Espacios. Vol. 37 (Nº 15) Año 2016. Pág. 17

Desempenho térmico de compósitos à base de talos de girassol em componentes de edificações

Heat performance of composites based on sunflower stalks in buildings components

Ana Paula do Amaral ADAMY 1; Fábio Severo da ROSA 2; Leandro Cantorski da ROSA 3

Recibido: 16/02/16 • Aprobado: 17/03/2016


Contenido

1. Introdução

2. Revisão

3. Metodologia

4. Discussão

5. Conclusões

Referências


RESUMO:

O artigo tem por objetivo apresentar uma comparação de diferentes compósitos que tenham como base o talo de girassol, quanto as suas propriedades isolantes em relação aos requisitos de desempenho térmico mínimo estabelecidos na norma ABNT NBR 15575-4:2013 em sistemas de vedações verticais para uso em edificações. Foi simulada uma parede para divisão de ambientes internos através de um corpo de prova contendo os compósitos avaliados, constatando-se que os mesmos atendem ao limite estabelecido, com destaque para duas das formulações testadas.
Palavras-chave: Resíduo agrícola, compósito com talos de girassol, isolamento térmico.

ABSTRACT:

The article aims to present a comparison of different composites that are based at sunflower stalk, as their insulating properties relative to minimum thermal performance requirements of the standard NBR 15575-4: 2013 in the vertical sealing systems for use in buildings. It was simulated a wall for dividing internal environments through a proof body containing the evaluated composites, having noticed that they meet the established limit, highlighting two of the tested formulations.
Key words: Agricultural waste, composite with sunflower stalks, thermal insulating.

1. Introdução

A necessidade da adoção de métodos ou estratégias de aperfeiçoamento contínuo para questões voltadas à qualidade, capacidade e eficiência de produtos e processos, a fim de reduzir desperdícios de recursos e consumo de materiais, é um assunto cada vez mais emergente na sociedade, tendo em vista o fato de consumidores, fornecedores, governos e mercado em geral estarem mais exigentes com a comunidade empresarial no que diz respeito à responsabilidade ambiental (BUCCELLI; NETO, 2014).

Um dos grandes problemas enfrentados pela humanidade é a geração de resíduos. O setor agroindustrial contribui constantemente para a geração de grandes quantidades de resíduos, que manejados inadequadamente podem contaminar o solo, o ar e corpos hídricos, criando sérios problemas ambientais (PEDROSA et al., 2013). Apesar dessas implicações, esses resíduos possuem valor econômico agregado, podendo ser tratados e aproveitados até mesmo no próprio setor agroindustrial.

Muitos estudos vêm sendo desenvolvidos pela comunidade científica, com a intenção de identificar possibilidades de utilização desses resíduos na produção de materiais e componentes industriais. Algumas dessas pesquisas têm investigado o uso de fibras naturais, provenientes destes resíduos, na função de isolamento térmico. Os materiais convencionais para isolamento térmico são produzidos a partir de componentes inorgânicos com eventuais riscos associados (BINICI et al., 2014).

Reddy e Yang (2005) afirmam que as fibras de base agrícola representam a alternativa mais promissora para fibras naturais, pois a sua disponibilidade e economia na utilização superam suas limitações, em comparação ao desenvolvimento e uso de fibras provenientes de fontes não naturais. Destaca-se o potencial de aproveitamento da haste de girassol, caracterizada como um tipo de resíduo agrícola abundante, que muitas vezes é queimado nas lavouras após a colheita, para mantê-la limpa e evitar a propagação de doenças vegetais (RUIZ et al.,2013).

