Espacios. Vol. 37 (Nº 10) Año 2016. Pág. 8

Gestão de frotas: avaliação e caracterização no padrão de emissão de fumaça preta pelo transporte coletivo no Município de Guarulhos (SP)

A analise de regressão aplicada como ferramenta para elaboração de cargo e salarios em uma empresa familiar de servicios

Daniel Nery dos SANTOS 1; Marcos Antonio Maia de OLIVEIRA; Robson dos SANTOS; Simone Afini Cardoso BRITO

Recibido: 02/12/15 • Aprobado: 12/01/2016


Contenido

1. Introdução

2. Materiais e métodos

3. Gestão de frotas

4. Resultados e discussões

5. Conclusão

6. Referências bibliográficas


RESUMO:

A presente pesquisa analisou o padrão na emissão de fumaça preta pelos ônibus movidos a diesel no município de Guarulhos. O município de Guarulhos apresenta a maior movimentação populacional pendular de todo o país, com cerca de 113 mil pessoas ao dia, principalmente na direção da cidade de São Paulo (IBGE, 2015). A fumaça preta é um importante parâmetro para medição da qualidade do ar nas médias e grandes cidades. Sendo assim, o controle na emissão deste poluente é de fundamental importância na busca de ambientes urbanos menos prejudiciais à saúde humana, principalmente na redução de doenças relacionadas ao sistema respiratório, ou ainda, fortemente afetadas, como é o caso da hipertensão. O sistema de transporte público de passageiros no município de Guarulhos é unicamente desenvolvido pelo modal rodoviário, que tem como predomínio em sua matriz energética o diesel, com algumas empresas acrescentando o biodiesel. Contudo, esse percentual de mistura não ultrapassa os 20% na composição total. Assim, a matriz energética do modal rodoviário no município apresenta elevado teor de materiais pesados, como o enxofre, que é altamente deletério. A área de estudo se concentrou no centro da cidade, e as medições foram feitas com os veículos em quatro momentos diferentes de movimentação: a) em aclive, b) em declive, c) em terreno plano e d) na saída do ponto. As observações foram realizadas através da Escala de Ringelmann, que classifica o padrão de emissão de fumaça preta, nos intervalos de horas – das 7:30 as 17:00. Onde, observou-se diferentes picos de trânsito, com maior e menor intensidade veicular.
Palavras-chave: Fumaça Preta; Poluição do Ar; Gestão de Frotas; Transporte Coletivo; Guarulhos.

ABSTRACT:

The aim of this research was to analyse the black smoke emission pattern produced by diesel buses in Guarulhos. The city of Guarulhos has the busiest pendulous movement of the population in the country, about one hundred and thirteen thousand people per day, mainly to the city of Sao Paulo direction (IBGE, 2015). The black smoke is an important parameter for measuring the air quality in medium and large cities. Therefore, the emission control of this pollutant is extremely important to obtain urban environments less harmful to human health. It can be reached mainly through the reduction of the diseases related to the respiratory system, or even strongly affected by it, as hypertension. The public passenger transport system in the city of Guarulhos only uses the road modal and mostly diesel, however nowadays some companies add biodiesel to it. Nevertheless, the mixture percentage isn't higher than 20% in the total composition. Thus, the energy matrix of the road modal has a high content of heavy metals as Sulfur that is highly poisonous. The study area was downtown and the measurements were done with the vehicles in four different movement contexts: a) uphill, b) downhill, c) flat ground and d) exit point. The study was done with the Ringelmann Scale that classifies the black smoke emission model in hour gaps - from 7:30 a.m. to 5:00 p.m.. It was observed different traffic peak hour with higher and lower intensity of vehicles.
Key words: black smoke, air polluition, fleet management, public transport, Guarulhos

1. Introdução

O presente trabalho de pesquisa analisou o padrão de emissão de fumaça preta no sistema de transporte público de passageiros em Guarulhos.

