extensão rural voltadas para a gestão das associações, todos os entrevistados afirmaram ter recebido tais orientações, destacando-se aquelas relacionadas à prestação de contas, ao ordenamento dos livros de controle: caixa e ata e organização administrativa da associação. Constatou-se também, que em 90% das associações assistidas, foi concedido apoio da EMATER/RO posteriormente as orientações, com objetivo de acompanhar tais ações.

e) Em relação a percepção dos agricultores entrevistados acerca dos treinamentos em gestão recebidos via extensão rural, 80% dos entrevistados consideraram relativamente baixa a quantidade recebida no ano de 2015, evidenciando certa carencia na capacitação e na formação desses dirigentes. Por outro lado, com relação a percepção dos agricultores entrevistados acerca das políticas em geral de extensão rural recebida em 2015, apenas 20% dos entrevistados consideram baixa a quantidade, levando a concluir que a contribuição da extensão rural conseguiu de certa forma atender a demanda das associações rurais. Convém destacar, que os entrevistados identificaram melhorias na gestão da associação após participação nos programas de extensão rural relizados pela EMATER/RO, sendo estas relacionadas à organização estrutural, no controle de caixa e no nível de esclarecimento dos dirigentes aumentando desta forma, o incentivo aos sócios a participarem nas decisões.

Por fim, o estudo mostrou que a extensão rural contribuiu com as ações relacionadas à gestão agrícola das entidades assistidas. Por outro lado, o estudo apontou a necessidade da EMATER/RO em intensificar novas estratégias voltadas ao aprimoramento e ao acompanhamento dessas ações de gerenciamento, de maneira a consolidar o processo de gestão junto aos seguimentos da agricultura familiar.

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1. Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional – PPGDR – Universidade Regional de Blumenau – FURB. Email: charles@unir.br

2. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional – PPGDR – Universidade Regional de Blumenau - FURB. Email:  lronaldo815@gmail.com

3. Doutor em Geografia pela Universidade de São Paulo – USP – Professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional – Mestrado e Doutorado - PPGDR – Universidade Regional de Blumenau – FURB. Email: gilbertofrieden@gmail.com

4. Doutora em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais – UFRGS –Professora do Programa de Pós-Graduação em Gestão Estartégica De Organizações – Mestrado – PPGGEO .Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. URI Campus Santo Ângelo. Email: vanusa.casarin@gmail.com


Revista ESPACIOS. ISSN 0798 1015
Vol. 38 (Nº 24) Año 2017

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