Estimativas afirmam que são produzidos de três a sete toneladas de resíduos por hectare nas lavouras de girassol (MARECHAL; RIGAL, 1999). Levando-se em consideração o fato de que, foram produzidas 41.335.165 toneladas de grãos de girassol em todo o mundo em 2014, que renderam 1.669,3 kg/ha de área colhida no período segundo a FAOSTAT (2014) e que no Brasil, conforme dados do IBGE (2015), a quantidade produzida foi de 154.159 toneladas, referentes a 111.761 hectares (ha) de área plantada, há uma grande quantidade de matéria-prima para ser reaproveitada.

Existem estudos que comprovam que o resíduo proveniente da haste do girassol apresenta potencial de aplicação para diversas finalidades, como por exemplo, na composição de aglomerados para a indústria de móveis, fabricação de biocompósitos e como matéria-prima para produção de bioetanol (BEKTAS et al., 2005, MATI-BAOUCHE et al., 2014; RUIZ et al., 2013).

Considerando tais aspectos, o artigo tem por objetivo comparar diferentes compósitos que tenham como base o talo de girassol, quanto as suas propriedades isolantes em relação aos requisitos de desempenho térmico mínimo estabelecidos na norma ABNT NBR 15575-4:2013 em sistemas de vedações verticais.

2. Revisão

2.1 Resíduos agrícolas

Segundo dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) a estimativa da geração de resíduos oriundos das agroindústrias associadas à agricultura para as culturas temporárias e permanentes mais representativas em termos de área cultivada no Brasil, representa um total de 291 milhões de toneladas de resíduos (IPEA, 2012).

Os resíduos agrícolas têm despertado grande interesse nos últimos anos, já que um dos seus grandes potenciais é a geração de energia através da produção de biocombustíveis (RUIZ et al., 2013). Além disso, os resíduos vêm apresentando resultados satisfatórios no que tange a aplicação de seus subprodutos como matéria-prima para o desenvolvimento de componentes de materiais substitutos aos materiais tradicionais de construção civil (MADURWAR et al., 2013). Os autores ainda destacam que em comparação aos materiais convencionais, os materiais compósitos provenientes de resíduos agrícolas são: mais baratos, duráveis, leves, tem baixa condutividade térmica e principalmente, mais amigáveis ao meio ambiente.

2.2 Talos de girassol

Conforme dados da Embrapa, o girassol é cultivado no mundo principalmente para extração do óleo comestível, como fonte de proteínas na alimentação animal (farelo e silagem), para alimentação de pássaros, no mercado de floricultura, para produção integrada de mel, uma vez que a flor de girassol é bastante atrativa para abelhas e também para produção de biodiesel. Pesquisadores da Embrapa ainda destacam que o girassol é uma cultura que se desenvolve bem na maioria dos solos agricultáveis, podendo ser cultivado em praticamente todo o território brasileiro, sendo cultivado atualmente principalmente nos Estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Paraná, Bahia e Ceará (EMBRAPA, 2014). 

Atualmente, sementes e óleo são os principais produtos explorados pela indústria nessa cultura, o que acaba gerando oportunidades de se obter subprodutos a partir das demais partes da planta, inutilizadas após a colheita, principalmente do caule ou talo, que ainda é pouco explorado (MATHIAS et al., 2015).

Pesquisas vêm sendo feitas a fim de se investigar as propriedades do talo de girassol e suas possíveis aplicações. Marechal e Rigal (1999), ao analisarem o talo de girassol, afirmam que o mesmo pode ser facilmente separado em duas partes (Figura 1): fibra ou casca e a medula (parte interna). As fibras são longas, na cor marrom. Para os autores, a composição das fibras se assemelha a de outras plantas como milho e sorgo, apresentando um elevado conteúdo de celulose e hemicelulose. A estrutura fibrosa da medula é mais organizada num arranjo tipo "favo de mel".

Figura 1 – Estrutura de uma haste de girassol.

Fonte: Sun et al., 2013, p. 52.

