Espacios. Vol. 37 (Nº 10) Año 2016. Pág. 24

Estudo de Implantação de uma Unidade Educacional fora de sede

Estudio para la implemantación de una Unidad Educacional distante

Marco Aurélio Antunes DELLA MÉA 1; Felipe Martins MÜLLER 2; Adriana Moreira da Rocha VEIGA 3; André Luis Kieling RIES 4

Recibido: 10/12/15 • Aprobado: 02/02/2016


Contenido

1. Introdução

2 Fundamentação teórico-conceitual

3. Considerações finais

4. Referências bibliográficas


RESUMO:

Este artigo tem como temática a configuração e implantação de Unidade Educacional Universitária fora de sede no período antecedente à expansão e interiorização das Universidades Públicas Federais Brasileiras. Esta investigação requereu estudo teórico-bibliográfico constituindo a fundamentação teórico-conceitual. Os eixos conceituais desenvolvidos foram: a) a Educação Superior no Brasil; b) expansão e interiorização das Universidades Públicas Federais como Política de Estado e c) Modelos de Gestão Universitária para Inovação. Com estes eixos conceituais, contribuiu-se para a busca de categorias de análise para o desenvolvimento futuro de modelo de implantação de uma Unidade Educacional universitária fora de sede.
Palavras-chave: Unidade Educacional fora de sede, Educação Superior, Gestão Universitária.

RESUMEN:

En este artículo los resultados de tesis, teniendo como tema la configuración de una unidad educacional distante de la sed en el período previo a la expansión y la internalización de las universidades públicas federales brasileñas. Esta investigación requiere estudio teórico y bibliográfico que constituye la base teórica y conceptual. Ejes conceptuales desarrollados fueron: a) la educación superior en Brasil; b) la expansión y la internalización de los Públicas Universidades Federales como Política de Estado; c) Modelos de Gestión de la Universidad para la Innovación. Con estos ejes conceptuales, contribuido a la búsqueda de categorías de análisis para el futuro modelo de implementación de desarrollo de una Unidad Educativa Universidad de sed.
Palabras clave: Unidad Educativa fuera de la sede, Educación Superior, Gestión Universitaria.

1. Introdução

Este artigo tem como temática a configuração e implantação de Unidade Educacional Universitária fora de sede no período antecedente à expansão e interiorização das Universidades Públicas Federais Brasileiras, plano REUNI/2007. A investigação que norteou este artigo é decorrente de uma investigação teórico-bibliográfica que constitui a fundamentação teórico-conceitual. Procura-se aqui firmar visão acerca de determinados eixos, a saber: a) a Educação Superior no Brasil; b) expansão e interiorização das Universidades Públicas Federais como Política de Estado e c) Modelos de Gestão Universitária para Inovação. Com isso, procuramos estabelecer categorias de análise para o desenvolvimento futuro de modelo de implantação de uma Unidade Educacional universitária fora de sede.

O estudo bibliográfico consiste em pesquisa bibliográfica, com foco no aporte teórico pertinente à pesquisa, envolvendo aportes teóricos e metodológicos, pois toda a pesquisa exige a sustentação de uma triangulação do conjunto de dados coletados. Na concepção de Severino (2007), este tipo de estudo é realizado a partir de pesquisas anteriores, documentos impressos como teses, dissertações, obras, etc. Ainda, "utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados". (SEVERINO, 2007, p.122).

A construção e análise das dimensões conceituais orientaram-se pelo esquema de leitura proposto por Severino (2007) é apresentado como método de estudos, envolvendo: a preparação do texto (análise textual, através de leitura exploratória; levantamento de dados adjacentes ao autor, vocabulário, específico, contextos abordados, dentre outros; esquematização do texto); a compreensão do texto (análise temática, através de reconstrução do processo de concepção do texto, evidenciando a lógica tecida pelo autor; caracterização da temática, tese central e ideias secundárias; esquematização conceitual); a interpretação do texto (análise interpretativa da mensagem do autor; contexto epistemológico; associação de ideias; reflexão crítica); a problematização (por meio da discussão do texto em suas linhas e entrelinhas e transposição do texto para as questões de interesse da pesquisa) e a sistematização das ideias trabalhadas, aplicando-as ao objetivo do estudo (produção de um novo texto, como resultado do processo de apropriação do texto-referência).  É importante esclarecer que o processo de leitura analítica não garante a postura epistemológica do leitor ao explorar a obra. Representa apenas uma processualística de leitura, que necessita ser dinamizada pelo investigador, ao buscar referências para o processo interpretativo-reflexivo.

