Espacios. Vol. 37 (Nº 29) Año 2016. Pág. 8

Modelos didáticos com massa de biscuit: inovando no ensino de ciências e biologia

Didactic models with biscuit dough: innovating in science education and biology

Ruanna Thaimires Brandão SOUZA 1; Maria Helena ALVES 2

Recibido: 26/05/16 • Aprobado: 12/06/2016


Conteúdo

1. Introdução

2. Desenvolvimento

3. Considerações finais

Referências bibliográficas


RESUMO:

Na área da educação os modelos didáticos vêm como proposta alternativa de aprendizagem compartilhada coletivamente. Assim este trabalho almejou investigar a importância de modelos didáticos com massa de biscuit no ensino de Ciências e Biologia, com vistas a contribuir para a formação de futuros professores da área, bem como tentar inserir os alunos de nível fundamental no processo de aprendizagem. Para isso foram desenvolvidas, como proposta metodológica, oficinas pedagógicas, envolvendo alunos da escola Professora Raquel Magalhães e discentes do Campus Ministro Reis Velloso da Universidade FederaI do Piauí, com a finalidade de confeccionar modelos didáticos baseados em conteúdos adotados por autores do ensino básico e superior. Como resultados foi possível destacar que a aplicabilidade dos modelos foi eficiente no aumento do interesse dos estudantes e na melhoria da formação de futuros professores consistindo uma estratégia alternativa interessante para aplicação no Ensino de Ciência e Biologia.
Palavras-chave: Metodologia alternativa. Biscuit. Ensino e aprendizagem.

ABSTRACT:

The area of education didactic models comes as an alternative proposal for collectively shared learning. Thus this work craved investigate the importance of teaching models with biscuit dough in teaching Science and Biology to contribute to the training of future teachers in the field and try to insert the key level of students in the learning process. For that were developed as a methodological proposal, teaching workshops involving school students Professor Raquel Magalhães and students of the Campus Minister Reis Velloso of FederaI University of Piauí, in order to fabricate didactic models based on content adopted by second and third degrees authors. As a result it was possible to note that the applicability of the models was effective in increasing the interest of students and improving the training of future teachers consisting of an alternative interesting strategy for investment in Science and Biology Education
Keywords: Alternative methodology. Biscuit. Teaching and learning.

1. Introdução

No Brasil, ao longo dos últimos 50 anos, a reforma do Ensino de Ciências foi motivada pelas transformações ocorridas nas esferas políticas e econômicas tanto no âmbito nacional como internacional. Para Krasilchik (1987, p. 6) a década de 1950 foi representativa pelo que ocorreu nos países periféricos. Vivia-se uma fase de industrialização e de movimentação política resultantes de lutas contra governos ditatórios influênciados pela guerra. No cenário educacional as propostas advinham ainda do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova 1932, cujas ideias eram analisadas para a discussão do projeto de leis sobre Diretrizes e Bases para Educação Nacional (LDBEN n° 5692/71).

O reflexo mais marcante deste período são os chamados “projetos de ensino de Ciências”, destinados ao ensino de 1ª a 8ª series e mais fortemente ao 2o grau, nas áreas de Física, Química, Biologia e Geociências.  Porém adequação dos projetos estrangeiros ao país era difícil, e então, projetos do Ensino de Ciências começaram a ser produzidos no Brasil, a partir do final da década de 60, com repercussão até meados da década de 70 (Delizoicov & Angotti, 1991, p. 17).

“Na década de 70, a crise econômica mundial e os problemas relacionados com o desenvolvimento tecnológico fizeram surgir no ensino de Ciências um movimento pedagógico que ficou conhecido como ciência, tecnologia e sociedade (CTS)” (Santos, 2005, p. 412). Essa tendência tornou-se importante até os dias atuais, pois leva em conta a estreita relação da ciência com a tecnologia e a sociedade.

Nos anos 80 a atenção passou a ser dada ao processo de construção do conhecimento científico, pelo aluno, e inúmeras pesquisas foram realizadas nesse campo. O modelo de aprendizagem por mudanças conceituais, núcleo de diferentes correntes construtivistas, é hoje bem aceito pela maioria dos pesquisadores. No entanto, lembram os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), aspectos que não podem ser excluídos de um ensino que visa formar cidadãos:

Esse modelo tem merecido críticas que apontam a necessidade de reorientar as investigações para além das preconcepções dos alunos. Não leva em conta que a construção de conhecimento científico tem exigências relativas a valores humanos, à construção de uma visão de Ciências e suas relações com a Tecnologia e a Sociedade e ao papel dos métodos das diferentes ciências (BRASIL, 2000, p. 23).