A medula possui baixa densidade, podendo ser utilizada para a fabricação de materiais leves, sem necessidade de aditivos ou processo de secagem do molde (Marechal; Rigal, 1999). Conforme os autores, materiais desenvolvidos a partir da medula tem uma densidade semelhante à do poliestireno expandido e parâmetros de flexão superiores, além dos testes indicarem que tais materiais são mais resistentes do que poliestireno expandido.

O talo de girassol é considerado uma matéria-prima promissora para diversas aplicações, tanto em termos de propriedades físicas quanto em valorização socioeconômica (MATHIAS et al., 2015). Além de apresentar boas propriedades térmicas e mecânicas, os autores salientam, que o girassol é capaz de ser competitivo em um crescente mercado de fibras naturais devido as suas características de grande disponibilidade, preço baixo e capacidade de cultivo em todo o mundo.

2.3 Isolamento térmico

Transferência de calor é o deslocamento de energia que ocorre quando quantidades de matéria que apresentam temperaturas diferentes são colocadas em contato térmico.  A transferência sempre vai ocorrer do meio de maior temperatura para o meio de menor temperatura (VAN WILLEN; SONNTAG, 2013).

A função do isolamento térmico é criar uma barreira à transferência do calor. A aplicação de um material de baixa condutividade térmica diminui a propagação e a perda de calor para o meio. Os principais materiais isolantes usados no Brasil são: lã de vidro, lã de rocha e poliuretano (ROSA et al., 2015).

A condutividade térmica de um material (l) corresponde à propriedade física de um material, no qual se verifica um fluxo de calor constante, com densidade de 1 W/m2, quando submetido a um gradiente de temperatura uniforme de 1 K (Kelvin) por metro, resultando numa unidade de medida W/(m×K). Quanto menor for o valor da condutividade térmica de um material, mais isolante será (ABNT, 2005a).

A resistência térmica (R) de um material mede a sua capacidade de reduzir a troca de calor, sendo expressa em (m2×K)/W. Assim, quanto maior for a resistência térmica do material, melhor é a sua capacidade de isolação térmica. A resistência térmica de uma camada homogênea de material sólido é determinada por e/l onde "e" corresponde a espessura da camada do material (ABNT, 2005a; VAN WILLEN; SONNTAG, 2013).

A resistência térmica total de ambiente a ambiente, ilustrada na figura 2, é dada por

Figura 2 – (a) Resistência térmica de uma camada homogênea; (b) resistência térmica total (RT).

Fonte: Fonte: Adaptado ABNT (2005b).

Rt corresponde a resistência térmica total, de superfície a superfície, de um componente plano constituído por n camadas homogêneas, perpendiculares ao fluxo de calor, sendo obtida pela soma das resistências térmicas de cada camada. Rse e Rsi correspondem às resistências superficiais externa e interna, tendo valores médios recomendados respectivamente de 0,04 e 0,13 (m2×K)/W (ABNT, 2005b).

Transmitância térmica (U) ou coeficiente global de transferência de calor, corresponde ao inverso da resistência térmica, sendo expressa em W / (m2×K). Esta medida corresponde a uma propriedade dos componentes construtivos relacionada à permissão da passagem de energia, estando relacionada à espessura do componente e à condutividade térmica dos seus materiais constituintes (ABNT, 2005b).

2.4 Desempenho térmico de edificações

As exigências de conforto térmico estão relacionadas com o funcionamento do corpo humano. Havendo a sensação de frio ou calor, significa que o organismo está perdendo mais calor ou menos calor que o necessário para que a sua temperatura interna se mantenha na ordem de 37oC. Partindo desse princípio, das condições climáticas e das características térmicas dos materiais usados no projeto e construção dos ambientes a serem ocupados pelas pessoas, se tem as condições necessárias para se projetar artefatos e ambientes que atendam as exigências de conforto térmico (FROTA; SCHIFFER, 2003).

As condições climáticas se alteram para locais distintos. A escolha dos materiais construtivos está relacionada à questões de resistência mecânica, de segurança e econômicos, deixando-se muitas vezes as questões de desempenho térmico para um plano secundário.

