Espacios. Vol. 37 (Nº 37) Año 2016. Pág. 2

A etnoconservação no contexto da agrobiodiversidade: diálogos entre os saberes científicos e locais em tempos de crise ambiental

Ethno conservation in the context of agrobiodiversity: dialogues between scientific knowledge and local environmental crisis times

Mauricio Eduardo Chaves e SILVA 1; João Batista LOPES 2; Roseli Farias Melo de BARROS 3; Nelson Leal ALENCAR 4; Lígia Michelle Silva MENDES 5

Recibido: 06/07/16 • Aprobado: 22/07/2016


Conteúdo

1. Introdução

2. Questões ambientais na relação homem-natureza: integrando saberes

3. Agrobiodiversidade na agricultura camponesa: tradição e territorialidade

4. Conhecimentos tradicionais e conservação da agrobiodiversidade

5. Considerações finais

Referências


RESUMO:

Os agricultores camponeses, caracterizam-se por serem grupos que constroem, há gerações, um complexo sistema de conhecimento acerca da natureza, no qual assume-se que seus saberes e práticas sobre sua agrobiodiversidade envolvem conexões entre características humanas e elementos naturais, capazes de coexistir dentro de certo equilíbrio com a natureza. O presente estudo bibliográfico, por meio de uma perspectiva dialética, teve como objetivo apontar para uma integração entre a ciência de tipo ocidental e os saberes das populações locais, para que se promova a produção de novos saberes orientados para a construção de sistemas agroalimentares socialmente justos, economicamente viável e ecologicamente sustentável.
Palavras-chave: Conhecimento tradicional; Agrobiodiversidade; Agricultura camponesa.

ABSTRACT:

The peasant farmers are characterized by being groups that have built, for generations, a complex system of knowledge about the nature in which it is assumed that their knowledge and practices on agrobiodiversity, involve connections between human characteristics and natural elements, able to coexist within a certain balance with nature. The bibliographic present study, through a dialectical perspective, aimed to point to an integration between the western type of science and the knowledge of local people, in order to promote the production of new oriented knowledge for building socially fair agrifood systems, economically viable and environmentally sustainable.
Keywords: Traditional Knowledge; Agrobiodiversity; Peasant agriculture.

1. Introdução

Ao longo da história a relação entre o homem e o seu meio foi item de fundamental importância na chamada luta pela sobrevivência. A ligação entre as pessoas e os espaços em que vivem permite que essas desenvolvam estratégias de resistência às mudanças dos componentes temporais e espaciais, favorecendo a (re)construção de paisagens correspondentes aos mecanismos socioculturais adquiridos. Assim, a existência de determinado grupo social pressupõe a busca de um equilíbrio entre suas necessidades e os recursos naturais dos quais lhes são disponíveis, requerendo por parte do grupo, soluções adequadas que promovam a sustentabilidade que se procura estabelecer.

Com o reconhecimento da humanidade acerca da existência de uma crise ambiental, torna-se evidente que em todo planeta se busque formas mais harmoniosas de interação com os recursos naturais em quaisquer que sejam os espaços vividos. Neste cenário, esse debate se estende ainda mais quando nos referimos aos chamados povos e comunidades tradicionais, pois se constituem em grupos sociais que, secularmente estabelecem estreita relação com os recursos naturais, e deles dependem diretamente para satisfazer suas necessidades vitais.

A interação desses povos com o extenso ambiente natural em que vivem, está ancorando o campo da pesquisa científica interdisciplinar, a etnoecologia, voltada ao estudo dos conhecimentos, sentimentos e comportamentos que intermeiam as relações entre as populações humanas e os demais elementos do ecossistema (Marques, 2001). Esse novo enfoque cognitivo, das etnociências, se ocupa em saber como determinadas culturas conseguem conhecer e interagir com seu mundo biológico, e dessa forma, favorecer para o reconhecimento da importância do papel das populações locais para a conservação da biodiversidade nas suas distintas formas de apropriação da natureza (Posey, 1987; Begossi, 1993).