 Desta forma, o ensino de Biologia vem tendo destaque por acompanhar as tendências tecnológicas e cientificas da sociedade. Está especificado nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (BRASIL, 1999), no qual foi complementado pelos PCN+ Ensino Médio (BRASIL, 2002), a intenção de orientar a construção de currículos levando em conta questões atuais decorrentes das transformações econômicas e tecnológicas provocadas pelo aumento da interdependência entre as nações. 

Uma tendência do ensino de Biologia prevista nos currículos escolares é desenvolver a capacidade de pensar logicamente e criticamente, porém esse objetivo nem sempre é alcançado, uma vez que, em sala de aula tem-se ainda, um ensino tradicional pautado na imagem do professor. De acordo com essa concepção, os objetivos do ensino de biologia são: aprender conceitos básicos, analisar o processo de investigação cientifica e as implicações sociais da ciência e da tecnologia (Krasilchik, 2011, p.22).

Tais perspectivas centram-se na necessidade de melhor preparar os profissionais para incorporarem as inovações científicas e tecnológicas recentes ao trabalho que desenvolvem em sala de aula, e para redimensionarem sua atuação, tendo em vista a configuração atual da nossa sociedade, particularmente em relação ao que concernem os avanços da tecnologia.

Neste sentido, Marandino (2003) levanta questões que envolvem a Prática de Ensino das diferentes áreas da Ciência considerando o contexto e as discussões sobre as Diretrizes Curriculares para a Formação de Professores. A autora, ainda relata que a Lei de Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, no que se refere ao nível superior, curso de licenciatura em graduação instituída em 2002, estabelece inúmeras mudanças que devem ser pensadas e analisadas com relação à prática de formação de professores.

Na sociedade brasileira contemporânea novas exigências são acrescentadas ao trabalho dos professores. Cabe ao professor o papel de estabelecer critérios e estratégias pedagógicas, como forma de ser responsável pela aprendizagem dos seus alunos. Mantem-se o desafio de inserir na prática do professor metodologias diferentes, atuais e inovadoras, algo que proporcione nos alunos o desejo de aprender e que estimule o acesso direto com as atividades científica.

Pensando nisto, acredita-se que modelos didáticos confeccionados com massa de biscuit podem ser uma ferramenta útil para o ensino de Ciências e Biologia, pois esse recurso traz a possibilidade de ajudar a estabelecer o vínculo necessário entre a intervenção prática e teórica, sendo uma proposta intelectual útil para abordar os problemas educativos contextualizados entre teoria e prática. Segundo relato publicado por Justina e Ferla (2006, p. 39) onde destacam alguns pontos positivos como: fácil manuseio pelos alunos e professores, boa resistência, bem como permite a realização de aula prática, sem a necessidade de laboratório e equipamentos sofisticados, e a visualização do material concreto.

Diante do exposto, esse trabalho teve por objetivo investigar a importância da confecção de modelos didáticos com massa de biscuit para o ensino de Ciências e Biologia, com vistas a contribuir para a formação de futuros professores de biologia, bem como uma tentativa de inserir os alunos de nível fundamental no processo de aprendizagem.

2. Desenvolvimento

A metodologia adotada neste estudo foi à pesquisa-ação, onde “procura unir a pesquisa à ação ou prática”. É uma maneira de se fazer pesquisa em situações, nas quais, também se deseja melhorar a compreensão acerca destas. Neste tipo de pesquisa levou-se em consideração a pesquisa exploratória, pois na pesquisa-ação essa fase privilegia o contato direto com o campo em que está sendo desenvolvido (Gil, 2010, p.152).

Na presente pesquisa procurou incluir discentes de duas instituições com diferentes perfis, como a seguir: Escola da Rede Pública de Ensino Fundamental, Professora Raquel Magalhães e o Campus Ministro Reis Velloso da Universidade Federal do Piauí, ambas localizadas na cidade de Parnaíba-PI. O público alvo abrangeu 36 alunos, sendo 20 do nível fundamental de turmas aleatórias e 16 do nível superior. A faixa etária correspondeu de 13 a 15 e de 19 e 25 anos, respectivamente.