Os custos de aquecimento no inverno e refrigeração no verão são muito elevados. Um dos grandes desafios é o de melhorar o desempenho energético dos edifícios, considerando a crescente ênfase social dada as questões ambientais, a eliminação de resíduos, e ao esgotamento dos recursos não-renováveis (MATI-BAOUCHE et al., 2014).

A qualidade de um material isolante depende da sua capacidade de adaptação a nível nacional, regional ou até mesmo, a formas de construção locais e tradições (PAPADOPOULOS, 2005).  Os requisitos de desempenho térmico mínimo são estabelecidos no Brasil através da norma ABNT NBR 15575-4:2013 para sistemas de vedações verticais. Um dos critérios adotados para avaliação do desempenho térmico desses sistemas é através da transmitância térmica (U) de paredes externas. A norma estabelece os valores máximos admissíveis para cada zona bioclimática (ABNT, 2013a).

O território brasileiro, pela sua extensão geográfica e grandes diferenças no relevo e clima, foi dividido em oito zonas bioclimáticas homogêneas quanto ao clima. Foram definidas recomendações técnico-construtivas para otimizar o desempenho térmico das edificações (ABNT, 2005c).

2.5 Compósitos para isolamento térmico

Pesquisas apontam ser possível usar a casca de arroz, sabugo de milho talos de girassol e uma série de outros materiais considerados resíduos, na formulação de compósitos para uso em revestimento interno de forros e paredes, na forma de painéis ou adicionados na camada de reboco para contribuir com a conservação de energia das edificações, diminuindo a transmissão de calor entre os ambientes, além de serem materiais totalmente renováveis, regionais e de baixo impacto ambiental (KORJENIC et al., 2011; MENDES et al., 2010; PANYAKAEW et al., 2011; ROSA et al., 2015).  

Bevitori e Silva (2013) estudaram a fibra extraída do caule da planta de rami (Boehmeria nivea), caracterizada como uma das mais fortes fibras lignocelulósicas, quanto as suas propriedades de difusividade, capacidade térmica específica e condutividade térmica e os resultados comprovaram que as fibras apresentam alta capacidade de isolamento térmico.

Wei et al. (2015) desenvolveram um novo processo para a fabricação de materiais isolantes a partir de palha de arroz, usando prensagem a quente, comprovando a eficiência do compósito obtido.

Quanto ao uso de resíduos da cultura do girassol: Sun et al. (2015), assim como Mati-Baouche et al. (2014), demonstraram que um biocompósito desenvolvido a partir de partículas de talo de girassol (casca e medula) com quitosana como aglutinante, apresentou propriedades térmicas e mecânicas suficientes para ser usado para fins de isolamento térmico em edifícios. Rosa et al. (2015) elaboraram placas de isolamento térmico, usando casca de arroz, talos de girassol, gesso e tecido de juta, para uso em um coletor solar para aquecimento de água. Binici et al. (2014) desenvolveram um compósito com resíduos provenientes da produção de girassol, de algodão e da indústria têxtil, tendo epóxi como aglutinante, para uso como isolante térmico em edifícios. Evon et al. (2014) confeccionaram painéis de fibras que podem ser colocados em paredes e tetos em edifícios como isolamento térmico, utilizando um bolo gerado durante a biorrefinaria de girassol e uma prensa hidráulica aquecida. Kocaman et al. (2011), utilizaram caule de girassol, casca de arroz, cimento e gesso como aglutinantes, em diferentes combinações para a fabricação de placas de isolamento térmico para uso em edifícios rurais.