Neste cenário, entendemos que a manutenção da agrobiodiversidade1 nos sistemas agrícolas tradicionais2 no contexto dos saberes dos agricultores camponeses3 vem a ser uma riqueza cultural resultante das interações humanas com os recursos naturais no ambiente onde esses grupos estão inseridos, com produtos e estilos de vida que promovem a continuidade de uma paisagem favorável à sua sobrevivência e reprodução cultural. Portanto esses agroecossistemas quando mantêm formas de manejo tradicionais, remontam a processos de adaptabilidade e ancestralidade característicos de estratégias produtivas, para a permanência dos recursos em disponibilidade às atuais e futuras gerações (Noda et al., 2012; Lima et al., 2013).

Várias formas de conhecimento e uso da agrobiodiversidade, em pesquisas no mundo, apresentam grande importância na realidade cotidiana das populações locais, representando importantes estratégias para a etnoconservação e como consequência geração de renda e inclusão social (Awanyo, 2009; Shen et al., 2010; Khumalo et al., 2012; Grenade & Nabhan, 2013; Jagoret et al., 2014; Radanielina, Carrière & Serpantié, 2014). Nos últimos anos, no Brasil, vêm crescendo o número de trabalhos relacionando os conhecimentos tradicionais aos aspectos de uso, manejo e conservação da agrobiodiversidade (Menasche, Marques & Zanetti, 2008; Zuchiwschi, Fantini & Peroni, 2010; Santili, 2012; Noda et al., 2012; Lima et al., 2013, Emperaire & Eloy, 2014; Cavechia et al., 2014).

Dessa forma, no atual processo de agravamento da crise ambiental a que o planeta se encontra submetido, novos marcos paradigmáticos se fazem necessários para a construção de um novo sistema de referências de práticas sociais capazes de reorientar os grupos humanos rumo a conexões sustentáveis que os ligam com a natureza.

Nesse sentido, por meio de um estudo bibliográfico, abordaremos conceitos e questionamentos que integram as questões ambientais ao pensamento científico em estudos relacionados às etnociências e biodiversidade agrícola, com a finalidade de caminharmos para a formação de um pensamento que envolva uso sustentável da sociobiodiversidade e conservação nos agroecossistemas tradicionais, com o objetivo de promover a produção de novos saberes orientados para a construção de sistemas agroalimentares socialmente justos, economicamente viável e ecologicamente sustentável.

Para tanto, utilizando-se de princípios fundamentais no campo teórico da etnoconservação e agroecologia, os tópicos a seguir foram elaborados por meio de ferramentas da dialética, na qual permite destacar a importância da discussão sobre o intercruzamento de ideias entre os saberes científicos e tradicionais, possibilitando que a compreensão desta nova perspectiva para a conservação da natureza promova uma melhoria na qualidade da segurança alimentar e nutricional dos agricultores camponeses.

2. Questões ambientais na relação homem-natureza: integrando saberes

A complexidade e a interdisciplinaridade na questão ambiental surgem aproximadamente na segunda metade do século XX, a partir de uma crise que se manifesta pelo fracionamento do conhecimento e pela degradação do ambiente. Para o seu entendimento, faz-se necessário um conhecimento integrador das questões da natureza e da sociedade que supere os conceitos e metodologias disciplinares, agregando-se construções teóricas novas, na qual a estratégia epistemológica deve ser oposta ao positivismo lógico (Leff, 2000).

Reconhecemos que os problemas ambientais são sistemas complexos, e suas soluções partem de ideias fundadas em uma visão holística da realidade e nos métodos da interdisciplinaridade que permitam a integração das ciências da natureza e da sociedade.

[...] Dessa maneira, pretende-se libertar o conceito de terra e de recursos, das formas limitadas de significação do natural submetido à racionalidade econômica, que levaram a desnaturalizar a natureza de sua organização ecossistêmica para convertê-la em recurso natural, em matéria-prima para apropriação produtiva (e destrutiva) da natureza (Leff, 2002, p.41).

Ao analisarmos a relação homem e natureza dentro de uma perspectiva marxista, utilizando como exemplo, as culturas tradicionais, Diegues (2008) afirma que estas, caracterizam-se por apresentarem modos de produção pré-capitalistas, próprios de sociedades em que o trabalho ainda não se tornou mercadoria, onde há grande dependência dos recursos naturais e dos ciclos da natureza, em que a dependência do mercado existe, mas não é total. E que por este motivo, o manejo dos seus recursos tornam-se diferenciados, uma vez que não visa ao lucro, mas está interligado a seus modos de vida, adicionado de percepções acerca da compreensão dos elementos da natureza.

