ISSN 0798 1015

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Vol. 38 (Nº 06) Año 2017. Pág. 3

Clusters e competitividade: Um levantamento sobre a produção científica na base Web of Science

Clusters and competitiveness: A survey on scientific production inthe base Web of Science

Claudete Rejane WEISS 1; Glauco SCHULTZ 2; Letícia de OLIVEIRA 3

Recibido: 17/08/16 • Aprobado: 23/09/2016


Conteúdo

1. Introdução

2. Referencial Teórico

3. Método

4. Análise e Discussão dos Resultados

5. Considerações Finais

Referências


RESUMO:

Clusters são empresas interconectadas com características marcantes que revelam um papel importante da localização, para alcançar vantagem competitiva. O objetivo do presente estudo é analisar as publicações sobre clusters e competitividade, no período de 1998 a 2015. Nesse sentido, fez-se uma pesquisa bibliométrica na base de dados web of Science com índice de citações, ISI Social Citation Indexes. Foram encontrados 515 artigos relacionados a clusters e competitividade que estavam inseridos, principalmente, nas áreas de economia (economics) e geografia (geography). Os resultados indicaram que os países com maior número de publicações são: Estados Unidos, Inglaterra e Espanha.
Palavras-chave: teorias clássicas; aglomerados produtivos; competitividade

ABSTRACT:

Clusters are companies interconnected with striking features that reveal an important role of location to achieve competitive advantage. The aim of this study is to analyze the publications about clusters and competitiveness in the period of 1998-2015. In that sense, a bibliometric research in database web of science was performed with citation index, ISI Citation Indexes. Around 515 articles related to clusters and competitiveness that were inserted mainly in the areas of economics and geography were found. The results indicated that the countries with the highest number of publications are United States, England and Spain.
Keywords: classical theories; production clusters; competitiveness

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1. Introdução

O tema aglomeração produtiva é um fenômeno antigo, mas, o termo “cluster”, o qual pode ser tomado como tradução de Arranjos Produtivos Locais (APLs), foi abordado pela primeira vez por Michael Porter no livro The Competitive Advantage of Nations (1990), e aprofundou-o no livro On Competition (1998). O autor desenvolveu a teoria dos aglomerados partindo do pressuposto que as indústrias competitivas de um país não estão distribuídas de maneira uniforme por toda a economia, elas estão ligadas em agrupamentos, que são chamados “clusters”; que são constituídos de indústrias relacionadas por ligações de vários tipos. Desse modo, os países não obtêm êxito competitivo em indústrias isoladas, e sim em agrupamentos de indústrias ligadas por relações verticais (comprador/fornecedor) e horizontais (clientes, tecnologias, etc.) nesse processo.

A pesquisa acadêmica de aglomerações teve início no século XIV, quando o economista Alfred Marshall dedicou um capítulo do livro Principles of Economics (1890) sobre as externalidades das localizações industriais especializadas, no qual o próprio Porter relata nas suas publicações.

Clusters são relevantes para o desenvolvimento regional, pois, obtêm-se vantagens competitivas para as indústrias locais, capacitando-as para atuarem globalmente; a cooperação entre os agentes de uma cadeia produtiva são fundamentais para a competitividade do setor. Portanto, a importância do tema clusters e competitividade tornaram-se relevante nos países desenvolvidos estendendo-se também aos países emergentes e em desenvolvimento.

A publicação do livro On Competition (1998) por Michael Porter é o marco principal das pesquisas científicas, a respeito de clusters e competitividade. Entretanto, o trabalho parte da premissa que as publicações intensificaram-se  após a publicação e divulgação da obra.

 O objetivo do artigo é analisar as publicações sobre o tema na base Web of Science, no período de 1998 a 2015. Utilizando-se a base Web of Science verifica-se as publicações no contexto mundial, observando-se o índice de citações ISI Citation Indexes dos artigos mais citados.

O presente trabalho está estruturado em quatro seções, além desta introdução. Na segunda seção, apresentam-se as abordagens teóricas utilizadas sobre aglomeração produtiva até a evolução do termo “clusters”. A seguir apresenta-se a metodologia de pesquisa utilizada.  Na terceira seção, serão tratados os resultados. E, por último as considerações finais.