3. Metodologia

Esta foi uma pesquisa aplicada com uma abordagem que combinou aspectos das pesquisas qualitativas e quantitativas. Quanto aos objetivos, apresenta caráter explicativo, tendo em vista o intuito de explicar o potencial isolante de alguns componentes naturais, como o talo de girassol. Em relação aos procedimentos técnicos, foram usados: pesquisa bibliográfica, através de consultas a livros, artigos científicos e técnicos, além de material disponível em sites especializados; pesquisa experimental quando diferentes compósitos foram comparados quanto as suas propriedades isolantes em relação às exigências de desempenho térmico (GIL, 2010; MIGUEL, 2012).

As etapas da pesquisa estão descritas na Figura 3. Inicialmente foi feita uma revisão bibliográfica em artigos científicos que descrevem a preparação de compósitos usando resíduos agrícolas a fim de usá-los como material alternativo na isolação térmica.

Figura 3 – Etapas da pesquisa.

Fonte: Dados da Pesquisa.

Foram identificados doze experimentos usando talos de girassol com a obtenção de bons resultados e definido um corpo de prova padrão, formado por duas placas de gesso tipo standard, indicadas para paredes e revestimentos em áreas secas com 15 mm de espessura, separadas por uma camada de 50 mm do compósito obtido em cada um dos experimentos selecionados (Figura 4). As dimensões quanto às espessuras adotadas para o corpo de prova, foram definidas para simular uma parede para divisão de ambientes internos (PLACO, 2014). Essas dimensões e composição da placa foram usadas para avaliação de seu desempenho térmico através de simulação. A condutividade térmica (l) dos materiais componentes da placa são: placas externas de gesso – 0,35 W/(m×K) (ABNT, 2005b); placa interna de compósito – valores obtidos nos doze experimentos. No cálculo da resistência térmica total de ambiente a ambiente adotou-se a resistência superficial interna Rsi – 0,13 (m2×K)/W (ABNT, 2005b).

Figura 4 – Modelo usado para comparação do desempenho térmico.

Fonte: Dados da pesquisa.

A avaliação dos resultados foi feita, comparando-se os valores de transmitância térmica (U) de paredes externas, considerando-se o uso dos doze compósitos no corpo de prova da Figura 4, em relação ao atendimento dos limites estabelecidos na norma ABNT NBR 15575-4:2013 para sistemas de vedações verticais. Para escolha do valor limite para U, considerou-se no experimento a zona bioclimática 2, que compreende boa parte dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e alguns pontos do estado de São Paulo e Minas Gerais (ABNT, 2013a). Para a zona bioclimática 2, o valor estabelecido é U ≤ 2,5 (ABNT, 2013a, p. 27).

4. Discussão

Os resultados obtidos foram agrupados em ordem cronológica inversa no Quadro1.

Quadro 1 -  Comparação entre os compósitos selecionados para o estudo.

 

TESTE

 

AUTOR

EXPERIMENTO

RESULTADOS

Composição das placas isolantes

Condutividade térmica (l) W/mK

Resistência térmica total (RT)

(m2×K)/W

Transmitância térmica (U)

(m2×K)/W

1

Sun et al. (2015)

120 g de casca e medula de haste de girassol e 200 ml de biomatriz de quitosana.  O tamanho das partículas de casca e medula variaram entre 3 e 5 mm. A pressão de compactação de 32 kPa foi aplicada antes da secagem.

0,06

1,179

0,848

2

Rosa et al. (2015)

50 g de casca de arroz (4%), 500 g de hastes de girassol (inteira) (40%), 110 g de tecido de juta (8%), 400 g de gesso (30%) e 240 g de água (18 %), utilizada para dissolver o gesso.

0,104

0,826

1,210

3

Binici et al. (2014)

Composição 1 (gesso como aglutinante): 1500g de gesso, 180g de hastes de girassol (moídas), 90g de resíduos têxteis e 1450g de água.

0,1642

0,650

1,538

4

Composição 2 (epóxi como aglutinante):  30% de haste de girassol (casca), 20% de fibra de girassol (medula), 15% de epoxy e 7 bar de pressão.

