Espacios. Vol. 37 (Nº 34) Año 2016. Pág. 27

Estruturas de governança dos arranjos produtivos locais de móveis. Estudo de caso para o APL de Arapongas, no Paraná, no início do século XXI

Governance structures of local productive arrangements of furniture. Case study for the APL from Arapongas, Paraná, at the beginning of the 21st century

Angelo RONDINA NETO 1; Antonio Carlos de CAMPOS 2

Recibido: 27/06/16 • Aprobado: 25/07/2016


Conteúdo

1. Introdução

2. Economias de aglomeração e as estruturas de governança

3. Arranjos produtivos de móveis no Brasil e o APL de Arapongas

4. Metodologia: Modelo de análise e estudo de caso

5. Resultados e discussões

6. Conclusões

Referências

Apêndice – Modelo de questionário utilizado


RESUMO:

É crescente a ênfase na literatura econômica sobre a estrutura organizacional das firmas e a forma como essas se organizam em determinado espaço territorial. Nesse contexto, a estrutura de governança entre os agentes desses aglomerados produtivos é central à condução desses em busca de maior eficiência coletiva. Assim, o objetivo do trabalho é analisar as estruturas de governança existentes nos Arranjos Produtivos Locais (APLs) que atuam no setor de móveis do Brasil, com ênfase particular no APL de Arapongas, na região Norte do Paraná. Como metodologia foi utilizado estudo de caso por meio de pesquisa de campo para o APL de Arapongas e posterior comparação dos resultados com os encontrados nos demais APLs do setor na literatura. Conclui-se que, de modo geral, pode-se observar que nos APLs do setor de móveis há um quadro de governança de âmbito local, de caráter híbrido, com várias estruturas de governança existentes num mesmo período. Todavia, dada a pouca formação de ações conjuntas diretas entre as empresas, as organizações público-privadas têm um papel importante nas estratégias de sucesso dos APLs, pela coordenação das atividades entre os agentes, conduzindo-os à maior eficiência coletiva.
Palavras-chave: Economia Regional; Arranjos Produtivos Locais (APL); Estrutura de Governança; APL de móveis de Arapongas.

ABSTRACT:

There is a growing emphasis in the economic literature on the organizational structure of firms and the way these are organized in a given territorial area. In this context, the governance structure between the agents of these production clusters is central to the conduction of those seeking greater collective efficiency. The objective of the study is to analyze the existing governance structures in the Local Productive Arrangements (APLs) operating in the furniture sector in Brazil, with particular emphasis on APL of Arapongas, in northern of the Paraná State. The methodology used was the case study through field research for the APL of Arapongas and later compare the results with those found in other clusters of the sector in the literature. It is concluded that, in general, it can be observed that the APLs of the mobile industry has a local level governance framework, with hybrid character andseveral existing governance structures in the same period. However, given the limited training of direct joint activities between companies, public-private organizations have an important role in the successful strategies of APLs, in the coordination of activities between agents, and leading them to greater collective efficiency.
Keywords: Regional Economics; Local Productive Arrangements (APL); Governance Structure; APL of furniture of Arapongas.

1. Introdução

Ao longo das últimas décadas a literatura econômica apresenta de forma crescente vários trabalhos sobre a estrutura organizacional das firmas e a forma como essas se arranjam em determinado espaço territorial. Muitos desses estudos recentes comprovam a apresentação, que remete a estudos desde Marshall (1982) no final do século XIX, que a proximidade entre firmas similares pode conduzir à obtenção de eficiência coletiva de todo o aglomerado. Dentre a essa apresentação mais regionalizada, destaca-se a centralidade apresentada pela abordagem neoschumpeteriana da inovação. Nesse contexto, a cooperação entre as firmas de uma mesma localidade pode vir a colaborar no processo inovativo das empresas, conduzindo à ideia do Sistema Regional de Inovação, braço de uma estrutura mais ampla, nacional.

Em tal contexto, o tema da governança tem sido objeto de análise dentro dos Sistemas Regionais, dado as interações presentes entre as firmas, instituições e o mercado. Haveria espaço, assim, para explicar como a governança se encontra estruturada entre os agentes da aglomeração produtiva. Ou seja, como são criadas e administradas as relações econômicas entre tais agentes de acordo com determinadas bases institucionais. Dessa forma, a maneira como a governança se encontra estruturada nas aglomerações geram condições para uma maior segurança, confiança, eficiência e qualidade nas transações da vida econômica dos agentes, podendo influenciar a competitividade do Arranjo Produtivo Local (APL).

Nesse intuito, o presente trabalho tem como objetivo analisar as estruturas de governança existentes nos arranjos produtivos locais (APLs) que atuam no setor de móveis do Brasil, com ênfase particular no APL de Arapongas, na região Norte do Paraná. Busca-se, assim, verificar se há estruturas de governança similares no setor, bem como ações públicas e privadas possíveis para colaborar com a competitividade dos APLs analisados.

O trabalho encontra-se dividido em seis seções, com essa introdução. A segunda apresenta o referencial teórico (neo) institucionalista e neoschumpeteriano que formam a base conceitual do trabalho, bem como a revisão da literatura sobre governança. A terceira parte apresenta os APLs do setor de móveis do Brasil, as características do setor industrial e o conjunto de trabalhos empíricos que analisa a governança dos APLs apresentados. A quarta parte apresenta elementos metodológicos sobre o estudo de caso realizado para o APL de Arapongas. Posteriormente, a quinta seção aponta os resultados do estudo e as relações entre as estruturas de governança do APL estudado e os resultados evidenciados na literatura. Por fim, faz-se a conclusão.

2. Economias de aglomeração e as estruturas de governança

Por governança entende-se a capacidade de comando ou coordenação que certos agentes (firmas, instituições ou algum agente coordenador) exercem sobre as inter-relações produtivas, comerciais, tecnológicas etc., de maneira a influenciar o desenvolvimento dessas. Conforme apresentado a seguir, a definição de estrutura de governança não é única entre as teorias econômicas. Porém, tais considerações teóricas podem ser utilizadas para ampliar a compreensão sobre o tema e contribuir para o entendimento de dinâmicas diferentes em espaços geográficos e com atividades distintas.