Cada oficina teve duração de três dias, contabilizando 12 horas com disponibilidade para 20 participantes.  As oficinas ocorreram em oito horas sendo quatro horas por dia e organizada entre teoria e prática.

Para a confecção dos modelos foram compiladas ideias de autores do ensino básico e superior das subáreas das Ciências e Biologia. Para a preparação dos modelos utilizou-se como materiais: massa de biscuit, isopor, E.V.A. tinta de tecido, cola, tesoura e algumas formas para modelar.

Os dados foram obtidos através de questionários. Nas duas instituições, esse método foi desenvolvido em duas etapas: foi aplicado um pré-questionário e um pós-questionário. Composto por cinco perguntas entre questões objetivas e subjetivas. Geralmente utiliza-se o questionário na pesquisa-ação quando o universo a ser pesquisado é constituído por grande número de elementos (Gil, 2010, p. 154).

Os dados obtidos foram analisados, discutidos. De acordo com Gil (2010, p.154) “pesquisas desse tipo privilegia a discussão em torno dos dados obtidos, de onde decorre a interpretação dos seus resultados”.

 Em primeira instância, a enfâse se deu ao conhecimento prévio dos alunos do ensino fundamental com relação aos modelos didáticos confeccionados com biscuit, como estratégia auxiliadora no processo de ensino e aprendizagem em Ciências. Mediante a isto, os alunos puderam confeccionar alguns modelos didáticos, oferecendo-lhe, sobretudo condições de ações conjuntas, análises e interações, confronto entre teoria e prática e a experiência, no que refere ao ensino de Ciências e, sua vivência em sala de aula.

Essas novas metodologias de ensino possibilitou-os externarem suas ideias e experiências, testando modelos explicativos próprios, sendo uma ferramenta potencializadora no processo de ensino e aprendizagem, uma vez que, faz compreender que só é possível gostar daquilo que se conhece. Como resultados obtivemos a análise do pré-questionário com os alunos da escola pública de ensino fundamental que demonstraram alguns aspectos importantes destacados e discutidos a seguir.

Quando os alunos foram indagados, em relação ao conhecimento deles sobre o biscuit, 60% já conheciam, porém 40% dos alunos não tinham nenhum conhecimento sobre o referido material. Quando se perguntou aos alunos para quais fins eles costumavam utilizar o biscuit, os que já conheciam (60%) relataram que conheciam para fins artesanais e os outros 40% não souberam opinar. Tem sido demonstrado, por exemplo, que a partir da utilização de materiais de baixo custo, encontrado no cotidiano, ser possível propiciar aulas mais atraentes e motivadoras (Souza et al., 2008). Devendo-se, como foco de estudo, “prioirizar o contexto real, as situações de vivências dos alunos, os fenômenos naturais e artificiais, e as aplicações tecnológicas” (BRASIL, 2006, p.102).

Perguntou-se aos alunos se utilizavam alguma estratégia pessoal para assimilar os conteúdos de Ciências, cerca de 50% disseram que não possuíam nenhuma estratégia para compreender o conteúdo, 30% tinham como estratégia pessoal a visualização de vídeos e imagens e 20% dos alunos tinham o hábito de ler e estudar o conteúdo. "Considerando o aluno como sujeito de sua aprendizagem, ele é quem deve construir explicações, com a intervenção fundamental do professor, informando, apontando relações, questionando e exemplificando“ (BRASIL, 1998, p.23).

Podemos afirmar que a reflexão e a troca de experiências fazem com que os envolvidos repensem sobre seus atos, confrontem sobre a sua realidade e efetuem uma atuação de responsabilidades e compromisso em sua vida. Estas ideias corroboram com Larrosa (1994, p.10) quando diz que a educação, além de um simples ambiente de possibilidades para o desenvolvimento da autoconfiança, pode produzir formas de experiência de si, nas quais os indivíduos podem se tornar sujeitos de um modo particular.

