Espacios. Vol. 37 (Nº 09) Año 2016. Pág. E-3

Inovação: A Experiência do Ensino Superior a Distância no Estado do Mato Grosso - Brasil

Innovation: The Experience of Higher Education of Distance in the State Mato Grosso - Brazil

José Carlos MARQUES 1, Moisés Ari ZILBER 2; Adriana dos Santos CAPARRÓZ Carvalho 3; Renato NEDER 4

Recibido: 24/11/15 • Aprobado: 12/01/2016


Contenido

1. Introdução

2 Inovação Organizacional no contexto da Educação Superior

3 Procedimentos Metodológicos

4 O Caso em Estudo

5 Considerações Finais

6 Apontamentos de Futuros Estudos

7 Referências


RESUMO:

O estudo analisou a experiência do Ensino Superior a Distância no Estado do Mato Grosso, buscando identificar traços de inovação em suas práticas. Os procedimentos metodológicos caracterizam-se como um estudo de caso de cunho exploratório-qualitativo. Os dados foram analisados utilizando-se da análise de categorias de Lankshear e Knobel (2008). Os dados permitiram a compreensão da inovação em três categorias de análise: caracterização do perfil EAD, pressupostos da inovação e aspectos inovativos. O conceito de inovação presentes nas definições apresentadas pelos entrevistados denota a característica de algo novo, nova maneira de se fazer algo já existente, nova aplicação, ou novo significado.
Palavras chaves: inovação de processo; inovação tecnológica; motivação para inovação; aspectos inovativos; estratégia.

ABSTRACT:

The study examined the experience of Education Higher Distance in the State of Mato Grosso seeking to identify traits of innovation in their practices. The methodological procedures are characterized as a case study of exploratory and qualitative nature. Data were analyzed using analysis of categories of Lankshear and Knobel (2008). The data allowed the understanding of innovation in three categories of analysis: characterization of EAD profile, assumptions innovation and innovative aspects. The concept of innovation present in definitions given by respondents denotes the characteristic of something new, a new way of doing something that already exists, new application or new meaning.
Key words: process innovation, technological innovation, motivation for innovation; innovative aspects; strategy.

1. Introdução

A existência de um elevado número de organizações e a diversidade das formas organizacionais deve-se ao fato destas buscarem atender às contingências ambientais por meio da diversificação, e não pela mudança adaptativa, conforme proposto pela teoria de contingências. Dessa forma, a complexidade das organizações demandam decisões que precisam ser tomadas cada vez mais rapidamente e sob condições de consideráveis incertezas (Dias, 2007).

A alta competitividade e as mudanças constantes em praticamente todos os setores da economia, são elementos presentes em todos os mercados na atualidade. Para enfrentar este ambiente desafiador, a inovação se faz necessária, já que por meio dela é possível reinventar a organização de modo a torná-la mais competitiva e atraente para os clientes (Inventta, 2013).

 O manual de Oslo (OCDE, 1997) afirma que as inovações ocorrem nas organizações através de mudanças capazes de criar melhorias de desempenho organizacional, podendo incidir sobre os processos, produtos/serviços, marketing ou ainda sobre a gestão organizacional.

As Instituições de Ensino Superior (IES), enfrentando a competitividade do setor de ensino, buscam formas de se diferenciar através do desenvolvimento de novos métodos de ensino e processos de serviços mais eficazes, com qualidade superior a custos suportáveis. Neste contexto competitivo, a inovação de processos ganha importância significativa, pois processos melhorados ou inéditos contribuem para a atração e retenção de alunos (Guimarães et al., 2012).

Gadotti (2000) aponta que a evolução das novas tecnologias, centrada na comunicação de massa e na difusão do conhecimento presente na aprendizagem a distância, sobretudo a baseada na internet, parece ser a novidade educacional neste início de novo milênio. A educação opera com a linguagem escrita e a cultura atual dominante vive impregnada por uma nova linguagem, a da televisão e a da informática, particularmente a linguagem da internet.

Na educação, especificamente, na superior, pode-se entender a inovação como o conjunto de alterações que afetam pontos-chave e eixos constitutivos da organização do ensino universitário, provocadas por mudanças na sociedade ou por reflexões sobre concepções intrínsecas à missão da Educação Superior (Masetto, 2004).

É nesse contexto de inovação que o presente trabalho analisa a experiência do Ensino Superior a Distância no Estado do Mato Grosso buscando identificar traços de inovação em suas práticas.  Partindo do pressuposto que a falta de traços inovativos afetam a eficiência e a eficácia das IES.

