Espacios. Vol. 37 (Nº 12) Año 2016. Pág. 26

Custos e rentabilidade da produção de girassol no estado do Mato Grosso, Brasil

Costs and profitability of the production of sunflower of the Mato Grosso state, Brazil

Rodrigo Anselmo TARSITANO 1; Gilmar LAFORGA 2; Ércio Roberto PROENÇA 3; Rosalina Maria Alves RAPASSI 4

Recibido: 05/01/16 • Aprobado: 25/02/2016


Contenido

1. Introdução

2. Metodologia

3. Resultados e discussão

4. Considerações finais

Referências


RESUMO:

O objetivo foi estimar os custos de produção e os indicadores de lucratividade da cultura do girassol no estado do Mato Grosso. Os dados foram levantados junto aos técnicos e produtores que trabalham com a cultura e para o cálculo do custo de produção foi utilizada a estrutura do custo operacional total. Os indicadores de lucratividade foram positivos, considerando o preço de mercado dos últimos anos. Em função do aumento da área cultivada com girassol no estado do Mato Grosso, os resultados deste trabalho contribuem com o processo de decisão do produtor, para um melhor planejamento de suas atividades.
Palavras-chave: Expansão, Análise econômica, Mercado.

ABSTRACT:

This work had as objective esteems the production costs and the indicators of profitability of the culture of the sunflower in the state of Mato Grosso. The data were close to lifted up the technicians that work with the culture and To calculate the cost of production the structure of total operating cost (TOC) was used. Considering the increase of the area cultivated with sunflower in the state of Mato Grosso, the results of this work contribute with the process of decision, for a better planning of your activities.
Key words: Expansion, Economical Analysis; Market.

1. Introdução

A cultura do girassol (Helliantus annuus L.), é originária da América do Norte, mas é cultivado nos cinco continentes, com grande importância econômica mundial. A soja, a canola e o girassol são consideradas como as três mais importantes culturas anuais produtoras de óleo do mundo (LEITE et al., 2005).

A produção mundial de girassol é de 40.339 mil toneladas, a Ucrânia é o maior produtor com 10.000 toneladas (24,79% do total), ocupando a segunda colocação a Rússia com 9.800 toneladas (24,29%) e a União européia com 7.950 toneladas (19,71% do total) na terceira posição. Até a safra 2008/2009 a Rússia era o maior produtor mundial de girassol, a partir de 2009/10 passa a ocupar o terceiro lugar. A Ucrânia além de maior produtor é o maior consumidor (10.365 mil t) (AGRIANUAL, 2015).

As finalidades são muitas, desde na alimentação humana, alimentação animal, como matéria-prima para biocombustíveis, entre outros. Segundo a Embrapa, 2012, o óleo de girassol é considerado, dentro os óleos vegetais, como um dos óleos de melhor qualidade nutricional e organoléptica (aroma e sabor). Além disso, a massa resultante da extração do óleo, rende uma torta altamente protéica, usada na produção de ração, sendo ainda utilizado na silagem para alimentação animal e seu cultivo também pode estar associado à apicultura.  

O Brasil não tem expressão na produção de girassol, a produção prevista para safra 2014/15 é de apenas 207,9 mil toneladas, o que representa 0,52% da produção mundial. Mato Grosso se destaca entre os Estados brasileiros, produzindo 85% da produção nacional, ocupando uma área de 110,5 mil hectares (84% da área total cultivada com girassol). Minas Gerais vem a seguir produzindo apenas 15,4 mil toneladas em 11 mil hectares (CONAB, 2015). Historicamente o aumento da cultura no Brasil é recente, na região centro-sul  os dados mais antigos são de 2004/05.

O cultivo do girassol é uma opção de diversificação nos sistemas de rotação e sucessão de culturas nas regiões produtoras de grãos no Brasil (Leite et al., 2005). Apresenta melhor tolerância à seca em relação às culturas do milho e soja.

O girassol, por suas características agronômicas, físicas, químicas, organolépticas e versatilidade, é uma cultura interessante para o agronegócio brasileiro, seja através de seus produtos, co-produtos ou como processo. O desenvolvimento e a estruturação do sistema agroindustrial (SAG) do girassol constituem importante recurso na substituição de fontes de energias fósseis e na complementação da base de matérias-primas de energias renováveis (PERSON, 2012). O girassol também é uma das opções para produção de biocombustível, porque apresenta elevado teor de óleo nos grãos (38% a 53%) e ampla adaptação às diversas regiões brasileiras.

O Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) é um programa interministerial do Governo Federal, lançado em 2004, objetiva a implementação sustentável, tanto técnica, como economicamente, da produção e uso do Biodiesel, com enfoque na inclusão social e no desenvolvimento regional, via geração de emprego e renda (BRASIL, MDA, 2013). Para o Brasil, não apenas uma, no caso a soja, que tem sido amplamente predominante, mas várias opções para produção de biodiesel é o desejável, com o girassol, pinhão manso, entre outras.

Silva et al. (2007) também consideram que o girassol, além de apresentar características desejáveis do ponto de vista agronômico (ciclo curto, bom rendimento de óleo, entre outros) faz parte do programa do governo federal, em utilizar o biodiesel na matriz energética nacional, por apresentar viabilidade técnico-ambiental na produção de biocombústiveis.

Moraes, 2012, para analisar economicamente o potencial da cadeia produtiva do girassol como alternativa dinamizadora do desenvolvimento do território, formado pelas regiões Vale do Rio Pardo e Vale do Taquari (RS), estimou os custos e a rentabilidade do grão, do óleo, torta e do biodiesel de girassol e seus potenciais efeitos sobre a demanda nos mercados de matérias-primas agroindustriais. Considerando os preços de mercado, verificou-se a inviabilidade da utilização do óleo de girassol para a produção de biodiesel.

O crescimento da cultura do girassol no Mato Grosso está voltado principalmente para indústria de óleo, como opção a cultura do milho na segunda safra. A importância de se estimar e analisar os custos e a lucratividades das atividades, como ferramenta de gestão e  auxílio na tomada de decisão é fundamental para o produtor rural.

Este trabalho teve como objetivo estimar os custos de produção e os indicadores de lucratividade da cultura do girassol no Estado do Mato Grosso. Ao oferecer um parâmetro de custo ao produtor contribui para um melhor planejamento de suas atividades.

2. Metodologia

A produção de girassol no Brasil se concentra no Estado do Mato Grosso, seguido por Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul, produções acima de 20.000 toneladas no ano são encontradas em municípios do Mato Grosso, nos outros Estados predomina produções de 100 a 1000 toneladas. (Figura 1).

Figura 01-  Mapa da produção de girassol no Brasil em 2014.

Fonte: CONAB/IBGE, 2014.

Nos últimos 10 anos a evolução da área e da produção no Brasil e no Mato Grosso tiveram um comportamento irregular, com picos nas safras 2007/08 e em 2013/2014. O aumento na safra 2013/14 em relação a safra anterior deve ser destacado, no Mato Grosso, a área mais que dobrou (149%) de 50,7 mil hectares para 126,2 mil hectares e a produção passou de 84,7 mil toneladas para 203,3  mil toneladas em 2014, aumento de 140%. Esse aumento pode ser explicado em parte pelos preços baixos obtidos com a cultura do milho e a expansão  de indústrias em Campo Novo de Parecis, município maior produtor de girassol no Brasil. No circuito Aprosoja em 2014 verificou-se a expansão da indústria de óleo de girassol  que tem como acionistas produtores desta oleaginosa  que garantem o volume de matéria prima [5]. No caso do girassol, como o grão é leve, diferente da soja, a produção precisa estar próxima da indústria.

O girassol é alternativa a produção do milho  utilizado no plantio da segunda safra após a colheita da soja. Para a próxima safra, 2014/15, devido atraso no plantio da soja em Mato Grosso, as expectativas são de produção menor do girassol. Enquanto no Mato Grosso a safra é comercializada principalmente para indústrias de óleo, em Minas Gerais o crescimento é devido principalmente a indústria de biodiesel da Petrobrás em Montes Claros, no Norte de Minas, além de atender indústrias de produção de óleo e outras finalidades, instaladas em outras regiões deste Estado. Para a safra 2014/15 os dados da Conab (2015) mostram queda na área (7,9%) e na produção (12%), (Figura 2).

Figura 02-  Área de cultivo de girassol no Brasil e em Mato Grosso no período de 2005/06 a 2014/15.

Fonte: Conab, 2015.