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988).

Em 2001, para dar cumprimento ao disposto na Constituição (BRASIL, 1988), foi elaborado o Plano Nacional de Educação – PNE 2001-2010 (http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/pne.pdf) , fixando metas que exigiam um aumento considerável dos investimentos nessa área, além de metas que buscavam a ampliação do número de estudantes atendidos em todos os níveis da educação superior.

Nesse contexto foram estabelecidos, nos últimos 10 anos, os programas de expansão do ensino superior federal, cuja primeira fase, denominada de Expansão I, compreendeu o período de 2003 a 2007, ou seja, o Período Pré-Reuni. Este teve como principal meta interiorizar o ensino superior público federal, o qual contava até o ano de 2002 com 45 universidades federais e 148 campus/unidades.

A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM adiante) aderiu à política governamental já nessa primeira fase, com a criação do Centro de Educação Superior Norte do Rio Grande do Sul (CESNORS), primando pela ação expansionista da universidade, ao incrementar o crescimento e fortalecimento educacional superior da região norte do Estado do Rio Grande do Sul, já mapeado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Frederico Westphalen e enviado ao Ministro da Educação. A UFSM, já instalada como instituição educacional de ensino médio e tecnológico com o Colégio Agrícola de Frederico Westphalen, naturalmente é candidata nata a responder aos apelos sociais e comunitários da região por uma educação superior pública, gratuita e de qualidade.

 Este estudo analisa esse processo de implantação de uma unidade de ensino fora de sede como uma experiência de expansão e interiorização da educação superior, na busca de prováveis indicadores para a proposição de um modelo para a inovação, sem perder de vista as variáveis restritivas legais e condicionantes da própria realidade.

O Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), sucedendo a fase de Expansão I, definiu como um dos seus objetivos dotar as universidades das condições necessárias para a ampliação do acesso e permanência na educação superior, congregando esforços para a consolidação de uma Política Nacional de Expansão da Educação Superior Pública, em atendimento ao disposto pelo Plano Nacional de Educação (Lei nº 10.172/2001), que estabeleceu o provimento da oferta da educação superior a pelo menos 30% dos jovens na faixa etária de 18 a 24 anos, até o final da década. (MEC, 2012).

Para tal fim, fez-se necessária a intervenção das Instituições de Ensino Superior já estabelecidas para, em conjunto com a Secretaria de Educação Superior do Ministério de Educação (SESu/MEC), prover o País de novas Instituições, bem como na expansão das IFES pré-existentes.

Anteriormente, tendo em pauta as negociações junto às IFES interessadas em tal programa de Expansão e Interiorização do Ensino Superior, a partir de 2005, o Governo Federal investiu na criação de novas Unidades Educacionais, destinadas ao atendimento da demanda por vagas no Ensino Superior. Dentro deste contexto político governamental, surgiram três tipos de unidades educacionais: (1) as unidades que compuseram as novas universidades; (2) as unidades que foram instaladas em campus pré-existentes e (3) as unidades de universidade já consolidadas, implantadas fora da sede. Este último inclui o caso do CESNORS, implantado pela UFSM.

O estudo de caso proposto concentrará esforços de entendimento e elaboração de um sistema organizacional que permita, ao tempo que consolide e organize conhecimentos adquiridos empiricamente, a convalidação de um modelo científico de criação e implantação de tais Unidades, através da definição de indicadores para novas referências de gestão acadêmica como oportunidade de inovação com relação ao modelo instituído na Sede.