Para Leff (2000), é indispensável à criação de políticas ambientais que integre o conhecimento científico e o saber tradicional, criando transformações metodológicas e de conhecimento capazes de orientar a produção econômica, comportamento social e o uso da natureza. No Brasil, tem crescido o número de pesquisas em etnociências, que buscam como estratégia metodológica, a participação das comunidades nos processos de construção de conhecimento sobre o manejo e conservação dos ecossistemas (Begossi 1993; Marques, 2001; Hanazaki, 2003).

Vale ressaltar que, a grande maioria dos projetos e pesquisas que envolvam o manejo florestal comunitário (MFC) destacam a importância de inserção da comunidade como agente do processo, ao passo que possibilita sua representatividade na tomada de decisões formais em relação aos recursos utilizados (Amaral & Amaral Neto, 2005). Esses estudos reforçam a ideia de que manejo de ecossistemas significa uma relação de conhecimento e ação entre as populações e seus ambientes (Diegues, 2008).

Segundo Barenho, Copertino & Calloni (2008), os diferentes saberes tradicionais acerca da realidade, aos poucos têm sido resgatados e considerados para o estudo e compreensão dos ecossistemas, à medida que fornecem práticas derivadas da convivência diária com seu meio natural, experiências essas que aliadas ao saber científico, podem responder de maneira satisfatória às possíveis alterações nos ambientes, contribuindo para a superação da ideia de que o conhecimento científico é o único capaz de resolver os problemas associados ao manejo e conservação dos recursos naturais.

Diegues (2000) comenta que, as ciências naturais, como conjunto de métodos, é um corpo de conhecimentos que não está separado das forças sociais e devem ser entendidas no contexto social do seu tempo, sendo historicamente desenvolvidas, culturalmente localizadas e coletivamente produzidas. Ainda, segundo o autor, a diferença entre conhecimento tradicional e o científico é mais de grau (quantitativo) do que de tipo (qualitativo), pois se utiliza, mesmo que de maneira mais informal, de métodos elaborados de inferência e reflexão.

Portanto, Toledo (1998), afirma que tanto a diversidade cultural quanto a diversidade biológica devem ser consideradas e respeitadas da mesma forma, pois tratar a herança natural de um lugar sem resguardar as culturas que lhe vêm dando vida, é reduzir a natureza a algo estático e sem reconhecimento.

Em seu clássico O pensamento selvagem, Lévi-Strauss (1989) retrata justamente isso, pois coloca que, baseado em uma visão cosmológica que aprecia todas as coisas do universo, a classificação do pensamento primitivo se relaciona com seus mitos e com sua vida diária. Não por acaso, Lévi-Strauss irá afirmar que, ao estudarmos estes povos, não nos basta apenas identificar cada elemento de forma individual (planta, animal, pedra, lua, estrela, etc.), mas sim conhecer o papel que cada cultura lhes atribui dentro de um sistema de significações. Em sua obra ele retrata, por exemplo, que:

Os indígenas têm um aguçado senso das árvores características, dos arbustos e das ervas próprias de cada "associação vegetal", tomando essa expressão em seu sentido ecológico. Eles são capazes de enumerar nos mínimos detalhes e sem nenhuma hesitação as árvores próprias para cada associação, o gênero de fibra e de resina, as ervas, as matérias·primas que fornecem, assim como os mamíferos e pássaros que freqüentam cada tipo de habitat. Na verdade, seus conhecimentos são tão exatos e detalhados, que sabem também nomear os tipos de transição[...] Para cada associação, meus informantes descreviam sem hesitar a evolução sazonal da fauna e dos recursos alimentares (Lévi-Strauss, 1989, p. 61).

De acordo com Lévi-Strauss (1989), os conhecimentos primitivos compõem a “Ciência do Concreto”, a qual se distingue da ciência ocidental moderna, ainda que se encontre no mesmo padrão conceitual e metodológico. Enquanto esta última possui um objeto para investigação definido, que tem como finalidade a satisfação das necessidades humanas, a ciência do concreto busca o conhecer pelo conhecer e, tal como a ciência ocidental, fundamenta-se em constatações empíricas:

De tais exemplos, que se poderiam retirar de todas as regiões do mundo, concluir-se-ia, de bom grado, que as espécies animais e vegetais não são conhecidas porque são úteis; elas são consideradas úteis ou interessantes porque são primeiro conhecidas. Pode-se objetar que uma tal ciência não deve absolutamente ser eficaz no plano prático. Mas, justamente, seu objeto primeiro não é de ordem prática. Ela antes corresponde a exigências intelectuais ao invés de satisfazer às necessidades (Lévi-Strauss, 1989, p. 24).