2.1. A governança na nova economia institucional e na teoria neoschumpeteriana

A chamada Nova Economia Institucional (NEI) é marcada pelo resgate, nas últimas décadas, de ideias do antigo institucionalismo. Dentre essas, salienta-se a proposição de que o comportamento dos agentes é melhor explicado por hábitos e costumes internalizados a partir do meio social, de forma que as instituições seriam a cristalização desses costumes.

Nesse âmbito, Williamson (1985), retomando ideias de Coase (1937), aponta que a firma e o mercado são formas distintas de coordenação econômica. O autor propõe o termo estrutura de governança como conceito de grande importância em sua teoria dos custos de transação. Esse termo é utilizado de maneira a identificar os diferentes arranjos contratuais que dão base institucional para as transações econômicas, na forma de contratos. Para o autor, alguns desses contratos seriam documentos completos e racionalmente redigidos, ao passo que outros seriam incompletos e relacionais, estabelecendo linhas gerais que balizariam um relacionamento mais aprofundado e por tempo indefinido.

Outro expoente da NEI, North (1990), utiliza-se da esquematização meios-fins para explicar as mudanças institucionais. Essas adviriam das ações das organizações (jogadores) sobre o ambiente institucional (regras do jogo). Dentro dessa concepção, no paradigma formulado por Coase (1937) e retomado por Williamson (1985) de “mercado-hierarquia (ou firmas)”, as estruturas de governança dariam segurança às transações particulares e concretas que ocorrem no sistema econômico, cada vez mais profissionalizadas. Nesse contexto, surgiriam, em conjunto às formas de coordenação extremas de “mercado” e “hierarquia”, também as formas híbridas. O Quadro 1 sintetiza a apresentação de Williamson (1985) sobre a estrutura de governança existente em relação à frequência das transações e à especificidade dos ativos transacionados.

Quadro 1 : Estruturas de Governança segundo Williamson (1985)

 

Especificidade dos ativos

Baixa

Mista

Alta

Frequência

Única ou ocasional

Governança Mercantil

Governança Híbrida (trilateral-ocasional)

Governança Híbrida (trilateral-ocasional)

Recorrente

Governança Mercantil

Governança Híbrida (bilateral-ocasional)

Governança Hierárquica (unificada-firma)

Fonte: WILLIAMSON (1985, p. 79).

Outras linhas teóricas também contribuem com o tema da governança nos relacionamentos entre os agentes econômicos. É o caso da perspectiva chamada neoschumpeteriana ou evolucionária. Os autores dessa vertente dão ênfase à inovação como elemento máster na dinâmica dos sistemas econômicos, resgatando ideias originais de Schumpeter (1982). Para que as atividades inovativas ocorram, todavia, faz-se necessário a cooperação entre as firmas; entre essas e o setor público e entre os produtores e os usuários (consumidores). Ou seja, para que ocorra a inovação exige-se um ambiente institucional distinto do livre mercado, como apontado por Edquist (1997) e Lundvall (1992).

As estruturas de governança, sob essa perspectiva, dão sustentação aos processos inovativos, facilitando a coordenação e a cooperação entre os agentes que existiriam em um Sistema Nacional de Inovação (SNI). Esse sistema seria a rede de instituições dos setores público e privado que, por meio de suas interações, modificariam e difundiriam as mudanças técnicas e organizacionais para toda a economia (EDQUIST, 1997). Lundvall (1992) salienta a necessidade de construir, dentro da perspectiva dos SNI, mercados organizados de maneira a desenvolver as relações usuário-produtor, uma vez que a governança de mercado seria insuficiente para impulsionar a inovação.

Nesse âmbito, Hakansson e Johanson (1993) apontam uma classificação de estruturas de governança mais geral, levando em consideração as formas que atuariam sobre os agentes: internas (relacionadas às motivações individuais e normas internalizadas); e externas (relativas às pressões exercidas pelos demais atores sobre a conduta individual). A primeira prevaleceria nas governanças de mercado e rede; ao passo que a última prevaleceria nas hierarquias (em que o comportamento dos agentes é marcado pelas normas).

Humphrey e Schmitz (2000) também identificam quatro tipos de governança, sintetizadas no Quadro 2. Essas variariam de acordo com a assimetria de poder entre os agentes e o grau de cooperação existente entre o comprador e o produtor. Assim, estabelecer-se-iam governanças de mercado, redes, relações quase-hierárquicas e hierárquicas, sendo possível a existência de várias formas de governança num mesmo local – uma vez que há uma diversidade de experiências e relações entre os agentes. Para esse caso, de haver várias formas de governança em um mesmo agrupamento produtivo, os autores dão o nome de governança híbrida.

2.2 A governança e os arranjos produtivos locais

O conceito dos SNIs da literatura neoschumpeteriana pode ser estendido conforme uma definição regionalizada. Essa é a ideia da apresentação dos Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – SPILs – (CAMPOS, 2004, p. 59), que seriam eixos regionalizados dos SNIs. Todavia, na realidade brasileira, seria possível ainda a identificação de um conjunto de aglomerações regionais ainda não totalmente consolidados como os SPILs. A esses dá se o nome de Arranjos Produtivos Locais (APLs). Ou seja, o APL seria uma aglomeração territorial de agentes com foco em um conjunto específico de atividades econômicas (LEMOS, 2003, p. 80-81), mas que ainda não estariam tão consolidados.

Quadro 2: Tipos de governança e seus determinantes

Tipos de Governança

Determinantes

Relações com o Mercado

O comprador e o produtor não colaboram entre si na definição do produto.

Ou o produto é padrão, ou o produtor define sem levar em conta as preferências do cliente.

Há baixos riscos para o comprador.

O conhecimento dos compradores sobre o local pode surgir por meio da reputação dos produtores ou de um fabricante em particular

Redes

A cooperação entre os pares dá-se mais ou menos de forma igual.

O produtor e o comprador definem o produto em conjunto.

Governança mais comum quando tanto o comprador quanto o produtor se demonstram inovadores e têm tecnologias próximas.

O risco é minimizado, pois o produtor costuma ter alto nível de competência

Quase-hierárquica

Alto grau de controle do comprador sobre o produto.

