Espacios. Vol. 37 (Nº 19) Año 2016. Pág. 16

Avaliação do consumo e sobras de grãos utilizados na alimentação de Sporophila maximiliani criados "Ex situ"

Evaluation of consuption and grains surplus used in power of Sporophila maximiliani created "Ex situ"

Jéssica Caetano Dias CAMPOS 1; Alliny das Graças AMARAL 2; Osvaldo José da Silveira NETO 3; Rodrigo Zaiden TAVEIRA 4; Tatiana Vieira RAMOS 5; Raphaela Christina Costa GOMES 6; Lucas Matheus RODRIGUES 7

Recibido: 10/03/16 • Aprobado: 14/04/2016


Conteúdo

1. Introdução

2. Material e métodos

3. Resultados e discussão

4. Conclusões

Agradecimentos

Referências bibliográficas


RESUMO:

Este trabalho teve como objetivo quantifificar o consumo e sobras de grãos utilizados na alimentação de bicudos Sphorophila maximiliani criados ‟ex situ‟. O estudo utilizou 24 bicudos machos entre 4 e 6 anos de idade. Os grãos testados foram o alpiste comum (Phalaris canariense L.), arroz (Oryza sativa L.), o painço (Panicum milleaceum L.) e um mix dos grãos (alpiste, arroz e painço) em iguais proporções. Os dados foram analisados e submetidos a análise de variância utilizando o pacote estatístico SAS (1999). As médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Palavras-chave: arraçoamento, cativeiro, passeriformes, sementes

ABSTRACT:

This study aimed to quantifying consumption and grains surplus used in power of bicudos Sphorophila maximiliani created "ex situ". The study used 24 male boll weevil between 4 and 6 years old. The grains were tested common birdseed (Phalaris canariense L.), rice (Oryza sativa L.), millet (Panicum milleaceum L.) and a mix of grains (birdseed, rice and millet) I equal proportions. Data were analyzed and subjected to analysis of varianceusing the statistical package SAS (1999). Means were compared by Tukey test to 5% probability.
Keywords: feeding, captive, passerines, seeds

1. Introdução

O bicudo, Sporophila maximiliani é uma espécie nativa pertencente à ordem dos passeriformes e família Emberizidae. Este pássaro possui a característica marcante de cantar, aparência de guerreiro e se destaca entre outras aves por sua elegância, seu porte ereto e altivo, fatores estes que chamam atenção e o coloca predisposto aos riscos do tráfico (TOSTES, 2014).

A criação em cativeiro ou conservação ‟ex situ‟ pode ser uma ferramenta para a preservação de espécies, devido ao crescente aumento de impactos antrópicos tem sido cada vez mais frequente as situações em que as espécies não conseguem manter seu ciclo de vida em habitat natural, comprometendo a sobrevivência e resultando em extinções (FRANCISCO e SILVEIRA, 2013). Entretanto, a alimentação de passeriformes em cativeiro é realizada de maneira empírica, baseada em observações dos hábitos e preferências (PAIANO et al., 2011).

Dentre os fatores que mais se deve dar atenção em uma criação de passeriformes é a alimentação, já que esta representa a maior parte do custo total dentro de um criatório (EULER et al., 2008).

O comércio de alimentos e produtos complementares para animais de companhia tem se tornado um mercado extenso e promissor ao agronegócio, disponibilizando grande variedade de produtos alimentícios (SIMÃO, 2010).

Sabe-se que um animal para estar em boas condições de saúde, precisa estar bem alimentado. A maioria dos passeriformes se alimenta de sementes e tem o habito de selecionar no momento da ingestão as mais palatáveis, as sementes em geral são duras e assim de digestão lenta, e o fornecimento único de sementes pode não suprir todas as exigências nutricionais dos pássaros, porém é o alimento considerado mais ofertado nos sistemas de criação (SANDOVAL, 2014).