O município de Guarulhos tem a segunda maior população do Estado de São Paulo, com aproximadamente 1.3 milhões de habitantes (IBGE, 2010), que requer uma grande demanda de transporte público de passageiros.

A sua localização geográfica permite um fácil acesso à cidade de São Paulo, que é a maior economia do país e, também conta com o maior aeroporto internacional do Brasil e próxima aos principais equipamentos logísticos da Região SE, como o Porto de Santos, os aeroportos de Congonhas, Viracopos e Galeão. Ainda, é cortada por duas importantes rodovias federais: Fernão Dias e Presidente Dutra (Figura 1).

O relevo do município de Guarulhos é predominantemente de planalto (Figura 2), exigindo maior potência nos motores dos veículos, e consequentemente influenciando numa baixa velocidade e maior consumo de combustível e emissão de GEE – Gases de Efeito Estufa. Sendo assim, tal característica topográfica acaba influenciando na gestão de frotas veicular, já que se faz necessário implantar um plano de gestão preventivo que não afete os processos operacionais-logísticos, que possa contemplar as necessidades dos usuários do sistema e ao mesmo tempo preservar a frota. Ou seja, é preciso desenvolver uma atenção especial para não ocorrer uma depreciação demasiada da frota.

A região central da cidade de Guarulhos apresenta características topográficas bastante acidentada (Figura 3), que contribui para baixa velocidade e fluidez do trânsito de veículos. Ainda, tal característica acaba provocando alta rotação do motor que contribui para maior emissão de gases e material particulado.

Segundo a Resolução nº 7/93 do CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente, os veículos de circulação restrita a centros urbanos, os quais, mesmo em localidades situadas acima de 500 (quinhentos) metros de altitude, terão a emissão de fumaça preta limitada ao padrão nº 2 da Escala Ringelmann. A área estuda apresenta uma cota altimétrica mínima de 600m (Figura 3, Perfil C-C).

Figura 1: Mapa de localização da área de estudo.
Fonte: Autores (2015).

Figura 2: Mapa de Declividade.
Fonte: Autores (2015).

Figura 3: Mapa de Curvas de Nível e Perfis Topográficos
Fonte: Autores (2015)

A frota de ônibus municipal conta com cerca de 450 veículos em circulação, com três empresas em operação – Campo dos Ouros, Vila Galvão e Guarulhos. Sendo o modal rodoviário o único sistema de transporte público de passageiros no município.

No Brasil, são poucos os estudos realizados com o objetivo de caracterizar a qualidade do ar das cidades. Um estudo realizado por Carvalho; Rosa; Júnior (2007) no município de Campinas analisou o padrão de emissão de fumaça preta no transporte público de passageiros.    

A poluição do ar nas cidades é formada por diferentes fontes emissoras, sendo a frota de veículos automotores a maior poluidora no município de Guarulhos.

A principal fonte de poluição do ar é a combustão, que é proveniente de veículos automotores e da indústria. Para Derisio (2000), as fontes poluidoras se dividem em fixas ou estacionárias (processos industriais ou queima de resíduos), móveis (veículos automotores, aviões e embarcações, independente do tipo de combustível) naturais, e as descendentes de reações químicas na atmosférica.  

O objetivo principal desta pesquisa foi analisar o padrão nas emissões de fumaça preta proveniente do transporte público de passageiros em Guarulhos. 

2. Materiais e métodos

Para a medição da intensidade de emissão de fumaça preta foi utilizada a escala de Ringelmann (Figura 4), elaborada pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB).

 Figura 4: Escala de Ringelmann
Fonte: Adaptada da CETESB (2012).

Foram realizados 12 trabalhos de campo, onde foi observado o padrão de emissão veicular em 170 ônibus, em diferentes horários do dia e diferentes dias da semana. As medições foram feitas em diferentes pontos da cidade, totalizando 7 amostras (Tabela 2), em diferentes condições topográficas: a) aclive, b) declive e c) plana. Para tal, foi respeitada a distância mínima de 30 metros e máxima de 150 metros nas observações, segurando o cartão com o braço completamente estendido, verificando a tonalidade da fumaça expelida pelos ônibus.