Nesse contexto, podemos inferir de certa forma que, tanto o conhecimento tradicional e o científico de tipo ocidental apresentam bases epistemológicas parecidas, uma vez que ambos se baseiam em constatações empíricas, a diferença entre eles está apenas em relação à construção de seus sistemas de pensamento e referências, assim como quanto às formas de comunicação e reprodução dos saberes construídos.

3. Agrobiodiversidade na agricultura camponesa: tradição e territorialidade

O Brasil apresenta-se como potência mundial em termos de diversidade biológica, além de ser um dos países de maior diversidade cultural (Ribeiro, 1995). Várias sociedades indígenas, cada uma delas com formas próprias de inter-relacionamento com seus respectivos ambientes, desenvolveram, ao longo do tempo, formas de adaptação a toda essa variedade de ecossistemas presente no território nacional, dando origem ao que chamamos de culturas tradicionais (Begossi, 1993; Diegues & Arruda, 2001).

Segundo Little (2002), essa imensa diversidade sociocultural foi acompanhada de diferentes formas de uso e ocupação das terras, fato esse que sempre esteve presente na formação dos territórios. Nesse sentido, o autor define a territorialidade “[...] como o esforço coletivo de um grupo social para ocupar, usar, controlar e se identificar com uma parcela específica de seu ambiente biofísico, convertendo-a assim em seu território” (Little, 2002, p.3).

Os sujeitos sociais ao reconhecerem-se como pertencente de algum grupo social particular, mediante cultura tradicional própria, estão assim inseridos no processo de formação de identidade (Little, 2002). Partindo desse pressuposto, Diegues (2008) destaca que as culturas tradicionais possuem padrões de comportamento que são transmitidos socialmente e que estão relacionadas com um tipo de organização econômica e social que não prioriza a acumulação de capital.

Para Little (2002), a cosmografia de um grupo inclui, portanto, seus regimes de propriedade, os vínculos afetivos que mantém com sua terra, a história da sua ocupação guardada na memória coletiva, o uso social que dá ao território e suas formas de conservação e manejo na defesa e manutenção dos seus recursos naturais.

A diversidade cultural e a redefinição das conexões entre sociedade e natureza, garantem a gestão territorial e o manejo dos espaços e recursos naturais. Descola (1997) argumenta que, além dos conhecimentos técnicos sobre os elementos da natureza, o conjunto de crenças religiosas e mitologias devem ser consideradas uma espécie de saber ecológico transposto, constituindo-se essas cosmologias, uma espécie de transposição simbólica das propriedades objetivas de determinado espaço, território, ambiente.

Como forma de reafirmar a importância do reconhecimento, valorização e o respeito à diversidade socioambiental existente no país, instituiu-se por meio da aprovação do Decreto nº 6.040/07, a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT) que objetiva promover o desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades tradicionais, com ênfase no reconhecimento, fortalecimento e garantia dos seus direitos territoriais, sociais, ambientais, econômicos e culturais, com respeito e valorização à sua identidade, suas formas de organização e suas instituições. No Art. 3, vale destacar que o decreto presidencial considera o seguinte:

Povos e Comunidades Tradicionais são grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição (BRASIL, 2007).

O fortalecimento das cadeias produtivas da sociobiodiversidade é meta fundamental para possibilitar a integração do desenvolvimento econômico do Brasil, com a conservação do meio ambiente, a inclusão social e produtiva de povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares com respeito às suas especificidades culturais e étnicas.

Dessa forma, como os saberes e práticas tradicionais dos agricultores camponeses contribuem para formação de produtos da sociobiodiversidade brasileira, Diegues & Arruda (2001) acrescenta que os agricultores tradicionais caracterizam-se por estarem dentro do grupo de populações tradicionais não-indígenas, por reconhecerem-se como pertencente a um grupo social particular, mediante cultura tradicional própria.

A agrobiodiversidade nos corpos de saberes dos agricultores camponeses representa uma vasta combinação entre os aspectos sociais, culturais e ambientais. Nos agroecossistemas tradicionais as relações mantidas entre o homem e a biodiversidade agregam às culturas, elementos adaptativos que servem de base para a subsistência e reprodução social dessas populações locais. Tais sistemas agrícolas se destacam como uma das formas mais antigas de manejo e uso da terra, pois evidenciam a existência de um complexo conjunto de conhecimentos adquiridos que se mantém através da tradição herdada.