O alimento é o produto, de origem animal ou vegetal, que proporciona ao organismo os nutrientes e a energia necessários à sua sobrevivência. Para os pássaros esses alimentos são as sementes, as farinhadas, rações, hortaliças, os insetos como o tenébrio, sililuia e etc (PEREIRA, 2004). 33

Nota-se que aves cativas não efetuam grandes atividades físicas pelo fato de viverem em um espaço relativamente pequeno, portanto sua alimentação deve ser fornecida de forma completa, em quantidades que supram suas exigências nutricionais. Devendo-se tomar cuidado com o fornecimento de dietas ricas em energia já que pode comprometer a saúde, qualidade de vida e a longevidade dessas aves (KILL et al., 2008). Objetivou-se neste trabalho avaliar o consumo e sobras de grãos utilizados na alimentação de Sporophila Maximiliani criados "ex situ".

2. Material e métodos

O estudo foi realizado no criadouro Realengo Ltda., localizado na Avenida 1° de maio, n° 555, vila São Luiz na cidade de Goiânia-GO, Brasil.

O período de coleta de dados foi de 16 a 26 de Julho de 2014, totalizando 10, sendo 3 dias de adaptação ao alimento e 7 dias de coleta para tabulação dos dados.

Devido ao alto valor comercial desses pássaros não foi possível que o estudo ultrapassasse 10 dias, já que o fato de fornecer um só tipo de alimento aos pássaros os deixavam estressados e com alterações comportamentais. Foram acompanhados 24 bicudos machos entre 4 e 6 anos de idade.

Os bicudos foram colocados em gaiolas comuns de ferro, todas padronizadas no tamanho (26x62x45cm), as badejas de ferro antes de alocadas nas gaiolas foram lavadas com sabão liquido de côco, desinfetadas com cloro a 3%, ou seja, para cada litro de água era colocado 30 mL de cloro e posteriormente as bandejas forram secadas com papel toalha. Nas bandejas não foi colocado papel de jornal, já que poderia dificultar o recolhimento das sobras.

As gaiolas após sua distribuição foram todas encapadas com capa lateral na cor preta, evitando a visão entre os pássaros. Estavam distribuídos nas gaiolas seus respectivos crachás com identificação individual de cada pássaro e etiqueta com o tipo de tratamento. Nas gaiolas continham apenas o bebedouro e o comedouro contendo o tipo de grão conforme o tratamento sorteado (Figura 1).


Fonte: Arquivo pessoal, (2014).
Figura 1. Bicudo em gaiola de ferro contendo alimentação conforme o tratamento
e bebedouro ao 1° dia de avaliação no criadouro Realengo.

Foi utilizado delineamento experimental com 4 tratamentos, 4 blocos (prateleiras) e 6 repetições. Os alimentos (tratamentos) avaliados foram: o alpiste comum (Phalaris canariense L.), arroz (Oryza Sativa L.), o painço (Panicum Milleaceum L.) e um mix de grãos (alpiste, arroz e painço) em iguais proporções, os quais foram provenientes de comércio local.

O tratamento 1 foi composto da 35 oferta de um mix dos três grãos: alpiste, painço e arroz. No tratamento 2 foi ofertado o alpiste, no tratamento 3 o painço e o tratamento 4 o arroz.

 Nesse estudo não estavam disponíveis outros alimentos aos pássaros restringindo-os somente aos tratamentos. Todos os dias eram ofertados 20g de alimento sem processamento, conforme o tratamento de cada pássaro em comedouro plástico transparente com tampa de plástico amarela (Figura 2).

Fonte: Arquivo pessoal, (2014).
Figura 2. Grãos de painço, arroz, alpiste e mix pesados para a oferta do 1° dia de avaliação.

As aves recebiam cada alimento individualmente durante o período experimental. Com o auxilio de uma mini-balança de capacidade de 100 gramas, era aferido o peso da sobra dos comedouros e utilizando-se um pincel era recolhida a sobra de todas as bandejas e posteriormente pesadas.