 No Serviço Público Brasileiro, as dificuldades para obtenção do conhecimento em área administrativa ainda não trilhada, ou executada em momento pretérito de longa data, sem que tenha deixado os registros de sua consecução, como foi o caso da criação das Universidades brasileiras, as quais não deixaram bibliografia e o pouco que foi deixado não mais se adequa aos padrões legais atuais, torna tal mister ainda mais desafiante, posto que é preciso um exercício permanente de indução entre o cipoal legal, de forma a permitir um mínimo de planejamento e segurança de execução. Para isso, faz-se necessária ampla motivação por parte dos executores da Política traçada pela Administração Central. Para que seja desenvolvido o conhecimento, necessita-se, além disso, de planejamento, do esforço do Servidor e de políticas que venham ao encontro dessas necessidades.

Dentro da política de Expansão do Ensino Superior no Brasil, teve significativo impacto o processo de criação de novas Unidades Educacionais fora de Sede, no sentido de levar Universidades já estabelecidas e consagradas a novos Municípios, permitindo dessa forma a inclusão de novas Comunidades dentro do processo de formação superior.

A busca de informações para a constituição do corpus teórico e metodológico da pesquisa ocorrerá por meio de estudos bibliográfico, documental e empírico, tendo como contexto a Universidade Federal de Santa Maria durante o período Pré-Reuni, diante do desafio de implantar uma unidade educacional fora de sede, no Norte do Estado do Rio Grande do Sul. São sujeitos da pesquisa pessoas envolvidas na implantação da unidade, tanto da comunidade externa quanto da UFSM, as quais irão sendo mapeadas a partir dos diferentes levantamentos de informações. O estudo bibliográfico permitirá o conhecimento atual do tema, a construção de mapas conceituais e a matriz teórica, a qual neste artigo é apenas referida. Outras informações serão buscadas por meio de: estudo exploratório na linha do tempo 1960-2010, estudo documental, entrevistas individuais e, ainda, memorial de áudio/imagens.

2. Fundamentação teórico-conceitual

Estudar a implantação de uma unidade educacional fora de sede e determinar indicadores que proporcionem inovações em relação ao modelo da sede exige não só que se situe a questão na evolução da Educação Superior no Brasil, buscando sua forma de criação e crescimento ao longo do tempo, como forma de entender a importância do salto proposto pela Política Governamental de criação de novas vagas e atendimento às novas regiões através da atuação pontual de Instituições Federais de Ensino Superior já estabelecidas. De igual forma, exige que o formato adotado fique documentado de forma a possibilitar atuações futuras, tanto de novas implantações como de modelo comparativo entre o pretendido e o alcançado.

As possibilidades de criação de novos indicadores para a gestão acadêmica com viés inovador em relação ao modelo referência que lhe deu vida – modelo da sede – permitem ao mesmo tempo não só implantações sob nova ótica, como também possibilita readequações no modelo-mãe, dotando as IFES de informações e experiências que permitam melhorias na Instituição como um todo, através de um processo de sinergia entre a Unidade implantada e a Sede.

A partir destes fundamentos, a pesquisa abordará a implantação de uma Unidade Fora de Sede e a definição de indicadores de gestão acadêmica, como critério de inovação e desafio às Instituições de Ensino Superior.

A Educação Superior no Brasil surgiu em 1812, somente após quatro anos da vinda da Família Real Portuguesa. Ainda assim, não era universitária. Foram faculdades isoladas, orientadas para formação profissionalizante, sob demanda específica, descomprometida com a produção e disseminação do conhecimento necessário para o desenvolvimento autônomo da Nação. Criadas, inicialmente, para atender a burocracia do Estado, em poucas áreas tradicionais para formar advogados, médicos e engenheiros demandados pelo exército e governo (SCHUCH, 1998).

Em 1920, pelo Decreto N.º 14.343, foi criada a primeira Universidade Brasileira, a Universidade do Rio Janeiro, na cidade do Rio de janeiro, à época capital do Brasil. Esta Universidade era voltada para o ensino, elitizada e, ainda, conservando a orientação profissional de seus cursos e a autonomia das faculdades. Aos poucos outras áreas profissionais foram criadas, sempre fora de universidades, sem existir, no entanto, no país, um projeto e uma legislação à altura da importância e da demanda de Educação Universitária para o desenvolvimento. Assim, de 1920 a 1949, nenhuma outra universidade foi criada, dando-se em tal ano e 1950 a criação de mais quatro universidades(veja Quadro 1, para detalhamento). A década de 1950 proporcionou a criação de mais duas Universidades: a Universidade Federal do Ceará e a Universidade Federal Rural de Pernambuco.