0,0728

1,033

0,968

5

Evon et al. (2014)

258g de bolo de girassol (gerado durante a biorrefinaria da planta). A temperatura de moldagem foi de 140 °C à uma pressão de 150kgf/cm2  aplicada durante um tempo de moldagem de 40s.

0,0885

0,911

1,098

6

Mati-Baouche et al. (2014)

4,3% de quitosana/girassol, hastes de girassol foram trituradas com tamanho de partículas de 6,3 mm e densidade de 150 kg m-3.

0,056

1,239

0,807

 

7

 

Kocaman et al. (2011)

Composição 1 (Cimento como aglutinante: IB3 - 1 porção de cimento para 9 de haste de girassol (triturada); IC3 - 1 porção de cimento para 4,5 de casca de arroz e 4,5 de haste de girassol (triturada).

IB3 - 0,062

1,152

0,868

8

IC3 - 0,065

1,115

0,897

 

9

 

Composição 2 (Gesso como Aglutinante): IIB2 - 1 porção de gesso para 6 de haste de girassol; IIB3 - 1 porção de gesso para 9 de haste de girassol (triturada); IIC2 - 1 porção de gesso para 3 de casca de arroz e 3 de haste de girassol (triturada);  IIC3 - 1 porção de gesso para 4,5 de casca de arroz e 4,5 de haste de girassol (triturada).

IIB2 - 0,063

1,139

0,878

 

10

 

IIB3 - 0,054

1,272

0,786

 

11

 

IIC2 - 0,065

1,115

0,897

 

12

 

IIC3 - 0,057

1,223

0,818

Fonte: Dados da Pesquisa.

Duas das pesquisas apresentaram respectivamente dois e seis compósitos diferentes a partir das variações de sua composição (Binici et al.,2014; Kocaman et al., 2011). Assim se têm doze resultados de condutividade térmica (l) diferentes. Para cada valor de l, foram calculados os valores de resistência térmica total (RT) e transmitância térmica (U), obtendo-se os valores listados no quadro 1. Verifica-se que todos os compósitos avaliados, em condições semelhantes conforme descrito na metodologia, atendem ao limite estabelecido na norma ABNT NBR 15575-4:2013, considerando-se às exigências para a zona bioclimática 2.

A partir dos resultados obtidos, constata-se também o atendimento aos valores máximos admissíveis para transmitância térmica (U) de coberturas, considerando o fluxo térmico descendente (ABNT, 2013b).

Os melhores resultados de resistência térmica total (RT) correspondem aos com compósitos das amostras – IIB3 de Kocaman et al. (2011) e de Mati-Baouche et al. (2014). Em ambos os casos, foi usado apenas o girassol triturado em combinação com um material aglutinante.

5. Conclusões

A partir da comparação realizada entre os diferentes compósitos, embora alguns tenham se destacado por seu desempenho, constatou-se que todos poderiam ser usados em aplicações na função de isolamento térmico em edificações no Brasil, especificamente aquelas situadas na zona bioclimática 2, que exige um condicionamento térmico tanto para o verão como para o inverno, que apresenta extremos de frio e calor.

O estudo sustenta, que o desenvolvimento de compósitos a base de resíduos agrícolas, neste caso o talo de girassol, têm um futuro promissor para uso como isolante térmico em edificações. Uma vez que as vedações verticais devem desempenhar várias funções numa edificação, justifica-se ampliar o estudo considerando-se além do desempenho térmico, avaliações em relação ao desempenho acústico, estabilidade, resistência mecânica, durabilidade, estanqueidade à água e reação ao fogo, melhorando e acrescentando potencialidades a propriedades já testadas.

Referências

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1. Mestranda em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), e-mail: anapaula.adamy3@gmail.com
2. Arquiteto, DAF Engenharia e Arquitetura, e-mail: fsevero@gmail.com
3. Doutor em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), e-mail: leski78@hotmail.com


Vol. 37 (Nº 15) Año 2016

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