2. Referencial Teórico

A teoria clássica pode ser considerada o ponto de partida para uma série de abordagens teóricas sobre aglomeração produtiva ou teorias locacionais das atividades econômicas, visto que a literatura teve uma evolução e aplicação ao longo do tempo até chegar ao termo clusters. Para Vale e Castro (2009) as chamadas “conformações organizacionais e espaciais” vêm fomentando pesquisas no contexto da economia, da sociologia e da teoria das organizações. Esse tema durante um período longo foi negligenciado pela evolução do pensamento econômico. Entretanto, o Quadro 1 mostra o recorte dos principais autores, tempo e traços comuns e  distintos, aqui abordados.

O desenvolvimento econômico com base regional foi introduzido de forma intensa pela Geografia Econômica Alemã, dentro os quais se podem destacar: Von Thünen (1966), Weber(1957), Cristaller (1933), Lösch (1954) e Isard (1956, 1969)que centram suas atenções em duas variáveis: a distância e o espaço. A preocupação central dos modelos de localização industrial e agropecuária é minimizar os custos de transporte.

Os autores citados anteriormente são considerados da economia tradicional da localização industrial, ou seja, da economia clássica ou neoclássica. Essa teoria apresenta limitações e restrições em função de serem teorias estáticas que se limitam a quantificar os custos e os lucros na determinação ótima da firma em determinada região. Portanto, a concentração de transportes que redução de custos e as aglomerações industriais são relevantes nessas teorias, mas, o desenvolvimento regional seria estaria atrelado como uma consequência microeconômica da localização (FOCHEZZATO, 2010).

Marshall (1920) é considerado o autor mais conhecido acerca da temática de economias de aglomeração na teoria clássica, pois, a ideia de economias externas à firma que também são conhecidas como economias de aglomeração consideram a sua estrutura produtiva com suas interligações comerciais e tecnológicas, partindo para uma analise dinâmica. Portanto, as economias de escala estão inerentes à produção interna da firma, mas, também podem ser geradas externamente a elas.

Conforme Marshall (1919) três vantagens pode ser identificadas, para os chamados distritos industriais: atrair fornecedores especializados e locais; a qualificação dos recursos humanos na localidade e a difusão de informações, mais especificamente, os spilloversque provocam externalidades positivas, gerando a chamada “atmosfera industrial”.

  Quadro 1 - Contribuições teóricas em Aglomerados Produtivos

Traço em Comum

Custo de transporte

Distância e espaço

Interligações setoriais

Economias de aglomeração

Externalidades dinâmicas

Tecnologia e inovação

Competitividade

VonThünen (1826):

O Estado Isolado

Perroux (1955)

Pólos de Crescimento

Marshall (1982) e Schumpeter (1911)

Teorias clássicas da localização

Teoria da nova Geografia Econômica

Paul Krugman (1911)

Retornos crescentes e concorrência imperfeita

Weber (1826)

Teoria da Localização de Indústrias

Myrdal (1956)

Causação Circular Cumulativa

Teoria da Organização industrial

Escola de Harvard

Porter (1993)

Teoria do Diamante

Distância e políticas públicas

Christaller (1933)

Os Lugares Centrais

Lösch (1954)

A Ordem Espacial da Economia

Hircshman (1958)

Efeitos para frente e para trás

Teoria Institucionalista

Williamson (1985)

Teoria dos Custos de Transação

Isard (1956)

Localização e Economia Espacial

Fonte: Groupe de Recherche Européen surles Mileux Innovateurs (apud, Fochezatto, 2010)

Na década de 1980 convém destacar a teoria dos Pólos de Crescimento de Perroux (1955), Myrdal (1960) precursor do princípio da “causação circular e cumulativa” de onde surgiram os conceitos de “circulo vicioso”amplamente utilizado na literatura. E, Hirschman (1984), trouxe importantes contribuições para a análise do desenvolvimento econômico e regional; relacionadas ao princípio do backward and forward linkages (efeitos a jusante e a montante).

Conforme Perroux (1967), o crescimento econômico é irregular, manifestando-se em determinados pólos e gerando desequilíbrios, o que propicia a abertura e fechamento de determinadas indústrias, tornando-se um ambiente instável economicamente. As indústrias motrizes minimizariam a instabilidade, cujas taxas de crescimento são mais elevadas do que a taxa média de crescimento do produto industrial e do produto da economia nacional.