Quando os alunos foram indagados a respeito dos recursos didáticos utilizados pelo professor em sala de aula que mais facilitava sua aprendizagem, 55% responderam que uma boa explicação do professor, 22% afirmaram que compreende o assunto através de vídeos e textos e 15% através de slides e livros didáticos e somente 5% responderam que através do Teatro. Para Ayres (2007, p. 16) Ensinar na verdade, é também desenvolver, junto aos alunos, uma série de importantes papéis, nos quais o professor investe a fim de que se tornem paradigmáticos na personalidade dos alunos. É necessário dispor de ferramentas alternativas que vislumbrem o escape da rotinização e estabeleça uma relação de proximidade dos alunos com o conteúdo (Barbosa 2000).

Verificou-se, ainda, que o entendimento dos alunos sobre modelos didáticos confeccionados com massa de biscuit, ficou restrito a 50% que responderam não saber nada a respeito e os outros 50% imaginavam que seriam algo produzido com uma espécie de massa de modelar. No âmbito desta conjuntura, com esta primeira análise foi possível observar que os alunos não tinham muito conhecimento a respeito da utilização de modelos didáticos em sala de aula.

A implantação de novas práticas educativas, dentre as quais, se destacam o uso de modelos didáticos com biscuit, é uma ação a ser refletida em busca da superação de obstáculos presentes no ensino de Ciências.  Pensando assim, Matos et al. (2009, p. 21) afirmam que as vantagens do uso da massa de biscuit na confecção desses modelos, se encontra na consistência e durabilidade o que facilita o processo de ensino e aprendizagem.

Os modelos didáticos são de suma importância, pois não só desenvolvem a capacidade criativa do aluno, mas também representa uma construção do conhecimento que pode ser utilizada como referência, uma imagem analógica que permite materializar uma ideia ou um conceito, tornando-os assim, diretamente assimiláveis (Giordan & Vecchi, 1996, p. 206). Portanto, com a análise desse pré-questionário, recomenda-se aos professores que revejam suas práticas em sala de aula, de maneira a criar novas possibilidades para compreensão e assimilação dos conceitos e conteúdos trabalhados que, muitas vezes, os alunos apresentam dificuldades em compreender e interligar alguns conceitos.

A Observação pós-questionário foi fundamental, pois procurou compreender quais os impactos e as contribuições de novos recursos didáticos utilizados (modelos com massa de biscuit), no processo de aprendizagem dos alunos.

Quando questionados sobre se conseguiram criar algo com a massa de biscuit relacionada aos conteúdos de Ciências, 90% dos alunos afirmaram que sim e 10% não conseguiram. Para Penteado e Kovaliczn (2015, pág. 4) as evidências mostram que é necessário ser criativo dentro da sala de aula, conquistar a atenção do aluno, permitir que o diálogo e a prática estejam presentes na rotina do trabalho melhorando a qualidade do ensino e aprendizagem.

Atualmente tem sido de extrema importância, que o professor de Ciências e Biologia esteja atento e atualizado com todos os novos acontecimentos científicos, que seus alunos tomam conhecimento através da mídia, porém sem se desvincular dos conceitos mais básicos inerentes a sua disciplina e a formação de um cidadão consciente (Junior & Barbosa, 2009, p.5).

Os alunos ao serem indagados se a confecção de modelos didáticos com biscuit pode ser uma alternativa para melhorar a aprendizagem no ensino de Ciências, 100% afirmaram ser esses recursos facilitadores na aprendizagem. A diversidade do material pedagógico facilita o aprendizado, tornando as aulas práticas mais dinâmicas e produtivas. “Além do lado visual, esses modelos permitem que o estudante manipule o material, visualizando-o de vários ângulos, melhorando, assim, sua compreensão sobre o conteúdo abordado” (Orlando, 2009, p.2).

Para o ensino de Ciências à utilização de modelos didáticos é bastante relevante, pois permite ao aluno construir o conhecimento sobre o objeto de estudo ao invés de apenas receber informações teóricas e práticas sobre o assunto abordado. Na escola, a aula é a forma predominante de organização do processo de ensino. Na aula se “criam, se desenvolvem e se transformam as condições necessárias para que os alunos assimilem o conhecimento” (Libâneo, 1994, p.177).

A respeito da confecção dos modelos didáticos com biscuit, torna-se possível construir um conhecimento mais próximo dos contidos no livro didático, nesse item 90% dos alunos afirmaram que sim e apenas 10% disseram que não, corroborando com a ideia de Amorim (2013, p. 24), onde relata que este recurso vem com o papel de tornar manuseável, ao aluno. o que ele só consegue ver nas gravuras do seu livro, pela fala do professor na explicação ou em vídeos.