Para o levantamento dos coeficientes técnicos e dos preços para determinação dos custos e da lucratividade do girassol, foram entrevistados técnicos que trabalham com a cultura e realizada coleta de dados por meio de publicações do Agrianual, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária [6] (IMEA) e da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso [7] (Aprosoja).

O sistema de cultivo do girassol não varia muito, no sistema plantio direto, após dessecação da área realiza-se o plantio com adubação e nos tratos culturais adubação de cobertura e controle de plantas daninhas e pragas e doenças e a colheita é mecanizada.

Um dos principais objetivos para elaborarem-se estimativas de custos médios de produção é o de obter dados sobre a lucratividade de uma determinada atividade. Os valores obtidos no cálculo de custo dependem basicamente de fatores como preços dos recursos produtivos utilizados, da eficiência com que se utilizam esses recursos e, principalmente da estrutura de custo utilizada no cálculo dos mesmos. Para Nogueira (2004), mais importante ainda que estimar e controlar os custos é que o produtor tome decisões a partir dos dados levantados. Para isso não há modelos corretos e incorretos, alguns são mais rigorosos e outros menos, porém devem permitir que o produtor tome decisões gerenciais e operacionais com base nas informações de custos.

Para o cálculo do custo de produção foi utilizada a estrutura do custo operacional total (COT) (MARTIN, et al. 1998). Foram considerados os seguintes itens:

  1. Operações mecanizadas: foram consideradas as despesas com combustíveis, lubrificantes (20% das despesas com combustível), reparos e manutenção (8% do valor inicial da máquina dividido pelo número de horas trabalhadas no ano), abrigo (1% do valor inicial da máquina dividido pelo número de horas trabalhadas no ano), seguro (1% do valor inicial da máquina dividido pelo número de horas trabalhadas no ano) e tratorista. As despesas com os implementos referem-se a reparos e manutenção (foi considerada uma percentagem de 5 a 15% a. a. sobre o valor inicial do equipamento). A soma de todos esses gastos resultou no custo horário das operações mecanizadas com o trator e os implementos.
  2. Operações manuais: foi realizado levantamento das necessidades de mão-de-obra nas diversas fases do ciclo produtivo, relacionando-se para cada operação realizada, o número de homens/dia (HD) para executá-la. Em seguida multiplicam-se os coeficientes técnicos de mão-de-obra pelo valor médio da região;
  3. Materiais: os preços médios dos corretivos, fertilizante, dos defensivos, entre outros, foram os vigentes na região multiplicados pelas quantidades dos materiais utilizados;
  4. Juros de custeio: foi considerada a taxa de 5 % a.a. sobre o valor médio das despesas com operações e materiais;
  5. Depreciação: a depreciação dos bens considerados fixos, ou seja, os que prestam serviços por mais de um ciclo produtivo, foi calculada utilizando-se o método linear.

O custo operacional efetivo (COE) é composto das despesas com operações mecanizadas, operações manuais e material consumido. Faz parte do custo operacional total, além do COE, outras despesas, juros de custeio e depreciações. Neste caso não foram determinados o custo de oportunidade do uso da terra e do capital fixo.

Nas operações que refletem o sistema de cultivo, foram computados os materiais consumidos e o tempo necessário de máquinas e mão-de-obra para a realização de cada operação, definindo nestes dois casos, os coeficientes técnicos em termos de hora máquina (HM) e homem dia (HD). Os preços médios foram coletados e apresentados em real (R$).

Para determinar a lucratividade da cultura, foram estimados a receita bruta como o produto da produção pelo preço médio recebido pelos produtores; o lucro operacional pela diferença entre a receita bruta e o custo operacional total, o índice de lucratividade igual à proporção da receita bruta que se constitui em recursos disponíveis, e o preço de equilíbrio (MARTIN, et al. 1998). As análises compreenderam os preços médios recebidos pelos produtores nos últimos 3 anos, o preço médio da safra 2014 e o preço estipulado pelo Programa de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) do governo federal.

3. Resultados e discussão

Na Tabela 01 verificam-se os coeficientes técnicos e os preços utilizados na estimativa do custo operacional efetivo e no custo operacional total de produção de girassol em 2014.