O comprador define o produto.

O comprador tende a perder desempenho, caso os produtores não estejam à altura – qualidade e eficiência.

A alta competência do produtor não é generalizada.

Os compradores investem em produtores específicos e assim tentam amarrar sua cadeia

Hierárquica

Compradores têm propriedade direta nas operações.

O comprador define o produto que pode envolver a tecnologia do produtor.

O risco de uma baixa performance aumenta para o fornecedor, independentemente se o comprador utilizar o atributo da qualidade da marca.

Esses fatores favorecem o controle direto do processo de produção.

Fonte: Elaborado a partir de Humphrey e Schmitz (2000).

Tal como no caso dos SNIs apresentados anteriormente, as estruturas de governança são fundamentais para a articulação e a cooperação entre os agentes do APL, podendo-se separar os tipos de governança interna e externa, conforme proposto por Hakansson e Johanson (1993).

No tocante à governança interna, a descrição de Becattini (1994) é referência. O autor classifica os distritos industriais italianos, sobretudo verificados na chamada Terceira Itália, como um conjunto complexo de fenômenos, com especificidades e com uma caracterização que extrapola as relações de complementariedade e cooperação entre um conjunto de pequenas empresas. Nesses a governança seria definida por normas sociais, relacionadas às comunidades locais.

A partir dessas considerações, Markusen (1995) verificou as inter-relações entre firmas com diversos tamanhos, dentro e fora dos sistemas produtivos. A autora apresenta quatro tipos de estruturas ou distritos: o industrial marshalliano, o centro radial (hub and spoke), o plataforma satélite e o ancorado pelo Estado. O trabalho conclui que, apesar da grande quantidade de citações e comparações com relação aos distritos industriais marshallianos na literatura, elas não se confirmam na prática, tanto para países desenvolvidos como em desenvolvimento – predominaria a presença dos demais distritos. Essas considerações têm uma implicação sobre a estrutura de governança predominante, não tão dispersa entre os agentes dos distritos ou somente pelas normas sociais – como elencado por Becattini (1994) –, mas, nesses outros casos, com uma tendência de existência de coordenação entre eles, bem como entre esses agentes dos distritos e outros presentes no ambiente externo.

Para Schmitz e Nadvi (1999), a governança de um APL só ocorre a partir do momento em que os agentes locais buscam ir além do aproveitamento das vantagens comparativas externas decorrentes da aglomeração em uma dada localidade. Assim, os agentes procuram tomar iniciativas coletivas e desenvolver ações conjuntas, buscando dessa forma estreitar as interdependências existentes e visando alcançar a eficiência coletiva, como apontado por Schmitz (1997).

O trabalho de Coró (2002) retoma a apresentação das estruturas de governança no contexto dos APLs. Para tanto, ele analisa seus ambientes de governança interna e externa desses. Em âmbito externo, o APL seria entendido como um “nó” de uma ou mais redes, podendo estar sujeito a diferentes tipos de governança na relação global-local. Em âmbito interno, a governança seria entendida a partir dos agentes e instituições do aglomerado e seus processos de auto regulação locais. Haveria três sistemas possíveis de governança: a primeira relacionada às interações de mercado; a segunda coordenada pelos governos intermediários, assegurados pelas associações de representação; e a terceira, a partir da racionalidade organizativa das médias e grandes empresas (presentes nos distritos).

2.3 Análises empíricas sobre estruturas de governança

Seguindo a apresentação das estruturas de governança proposta por Hakansson e Johanson (1993), classificam-se a seguir os estudos empíricos sobre o tema a partir das formas externas e internas às firmas e agentes dos distritos.

Em âmbito externo, Storper e Harrison (1991) apresentaram um dos primeiros estudos empíricos sobre as estruturas de governança. O objetivo de seu trabalho é analisar as hierarquias formadas nas cadeias de produção e distribuição de mercadorias. Os autores puderam constatar a existência de estrutura anteriormente apresentadas por Williamson (1985); ou seja, de que as relações de poder são governadas pelo mercado de um lado (mecanismos de preços) e do outro pelas hierarquias, impostas por agentes com maior participação de mercado. É constatado também a existência de relações intermediárias de governança, estabelecidas pelas relações vigentes entre os agentes.

O estudo de Gereffi (1994), com foco sobre a análise de cadeias produtivas verifica a existência de estruturas de governança coordenadas por grandes firmas. Essas, por mais que não desempenhem papel direto na atividade produtiva, têm atuação central na governança de toda a cadeia produtiva, atuando na transmissão de informações para a produção e nas melhorias de produtos. A estrutura de governança das cadeias produtivas é também considerada por Gereffi, Humphrey e Sturgeon (2005), em que os autores constatam a assimetria de poder nas cadeias produtivas em favor dos produtores e distribuidores.

Em âmbito das estruturas de governança internas aos sistemas locais de produção, podem ser destacados os trabalhos de Scott (1998) e Lombardi (2003). O primeiro verifica a importância da construção social de ativos político-culturais localizados como base para a existência de ações coletivas. Já o segundo apresenta a necessidade do controle do fluxo de informação e conhecimento sobre as características de demanda, tipologia de produtos e tendências de mercado dentro dos sistemas de produção.

No contexto da estrutura de governança local nos APLs para o Brasil, Suzigan, Garcia e Furtado (2007), após apresentar os fundamentos analíticos sobre governança nos APLs, apresentam dois casos ilustrativos: do APL de calçados de Franca (SP) e de móveis de Votuporanga (SP). Os autores frisam a importância do agente coordenador para a estruturação do modelo de governança e desenvolvimento dos respectivos APLs.

O trabalho de Cário e Nicolau (2012) se destaca na análise da governança dos APLs brasileiros. Os autores analisam 28 arranjos de diferentes regiões do Brasil, apontando a presença de um padrão de governança interna razoável entre os setores de atividade. Dentre os APLs analisados, quatro atuam no setor de móveis, sendo utilizados como parâmetros ao presente trabalho.