2. Inovação Organizacional no contexto da Educação Superior

O termo inovação vem sendo abordado com diferentes sentidos e aplicações pela literatura em geral. Barbosa e Cintra (2012) ilustram que, a inovação pode ter aplicações e sentidos distintos, podendo ser confundida, por exemplo, com invenção. A invenção está associada a descobertas, enquanto inovação é um termo mais amplo, que pode ocorrer no desenvolvimento de produtos, processos ou em gestão. O processo de inovação não pode ser separado do contexto estratégico e competitivo de uma empresa, seja ela qual for.

Afuah (1998) afirma que a inovação é a utilização de novos conhecimentos para oferecer um novo produto ou serviço que os clientes querem. A inovação pode ser classificada como incremental ou radical, ou seja, em função de como os novos conhecimentos ou novos produtos impactam sobre uma empresa. Uma vez que conhecimento reforça a capacidade da empresa de oferecer produtos, uma mudança no conhecimento implica uma mudança na capacidade da empresa para oferecer um produto novo.

Sob o viés da mudança, Tidd, Bessant e Pavitt (2008) fizeram um diagnóstico das tipologias de inovação quanto às seguintes perspectivas: inovação em produto: mudanças nas coisas (produtos/serviços); inovação de processos - mudanças na forma em que os produtos/serviços são criados e entregues; inovação da posição: mudanças no contexto em que produtos/serviços são introduzidos; inovação de paradigma: mudanças nos modelos mentais subjacentes que orientam o que a empresa faz.

Os estudos de Freeman (1987) revelam que a inovação ocorre de quatro formas, sendo: incremental, radical, mudanças do sistema tecnológico e revolução tecnológica.

Barbosa e Cintra (2012) afirmam que a inovação organizacional é o desenvolvimento de novo método organizacional ou uma nova forma de gerir as práticas de negócio da empresa, a organização do trabalho ou as suas relações externas.

Na educação, especificamente, na superior, podemos entender a inovação "como o conjunto de alterações que afetam pontos-chave e eixos constitutivos da organização do ensino universitário provocadas por mudanças na sociedade ou por reflexões sobre concepções intrínsecas à missão da Educação Superior" (Masetto, 2003, p. 197).

No cenário educacional, "inovar é um processo complexo que introduz a superação da ideia da racionalidade conteudista vinculada ao paradigma dominante do ensino" (Borges, Tauchen, 2012, p. 13).

A compreensão do pensamento de Imbernón (2000) nos leva a concluir que, a sociedade atual exige que o campo da educação ofereça projetos inovadores fundamentados em meios tecnológicos baseado na informação e nas comunicações.

Nessa mesma direção, Drucker (2000) destaca que as novas tecnologias de informação e comunicação, a informática e a telemática, a perspectiva da aprendizagem contínua, ou seja, da "life long learning", têm criado novas demandas sociais, exigindo das organizações respostas inovadoras, uma vez que as soluções antigas já não se mostram suficientes e adequadas.

Neste contexto, é inegável que a educação a distância, vem se tornando cada vez mais uma opção para as demandas da nova sociedade, pois a EAD é uma alternativa viável e capaz de proporcionar incontáveis possibilidades de expansão das ofertas educacionais em processo continuado, especialmente pelo fato que a EAD ser flexível e se utilizar de mediações tecnológicas que articulam o centro de formação, as inter-relações de circunstâncias e adequação da ação às mediações utilizadas para se aproximar dos contextos reais de inserção profissional (Tedesco, Corrêa, 2007).

No setor de educação, sobretudo depois entrada das universidades na bolsa de valores a partir de março de 2007, quando foi realizada na bolsa de valores a primeira oferta pública oficial pela Anhanguera Educacional (Ensino-Superior, 2013), os negócios de fusão e aquisição já envolveram 182 instituições, quatro grupos já abriram o seu capital e logo virão pelo menos mais três. A maior prova que estes números continuarão com boas perspectivas, são os números do setor em termos de faturamento, que em 2008 foram de 20,5 bilhões de reais e devem chegar em 2012 a 28 bilhões de reais (Pereira, 2008).

O número de estudantes no ensino superior brasileiro tem apresentado considerável crescimento, em 2013 o total de estudantes que ingressaram no ensino superior chegou a 2.742.950, um número 76,4% maior do que o registrado há dez anos (1.554.664) (Rodrigues; Moreno, 2014). Os autores apontam que um terço desse crescimento de 3,3 milhões de matrículas no ensino superior entre 2003 e 2013 foi registrado nos cursos de educação a distância, majoritariamente na rede privada. O número de matrículas no ensino superior a distância saltou de 49.911 em 2003 para 1.153.572 em 2013. Cerca de 25% das matriculas em um curso superior são na modalidade de ensino a distância, a expectativa segundo Schincariol (2014) é que esse percentual possa alcançar 40 a 45% nos próximos anos.