Já a década de 1960 foi à época de ouro para as Universidades, com a criação ao longo da década de nada menos que vinte e três Universidades, entre Autarquias e Fundações Federais, dentre as quais a Universidade Federal de Santa Maria, em 1960, primeira Universidade Federal Brasileira implantada no interior, fora do eixo das Capitais. Esta característica de sua formação foi determinante para que, ao longo de sua existência, tenha desenvolvido viés de expansão e interiorização através de projetos extensionistas de criação de unidades fora de sede, sendo um destes projetos o embrião que deu origem à Universidade Federal de Roraima, além de Universidades Comunitárias no RS.  A década de 1970 trouxe-nos quatro Universidades, a de 1980, três e a de 1990 mais duas.

Quadro 1 – Linha do Tempo: Criação das IFES (MEC, 2009)

http://image.slidesharecdn.com/linha-090915175317-phpapp01/95/linha-do-tempo-das-universidades-federais-brasileiras-4-728.jpg?cb=1253055219

A Constituição de 1988, art. 205, define a Educação como um direito de todos e dever do Estado e da Família. Já o reconhecimento do papel da Universidade como um instrumento de transformação social, desenvolvimento sustentável e inserção do país, de forma competente, no cenário internacional, mobilizou os movimentos reivindicatórios de expansão da educação superior pública e gratuita. (Análise sobre a Expansão das Universidades Federais 2003-2012-MEC)

 Em face de novel Constituição, a partir do final dos anos 90 se configura uma nova fase da evolução da Educação Superior, caracterizada como de Expansão e Regulação. Concomitantemente com a Expansão que contribuiu para tirar o Brasil dos últimos lugares dentre os países da América Latina em termos de taxa de escolaridade superior, esforço de regulação procurou dotar o País de um conjunto de leis e sistemas compatíveis com o seu crescimento quantitativo, dentro de um padrão mínimo aceitável de qualidade. Em 2001, para dar cumprimento ao disposto na Constituição, foi elaborado o Plano Nacional de Educação – PNE (2001-2010), fixando metas que exigiam um aumento considerável dos investimentos nessa área, além de metas que buscavam a ampliação do número de estudantes atendidos em todos os níveis da educação superior.

Nesse contexto foram estabelecidos, nos últimos 10 anos, os programas de expansão do ensino superior federal, cuja primeira fase, denominada de Expansão I, compreendeu o período de 2003 a 2007 (onde se situará objeto do estudo) e teve como principal meta interiorizar o ensino superior público federal, o qual contava até o ano de 2002 com 45 universidades federais e 148 campus/unidades. Estes programas de expansão da Rede Federal de Educação Superior vieram atender o Plano Nacional de Educação (PNE) – Lei N. 10.172/2001. Também, com esta expansão foi ampliado o acesso ao Ensino Superior público e gratuito no Brasil e possibilitou a compreensão de dois momentos – Expansão Fase I e o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI, 2007 em diante), possibilitando, assim, a ampliação de vagas e a criação de novos Cursos de graduação e Pós-Graduação. (MEC, 2012). Não é demais anotar que as Universidades elencadas no quadro 1 trazem em seu bojo algumas Instituições que foram na verdade, transformadas e não criadas, a exemplo da Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, antiga Fundação Federal Faculdade de Ciências Médicas de Porto Alegre (FFFCMPA), transformada em Universidade em 2008,  pela lei nº 11.641/2008.

No caso da Universidade Federal de Santa Maria, esta insere-se na expansão pela criação do Centro de Educação Superior Norte do Rio Grande do Sul (CESNORS), que primou pela ação expansionista da universidade, incrementando o crescimento e fortalecimento da região norte do Estado do Rio Grande do Sul.

Para fins de definição do modelo de gestão, existe a necessidade de exame da Universidade como organização, pelo que se tornará necessário o olhar sobre as teorias de gestão e a forma pela qual incidem sobre a universidade enquanto organização.