Na década de 1990 surge a proposta da Nova Geografia Econômica, tendo como principal autor, Krugman (1991a, b). A contribuição mais importante da teoria é a introdução dos retornos crescentes e a concorrência imperfeita que levam uma nova forma de pensar a organização industrial. Entretanto, os rendimentos crescentes de escala, as externalidades de demanda e os custos de transporte, são basicamente os fatores que ocasionam desigualdades regionais.

A escola chamada institucionalista apresenta dois conceitos: a teoria dos custos de transação, desenvolvida por Williamson (1975, 2005), e as abordagens dos sistemas produtivos e inovativos locais que associam elementos da economia evolucionária com proposições originárias de Schumpeter (1911), ambas são relevantes para o estudo da concentração geográfica das atividades econômicas. Contudo, a inovação tecnológica está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico, considerando a importância dos spillovers (transbordamentos) de conhecimento.

A contribuição mais relevante da teoria institucionalista é pensar uma maneira diferente que os indivíduos têm dificuldades para processar todas as informações disponíveis. Pois, parte-se do pressuposto de que toda troca envolve custos de transação que existem por causa da: racionalidade limitada, incerteza, oportunismo, complexidade e especificidade dos ativos (WILLIAMSON, 1975; 2005).

As empresas localizadas em aglomerações podem reduzir seus custos de transações entre elas, por meio de transferências simplificadas quando a distância é insignificante. Pois, a empresa cliente tem a possibilidade de optar por um fornecedor localizado próximo, para ganhar vantagem em relação a um concorrente, que tem de percorrer longas distâncias para discutir um acordo com seu fornecedor. Portanto, redução dos custos de interação com parceiros comerciais co-localizados podem, assim, ser a melhor alternativa para este mecanismo (SCOTT, 1993).

Porter (1999) destaca três fatores como resultados da interação entre empresas e instituições que formam um cluster: aumento dos níveis de produtividade, a melhoria da capacidade de inovação e criação e atração de novas empresas. Esses fatores têm a capacidade de motivar as condições competitivas positivas frente aos seus concorrentes localizados em outras regiões. No entanto, ressaltam que a política governamental é a variável fundamental no nível dos aglomerados, que deve reforçar e promover aqueles que já estão estabelecidos, em vez de criar outros inteiramente novos podem surgir a partir do êxito dos estabelecidos.

A crítica central das pesquisas de Porter acerca da temática clusters e competitividade está relacionado ao utilizar, apenas uma abordagem teórica que se detêm em descrever a história, ao invés de utilizar dados estatísticos. Entretanto, existem outros estudos relevantes com base em estatísticas industriais que mostram um elevado e crescente nível de aglomerações, em uma ampla gama de indústrias. Como o trabalho do Krugman (1991a) que calcula o coeficiente Gini para 106 indústrias nos Estados Unidos, e, concluiu que grande parte das indústrias estão localizadas em agrupamentos.

Malmberg e Maskell (1999) mostram que a maioria das indústrias em quatro países nórdicos (Suécia, Finlândia, Noruega e Dinamarca) intensificaram o processo da aglomeração ao longo de 20 anos, apesar do fato de que indústria de transformação tomadas em conjunto, tornaram-se mais disperso ao longo do mesmo período. E, Isaksen (1996) identificou 143 aglomerações na Noruega nas quais eram responsáveis por um quinto do emprego nacional no total.

3. Método

O presente artigo foi desenvolvido na perspectiva de uma pesquisa bibliométrica, buscando ampliar o conhecimento na área de estudo relacionada a Clusters e Competitividade, e verificar quais as áreas, instituições, autores e artigos mais citados nesse tema.

A bibliometria refere-se à análise matemática e estatística de potenciais tendências e padrões pela análise de documentação escrita (DIODATO, 1994). No entanto, cabe ressaltar que a área mais importante da bibliometria é a análise de citações, uma vez que, contribuem para o desenvolvimento da ciência, constituindo-se em importantes fontes de citações (ARAÚJO, 2006).

Para Hirsch (2005), a quantificação do impacto e a relevância da produção científica individual é, muitas vezes, necessária para a avaliação de pesquisadores e comparação de propósitos. A partir desse princípio, Hirsch apresentou o h-index (índice-h) em sua pesquisa “An index to quantifyan individual’s scientific research output”.Esse índice possibilitou ao pesquisador conhecer os autores mais citados a nível internacional.

A análise dos dados deste estudo manteve-se nas abordagens de pesquisa qualitativa indireta e quantitativa. Quanto aos dados quantitativos, procurou-se investigar as seguintes variáveis: total de publicações, os autores, áreas temáticas, tipos de documentos, título das fontes, anos das publicações, instituições e países. Em termos qualitativos, foram analisados os assuntos dos artigos que receberam o maior número de citações.