Machado, Santilli & Magalhães (2008) destacam elementos importantes dos sistemas agrícolas desenvolvidos por pequenos agricultores. Afirmam que o fortalecimento de políticas públicas voltadas à conservação e ao uso sustentável da agrobiodiversidade e o estímulo às pesquisas dirigidas à agricultura familiar são considerados fundamentais à adoção de um modelo de agricultura sustentável, essencial à segurança alimentar das populações humanas.

Nesse contexto, os agricultores brasileiros tiveram que se adaptar aos distintos ecossistemas que ocuparam para garantir seu sustento basicamente a partir dos recursos naturais disponíveis (Zuchiwschi, Fantini & Peroni, 2010), tendo acumulado um extenso conhecimento sobre sua diversidade agrícola, principalmente dos recursos vegetais e do manejo do ambiente em que vivem, e aliado a isso, verifica-se a necessidade de manutenção dessa diversidade nos seus agroecossistemas, a fim de estabilizar a produção, manter a resiliência do sistema e garantia de segurança alimentar (Amorozo, 2010).

O termo agrobiodiversidade ou diversidade agrícola foi elaborado na Convenção da Diversidade Biológica (CDB) nos anos 1990. Neste documento a agrobiodiversidade é definida como:

"Um termo amplo que inclui todos os componentes da biodiversidade que têm relevância para a agricultura e alimentação, e todos os componentes da biodiversidade que constituem os agroecossistemas: as variedades e a variabilidade de animais, plantas e microorganismos, nos níveis genéticos, de espécies e ecossistemas, os quais são necessários para sustentar funções chaves dos agroecossistemas, suas estruturas e processos" (BRASIL, 2006, p.44).

Desta forma, a definição de agrobiodiversidade por se tratar de um termo amplo, mantém-se ainda em processo de construção/formulação, no entanto há um consenso de que se trata de um componente com forte vínculo com os seres humanos. Este componente se manifesta por meio de saberes e práticas sobre o ambiente, até tradições e costumes por meio de preferências alimentares, festividades, ritos e religiosidade.

No entanto, Araújo & Amorozo (2012) ressaltam que, principalmente com o processo de modernização na agricultura, grande parte do espaço agrícola brasileiro pode estar sendo modificado, provocando o abandono de formas tradicionais de produção, causando impactos em relação à diversidade genética e possíveis ameaças à segurança alimentar e nutricional das populações humanas. Para Altieri (2010), a revolução verde, ainda que tenha melhorado a produção de certos cultivos, mostrou não ser sustentável ao causar danos ao meio ambiente, provocando perdas de biodiversidade e erosão genética do conhecimento, além de ter favorecido somente os agricultores mais ricos, à medida que deixou muitos agricultores pobres mais endividados.

Assim, o manejo da agrobiodiversidade sob princípios agroecológicos, ou seja, o manejo sustentável na produção de alimentos, tem sido visto como uma das ferramentas estratégicas para a sustentabilidade de agroecossistemas, quer na recuperação das condições socioeconômicas e ambientais, quer proporcionando segurança e soberania alimentar (Mutadiua, Stolf & Abreu, 2014).

A agroecologia é uma ciência emergente que busca estudar os agroecossistemas integrando conhecimentos de várias outras ciências (Altieri, 2012), e deve funcionar como instrumento de desenvolvimento sustentável, à medida que busca propostas de ação social coletiva que enfrentam a lógica depredadora do atual modelo produtivo agroindustrial, para substituí-lo por outro, que orienta para a construção de novos saberes que contribuam para uma agricultura socialmente justa, economicamente viável e ecologicamente sustentável (Leff, 2002).

Os sistemas de manejo de recursos naturais, assim como a relação das populações tradicionais com o território, constituem-se em um relevante aporte para a compreensão das inúmeras formas de relacionamento com a natureza. As atividades dos grupos tradicionais apresentam-se complexas, pois constituem formas múltiplas de relacionamento com os recursos naturais. É exatamente esta variedade de práticas que contribui para a reprodução dos grupos, possibilitando também uma construção da cultura completamente integrada à natureza, configurando portanto, um inseparável continuum de saberes e formas de uso, manejo e conservação dos recursos naturais.