O modelo de Cário e Nicolau (2012) é delineado tendo como base as apresentações teóricas supracitadas de Williamson (1985), Häkansson e Johanson (1993) e Humphrey e Schmitz (2000). Nesse contexto, a estrutura de governança de um APL é analisada conforme dois aspectos: os graus de especificidades das relações de produção (gerais ou específicas); e as formas que predominam no APL (se de interesses ou por via de normas). Assim, pode-se verificar a existência de quatro estruturas de governança existentes no APL: i) Contratual (ou de rede); ii) Hierárquica; iii) Mercantil; e iv) Associativa.

3. Arranjos produtivos de móveis no Brasil e o APL de Arapongas

O setor de produção de móveis é um setor industrial tradicional da economia. Como tal, seus produtos são encontrados de maneira mais fácil do que outros de setores mais intensivos em tecnologia.

Maskell (1996, 1998) apresenta dois tipos de cenários na indústria internacional de móveis: antes e depois do processo de globalização. No primeiro cenário os países desenvolvidos (como a Europa e Estados Unidos) produziam internamente os móveis, concentrando em seus próprios países a cadeia produtiva e exportando, posteriormente, os produtos finalizados. Já no segundo, há uma separação entre os processos de planejamento e design do produto (etapa que possibilita a maior parte da geração de inovações, no sentido neoschumpeteriano), concentrada nos países desenvolvidos, e da parte efetivamente de produção, concentrada em países subdesenvolvidos (MASKELL, 1996).

O autor constata ainda que a governança global do setor de produção de móveis é marcada pelo varejo nos países desenvolvidos. Nesses países, grande parte dos produtores são firmas de tamanho pequeno, operando com distribuidores especializados organizados em cadeias globais de produção – como é o caso da inglesa Habitat e a sueca IKEA.

3.1 APLS de móveis no Brasil

No Brasil pode-se perceber que as firmas do setor produtivo de móveis tendem a ser pequenas e médias, como comumente se observa para os setores tradicionais. Pode-se notar também que elas se concentram nas Regiões Sudeste e Sul, como apresentado na Tabela 1, que elenca os municípios com maior quantidade de firmas no setor.

Tabela 1 : Distribuição das firmas de móveis segundo quantidade de empregados e localização em 2011

Município

UF

Firmas segundo a quantidade de Empregados*

0

1 a 4

5 a 9

10 a 19

20 a 49

50 a 99

100 a 249

250 a 499

500 a 999

Mais que 1000

Total

São Paulo

SP

70

441

193

145

87

12

6

0

0

0

954

Belo Horizonte

MG

18

144

61

35

24

7

0

0

0

0

289

Bento Goncalves

RS

20

86

51

48

38

13

9

3

3

0

271

Brasília

DF

39

132

54

29

12

2

1

1

0

0

270

Curitiba

PR

18

133

52

34

18

4

2

0

0

0

261

Fortaleza

CE

29

101

54

36

21

3

1

0

0

0

245

Goiânia

GO

21

112

60

24

21

3

1

0

0

0

242

Ubá

MG

17

46

38

33

37

16

17

4

0

1

209

Caxias do Sul

RS

13

122

33

14

11

4

3

2

0

0

202

Rio de Janeiro

RJ

11

71

49

35

22

9

3

0

0

0

200

São Bento do Sul

SC

8

49

24

31

25

15

8

2

0

0

162

Arapongas

PR

8

38

21

20

24

11

26

6

4

0

158

Maringá

PR

12

86

26

19

10

3

0

0

0

0

156

S. José do Rio Preto

SP

6

52

24

19

13

8

3

1

0

0

126

Londrina

PR

12

52

29

21

6

2

1

1

0

0

124

Porto Alegre

RS

9

69

23

10

7

4

0

0

0

0

122

* Dados conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas de 1995 (CNAE 95)
para a Fabricação de Móveis com predominância em Madeira e Metal.
Fonte: RAIS (2012).

É possível perceber que as firmas do setor produtivo de móveis se concentram em dois tipos de localidades. Uma delas são os grandes centros urbanos, capitais das unidades federativas (UF) e municípios de expressividade regional – é o caso de municípios como São Paulo, Curitiba e Londrina, por exemplo. O outro conjunto de localidades são cidades com menor quantidade populacional, tais como Bento Gonçalves, Ubá, São Bento do Sul e Arapongas.

Independente de espaços locacionais, ao se analisar a quantidade de empregos gerados no setor, percebe-se o predomínio dos APLs com a maior geração de empregos, como apontado na Tabela 2.

Tabela 2 : Pessoas ocupadas na indústria de móveis em 2011 por sua localização - município

Município

Quantidade de empregados*

Arapongas (PR)

10.668

Ubá (MG)

8.624

São Paulo (SP)

8.590

Bento Goncalves (RS)

7.899

São Bento do Sul (SC)

4.285

Linhares (ES)

3.010

Rio de Janeiro (RJ)

2.616

Ponta Grossa (PR)

2.502

Belo Horizonte (MG)

2.399

Gramado (RS)

2.361

São Jose do Rio Preto (SP)

2.208

Curitiba (PR)

2.199

Caxias do Sul (RS)

2.116

Dois Irmãos (RS)

2.112

Rio Claro (SP)

2.047

Fortaleza (CE)

1.990

* Dados conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas de 1995 (CNAE 95)
para a Fabricação de Móveis com predominância em Madeira, Metal e Outros Materiais.
Fonte: RAIS (2012).

Tais APLs do setor de móveis têm, de maneira geral, pouca inserção nas cadeias globais de produção – como destacado para o panorama geral do setor mundial conforme Maskell (1996). Isso é apresentado por Cunha (2006), em sua análise de cinco APLs do setor de móveis [3]. A ênfase produtiva dos APLs seria o mercado interno, com pouca influência da governança externa sobre os arranjos. A exceção à essa constatação seria o APL de São Bento do Sul, em Santa Catarina. Esse arranjo tem, conforme Cunha (2006) e Comerlatto e Lins (2008), ênfase produtiva para o mercado externo, contando com grande influência de redes atacadistas internacionais na governança das ações do APL.