Se considerarmos uma Universidade Federal como uma organização, posto que ente público tenha algumas características que não refogem ao ensinamento de Robbins (2001, p.31) para o qual "a organização é um arranjo sistemático de duas ou mais pessoas que cumprem papéis formais e compartilham um propósito comum". Ainda segundo o autor retro, temos que as organizações têm em comuns fatores:

- Têm propósito expresso em termos de meta ou conjunto de metas;

- São compostas de pessoas;

- Desenvolvem uma estrutura sistemática, que define comportamentos formais e limita o comportamento de seus membros.

Dos modelos de gestão, adotaremos o representado no quadro 2, por entendermos que definem de forma bastante clara e abrangente o universo modelar, sintetizando nos cinco modelos os que melhor guardam características gerais distintas.

QUADRO 2 - Modelos de Gestão, segundo Marback Neto (2001, pp. 247-8).

MODELOS

CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS

 

 

 

 

BUROCRÁTICO

  • Presença marcante do formalismo, impessoalidade e profissionalismo.
  • Não consegue visualizar os conflitos de poder existentes, baseados na força das influências e no conhecimento especializado.
  • Bloqueia a criatividade da área acadêmica pelo excesso de atendimento dos padrões estabelecidos pela área administrativa.
  • Transformações lentas em função dos conflitos entre a área acadêmica e administrativo-financeira.

 

 

 

COLEGIADO

  • Estrutura bastante igualitária, com relações predominantemente informais.
  • Decisões tomadas por consenso.
  • Dirigente eleito pelos pares, isto legitima.
  • Confiança é condição sine que non.
  • Modelo mais viável em universidades.

 

 

 

 

POLÍTICO

  • Concilia fatores como consumo e conflito com pressupostos burocráticos.
  • As decisões ficam a cargo de pequenos grupos, que algumas vezes constituem-se grupos de interesse fora da estrutura hierárquica.
  • Mudanças constantes de objetivos de grupos de interesses e mudança do ambiente externo.
  • Papel do dirigente em mediar conflitos frequentes é algo normal.
  • Decisões refletem mais um jogo político, resultados dependem das vantagens dos participantes.
  • As regras antecedem ou guiam o jogo, mas emergem no processo.

 

 

 

ANARQUIA ORGANIZADA

  • Modelo "lata de lixo", modelo "frouxamente articulado".
  • Caracteriza as organizações como situações de decisão com objetivos indefinidos, tecnologia indistinta, participação fluida, falta de conexão entre problemas e soluções, pouco esforço para racionalização dos meios e estrutura de decisão problemática.
  • Contradiz o papel da universidade de ser uma organização de vanguarda, pois trabalha de forma realista.
  • Decisões são tocadas sem um estudo prévio ou uma análise mais apurada, pois tem o objetivo determinado de sanar os problemas.

 

CIBERNÉTICO

  • O Gestor tem a tarefa de proteger a organização, assumindo seus papéis: ajusta o sistema.
  • Garante a sobrevivência da organização.

Este quadro, ao tempo que caracteriza os diversos modelos de gestão, de igual forma não atende na totalidade a situação de uma Universidade Federal Brasileira, posto que as mesmas sejam regidas, na prática, por modelos em sua maioria colegiados, porém com fortes e inescapáveis tendências ao modelo burocrático e político.

Isso se caracteriza através da presença dos Colegiados nos cursos diversos, bem como na presença dos Conselhos Superiores das IFES, os quais por sua natureza são fóruns de decisão, as quais invariavelmente são tomadas pelo consenso da maioria. A escolha do Dirigente é eletiva e perfeitamente legitimadora de ações no seu âmbito de competência, estando tais características ao abrigo do modelo colegiado.

Porém, por ser uma instituição governamental, o modelo burocrático exerce inegável influência, notadamente as características enquadradas pelo autor, mormente no que se refere aos entraves de ordem legal, os quais colocam a organização em situações muitas vezes de amordaçamento frente às inovações ou necessidades de pronta mudança para adequar-se a mudanças de cenário.