4. Conhecimentos tradicionais e conservação da agrobiodiversidade

Neste cenário, vem emergindo um importante campo de investigação por meio de um intenso diálogo entre as ciências naturais e sociais, denominada de etnoconservação, em que se aponta para a necessidade da proteção dos recursos naturais associando os conhecimentos tradicionais das populações humanas à conservação natureza (Diegues, 2000).

A etnoconservação insere novos direcionamentos para o conservacionismo, principalmente em países como o Brasil, e pode ser considerada como uma das soluções capazes de minimizar a intensa destruição da natureza ocasionada pelo modelo econômico capitalista de desenvolvimento, à medida que permite a conservação de maneira in situ tanto de elementos da natureza quanto os conhecimentos tradicionais a eles associados (Pereira, Diegues, 2010).

Numa quebra de paradigma, exposta principalmente por alguns cientistas naturais, o conceito atual de conservação tenta abordar aspectos do uso humano dos recursos e ecossistemas e não apenas a proteção da biodiversidade em si. De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, conservação pode ser definida pelo:

Manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral (SNUC, 2000).

Diegues (2000) e Hanazaki (2006) enfatizam que integrando o conhecimento científico, por exemplo, da Biologia da Conservação, aos estudos de Etnoconservação, ou seja, esse novo modelo de conservação que considera também o aspecto humano, com todas suas práticas e saberes adquiridos pelo conhecimento ecológico tradicional, resultados mais satisfatórios e precisos poderiam ser alcançados.

Dessa forma, as perspectivas de análise propostas neste artigo vão de encontro ao que o antropólogo Philippe Descola (1998) sugere para algumas sociedades indígenas, na qual os animais e as plantas são percebidos como sujeitos sociais, dotados de instituições e de comportamentos perfeitamente simétricos àqueles dos homens. Tais sistemas de conhecimento estão pautados em cosmovisões nas quais homem e natureza não são entidades separadas, e a partir das quais desenvolvem práticas de uso, manejo e conservação apropriadas a ecossistemas específicos.

Descola (1998) afirma que, para os Achuar na Amazônia equatoriana, por exemplo, a floresta e as roças, não se tratam apenas de lugares na qual retiram recursos para a sua subsistência, eles constituem locais de sociabilidade com seres que, não parece fazer distinções ontológicas, interconectando-se uns aos outros, por um vasto continuum, governado por um princípio geral de reconhecimento simbólico, em que a identidade dos humanos e a natureza das plantas, dos animais, dos minerais, dos espíritos e dos ancestrais é completamente relacional, portanto, mutável.

Considerar as relações humanas e todos esses processos ecológicos como elementos de um único sistema de composição analítica, representa o que Diegues (2008) denomina de etnobiodiversidade, pois consiste na participação do homem na riqueza da natureza, sem que esta se constitua, portanto, em uma natureza selvagem e intocada. As populações locais não apenas convivem com a biodiversidade, mas nomeiam e classificam seu ambiente segundo categorias próprias. A diversidade biológica não é vista necessariamente como um recurso natural, mas como um conjunto de seres vivos que tem um valor de uso e um valor simbólico integrado a uma complexa cosmologia.

É nesse sentido, que sugerimos analisar a apropriação social da agrobiodiversidade nos sistemas agrícolas tradicionais, a fim de compreender os mecanismos etnoconservacionistas de um sistema eco-cultural específico, reconhecido como de fundamental importância para a manutenção da segurança alimentar e nutricional dos agricultores camponeses. No entanto, para Foladori & Taks (2004), deve-se ter cautela sobre o olhar antropológico na relação sociedade-natureza em algumas sociedades pré-capitalistas, pois não devemos cair no romantismo ambientalista daqueles que vêem nelas, um modelo de sustentabilidade socioambiental.

O Brasil apesar de ser um país mega-diverso em termos de biodiversidade agrícola, essa diversidade ainda é mal avaliada e as lógicas que subtendem sua produção, principalmente sua erosão genética, são pouco conhecidas. Os sistemas agrícolas tradicionais possuem características seculares de evolução biológica e cultural. Estes agroecossistemas constituem-se essencialmente em repositórios in situ de diversidade genética (Santili & Emperaire, 2006).