Cunha (2006) destaca também, na questão das estruturas de governança, alguns pontos em comum nas aglomerações estudadas. Essas seriam: o aproveitamento de vantagens competitivas primárias ou estáticas (que não tem perspectiva assegurada de persistirem no longo prazo); o uso de governança de mercado nas relações técnico-produtivas; predominância do individualismo e de comportamento pouco aberto à cooperação; e a não percepção de relações de parcerias entre grandes empresas do setor e seus fornecedores (CUNHA, 2006, p. 339). Essas constatações corroboram com as apresentações analisadas para a estrutura de governança do APL de móveis de Bento Gonçalves apontadas no estudo de Motta (2002).

O trabalho de Cário e Nicolau (2012), anteriormente apresentado, estuda especificamente quatro APLs do setor de móveis: Grande Vitória (ES), Linhares (ES), Oeste de Santa Catarina e Ubá (MG). Os autores destacam a governança em três eixos: Associativa, Contratual e Mercantil. De modo geral, as conclusões específicas aos APLs do setor de móveis estudados revelam média a baixa importância atribuída pelas firmas das aglomerações às estruturas de governança apontadas.

3.2 O APL de móveis de Arapongas

O município de Arapongas, no norte do Paraná, é o 12º em concentração de firmas do setor de móveis brasileiro, conforme apresentado anteriormente pelos dados da RAIS (2012). Todavia, é o 1º em quantidade de empregos diretos gerados. Isso significa que os estabelecimentos possuem maior número de trabalhadores, em média, comparado ao verificado para o Brasil. Além disso, cabe destacar que a aglomeração de empresas transcende a esfera municipal, podendo ser notada nos municípios limítrofes. A distribuição espacial das atividades moveleiras paranaenses é apresentada na Figura 1.

Figura 1 : Distribuição da indústria de móveis no Paraná em 2011

Fonte: Elaborado pelos autores a partir de RAIS (2012).

A importância da atividade industrial é grande para o município, contando com 67,31% do PIB de Arapongas, conforme SIMA (2013). Por outro lado, conforme IEMI (2012), o APL produz 9,88% do PIB Nacional do setor de móveis. Essas constatações são suficientes para se caracterizar o APL como Núcleo de Desenvolvimento Setorial-Regional pelo IPARDES (2006), conforme classificação proposta no trabalho de Suzigan et al. (2004).

O APL já fora objeto de estudo de trabalhos empíricos anteriores. Tais trabalhos têm seus objetivos e conclusões sintetizados no Quadro 3.

Quadro 3 : Síntese dos trabalhos empíricos sobre o APL de móveis de Arapongas

Trabalho

Objetivo/Conclusão

Souza (1998)

Realizar uma apresentação histórica e bibliográfica sobre as firmas de móveis do município.

É apresentado a evolução do crescimento das principais firmas do APL, evidenciando a origem local do capital dos empresários e a importância das políticas municipais e do Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (SIMA) para consolidação do APL.

Rede APL (2006)

Elaborar um Plano de Desenvolvimento do APL.

É apresentado as características do APL, com o objetivo de indicar objetivos e ações previstas, de forma a angariar apoio para consolidação do APL e aumentar sua produção, exportação, produtividade e valor agregador.

IPARDES (2006)

Nota técnica. Objetiva subsidiar tecnicamente as ações da Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral (SEPL) na apresentação da caracterização, evolução e identificação de elementos de cooperação entre os agentes do APL.

Câmara et al (2006)

Analisar as estratégias competitivas do APL.

Os autores se utilizam de uma pesquisa de campo realizada em 2000 e 2001, com 33 firmas. Com base em uma abordagem institucionalista e neoschumpeteriana, o trabalho conclui indicando um elevado potencial de crescimento setorial – que veio a se efetivar com o crescimento da participação do market-share das firmas, como aponta IEMI (2012).

Cunha (2006)

Analisar os mecanismos de governança dos APLs de móveis do Sul do Brasil.

O trabalho realiza pesquisa de campo com 10 empresas do APL, de pequeno e médio porte. O autor conclui identificando pontos em comum aos APLs do setor estudado.

Vargas (2009)

Analisar, com base na abordagem neoschumpeteriana, a evolução e caracterização da atividade industrial no município. Para tanto, o autor também se utiliza de pesquisa de campo com 37 firmas do APL.

Medeiros e Pintor (2010)

Avaliar as demandas apresentadas pelo APL em IPARDES (2006).

Os autores levantam as ações institucionais e de políticas públicas implementadas no APL, utilizando um modelo de organização industrial Estrutura-Conduta-Desempenho. Os autores chegam à conclusão de que a estrutura de mercado que mais se adequa ao APL é a concorrência perfeita, com as firmas apresentando uma conduta competitivo-cooperativa e desempenho eficiente.

Oliveira (2011)

Analisa os principais compartimentos de gestão logística existentes no APL. Para tanto, a autora utilizou uma pesquisa de campo com 13 firmas do APL.

Os resultados evidenciam uma estrutura e competências logísticas frágeis na maioria das firmas, evidenciando uma ampla gama de oportunidades para ganhos de produtividade às firmas do APL.

Fonte: Elaboração própria dos autores.

A partir das constatações gerais para os APLs do setor de móveis do Brasil, e para o APL de Arapongas em específico, na próxima seção apresenta-se a metodologia do estudo de caso para análise da estrutura de governança do APL de móveis de Arapongas.

4. Metodologia: Modelo de análise e estudo de caso

O modelo utilizado no presente trabalho foi delineado a partir das constatações teóricas de Williamson (1985), Häkansson e Johanson (1993) e Humphrey e Schmitz (2000) e do uso em campo de Cário e Nicolau (2012) de modelo similar. A base teórica se encontra na NEI e, sobretudo, na abordagem neoschumpeteriana, buscando apresentar a estrutura de governança do APL com base em dois aspectos: o grau de especificidade das relações de produção; e as formas internas que predominam no APL, conforme apresentado no Quadro 4.

Quadro 4 : Modelo para análise das estruturas de governança presente no APL

 

Forças internas predominantes

Interesses

Normas

Grau de especificidade de relações de produção

Relações de produção específicas

Governança Contratual ou Rede

1 – Subcontratação

2 – Ações Conjuntas

3 – Programas de Apoio

Governança Hierárquica

Relações de produção gerais

Governança Mercantil

1 – Mercado de Trabalho

2 – Mercado de Insumos

3 – Mercado de bens finais

Governança Associativa

Fonte: Elaborado pelos autores com base em Williamson (1985), Häkansson e Johanson (1993), Humphrey e Schmitz (2000) e Cário e Nicolau (2012).