Quando se questionou aos alunos se eles utilizariam a montagem de modelos didáticos com massa de biscuit como estratégia para a assimilação dos conteúdos de Ciências, 95% afirmara que sim e apenas 5% responderam que não. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, PCN’s (BRASIL, 2001, p. 15) “a aprendizagem será significativa quando a referência do conteúdo estiver presente no cotidiano da sala de aula”. É importante destacar a utilidade desses recursos em sala de aula. No entanto, um dos grandes desafios da educação atual é “preparar indivíduos e gerações para viverem em contextos sociais plurais, com conhecimentos e domínios de habilidades dinâmicos” (Gouvea & Leal, 2001, p. 67).

Ao questionamento sobre os aspectos positivos e negativos da confecção de modelos didáticos para o ensino de Ciências, 90% dos alunos consideraram positiva a confecção desses modelos, contrapondo a apenas 10% deles. Esses recursos pedagógicos possibilitam a aproximação dos alunos ao conhecimento cientifico, levando-os a ter uma vivencia pessoal com os assuntos tratados em sala de aula, dessa forma a teoria aproxima-se do aluno de forma mais visual e palpável (Vasconcelos & Souto, 2003, p.93).

Ficou evidente, também, com esta análise, que as novas ferramentas como a confecção de modelos didáticos com massa de biscuit desenvolvem uma interação melhor entre os alunos em sala de aula, uma vez que, o esforço para modelar as estruturas de maneira fiel e representativa leva-os a uma aprendizagem continuada, consistindo em uma estratégia alternativa, no que se refere ao Ensino Fundamental.

Em um segundo momento aplicou-se um questionário com os alunos do Ensino Superior contendo cinco questões abertas e fechadas. Em síntese, obtiveram-se resultados satisfatórios, no que se refere à interação, participação e atenção dos alunos. Os resultados podem ser destacados na análise do pré e pós-questionário com alguns aspectos importantes apresentados neste texto.

A análise nas respostas dos alunos universitários foi de muito valor para compreender como as experiências de inovação no ensino e na perspectiva de produção do conhecimento estão sendo avaliadas e, como essas evidências estão caracterizando uma nova forma de olhar para a educação, no que se refere ao ensino de Ciências e Biologia.

Foi possível destacar alguns fatores relevantes, como o fato de 100% dos alunos universitários conhecerem o biscuit. Este fator é bastante positivo, tendo em vista que os mesmos já conhecem o material, pois vai além do ambiente escolar envolvendo outros aspectos, já que reconhecem o seu devido valor. “O professor deve encontrar na escola um espaço de debate, reflexão, discussão e receber conhecimento de diferentes práticas didáticas e metodológicas na sua área de atuação” (Mutschele & Gonsales, 1998, p.13).

Quando se perguntou aos alunos quais as utilidades que podem ser realizadas com a massa de biscuit, 56,25%afirmaram que artesanato e 43,75% confeccção de modelos didáticos. Neste contexto, “o ensino de qualidade que a sociedade demanda atualmente se expressa aqui como a possibilidade do sistema educacional vir a propor uma prática educativa adequada às necessidades sociais, políticas, econômicas e culturais da realidade brasileira” (BRASIL, 1997, p.106).  

Indagou-se, aos universitários, qual o entendimento, dos mesmos a respeito de modelos didáticos confeccionados com massa de biscuit, 100% afirmaram que seriam objetos confeccionados para auxiliar em sala de aula. É necessário reconhecer o professor como o investigador responsável pelo estudo do seu conhecimento sobre o ensino, o que torna indissociável a docência e o refletir sobre ela.

Assim refere-se:

Nesse sentido, ao se pensar na construção de um projeto de ensino precisamos trazer à tona uma reflexão sobre os objetivos do ensino, a função social da escola, a nossa concepção de educação e do conhecimento, o tipo de aluno que gostaríamos de formar e a perspectiva do processo ensino e aprendizagem (Santos; Rodrigues; Pereira, 2010, p.401).