A diversidade genética resultante, possibilita aos agricultores explorar diferentes microclimas, atender suas necessidades nutricionais e obter, ainda, outros benefícios através de sua utilização (Altieri, 2004). Grande parte dessa diversidade é mantida por agricultores tradicionais em seus sistemas agrícolas de baixos insumos, empregando saberes e práticas locais. A manutenção da agrobiodiversidade em suas roças, por exemplo, torna-se importante para estabilidade de sua produção, resiliência do sistema gerando maior segurança alimentar (Amorozo, 2010).

Os agricultores tradicionais preservam a biodiversidade não somente nas áreas cultivadas, mas também naquelas sem cultivos. Altieri (2004) e Emperaire (2005) apontam para a ideia da persistência de sistemas agrícolas tradicionais ancorados na diversidade ecológica e genética integrados, desse modo, formando mosaicos a outros espaços florestais, cujo processo de diversificação é também fruto da intencionalidade desses agricultores. Muitos camponeses mantêm áreas cobertas por vegetação nativa no interior ou em áreas adjacentes aos seus campos de cultivos, suprindo-se, assim, de produtos úteis, como alimentos, materiais de construção, medicamentos, fertilizantes orgânicos, combustíveis, entre outros.

Esta construção intencional da diversidade resulta de uma dinâmica interativa entre elementos socioculturais e bioecológicos específicos de cada lugar, as espécies e as variedades cultivadas são por exemplo,

[...] objetos biológicos que atendem a critérios culturais de produção, de denominação e de circulação, em constante interação com as sociedades e os indivíduos que os produzem e os modelam. São objetos cuja existência se insere em tempos e em espaços definidos por exigências biológicas, mas que são também parte da vida cotidiana e constantemente readaptados a um contexto ecológico, econômico e sociocultural (Emperaire, 2005, p.31).

Para Altieri (2004), os camponeses que trabalham com sistemas de produção tradicionais têm conhecimento e compreensão sofisticados sobre a biodiversidade agrícola que manuseiam. É por essa razão que os agroecologistas opõem-se àquelas abordagens que separam o estudo da biodiversidade agrícola do estudo das culturas que as alimenta.

As sementes crioulas, ou variedades de espécies de plantas cultivadas por comunidades indígenas, locais e da agricultura familiar, constituem recursos genéticos de inestimável valor para o desenvolvimento rural e para toda a humanidade. Estas “sementes” constituem-se no estoque de diversidade genética de praticamente todas as espécies e variedades usadas na agricultura para alimentação humana (mandioca, milho e feijão, dentre outras). Suas principais características são a alta variabilidade genética, a rusticidade e o processo de seleção fortemente influenciado pelos agricultores. As sementes constituem-se no elemento mais antigo da agricultura, sendo que o conhecimento do homem (técnicas de manejo, seleção, suas preferências, dentre outros) sempre foi um fator determinante sobre a sua seleção. Pode-se inferir que este conhecimento cultural humano encontra-se na constituição genética das sementes crioulas (Stella; Kageyama & Nodari, 2006, p.45).

No entanto, segundo Robert et al. (2012), vários podem ser os fatores que têm efeitos diretos sobre os sistemas agrícolas tradicionais e de uso dos recursos, por exemplo, ocupação do território e disputas pelos recursos naturais, êxodo rural, crescimento demográfico, modernização da agricultura, políticas públicas, entre outros, pois favorecem a uma homogeneização das espécies cultivadas e das técnicas agrícolas, dependência maior do mercado, relações acentuadas com a cidade, uniformização dos modelos e hábitos alimentares.

Dessa forma sugere-se que, assim como o intercâmbio entre os agricultores, os cientistas também possam trocar informações sobre os padrões de conhecimento e uso da agrobiodiversidade dos povos tradicionais em todo território brasileiro, analisando semelhanças e diferenças para fins de criação de políticas públicas ancoradas em princípios da etnoconservação e que levem em conta saberes e práticas locais. Um bom exemplo, seria políticas voltadas para conservação de sementes.

Devido ao fato das sementes crioulas, também denominadas variedades locais, se constituírem em material genético altamente adaptado aos locais onde são mantidas. Estas podem ser consideradas essenciais para a autonomia e desenvolvimento sustentável da agricultura familiar (pelo fato dos agricultores dominarem as técnicas de cultivo, melhoramento e produção de sementes) e para a segurança alimentar, pois incluem as principais espécies da dieta humana (Stella; Kageyama & Nodari, 2006, p.45).