O modelo busca, assim, apresentar três considerações: a primeira se refere à análise dos fatores da estrutura interna de governança do APL. Os elementos de governança externa são desconsiderados pelo modelo sem grandes perdas, haja vista as considerações de Cunha (2006) da pouca importância das estruturas externas ao APL, e conduzindo à uma maior abstração do modelo de maneira a permitir conclusões mais evidentes por meio de estudo de caso.

A segunda busca contemplar a estrutura de governança de caráter privado, de responsabilidade dos agentes diretamente envolvidos (Williamson, 1985), bem como outras formas de regulação de âmbito comunitário (Häkansson e Johanson, 1993).

Por fim, dado o conjunto de forças atuantes, busca-se analisar diversas estruturas de governança possíveis, com estruturas diferenciadas e complementares, identificadas com base nas transações entre os agentes locais e o papel das associações comunitárias do APL.

O estudo de caso fora realizado no primeiro semestre de 2013 e constou com pesquisa de campo realizada com 25 firmas de móveis do APL de Arapongas. As empresas foram selecionadas de acordo com os segmentos de atuação [4] existentes no APL, de maneira a melhor captar as informações de cada um deles. Dessa forma, a amostra pesquisada correspondeu a 15,82% das empresas do APL, sendo essas responsáveis pela geração de 89,15% dos empregos gerados [5] no APL no ano de 2012.

Considera-se, assim, que a amostra foi suficiente para a “saturação teórica” (GIL, 2002, 129), com o registro significativo das informações, estando acima da recomendação de Eisenhardt (1989, p. 546) de quatro a dez casos de análise, e em níveis intermediários aos estudos realizados anteriormente para o APL de móveis de Arapongas.

5. Resultados e discussões

Os resultados das estruturas de governança do estudo de campo são classificados em três grupos: governança contratual ou em redes; governança mercantil e governança associativa.

5.1 Governança contratual ou em redes

No tocante à governança contratual ou em redes, essa é subdividida em três eixos de análise: grau de subcontratação; de ações conjuntas; e de programas de apoio. Busca-se dessa forma analisar a inter-relação das firmas entre si e com outros agentes presentes no APL.

Pode-se verificar que somente 20% da amostra apresentam a prática de subcontratação com outras firmas do APL, sendo que todas essas se encontram no segmento de produção de estofados. Essa é uma característica própria dessa etapa de produção de estofados, estando relacionada sobretudo à realização de costura de revestimento dos produtos. Nota-se, assim, a baixa subcontratação presente no APL. Os resultados encontrados estão em consonância aos encontrados para os demais APLs de móveis pesquisados por Motta (2002), Cunha (2006), Comerlatto e Lins (2008) e Cário e Nicolau (2012).

Na pesquisa pode-se notar também que as firmas pesquisadas de modo geral atribuíam baixa importância às ações conjuntas diretas entre a empresas – 87,5% da amostra consideravam-na não expressiva. Isso denota a baixa intensidade dessas relações, sendo um problema à eficiência coletiva do APL, no sentido apresentado por Schmitz (1997). Tais resultados também se encontram próximos às constatações dos autores supracitados para os demais APLs do setor moveleiro no Brasil.

No que se refere aos programas de apoio, pode-se perceber a existência deles relacionados ao setor público e a organizações de classe no APL. As empresas, de modo geral, atribuíram importância relevante a tais programas de apoio, sobretudo às relacionadas ao “Sistema S” – SEBRAE e SENAI/Centro Nacional de Tecnologia da Madeira e do Mobiliário (CETMAN) – presentes no município, com apoio técnico, principalmente no design de novos produtos. As empresas também atribuíram um médio grau de importância às universidades e centros de pesquisa da região. Todavia, essa importância atribuída pelas firmas se mostra mais diretamente à formação profissional de seus funcionários do que na pesquisa, condicionada à inovação de novos produtos.

Tais constatações, de média significância, são colocadas para grande parte dos demais APLs de móveis do Brasil. Percebe-se, porém, um diferencial com relação ao APL de Bento Gonçalves, como registra Cunha (2006). Nesse APL há a presença direta de um Campus da Universidade de Caxias do Sul (UCS) no município de Bento Gonçalves, com atuação direta no fomento ao design e à inovação em conjunto às firmas, com a presença inclusive de curso de nível superior em tecnologia de produção moveleira. Verifica-se, assim, que tais ações de sucesso podem ser adaptadas para os demais APLs do setor, de modo a aumentar a produtividade e competitividade dos mesmos.

5.2 Governança mercantil

A análise da estrutura de governança mercantil do APL de móveis de Arapongas se baseou na importância de três aspectos de mercado regionais na atuação das firmas do arranjo: sobre o mercado de trabalho; o mercado de insumos; e mercado de bens finais.

Quanto ao mercado de trabalho, as firmas pesquisadas apontaram a mão-de-obra qualificada existente na região como muito importante para a sustentabilidade operacional de seus negócios. Todavia, as firmas consideraram a oferta de mão-de-obra especializada como aquém de suas necessidades, com elevada dificuldade de contratação no período. Como evidenciado pelas três agências de emprego temporário do município, em Arapongas verificava-se uma dificuldade em encontrar trabalhadores aptos para suprir eventuais excessos de demanda por trabalho. Além dos problemas locais, as firmas colocam a elevada carga tributária relativa à contratação de novos empregados, bem como dos encargos trabalhistas, como um empecilho no mercado de trabalho. Assim, em virtude dos problemas apontados pelas empresas pesquisadas, pode-se inferir que o grau de importância dado à estrutura de governança por meio do mercado de trabalho encontra-se com média importância.