A seguir são abordadas as etapas da coleta de dados da presente pesquisa bibliométrica.

3.1 Etapas para a coleta de dados

A coleta das informações utilizadas nesta pesquisa foi realizada por meio do sistema Web of Science do índice de citações Social Sciences Citation Index (SSCI) o qual foi publicado pela primeira vez em 1956. O site disponibiliza periódicos de alto impacto na produção científica (Garfield, 1963).

A Figura 1 demonstra que a pesquisa dividiu-se em três etapas. Na etapa 1, foi digitada a palavra clusters e competitiveness como tópico no campo de pesquisa no período de 1998 a 2015. Dessa maneira, foram levantadas as informações e filtradas para executar a etapa 2: número total de publicações, áreas temáticas, tipo de documentos, autores, título das fontes, instituições, agências de financiamento, ano das publicações, idiomas e países

Figura 1 - Etapas da pesquisa

Fonte: Elaborado pelos autores

Na etapa 3, foram analisados os artigos que receberam o maior número de citações por autor, isto é, informações sobre ano das publicações, países, instituições, periódicos e autores dos artigos encontrados. Posteriormente, é realizada uma análise mais aprofundada dos quatro artigos com maior número de citações no período de análise.

4. Análise e Discussão dos Resultados

4.1 O Estudo do Assunto Clusters e Competitividade nas Publicações da Web of Science

Em um primeiro momento, foi pesquisado o termo Clusters e Competitiveness (competitividade) no critério tópico na Web of Science. Como resultados foram encontrados 515 publicações, as quais se apresentam dividas em: área temática, autores, tipos de documentos, título da fonte, ano das publicações, instituições, agências de financiamento, idiomas e países.

Em relação às áreas temáticas que abrangem o estudo de clusters e competitividade, foram evidenciadas, conforme mostra o Quadro 2, as dez  primeiras áreas que obtiveram o maior número de publicações.

Quadro 2 - Áreas temáticas no estudo de Cluster e Competitividade

Áreas temáticas

Nº de Publicações

1.Economia(Economics)

173

2. Geografia (Geography)

127

3. Estudos Ambientais(EnvironmentStudies)

127

4. Planejamento e Desenvolvimento (Planning &Development)

97

5. Gestão (Management)

95

6.Estudos Urbanos (UrbanStudies)

68

7. Negócios (Business)

65

8.  Pesquisa Operacional& Ciência da gestão (OperationsResearch& Management Science)

41

9. Engenharia Industrial (Engineering Industrial)

21

10. Hospitalidade, Lazer, Transporte e Turismo (HospitalityLeisure Sport Tourism)

17

   Fonte: Resultados da pesquisa

No que tange aos autores que mais publicaram sobre a temática clusters e competitividade, desconsiderando as publicações não assinadas, foram listados os 5primeiros autores a seguir: Waxell A. (4), Power D. (4), Pavelkova D.(4),Hassink R.  (3) Perez – Aleman P. (3).Observa-se que há uma paridade entre os autores com relação ao número de publicações, não existindo um autor que se destaque com uma considerável quantidade publicada.

Anders Waxell trabalha na Universidade de Uppsala é, na área de geografia econômica e é especialista em sistemas industriais e cluster. Dominic Power, também trabalha na Universidade de Uppsala, pesquisador na área de geografia econômica, principalmente estudando as indústrias culturais com ênfase especial na Suécia. Drahomíra Pavelkova atua na Universidade Tomas Bata, localizada na República Tcheca e desenvolve pesquisas sobre benefícios e desempenho dos clusters. Robert Hassink é professor da Universidade Kiel – Alemanha, pesquisador na área de geografia econômica, essencialmente em sistemas inovativos regionais. E por último, Paola Perez-Aleman, professora da Universidade MgGill, Montreal – Canadá, atua em pesquisas com ênfases em  clusters e redes de empresas que constroem capacidades tecnológicas e,  implementam práticas de produção sustentável, em países emergentes e em desenvolvimento.