As observações na emissão de fumaça preta foram realizadas com os veículos parados nos pontos e semáforos, e em movimento.

Os pontos analisados apresentam características de cotas altimétricas com elevações entre 743m e 780m, como mostra a tabela abaixo e o mapa da figura 5.

Tabela 2: Localização dos pontos observados no município de Guarulhos.

 

Pontos

 

Localização – Elevação

Endereço

Coordenadas

Elevação  

Ponto 1

Rua Dom Pedro II

-23.469673,

 -46.523699  

743m

Ponto 2

Rua João Gonçalves

-23.465579

-46.530082

773m

Ponto 3

Rua Dr. Timóteo Penteado

-23.460564,

-46.535557

775m

Ponto 4

Rua Osvaldo Cruz

-23.467439,

-46.528752

773m

Ponto 5

Rua Felício Marcondes

-23.467173,

-46.530093

780m

Ponto 6

Av. Salgado Filho

-23.463207,

-46.530994

767m

Ponto 7

Av. Esperança

-23.464683,

-46.531456

774m

Figura 5: Mapa de localização dos pontos amostrados.
Fonte: Autores (2015)

 

3. Gestão de frotas

Na gestão dos custos do transporte, alguns itens são considerados como essenciais para análise, os quais são: depreciação; remuneração do capital; pessoal (motorista, auxiliares); seguro do veículo; IPVA/seguro obrigatório; custos administrativos; combustível; pneus; lubrificantes; manutenção; pedágio. Custos considerados complementares, como escolta ou equipamentos de segurança e específicos devem ser computados para garantir a eficácia do custeio.

Cada item, portanto, deve ser considerado, para que a gestão do transporte, aliada às demais informações logísticas, tenha eficácia. Um modelo que pode ser aplicado na gestão do transporte, proporcionando bons resultados no controle dos custos, é dado por Vargas (2005).

Segundo Ballou (2007), a administração de transportes é o braço operacional da função de movimentação que é realizada pela atividade logística cujo objetivo é assegurar que o serviço de transporte seja realizado de modo eficiente e eficaz. Para o autor, o transporte é, sob qualquer ponto de vista, seja militar, político ou econômico, a atividade mais importante do mundo.

A distribuição física de produtos envolve diversos componentes físicos e informacionais, que são: instalações físicas, estoque de produtos, veículos, informações diversas, custos e pessoal. Todos esses componentes estão interligados e é função logística cuidar para que cada elemento seja administrado adequadamente (NOVAES, 2007).

4. Resultados e discussões

Elementos indesejáveis no ar ou a poluição do ar podem causar um impacto negativo na saúde humana, e na de outras criaturas, no valor de propriedades e na qualidade de vida.

Os poluentes atmosféricos têm causado danos significativos à saúde humana tais como: decréscimo da função pulmonar, alterações no sistema imunológico de pessoas saudáveis, danos ao trato respiratório, entre outros. Os grupos mais afetados são os idosos e as crianças (SALDIVA et al., 1994).

Muitos estudos vêm sendo desenvolvidos sobre a poluição provocada pelos automotores, recentemente a cidade de São Paulo vem travando uma batalha jurídica com a empresa responsável pela inspeção veicular, que controla os níveis de poluentes na frota veicular municipal.

Os dados coletados representam um montante de 170 ônibus, das 3 empresas que operam no município. No geral, a frota tem em média 5 anos de uso.

Segundo a Resolução nº 7/93 do CONAMA, em seu Art. 1º:

Toda empresa que possuir frota própria de transporte de carga ou de passageiro, cujos veículos sejam movidos a óleo diesel, deverão criar e adotar um Programa Interno de Autofiscalização da Correta Manutenção da Frota quanto a Emissão de Fumaça Preta.