O COT por hectare foi de R$ 1.385,65/ha, os itens que mais oneraram o COT foram os insumos, que  tiveram uma maior participação (53,26%), seguida pelas operações mecanizadas (33,74%), as operações manuais 92,56%) e despesas com transporte e pagamento das despesas de um mês de armazenagem participaram com 3,25% cada. Das despesas totais com os insumos (R$737,99/ha), os gastos com fertilizantes representaram quase 64%, as despesas com defensivos vem a seguir com 29,51% e os gastos com sementes representaram 6,5%.

Nas operações mecanizadas (R$467,50/ha) a colheita tem maior participação 32% deste total, enquanto as despesas com o plantio e adubação de plantio (que foram realizadas conjuntamente) foi de 24,60%.

O custo de produção de qualquer atividade é um dos problemas enfrentados pelos produtores rurais. Nogueira (2004) considera que o produtor precisa definir como produzir dentro de um determinado nível de custo de produção que permita determinada margem de lucro de acordo com os preços de mercado vigentes.

Os produtores precisam exercer uma gestão eficiente dos seus custos, desde a época mais adequada para compra dos insumos, a realização de análise de solo para adubação correta, assim como em relação ao momento de fazer as pulverizações, com máquinas e implementos com as manutenções necessárias. Desta forma, trabalhando com eficiência técnica e econômica, seu objetivo de obter lucro no seu negócio pode ser alcançado.

Esses resultados mostram que o produtor precisa exercer uma gestão eficiente na aquisição dos fertilizantes, que tem maior representatividade na planilha de custo, assim como na colheita, não apenas nas despesas, mas também na eficiência e na minimização das perdas no campo.

O valor do custo é maior que o obtido no Agrianual 2015, no estado de Goiás que foi de R$1.009,07/ha, também maiores que os estimados por Carvalho (2014) que foram de R$1.055,27/ha, mas não especifica a região. Nos três casos a produtividade estimada foi igual de 1.800 kg/ha (30 sacas de 60 kg).

Segundo Noronha (1981) para estimar a lucratividade de qualquer atividade, a produtividade e os preços considerados são relevantes para as análises.

A produtividade média brasileira de girassol em 2014/15 foi estimada em  1.429 kg/ha, valor menor que o obtido na safra passada de 1.597 kg/ha. No Mato Grosso a média também deverá cair de 1.570 para 1.428 kg/ha (CONAB, 2014).

Tabela 1- Estimativa de Custo Operacional Total (COT)/ha,
sistema plantio direto, média tecnologia, da cultura do girassol, 2014.

Descrição

Especificação

Quantidade

Valor Unitário (R$)

Valor Total (R$)

Part.

%

A. Operações Mecanizadas

Dessecação

HM

0,8

75

60

4,33

Plantio/adubação

HM

1

115

115

8,3

Adubação cobertura

HM

0,5

75

37,5

2,71

Pulverizações

HM

1

75

75

5,41

Colheita

HM

0,6

250

150

10,83

Transporte interno

HM

0,5

60

30

2,17

Subtotal A

467,5

33,74

B. Operações Manuais

Plantio/adubação

HD

0,4

75

30

2,17

Colheita

HH

0,5

11

5,5

0,4

Subtotal B

35,5

2,56

C. Insumos

Fórmula 10-14-16

ton

0,25

1400

350

25,26

Uréia

ton

0,08

1528

122,24

8,82

sementes

kg

3

16

48

3,46

Herbicida 1

l

1,5

22

33

2,38

Herbicida 2

l

0,8

15

12

0,87

Inseticida 1

l

0,75

42

31,5

2,27

Inseticida 2

l

1,25

113

141,25

10,19

Subtotal C

737,99

53,26

D. Pós-colheita

Transporte e armazenagem

R$/t

18

2,5

45

3,25

Custo Operacional Efetivo (COE)

   1.285,99

 

Juros de custeio

 

 

 

35,36

2,55

Outras Despesas

 

 

 

64,3

4,64

Custo Operacional Total (COT)

   1.385,65

100


Verificam-se na Figura 3 os preços do PGPM e os preços médios recebidos pelos produtores no período de 2010 a 2014. Neste período os preços do PGPM aumentaram apenas 19,16% e os preços médios recebidos pelos produtores 50,11%.  Os preços médios de mercado crescem mais de 2012 a 2013.

Figura 3- Preços médios recebidos pelos produtores (PMRP) e Preços do
Programa de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) no período de 2010 a 2014.