Ainda indagou-se a respeito de quais os recursos didáticos, que como futuros professores de Ciências e Biologia, pretendiam utilizar em sala de aula, 62,5% afirmaram que utilizariam os modelos didáticos, 18,75% jogos e vídeos e os outros 18,75% dinâmicas e rodas de conversas.  De acordo com Esteban, (2001, p. 49) a ação docente do professor de ciências pode caracterizar-se como um processo formativo, pois “as ideias de movimento, processo, continuidade, reconstrução e indagação, nos remetem a uma concepção de que a formação e a ação docentes estão estreitamente vinculadas uma à outra”.

Constatou-se, que 100% dos universitários acreditam que a confecção de modelos didáticos com massa de biscuit tornam-se uma atividade importante para a formação de futuros professores de Ciências e Biologia. Partindo desse pressuposto, isto implica em uma concepção nova do professor que leva em consideração a “ação, a reflexão crítica, a curiosidade, o questionamento exigente, a inquietação, a incerteza” (Freire, 1987, p.18).

Com a análise do pós-questionário observou-se entre as quatro primeiras questões descritas a seguir: Você conseguiu criar algo com a massa de Biscuit relacionado às aulas de Ciências e Biologia? Em sua opinião, a confecção de modelos didáticos com biscuit pode ser uma alternativa para melhorar a aprendizagem em Ciências e Biologia? Com a confecção de modelos didáticos de biscuit, torna-se possível construir conhecimento mais próximo dos livros didáticos em sala de aula? Você utilizaria a montagem de modelos didáticos feitos com massa de biscuit como estratégia para a assimilação dos conteúdos no ensino de Ciências e Biologia? O percentual entres esses questionamentos foi de 100% em todas elas.

Esse recurso didático possibilita aos professores um maior envolvimento e interação nas práticas de sala de aula, tornando o conhecimento mais próximo da realidade abordada em aula teórica.  Desta forma, “a complexidade da atividade docente deixa de ser vista como um obstáculo à eficácia e um fator de desânimo, para tornar-se um convite a romper com a inércia de um ensino monótono e sem perspectivas” (Carvalho; Gil-Pérez, 2006, p.18).

Quando os alunos foram indagados com relação a utilização dos modelos didáticos em sala de aula, 95% afirmaram que esses recursos podem ser uma nova forma metodológica a ser utilizada pelos professores de Ciências e Biologia em sala de aula e os outros 5% destacaram que o único ponto negativo está na disponibilidade de tempo que os professores teriam para confeccionar os modelos em sala de aula.  “A educação que se impõe aos que verdadeiramente se comprometem com a libertação não pode fundamentar-se na compreensão dos homens como seres vazios, mas sim na problematização dos homens em suas relações com o mundo” (Freire, 1987, p. 77).

Diante dessa análise ficou evidente que deve haver um ajuste na identidade do professor, pois nenhuma mudança educativa tem possibilidade de ter sucesso se não conseguir assegurar que o professor participe ativamente do processo.  Acredita-se que a postura apresentada pelos alunos, durante a execução deste trabalho, traz à tona a necessidade de uma profunda reflexão e compreensão das novas concepções de uma prática docente que integre verdadeiramente o aluno ao processo de ensino e aprendizagem. Para Freire (1996, p. 96), o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento.

Assim, Abreu & Masetto (1990, p.11) relatam “é o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas características de personalidade que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos”.

3. Considerações finais

Com o desenvolvimento das oficinas foi possível confeccionar materiais didáticos, tendo um resultado bastante positivo na aquisição de conhecimento. A confecção e utilização desse recurso didático contribuiu para a interação dos alunos e professores envolvidos em ações conjuntas, análises e interações, confronto entre teoria e prática e experiências de ensino.

Acredita-se que essa proposta está relacionada, também à formação de futuros profissionais da educação, assim o contato direto com o objeto de estudo pode atrelar valores na busca de uma educação mais dinâmica e inovadora.

Ficou perceptível a importância e a necessidade de trabalhar com aulas diferenciadas dentro do conteúdo de Ciência e Biologia, pois estas proporcionam e despertam maior interesse e participação dos alunos.

4. Referências bibliográficas

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1. Graduanda da Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Reis Velloso, UFPI-CMRV, Email: ruanna_na15@hotmail.com
2. Professora Dra. da Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Reis Velloso, UFPI-CMRV, Email: malves@ufpi.edu.br


Revista Espacios. ISSN 0798 1015
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