Entre as 515 publicações encontradas 486 são artigos (94,37% do total de publicações), 27 são papers de anais, 17 são resenhas, 6materiais editorias e 6  resenhas de livros. Quanto aos títulos das fontes que mais publicaram, verificou-se uma concentração das instituições européias, a seguir:European Planning Studies (30), Regional Studies (25), Environment and planning(16), Entrepreneurship and Regional Development (13) Technovation (12), Journal of Economic Geography (11),International Journal of Technology Management (9, Growandchange (9) e Economic Development quarterly (9).

Observando-se o histórico temporal das publicações envolvendo os termos clusters e competitividade (Gráfico 01), constata-se um aumento significativo na última década, intensificando-se a partir de 2007 e o maior número de publicações ocorreu em 2012.

Gráfico 01-  Número de Publicações por ano

Fonte: Resultado da pesquisa

As nações que apresentaram maior número de publicações são de origem americana e inglesa, conforme gráfico 02. Além disso, Espanha ,Itália, Alemanha, Holanda e Suécia também estão entre os dez, isso significa que a Europa e os Estados Unidos, apresentaram um destaque dentro do tópico pesquisado. Por fim, é válido ressaltar que as pesquisas acadêmicas de brasileiros nessa área apresentam-se de forma insignificante, ocupando o vigésimo quarto lugar dentro de um contexto global.

Gráfico 2 - Os 10 países com maior número de publicações sobre clusters e competitividade

Fonte: Resultados da pesquisa

O cenário internacional das publicações a respeito de cluster e competitividade está concentrado nos países desenvolvidos. Analisando-se as publicações de Porter (1999), inicialmente também se concentraram nas manufaturas envolvendo a produção de revestimentos cerâmicos na Itália, instrumentos de monitoramento médico nos EUA, máquinas de impressão na Alemanha e robôs no Japão. Entretanto, existe uma preocupação nos países desenvolvidos em incentivar os agrupamentos ou aglomerados produtivos por meio de políticas locais, para gerar competitividade no mercado internacional.

4.2 Perfis das publicações mais citadas

O número de citações avalia a relevância do artigo de uma determinada área de estudos, tendo em vista que outros autores estão utilizando um mesmo artigo para contribuir para o estado da arte de um tema. Dessa forma, Figura 2 demonstra os artigos com maiores número de citações na pesquisa realizada.

  Figura 2 -  Relação das publicações mais citadas

Artigos mais citados

Nº de citações

Location, competition, and economic development: Local clusters in a global economy.

Por: Porter, M.

Publicado em: EconomicDevelopmentQuarterly 14 (1),p.p. 15-34, 2000.

803

Deconstructing clusters: chaotic conceptoor policy panacea?

Por: Martin, R; Sunley, P

Publicadoem; Journal of  Economic Geography3 (1), p.p. 5-35, 2003.

678

The elusive concept of localization economies: towards a knowledge-based theory of spatial clustering

Por: Malmberg, A; Maskell, P.

Publicado em: Environmentand Planning 34 (3), p.p. 429-449, mar. 2002.

487

How does insertation in global value chains affect upgrading in industrial clusters?

Por: Humphrey, J; Schmitz, H

Publicado em: Regional Studies 36 (09), p.p.1017-1027,dez. 2002.

424

The economicperformanceofregions

Por: Porter, M.

Publicado em:Regional Studies 37 (6-7), p.p. 549-578, 2003.

362

The selective nature of knowledge networks in clusters: evidence from the wine industry

Por: Giuliani, E.

Publicado em:JournalofEconomicGeography 07 (2), p.p.139-168, 2007.

214

Upgrading in global value chains: Lessons from Latin American clusters

Por: Giuliani, E.;Pietrobelli, C. Rabellotti, R

Publicadoem: World Development 33 (4) p.p. 549-573, 2005.

170

Knowledge systems and technological dynamism in industrial clusters in developing countries

Por: Bell, M; Albu, M.

Publicadoem: World Development 27 (9), p.p. 1715-1734, 1999.

158

Related variety, trade linkages, and Regional Growth in Italy

Por: Boschma R., Iammarino, S.

Publicado em: EconomicGeography 85 (3), p.p. 289-311,2009

153

Face-to-face, buzz, and knowledge bases: sociospatial implications for learning, innovation, and innovation policy

Por: ASHEIM, Bjorn; COENEN, Lars; VANG, Jan

Publicadoem: Environment and Planning C-Government and Policy 25 (5), p.p.655-670, 2007.

152

Fonte: Resultados da pesquisa

Nesta perspectiva, verifica-se, que entre todos os trabalhos nesta temática, com maior número de citações é o estudo de Porter (2000), o qual apresentou 803 citações, número superior aos demais trabalhos.