Fonte: Conab, 2014

Não obstante, que em 2013 a 2014 os preços médios recebidos pelos produtores tenham se mantido estável, os produtores de Mato Grosso não estão satisfeitos, pois consideram baixo o valor de mercado para 2014 na faixa de R$50,00/saca de 60 kg. Deve-se destacar os baixos valores do PGPM do governo federal, quando comparados com os preços de mercado. O preço do girassol da PGPM de 2005 a 2008 foi de R$17,61/saca de 60 kg, aumentou em 2009 para R$18,69, em 2010 foi para R$25,69 e manteve este valor até 2012, aumentou em 2013 para R$30,60 e manteve esse valor até o primeiro semestre de 2014, a partir de julho de 2015 passou a R$33,23/saca de 50 kg, estabilidade também verificada nos preços médios recebidos pelos produtores em 2013 e 2014.

Para estimar e analisar os indicadores de lucratividade foram levantados na CONAB, o preço médios recebido pelos produtores em 2014 de R$53,00/saca de 60 kg, os preços médios recebidos pelos produtores de girassol nos últimos 3 anos que foi de R$52,00/saca de 60 kg, e o preço do PGPM de R$33,23 [8].

Os indicadores econômicos da cultura do girassol encontram-se detalhados na Tabela 02. Estimou-se a lucratividade considerando três preços da saca de 60 kg do grão de girassol: o preço médio recebido pelo produtor (PMRP) em 2013/14 de R$54,00; o preço médio das médias dos últimos 3 anos (PM) que foi de R$52,00 e pelo PGPM estipulado pelo governo Federal de R$30,60 saca de 60 kg.

Se for considerada a produtividade média obtida de 30 sacas/ha e o preço médio recebido pelos produtores de R$ 53,00/saca, a receita bruta é de R$ 1.590,00/ha, o lucro operacional de R$ 204,35/ha e o índice de lucratividade de 12,85%. Neste caso recebendo R$53,00/saca o produtor precisa produzir no mínimo 26 sacas para cobrir o COT, ou ainda, produzindo 30 sacas/ha o produtor precisa receber no mínimo R$48,41/saca para cobrir os custos. Para os preços médios dos últimos 3 anos (R$52,00) obtidos pelo grão do girassol, os resultados econômicos foram menores, mas ainda positivos. Observa-se que os resultados foram negativos para o preço de R$33,23 do PGPM, o lucro operacional foi negativo de 388,75/ha.

Os dados obtidos no Agrianual 2015 mostram resultados mais favoráveis para o girassol, quando comparado com o milho para safra 2014. Para um custo total de R$ 1.009,07/ha, produção de 30 sacas de 60 kg e preço médio de apena R$40,00/saca de 60 kg a margem de ganho com girassol foi de 15,9%. Este valor é muito maior que o obtida pelo milho safrinha em Sorriso-MT, que teve um custo estimado de R$ 1.606,40/ha e receita bruta de R$1.687,50/ha, para um preço médio de R$13,50/saca de 60 kg, a margem foi de apenas 4,81% (AGRIANUAL 2015).

Tabela 2. Indicadores de rentabilidade, considerado três diferentes preços
recebidos pelos produtores da produção de girassol em sistema plantio direto,
média tecnologia, por hectare, 2014.

Indicadores

Valores

 

PMRP*

PM últimos 3 anos*

PGPM*

Preços (R$/saca de 60kg)

53

52

33,23

Produtividade (sc/ha)

30

30

30

Receita bruta (R$)

1.590,00

1.560,00

996,9

COT (R$)

1.385,65

1.385,65

1.385,65

Lucro operacional (R$)

204,35

174,35

-388,75

Índice de lucratividade (%)

12,85

11,18

-139

Preço de equilíbrio (R$)

48,41

48,41

48,41

Produção de equilíbrio (sc/ha)

25,55

26,54

45,09

*PMRP = preços médios recebidos pelos produtores.
PM últimos 3 anos = preços médios recebidos pelos produtores nos últimos três anos.
PGPM = Programa de Garantia de Preços Mínimos.

Carvalho (2014) estimou um preço muito maior para o grão de girassol de R$1,08/kg ou R$64,80/saca de 60 kg, neste caso a rentabilidade foi bem alta, a receita bruta foi de R$ 1.944,00/ha e o índice de lucratividade de 45,72%.