Essas considerações destoam do verificado para os demais APLs do setor. Em geral, a importância registrada pelos estudos para o mercado de trabalho tende a se mostrar como crucial para as firmas dos arranjos. Uma possível explicação para a diferenciação na atribuição de importância a esse mercado pode ser em virtude da localização geográfica do APL de móveis de Arapongas. Tal como no caso do Oeste de Santa Catarina, o APL se mostra mais “interiorizado”, distantes dos grandes centros urbanos do país relativamente aos demais APLs do setor.

Quanto à estrutura de governança relacionada ao mercado intermediário (de insumos) registrado no interior do APL, essa se mostrou importante às empresas pesquisadas, mas não crucial à operacionalização de suas atividades. Isso se mostra sobretudo em virtude de os fornecedores de matérias-primas e equipamentos, peças e componentes estarem localizados, em uma grande parte, também fora do arranjo, inclusive em regiões mais distantes e outros estados [6]. Os resultados encontram-se muito similares ao verificado para os demais APLs do setor pesquisados na literatura. Todavia, como ressalva Cunha (2006), nos APLs de Bento Gonçalves e São Bento do Sul, a importância dada pelas firmas ao mercado intermediário dentro de seus próprios APLs é de elevada importância, contrastando com as evidências para o APL de Arapongas.

Por fim, com relação ao mercado de bens finais, vê-se que a estrutura de governança é de baixa importância às firmas. Isso se dá em virtude de que o mercado consumidor prioritário dos móveis produzidos no interior do APL não se encontra no interior do próprio arranjo, mas sim nos grandes centros urbanos do país. Nos demais APLs do setor de móveis no Brasil, situação semelhante é verificada; todos produzem em grande parte para mercados fora dos APLs, o que caracteriza uma baixa importância atribuída à essa estrutura de governança pelos trabalhos da literatura. A ressalva a esse quadro está relacionada com o APL de móveis da Grande Vitória, pesquisado por Cário e Nicolau (2012). Em virtude de sua proximidade geográfica com grandes centros urbanos, a importância do mercado local no consumo dos bens finais mostrou-se muito mais elevada.

5.3 Governança associativa

Na questão da estrutura de governança associativa, que considera a importância das associações, sindicatos e cooperativas para as firmas do arranjo, para 70% das empresas essa se mostrava como significativa de modo geral, mas não de importância essencial. Ainda, para 10%, as associações e afins não se mostravam importantes para suas atividades [7]; ao passo que 20% da amostra consideravam-nas de sumária importância.

Em específico, todavia, praticamente todas empresas pesquisadas apontaram a importância do sindicato industrial (SIMA) na definição de objetivos comuns ao APL e no fomento de visões de futuro para as empresas. Também, as empresas salientaram a importância do SENAI/CETMAN na disponibilidade de informações técnicas e no estímulo de sistemas de pesquisa e ensino local.

Os resultados encontrados são similares ao quadro geral dos APLs do setor de móveis do Brasil. Em geral, há uma consideração da importância das associações, sindicatos e cooperativas, mas essas não se revelam como de importância tão impactante. Como exceção a tal quadro, verifica-se a constatação de Cunha (2006), e de modo geral em Motta (2002), da alta relevância às firmas do APL de Bento Gonçalves dessas associações e afins no desenvolvimento de suas atividades.

5.4 Quadro geral das estruturas de governança dos APLS de móveis

Com base no estudo de caso realizado para o APL de móveis de Arapongas e na literatura sobre os APLs do setor, pode-se sintetizar a atribuição de importância às firmas dos arranjos às estruturas de governança contratual, mercantil e associativa, como apontado no Quadro 5.

Quadro 5 : Indicadores do grau de importância das estruturas de governança dos APLs de móveis

APLs de móveis

Governança Contratual

Governança Mercantil

Governança Associativa

Subcontratação

Ações Conjuntas

Programas de Apoio

Mercado de Trabalho

Mercado Intermediário

Mercado de Bens Finais

Arapongas (PR)

B

B

M

M

M

B

M

Bento Gonçalves (RS)

B

B

A

A

A

B

A

Grande Vitória (ES)

B

B

M

A

M

A

M

Linhares (ES)

B

B

M

A

M

B

A

Oeste de SC

B

B

B

M

M

B

B

São Bento do Sul (SC)

B

B

M

A

A

B

M

Ubá (MG)

B

B

M

A

M

B

M

*NOTA: B – Baixa importância (indicador de 0 a 0,39); M – Média importância
(indicador de 0,40 a 0,69); A – Alta importância (indicador de 0,70 a 1,00).
**Os dados para o APL de móveis de Arapongas são de 2013; dos APLs de Bento
Gonçalves e São Bento do Sul são de pesquisa de campo de 2005, elaborados por
Cunha (2006); os demais advêm de pesquisa de campo realizada por Cário e Nicolau
entre os anos de 2004 e 2006.

Fonte: Elaborado pelos autores, utilizando parte do quadro apresentado em Cário e Nicolau (2012, p. 197) e os resultados do trabalho de Cunha (2006), considerando-se qualitativamente também os trabalhos de Motta (2002) e Comerlatto e Lins (2008).

É possível perceber que, em conformidade ao encontrado por Cário e Nicolau (2012), há uma estrutura de governança similar entre os APLs do setor de móveis do Brasil. De modo geral, percebe-se uma estrutura de governança de âmbito local (sendo o APL de São Bento do Sul uma exceção ao quadro), de caráter híbrido – com várias estruturas de governança presente –, com estrutura público-privada. Pode-se perceber que as ações conjuntas diretas entre as empresas são, em geral, baixas. Nesse ponto, ressalta-se a importância de algumas organizações como “catalizadoras” da formação de ações coletivas e conduzindo à eficiência coletiva, no sentido definido por Schmitz (1997). No caso do APL de Arapongas, em específico, isso é verificado sobretudo para o SIMA, havendo organizações importantes apontadas também na literatura por Cunha (2006) e Comerlatto e Lins (2008) para os APLs de Bento Gonçalves e São Bento do Sul.

6. Conclusões

O presente trabalho objetivou analisar as estruturas de governança existentes nos arranjos produtivos locais que atuam no setor de móveis do Brasil. Enfatizou-se particularmente o APL de móveis de Arapongas, através de estudo de caso através de pesquisa de campo. Com base nos resultados encontrados na pesquisa, esses foram comparados aos apresentados na literatura para os APLs do setor de móveis.