No segundo texto mais citado, 678 citações, os autores criticam a teoria de cluster de Porter, que se tornou referência a nível mundial. Os autores apontam que o conceito é vago, considerando-se um modelo universal e determinista que não pode ser adotado para todos os países. Dessa maneira, os políticos ou administradores públicos estão correndo o risco de estar comprando a “marca” Porter.

O terceiro texto apresenta 487 citações e discute requisitos básicos para estabelecer-se  uma teoria específica do cluster onde a aprendizagem é a questão central, considerando-se .dois componentes principais: a  existência do cluster de um lado e sua organização interna.   

No quarto artigo mais citado,com 424 citações, os autores argumentam que os clusters estão inseridos em cadeias de valor globais de diversas formas, mas, isso pode trazer consequências positivas ou negativas em relação aos esforços de modernização a nível local. Os autores citam como exemplo de sucesso o Cluster do setor calçadista do Vale dos Sinos, que iniciaram a produção com pequenos produtores, cresceram e  com modernização do setor inseriram-se no mercado dos Estados Unidos.


            

5. Considerações Finais

O levantamento das publicações abrigadas na base Web of Science com o índice de citações Social Citation Indexes ISI no período de 1998 a 2015 (17 anos) resultou em 515 trabalhos relacionados a clusters e competitividade. O maior salto nesse período ocorreu em 2006, com 23 artigos para 46, em 2007.  Esses artigos estavam inseridos, principalmente, nas áreas de economia (economics) e geografia (geography). O maior número de publicações (55) referente ao tema analisado foi encontrado no European Planning Studies e Regional Studies, que são periódicos de relevância na área estudada.

Os autores que mais publicaram e mais citações obtiveram são europeus e estão lotados na Universidade de Uppsala, localizada na Suécia, constituindo-se em um grupo de pesquisadores de referência nos estudo em clusters e competitividade. Ademais, é válido destacar o predomínio de Estados Unidos, Inglaterra e Espanha como os países com maiores números de publicações. O Brasil, por sua vez, não aparece entre os dez primeiros no ranking referente a número de publicações por países.

O perfil das publicações mostra que os países desenvolvidos avançaram mais rapidamente, em termos de pesquisas científicas, comparando-se aos países emergentes e em desenvolvimento. Portanto, ações, estratégias e políticas são essenciais para o desenvolvimento econômico local ou regional, mesmo num mundo globalizado.

Referente ao conteúdo dos artigos encontrados e, principalmente, aqueles com maior número de citações, verifica-se que o estado da arte na temática cluster e competitividade ainda está em processo de consolidação, com predomínio, em termos teóricos, dos estudos de Porter. Verifica-se que as publicações de Porter influenciaram de forma acentuada o crescimento do número de publicações na área.  Entretanto, através da pesquisa percebe-se que dentre os estudos de economia regional dão destaque às economias de aglomeração, mas, a teoria utiliza uma série de termos que nem sempre ficam claramente definidos e diferenciados.

Os resultados desta pesquisa são relevantes para a construção do conhecimento científico sobre clusters e competitividade. Porém, deve-se considerar como limitação do estudo o fato de ele ter sido realizado utilizando-se apenas periódicos vinculados à Web of Science visto que este trabalho não deve ser considerado conclusivo tendo em vista que uma investigação com maior profundidade pode apresentar resultados divergentes com os aqui encontrados.

Referências

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___________The Economics of governance.The American Economic Review; v.95, n.2, p. 1-18, 2005.

1. Doutoranda em Agronegócios/UFRGS. Mestrado em Integração Latino-Americana.  Professora da Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC.  E-mail: rejaneweiss@yahoo.com.br

2. Doutorado em Agronegócios; Mestrado em Agronegócios. Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Econômicas - FCE/DERI/UFRGS e do Centro de Estudos e Pesquisas em Agronegócios – CEPAN, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. E-mail: glauco.schultz@ufrgs.br

3. Doutorado em Agronegócios; Mestrado em Administração. Professora Adjunta da Faculdade de Ciências Econômicas - FCE/DERI/UFRGS e do Centro de Estudos e Pesquisas em Agronegócios – CEPAN, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. E-mails:leoliveira13@gmail.com


Revista ESPACIOS. ISSN 0798 1015
Vol. 38 (Nº 06) Año 2017

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