Leff (2002) comenta que um caminho a ser adotado seguiria princípios adotados pela agroecologia, pois a mesma surgiu de uma interação entre os agricultores e professores/pesquisadores que se rebelaram frente à deteriorização da natureza e da sociedade, tornando-se parceiros comprometidos com a busca de estratégias sustentáveis na produção de alimentos.

A construção da agrobiodiversidade por parte dos saberes das populações bem como sua manutenção e conservação da diversidade se apoiariam nas dinâmicas espaço-temporais dos agroecossistemas, em suas várias atividades e práticas (caça, pesca, extrativismo, roça, quintais) que orientam suas necessidades.

Portanto, em se tratando de forma específica dos agricultores camponeses, tentar compreender e interpretar os saberes desses sujeitos sociais, requer a valorização de suas relações com a natureza, por meio de seus saberes e práticas tradicionais, e que para a compreensão dessa realidade, sugerimos que estudos que envolvam a etnoconservação associada à manutenção da agrobiodiversidade, permita o cruzamento e diálogo em pé de igualdade entre as diversas formas de conhecimento.

5. Considerações finais

O conhecimento das práticas e representações dos diferentes grupos assume grande importância para a intervenção na crise ambiental, pois esses grupos vêm elaborando ao longo do tempo um profundo conhecimento sobre os ecossistemas, o que lhes vem garantindo a reprodução de seus sistemas social e cultural. Suas atividades constituem múltiplas formas de relacionamento com os recursos, sendo essa diversidade de práticas um artefato que assegura a reprodução dos grupos, possibilitando a construção de formas próprias de uso, manejo e conservação dos recursos naturais.

Em relação aos agricultores camponeses tradicionais, estamos diante de grupos que constroem, há gerações, um complexo sistema de conhecimento acerca da natureza. Seus saberes e práticas de manejo sobre sua agrobiodiversidade são conduzidas por regras partilhadas entre e dentre os grupos familiares, envolvendo conexões entre características humanas e elementos naturais nos seus agroecossistemas. É importante ressaltar essas populações como importantes personagens para a proteção de seus sistemas de produção, pois existe a necessidade em protegê-los para garantia de segurança alimentar e nutricional. Dessa forma, apresentam modos de vida humana capaz de coexistir dentro de certo equilíbrio com a natureza.

O diálogo entre a ciência de tipo ocidental e os saberes das populações locais, em especial os agricultores camponeses, aparece aqui como um elemento central para a produção de novos saberes no campo da conservação. Portanto, sugerimos a necessidade de se estabelecer a união dos conhecimentos provenientes do meio científico com as culturas locais, para uma melhor compreensão das formas de conexão com a natureza, partindo-se do pressuposto de que esses dois tipos de conhecimento são igualmente importantes para o trato de uma questão ambiental que atualmente se impõe.

Notas

  1. Utilizaremos os termos “agrobiodiversidade”, “diversidade agrícola” e “biodiversidade agrícola” como sinônimos neste trabalho.
  2. Quando falamos em “sistemas agrícolas tradicionais” ou “agroecossistemas tradicionais”, nos referimos a sistemas de produção voltados principalmente para a subsistência, com utilização de insumos locais e tecnologia simples.
  3. A ideia de “agricultor camponês”, “agricultor familiar” ou “agricultor tradicional” tratada nesse texto, se refere aos conceitos discutidos por Amorozo (2013), na qual esses sujeitos sociais são grupos de indivíduos ligados por laços de parentesco, tanto biológico como ritual, com um alto grau de conhecimento do ambiente onde vivem.

Referências

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1. Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UFPI). Email: mauricio.ecologia@gmail.com
2. Professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Centro de Ciências agrárias, Departamento de Zootecnia. Teresina, PI, Brasil. Email: lopesjb@uol.com.br
3. Professora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UFPI), Departamento de Biologia. Teresina, PI, Brasil. Email: rbarros.ufpi@yahoo.com.br

4. Professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Departamento de Biologia. Teresina, PI, Brasil. Email: nelsonalencar@hotmail.com

5. Programa de Pós-Graduação em Sociologia (UFPI), Brasil. E-mail: ligiamendesa.s@gmail.com


Revista Espacios. ISSN 0798 1015
Vol. 37 (Nº 37) Año 2016

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