Outra característica definidora de modelo de gestão fático das universidades federais contempladas no quadro em questão foi alocada no modelo político e trata da atuação do reitor. Ao tempo que o mesmo é eleito, sua legitimação é incontestável enquanto autoridade assim constituída, porém por força da existência de fatores tanto burocráticos como políticos no dia a dia universitário, sua presença passa a ser cada vez mais concorrida para a mediação de conflitos.

O envolvimento da autoridade máxima da instituição no desenvolvimento das ações burocráticas e cotidianas obriga o reitor ao compartilhamento do poder, seja através de delegações de competências, seja através das mediações efetuadas. São limitadores que terminam privando-o, ou no mínimo limitando-lhe eventual condição de liderança visionária que leve a instituição a grandes impulsos. Já em 2001, Marback Neto (2001, p. 250), estribado em LucE (1995, p. 31), anotou luminar observação, no tocante ao aparente desvirtuamento do papel de um reitor:

Quando pensamos sobre o tema mais amplo, o papel político do reitor na universidade, vemos que tem sido o papel mais comum em nossas análises. Por essa razão nem mais conseguimos encontrar o reitor e, quando o encontramos ele está atolado de problemas, não mais aquele reitor magnífico, um reitor grande líder, sozinho, produtor de grandes projetos, indutor de grandes ações. Não sei se com isso estou até ousando ofender alguma imagem, mas, pelo que conheço do grupo, já se passou o tempo do reitor solitário. Hoje os reitores tentam, inclusive, apelar para a imagem da solidariedade como elemento que se contrapõe no qual se constrói a administração universitária.

Dizemos que a observação é lúcida porque reparou na atuação administrativa do reitor, porém tal desvirtuamento é somente aparente, uma vez que sempre que a universidade é desafiada ou que surge uma oportunidade de ações de porte, são os reitores que capitaneiam o planejamento e, às vezes, até mesmo a execução dos mesmos. Não é demais lembrar que a autora que suportou a citação acima, (LUCE, 1995), a partir de 2007 foi a pessoa/profissional que abraçou os projetos de implantação oriundos da Universidade Federal de Santa Maria e da Universidade Federal de Pelotas, os quais criaram dez(10) campi que deram origem à Universidade Federal do Pampa e, como Reitora, a consolidou em dez Municípios da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, Brasil.

Apesar de tal situação não fazer parte do escopo do presente trabalho, o envolvimento direto de dois Reitores – da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) – foi o que propiciou o embrião e a instalação da novel instituição ainda em 2006, sendo em 2007 desvinculados os projetos de implantação e legalmente criada a mesma, sob a reitoria da autora retrocitada, que a unificou e consolidou. Ouso, portanto, resguardar a magnificência dos Reitores, com a ressalva de que o autor citado não se equivocou quanto à atuação dos reitores no dia a dia institucional. De fato, a partir do ano da tese em questão, o envolvimento de Reitores nas ações de criação e expansão de universidades foi determinante para o salto quali/quantitativo das universidades brasileiras, tratando-se, portanto, de questões atinentes à oportunidade. Afora as oportunidades – ofertadas pela circunstância ou garimpadas via projetos – cabe ao Reitor a busca da eficácia e eficiência, tanto acadêmica como administrativa. Esta última realmente é a que mais lhes toma tempo, mas tal fato não se limita às instituições brasileiras, estando em voga mundo afora. É uma tendência já identificada por relatório elaborado pela rede europeia de análise de educação superior "Eurydice", publicado em 2008, conforme segue:

O chefe executivo representa a instituição de ensino superior em transações legais e acordos de financiamento. Geralmente é a principal figura responsável pelo planejamento estratégico das atividades institucionais, incluindo administração e supervisão. (EURYDICE, 2009).

Feita a digressão, como homenagem aos homens que saíram da zona de conforto proporcionada pela atuação administrativa cotidiana de suas Universidades e empreenderam a consecução de uma Política de Estado e construíram uma terceira Universidade, a ela retornamos através da análise do modelo de gestão para fins de definição da modelagem do projeto ora estudado.