Os dados foram coletados e anotados a cada 24 horas, fazendo-se anotações da quantidade ofertada, sobras de comedouros e bandejas. Era realizada também a limpeza, desinfecção e secagem diariamente das bandejas após a aferição das sobras e troca diária da água dos bebedouros. Os dados foram submetidos à análise de variância do pacote estatístico SAS (1999). As médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

3. Resultados e discussão

A média geral de consumo de grãos, sobras do comedouro e bandeja e seus respectivos coeficientes de variação estão apresentados na tabela 1. Os dados médios de consumo diário dos grãos de Alpiste corroboram com os dados obtidos por PAIANO et al. (2011), que encontrou um valor médio de 5,0g.

O consumo de arroz obtido por PAIANO et al. (2011), foi menor em comparação a este estudo, onde encontrou um valor médio de consumo diário por ave de 4,2g. Os autores citados avaliaram o consumo diário de alimentos como o alpiste comum, arroz, painço verde e capim-arroz por Sphorophila maximiliani.

De acordo com a tabela 1, na avaliação das sobras dos comedouros, houve maior sobra de Painço (14,60 g), possivelmente devido ao costume em se alimentar com grande quantidade desse grão em sua rotina fora dos dias de avaliação, essas aves diminuíram sua ingestão e tentavam com o bico procurar outros grãos diferentes, esse comportamento foi observado nos animais tratados com painço. Os valores encontrados para sobra de comedouro dos demais grãos não diferiram.

Tabela 1. Sobras do comedouro, da bandeja e consumo de mix, alpiste, painço e arroz
em gramas por Sporophila maximiliani no período de 16 a 26 de julho de 2014.

 

Mix

Alpiste

Painço

Arroz

Média

CV%

P>F

Sobras Comedouro

13,44 B

13,12 B

14,60 A

13,57 B

13,68

10,1

0,0154

Sobras

Bandeja

1,50 B

1,9 A

0,85 C

1,37 B

1,41

44,1

0,0015

Consumo

Grãos

5,15 A

4,99 AB

4,56 B

5,10 A

4,95

18,9

0,0001

Letras maiúsculas nas linhas diferem pelo teste Tukey (P<0,05).

As sobras da bandeja foram de 1,9, 1,50, 1,37 para o alpiste, mix e o arroz respectivamente, porém a menor sobra foi do painço com 0,85 g.

Já o consumo de grãos foi variável, o mix e o arroz apresentaram maior consumo pelos pássaros, porém não diferiram do Alpiste, que não diferiu do Painço.

A preferência dos Bicudos foi pelo mix ocorreu possivelmente devido a variedade de grãos inseridos na mistura de proporções iguais, durante a ingestão os pássaros selecionavam a variedade de grãos demonstrando interesse em consumir os três tipos ofertados.

Este tratamento pode ter despertado curiosidade dos animais e incentivo ao consumo, conforme SANDOVAL (2014), aves criadas em cativeiro necessitam de alimentos extras, já que as sementes são duras e de digestão lenta pode tornar a dieta enjoativa e monótona. Sendo assim o fornecimento de variedades de alimentos ajuda a minimizar o estresse em contrapartida ao ambiente restrito.

O arroz foi um dos alimentos de preferência dos pássaros possivelmente por ser ofertado em pouca quantidade na rotina diária do pássaro, fora do período de avaliação, este despertou interesse durante o experimento, além desse alimento ser de fácil consumo devido à ausência de cascas rígidas e facilidade de digestão do amido.

Os grãos de painço foram menos consumidos e que obteve maior sobra no comedouro, comprovando a menor aceitação deste grão por estas aves neste experimento. Sendo assim seria o grão não recomendado para Bicudos na idade de 4 a 6 anos criados "ex situ". Segundo MATTOS (2012), o costume em muitos criadouros é de colocar muita quantidade destes grãos nos comedouros muitas vezes completando sua capacidade com altas proporções disponíveis.

Deve-se ter cuidado com a quantidade de oferta de grãos, estes além de muitos possuírem altos teores de extrato etéreo e amido costumam favorecer o ganho de peso descontrolado prejudicando o desempenho e a saúde dos pássaros.