Pode-se verificar que a estrutura de governança encontrada para o APL de móveis de Arapongas está em concordância com a estrutura geralmente encontrada nos APLs que atuam em setores tradicionais no Brasil, como é o caso do setor de móveis. Observou-se um quadro de governança de âmbito local, de caráter híbrido, com várias estruturas de governança existentes num mesmo período e de caráter público-privado. As interações entre as empresas, via governança contratual se mostraram frágeis, ao passo que a governança mercantil, sobretudo no mercado de trabalho e de bens/serviços intermediários se mostrou de média importância às empresas pesquisadas. Tais resultados revelam que, de modo geral, as empresas do APL têm baixa interação cooperativa em nível direto.

Por sua vez, a governança associativa teve importância registrada pelas firmas do arranjo. Nesse sentido, cabe destacar o papel existente do Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas – SIMA –, exercendo a função coordenadora das atividades entre as empresas do APL, conduzindo-o a uma maior competitividade. Registrou-se também a importância de organizações de nível público-privado, como o caso do SENAI/CETNAM, no desenvolvimento de novos produtos, via design, e na qualificação da mão-de-obra presente no APL.

Tais resultados são semelhantes aos encontrados para os principais APLs do setor de móveis no Brasil: Bento Gonçalves (RS), São Bento do Sul (SC), Linhares (ES), Ubá (MG), Oeste de Santa Catarina e Grande Vitória (ES). Com exceção do APL de São Bento do Sul, todos têm uma estrutura de governança sobretudo local, com ênfase produtiva no mercado interno. Em semelhança ao APL de Arapongas, os APLs mais expressivos em volume de produção (sobretudo os de Bento Gonçalves e São Bento do Sul), apresentam como elemento importante na criação de estratégias de sucesso nos respectivos arranjos as organizações e associações de apoio, bem como de ações público-privadas.

Assim, pode-se constatar a importância de ações público-privadas na maior competitividade dos APLs estudados e em suas estratégias de sucesso, influenciando suas estruturas de governança e coordenação das atividades dos agentes presentes nos arranjos. Essas constatações podem ser levadas em consideração para a criação de políticas públicas e ações conjuntas nos demais aglomerados produtivos, visando os conduzir a uma maior eficiência coletiva.

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Apêndice – Modelo de questionário utilizado

Questionário para estudo de caso

Governança Contratual

Subcontratação

1) A empresa apresenta relações de subcontratação/terceirização com outras empresas?

Ações Conjuntas

2) A empresa pratica as seguintes formas de ações conjuntas com outras empresas do setor de móveis localizadas em Arapongas?

  1. Compra de insumos e equipamentos                    _____________________
  2. Venda conjunta de produtos                               _____________________
  3. Desenvolvimento de produtos/processos               _____________________
  4. Design/estilo de produtos                                  _____________________
  5. Capacitação de recursos humanos                        _____________________
  6. Obtenção de financiamento                                _____________________
  7. Reinvindicações                                               _____________________
  8. Participação conjunta em feiras                           _____________________

Programas de Apoio

3) Existem programas de apoio e promoção desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento/implantação em Arapongas?

4) Qual o grau de importância (nula, pouco importante, importante ou muito importante) que a empresa dá às Universidades e centros de pesquisa localizados em Arapongas e região?

Governança Mercantil

Mercado de trabalho

5) A empresa considera satisfatória a disponibilidade de mão-de-obra qualificada?

6) No cenário econômico em que a empresa se depara, há fatores que impactam positiva ou negativamente na quantidade de mão-de-obra contratada? Se sim, quais?

Mercado de insumos/equipamentos

7) Qual o grau de importância (nula, pouco importante, importante ou muito importante) que a empresa dá para as seguintes aquisições locais – em Arapongas:

  1. Insumos/matéria-prima                                      _____________________
  2. Equipamentos                                                 _____________________
  3. Componentes/peças                                          _____________________

Mercado de bens finais

8) Para a empresa, quanto representa, em percentual, o mercado consumidor de Arapongas?

9) No cenário econômico em que a empresa se depara, há fatores que impactam positiva ou negativamente na produção e comercialização dos produtos? Se sim, quais?

Governança Associativa

10) Qual o grau de importância (nula, pouco importante, importante ou muito importante) que a empresa dá para a contribuição dos sindicatos, associações e cooperativas locais nos seguintes pontos:

  1. Auxílio na definição de objetivos comuns para o APL                                              ______________
  2. Estímulo na percepção de visões de futuro para ação estratégica                                  ______________
  3. Disponibilização de informações sobre matéria-prima, equipamentos, assistência técnica e consultoria/auditoria                       ______________
  4. Identificação de fontes de financiamento                                                                 ______________
  5. Promoção de ações cooperativas                                                                            ______________
  6. Apresentação de reinvindicações comuns                                                                ______________
  7. Criação de fóruns e ambiente de discussão                                                              ______________
  8. Promoção de ações dirigidas ao desenvolvimento à capacitação tecnológica da empresa   ______________
  9. Estímulo ao desenvolvimento do sistema de ensino e pesquisa local                           ______________
  10. Organização de eventos/visitas técnicos e comerciais                                                 ______________

1. Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Economia (PCE) da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Professor colaborador da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Email: angelorondina@gmail.com
2. Professor Associado do Departamento de Economia e do Programa de PCE da UEM.

3. Três APLs brasileiros (Arapongas, Bento Gonçalves e São Bento do Sul) e dois internacionais, em Portugal (Vale do Souza) e Espanha (A Estrada).

4. Copa e cozinha, Dormitório, Estofados, Móveis para Escritório e Rack e Estantes (sala de estar).

5. Essa grande expressividade do percentual de empregos do APL advém do método de seleção amostral, privilegiando a expressividade das empresas dentro de cada segmento de atuação.

6. Como por exemplo na compra de chapas de empresas de outras regiões do Paraná – Tafisa – ou de outros estados do Brasil – Duratex.

7.- Essas eram, sobretudo, as empresas com menor tamanho pesquisadas.


Revista Espacios. ISSN 0798 1015
Vol. 37 (Nº 34) Año 2016

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