Ainda, a Resolução CONAMA supracitada determina que os veículos de circulação restrita a centros urbanos, os quais, mesmo em localidades situadas acima de 500 (quinhentos) metros de altitude, terão a emissão de fumaça preta limitada ao padrão nº 2 da Escala Ringelmann.

Sendo assim, o padrão de emissão de fumaça preta dos ônibus quando parados é de 34%, e 49%, que se enquadram nos números 1 e 2 respectivamente na Escala de Ringelmann. Enquanto cerca de 17% da frota de ônibus não estão de acordo com a legislação de controle para emissão de fumaça preta (Gráfico 1).

Gráfico 1: Média das Emissões de Fumaça Preta na Escala de Ringelmann.
Com Ônibus Parados no Ponto.
Fonte: Autores (2015).

Para os veículos em movimento se observou uma grande concentração no padrão de emissão de fumaça preta no nº 2 da Escala de Ringelmann, com aproximadamente 54% do total de veículos, e cerca de 21% e 6% dentro dos números 3 e 4 respectivamente na Escala (Gráfico 2).

Gráfico 2: Média das Emissões de Fumaça Preta na Escala de Ringelmann
Com os Ônibus em Circulação.
Fonte: Autores (2015).

5. Conclusão

A presente pesquisa concluiu que nenhuma das empresas de transporte público de passageiros que operam no município de Guarulhos apresenta um plano de controle para emissão de fumaça preta de seus ônibus dentro de sua gestão de frotas.

Os números analisados mostraram que cerca de 17% - parados, e 27% - em movimento, dos ônibus estão irregulares quanto ao padrão de emissão de fumaça preta determinada pelo CONAMA.

Conclui-se também nesta pesquisa que nenhum veículo encontra-se no nº 5 da Escala de Ringelmann. 

Ainda, o município também não apresenta uma política de gestão de frotas para o controle de tais poluentes. Sendo assim, ainda não incorporou o moderno modelo de gestão pública em busca da sustentabilidade, algo que muitas cidades do mundo já o fazem.

Referências bibliográficas

ARNOLD, J. R. T. Administração de materiais. São Paulo: Atlas, 1999.

BALLOU, Ronald H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais, distribuição física. São Paulo: Atlas, 2007.

CARVALHO, A.D.; ROSA, H.A.; JUNIOR, J.P.M. Avaliação da Intensidade de Emissão de Fumaça Preta pelo Transporte Coletivo na Cidade de Campinas. Revista Ciências do Ambiente. On-Line. Agosto, 2007. Volume 3. Número 2.

CETESB – COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Escala de Ringelmann. Disponível em: http://www.cetesb.sp.gov.br. Acessado em: 20 de Out. de 2013, 16:23.

CONAMA – CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTAL. Resolução nº 7 de 1993. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama. Acessado em: 26 de Ago. de 2013, 19:21.

DERISIO, J. C. Introdução ao Controle de Poluição Ambiental. 2ª Edição. São Paulo, Editora Signus, 2000, p.87 e 116.

NOVAES, Antonio Galvão. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição: estratégia, operação e avaliação. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

SALDIVA, P. H., LICHTENFELS, A. J., PAIVA, P. S., BARONE, I. A., MARTINS, M. A., MASSAD, E., PEREIRA, J. C., XAVIER, V. P., SINGER, J. M., BOHM, G. M., Association Between air pollution and mortality due to respiratory diseases in children in São Paulo, Brazil: a preliminary report. Environ Res, v. 65, nº 2, May, p. 218-25. 1994.

VARGAS, Robson. Análise dos custos de transporte de produtos da distribuidora Polina e cia ltda para atender os clientes da cidade de Guaíra. 58 f. Monografia (Curso de Administração com Habilitação em Logística e Transportes) - Faculdade Assis Gurgacz. Cascavel, 2005.

VESILIND, P.A., MORGAN, S.M. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo, SP. 2ª Edição. Editora Cengage Learning. 2011.

1. Email: dannielnery@hotmail.com


Vol. 37 (Nº 10) Año 2016

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