4. Conclusões

O mix de grãos é uma boa opção para alimentação de bicudos adultos criados em cativeiro, assim como o arroz e alpiste.

O baixo consumo do painço pelos bicudos e maior sobra nos comedouros indica que o grão não seria apreciado por bicudos adultos criados "ex situ".

São necessários mais estudos sobre o consumo de outros grãos disponíveis no mercado Goiano para minimizar o custo das dietas oferecidas aos bicudos e outras aves canoras.

Agradecimentos

A toda equipe do Criadouro Realengo e em especial ao supervisor de estágio Waldir P. Silva pela disponibilidade e confiança no desenvolvimento deste trabalho.

Referências bibliográficas

EULER, A. C.C.; FERREIRA, W. M.; SAAD, F. M. O. B.; NASCIMENTO, M. C. C.; TELES, L. F.; TEIXEIRA, E. A. Exigência de proteína para canários (Serinus canaria) adultos. Revista Archivos de Zootecnia.v.57, n.219, p.307- 312.2008.

FRANCISCO, M. R.; SILVEIRA, L. F.Conservação animal ex situ. In:PIRATELLI, A. J.; FRANCISCO, R. M. (Orgs). Conservação da biodiversidade: dos conceitos às ações. Rio de Janeiro: Techinical Books, 2013. p. 117-118.

KILL, J. L.; HAESE. D.; VASCONCELLOS, C. H. F.; PUPPO, D. D. Avanços na nutrição de pássaros: quebrando paradigmas. 2008. On-line. Disponível em: <http://www.naturezaonline.com.br/natureza/conteudo/pdf/01_KillJLetal_5354.pdf.>. Acesso em 01 de out. de 2015.

MATTOS, M. M. O curió. Rio de Janeiro: Ediouro S.A. 2012. 124p.

PAIANO, D.; MAGALHÃES, V. J. A.; MAGALHÃES JÚNIOR, M. A. A.; GARCIA, E. R. M.; FACHINELLO, M. R. Consumo e valor nutritivo de alimentos utilizados para Bicudo-verdadeiro (Sporophila maximiliani).Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, Salvador-BA, v.12, n.3, p.750-757, 2011.

PEREIRA, J. C. Nutrição e alimentação parte geral. Boletim técnico N°14. Cruzeiro. SP. 2004.

SANDOVAL, O. O. Manejo de canários da terra para torneio. On-line. Disponível em: <http://www.ctfibra.com.br/artigos/manejo-para-torneio/>. Acesso em 28 de out. de 2015.

SIMÃO. V. Avaliação da qualidade de alimentos para aves de companhia quanto ingredientes, corantes artificiais, fungos e micotoxinas. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos do Centro de Ciências Agrárias, da Universidade Federal de Santa Catarina. 2010. 194p.

TOSTES, A. P. O bicudo. 2014. On-line. Disponível em: <http://www.lagopas.com.br/painel/pdf/download.php?arq=BICUDO>.pdf. Acesso em 29 de out. de 2015.


1. Zootecnista, Pós graduanda em Manejo e Conservação dos Ecossistemas Naturais e Sistemas Agrários UEG/Câmpus Palmeiras de Goiás. Email: jessicacaetano5@hotmail.com
2. Docente do curso de Zootecnia UEG/Câmpus São Luís de Montes Belos
3. Docente do curso de Zootecnia UEG/Câmpus São Luís de Montes Belos

4. Docente do curso de Zootecnia UEG/Câmpus São Luís de Montes Belos

5. Docente do curso de Agronomia da UEG/ Ipamerí-GO

6. Docente e pesquisadora da UEG/Câmpus CET Anápolis-GO. Bolsista BIP/UEG

7. Acadêmico do curso de Zootecnia UEG/Câmpus São Luís de Montes Belos


Revista Espacios. ISSN 0798 1015
Vol. 37 (Nº 19) Año 2016

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