Silva et al. (2007) também verificaram viabilidade técnica e econômica na produção de girassol em condições irrigadas e de sequeiro. O retorno observado pelo aumento da produtividade, devido a irrigação, é maior do que o investimento necessário na operação da mesma (energia e água).

Richetti (2006) avalia que cada propriedade apresenta particularidades quanto à topografia, condições físicas e de fertilidade dos solos, tipos de máquinas, área plantada, nível tecnológico e, até mesmo, aspectos administrativos, o que as tornam diferenciadas quanto à estrutura e valores dos custos de produção. Portanto, os custos poderão ser diferentes, sendo que o ponto de equilíbrio e a produtividade de cobertura (quantidade necessária para cobrir todos os custos) podem variar em função de alterações no custo de produção ou no preço do produto, ocasionando maior ou menor lucratividade. Portanto, deve ser incentivado que cada produtor calcule o seu custo de produção, mas avaliações como a deste trabalho podem contribuir para tomada de decisão do produtor rural.

4. Considerações finais

De um modo geral, os resultados econômicos, foram positivos, devido a produtividade e ao preço de mercado do grão do girassol nos últimos anos, pois o preço do PGPM não cobriu os custos de produção que é de R$48,41 a saca de 60 kg.

O cultivo do girassol vem se constituindo em uma alternativa aos produtores para substituição do milho segunda safra, dado o preço muito baixo do milho.

Produzir grãos de girassol, em qualquer período de safra, exige bom conhecimento técnico e acompanhamento rigoroso durante todo o ciclo da cultura, principalmente na adubação, no controle de plantas daninhas e de pragas, para que o produtor obtenha resultados econômicos positivos.

A tomada de decisão, para realização de um investimento, exige que o produtor tenha informações de custos e preços dos produtos que o auxiliem a investir seu capital em atividade que lhe assegure um retorno econômico positivo.

5. Referências

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SILVA, M.L.O.; FARIA, M.A.; REIS, R.P.; SANTANA, M.J.; MATTIOLI, W. (2007); Viabilidade técnica e econômica do cultivo de safrinha do girassol irrigado na região de lavras, MG. Ciência Agrotecnologia, [on line], jan./fev 2007, v. 31, n1, [acesso 20 de março de 2015], p. 200-205. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php. ISSN 1981-1829.


1. Professor Doutor da Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT, Campus Universitário de Nova Xavantina-MT, BR 156, km 148, caixa postal 08, Nova Xavantina-MT, CEP: 78690-000, E-mail: rodrigotarsitano83@gmail.com
2. Professor Doutor da Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT, Campus Universitário de Tangará da Serra, Rodovia MT 358 Km 07 Bairro Jardim Aeroporto Tangará da Serra - MT CEP 78.300-000. E-mail:gilmar.laforga@gmail.com

3. Professor Doutor da Faculdade de Engenharia, UNESP – Universidade Estadual Paulista, Campus de Ilha Solteira-SP, Brasil. E-mail: proença@agr.feis.unesp.br

4. Doutora da Faculdade de Engenharia, UNESP – Universidade Estadual Paulista, Campus de Ilha Solteira-SP, Brasil. E-mail: rosa.rapassi@agr.feis.unesp.br

5. Informações em https://circuitoaprosoja.wordpress.com/tag/girassol.

6. O IMEA - Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária é um instituto privado sem fins lucrativos do sistema Famato em parceria com a Aprosoja, Ampa e Acrimat, criado em 1998 e reestruturado em 2008, com sede em Cuiabá-MT, realiza estudos e projetos socioeconômicos e ambientais em todo o território matogrossense, através de um sistema de coleta, processamento e análise de dados produzindo informações estratégicas do agronegócio para as entidades mantenedoras. http://www.imea.com.br.

7. A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) é uma entidade representativa de classe sem fins lucrativos, constituída por produtores rurais ligados às culturas de soja e milho de Mato Grosso. Criada em fevereiro de 2005, representa os direitos, interesses e deveres dos produtores de soja e milho, Para isso, desenvolve ações e projetos que visam o crescimento sustentável da cadeia produtiva da soja e do milho em Mato Grosso. http://www.aprosoja.com.br/estatisticas.

8. http://consultaweb.conab.gov.br/consultas/consultaPgpm.do?method=acaoCarregarConsulta.


Vol. 37 (Nº 12) Año 2016

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