No caso da implantação de uma unidade educacional fora de sede, a Universidade Federal de Santa Maria utilizou-se do modelo pré-existente no campus sede, através da replicação dos centros diversos que a compunham. Para fins de análise de eficácia, pretende-se agora a busca de categorias de análise para a definição de indicadores que levem à inovação, como forma de contribuição à atuação acadêmica das universidades.  

3. Considerações finais

Os eixos conceituais desenvolvidos foram: a) a Educação Superior no Brasil; b) expansão e interiorização das Universidades Públicas Federais como Política de Estado e c) Modelos de Gestão Universitária para Inovação.  Com estes eixos conceituais, contribuiu-se para a busca de categorias de análise para o desenvolvimento futuro de modelo de implantação de uma Unidade Educacional universitária fora de sede. Estes eixos, ao serem considerados, propiciam as condições comparativas entre o modelo vigente na Sede, que constituiu o norte do projeto de implantação e sua eficácia em relação à nova Unidade. Por se constituir em uma Unidade projetada e implantada de forma rápida, contando com uma Comunidade constituída por Docentes e Técnicos Administrativos concursados para este fim específico, sem quaisquer vínculos político-administrativos anteriores com o modelo implantado e vigente na sede, acrescido à distância física das instalações, as condições de análise restringem-se ao estudo no campo administrativo, de forma a verificar as variações ocorridas quanto aos fatores de comunicação, custo/aluno, relação ingressos/egressos, de forma a construir indicadores para análise e comparação entre a nova unidade e os indicadores gerais da Sede.

O planejamento da pesquisa: problematização, elementos, esboços metodológico e dissertativo são visualizados abaixo:

FIGURA 1. Planejamento da pesquisa: problematização,
elementos, esboços metodológico e dissertativo.

 Um estudo com tal escopo permite, a partir da análise histórica, visualizar e detectar eventuais falhas de aplicação político-administrativa de recursos físicos, financeiros e humanos, viabilizando formatos de correção de ações que visem a eliminação de eventuais equívocos ou distorções quando da implantação de políticas educacionais, constituindo-se em uma via de mão dupla, servindo tanto à Unidade Fora de Sede estudada quanto à Sede, que fornecerá os indicadores de comparação.

Tal modelagem de estudo permitirá, a priori, que se tenham dados de suporte a uma sugestão de melhorias destinadas ao aumento da performance da Instituição como um todo.

Referências bibliográficas

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO  Plano Nacional da Educação Disponível em: (http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/pne.pdf Acesso em 23 de março de 2015.

LUCE, M. B. M.. "O papel político do Reitor na Administração Universitária. In: Organização Universitária Interamericana. A Gestão da Universidade Brasileira: a Visão dos Reitores. Prefácio: Almir de Souza Maia. Piracicaba, UNIMEP, 1995, p. 23-54.

MARBACK NETO, G. Avaliação Institucional como Instrumento de Gestão Universitária. Tese de doutorado apresentada à Universidade Estadual Paulista Julio Mesquita Filho. Campus de Marilia, 2001.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Análise sobre a Expansão das Universidades Federais 2003 a 2012. Relatório da Comissão Constituída pela Portaria N.º 126/2012. MEC, Brasília, 2012. Disponível em: <portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&.task>. Acesso em:23 de março de 2015.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Expansão das universidades federais 1920-2009.Linha do tempo das universidades federais brasileiras, 2009.Disponível em: http://pt.slideshare.net/BlogDoPlanalto/linha-do-tempo-das-universidades-federais-brasileiras   Acesso em:23 de março de 2015.

SCHUCH JÚNIOR, V. F. Educação e Universidade, raízes históricas e situação brasileira. 1. ed. Santa Maria: Vitor Schuch Jr., 1998. v. 500. 163 p.

SEVERINO. A. J. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. São Paulo: Cortez, 2007.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA. Pró-Reitoria de Planejamento – Plano de Desenvolvimento Institucional 2011/2015. Santa Maria, abril de 2011.


1. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Produção e Técnico Administrativo em Educação na Universidade Federal de Santa Maria/UFSM (Autor Principal). EMail: dellameamarco@gmail.com
2. Professor Titular da UFSM, atuando no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Maria/UFSM

3. Professora Adjunta da UFSM, atuando no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Maria/UFSM

4. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Maria/UFSM


 

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