As redes de ensino surgiram no país a cerca de dez anos, mas agora ganham um novo impulso. As redes que mais se destacam na aquisição de faculdades e universidades são a Kroton e a Anhanguera. Entre fevereiro do ano passado e maio deste ano, ocorreram 33 operações de fusão e aquisição no setor, que movimentaram R$ 3 bilhões - 85% desse volume foram de operações comandadas por essas duas empresas (Oscar, 2012).

O grupo Kroton, dono das escolas e faculdades Pitágoras, entraram em bolsa com oito faculdades e hoje conta com 53 campi no ensino superior, localizados em 10 Estados do Brasil e em 39 municípios, além de e 447 polos ativos de graduação de EaD, com mais de 417 mil alunos de Ensino Superior (Kroton, 2012). O Anhanguera passou de dezessete para 73 campi, distribuídos em seus e mais de 500 Polos, localizados em todos os estados brasileiros e também no Distrito Federal, a Companhia tem 400 mil alunos (Anhanguera, 2012).

A fusão dos grupos de educação Anhanguera e Kroton criou a 17ª maior empresa da Bovespa em termos de valor de mercado. A nova empresa passa a ter valor de mercado R$ 24,48 bilhões. A associação dos dois grupos para a criação do novo gigante na área da educação com quase 1 milhão de alunos no ensino superior, passando a Anhanguera a ser uma subsidiária integral da Kroton (Globo.com, 2014).

Segundo Kalena (2014) o momento é próspero para empresários ligados a educação. A Bertelsmann, empresa multinacional de mídia e serviços, em parceria com a Bozano Investimentos, grupo brasileiro de gestão de recur sos, anunciou a criação do BR Education Ventures, fundo destinado a investir R$ 100 milhões em empresas inovadoras brasileiras que atuem no setor de tecnologias educacionais.

Mas afinal o que é o EAD? Novais e Fernandes (2011) afirma que, em essência, a base da proposta está no requisito da acessibilidade, aliada ao fator de que muitos dos recursos e metodologias podem ser combinados em aplicações síncronas (dependentes do momento, pois ocorrem em tempo real) e assíncronas (independentes do tempo e que podem ser acessadas quantas vezes forem necessárias), aumentando o potencial da metodologia. Pelo Parecer n. 5.622/05, artigo 80, do MEC, que define o EaD como:

[...] uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação (Brasil, 2005).

Cerca de 25% das matriculas em um curso superior são na modalidade de ensino a distância, a expectativa segundo Schincariol (2014) é que esse percentual possa alcançar 40 a 45% nos próximos anos.

De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – INEP (2015) em se tratando de Ensino a Distância, o Brasil conta com 194 Instituições de Ensino Superior, ofertando 152 cursos a distância em todo o território nacional. No Mato Grosso, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - INEP (2013) em se tratando de Ensino a Distância o Estado do Mato Grosso conta com 97 cursos, distribuídos em 47 municípios, através de 20 IES, sendo que dessas IES, somente 03 tem sua sede no estado e, dessas 02 oferecem o curso de administração EAD: são elas 01 Federal – UFMT – e 01 Estadual – UNEMAT. 

3. Procedimentos Metodológicos

A pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso do tipo seccional, método que permite estabelecer relações entre as categorias analíticas e verificar as condições em que tais relações estabelecem (Richardson, 1999). É uma investigação empírica, um método que abrange tudo – planejamento, técnicas de coleta de dados e análise dos mesmos (Yin, 2005).

"A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos", ou seja, dos participantes do estudo (Godoy, 1995, p. 58).

No que tange a execução da pesquisa, o tipo de estudo exploratório-qualitativo, como salienta Bruyne (1977), conduz o pesquisador a desenvolver conceitos mais claros, estabelecendo prioridades.

Segundo Merrian (2002) os pressupostos da pesquisa qualitativa, atende às especificidades da pesquisa que pauta-se na compreensão de que as experiências dos docentes participantes se dão em meio às interações no contexto social ao qual estão inseridos.

Os dados da pesquisa foram coletados ao longo de um período determinado, por isso trata-se de um corte transversal com perspectiva longitudinal (Triviños, 2006). A estrutura da pesquisa teve como embasamento inicial algumas perguntas de pesquisa, ressaltando que para estudos qualitativos elas representam sua essência e o ponto de partida para seu desenvolvimento (Minayo, 1996).

As perguntas de pesquisa foram formuladas logo após a realização da pesquisa bibliográfica, ou seja, da revisão da literatura. Tendo como base um roteiro de entrevista previamente estruturado, o pesquisador se propôs a organizar um ambiente favorável à expressão livre dos entrevistados, tendo sempre como foco o objetivo geral da pesquisa.

Para operacionalização do estudo foram entrevistados 04 professores/coordenadores de cursos de ensino a distância da UFMT, a qual possui um curso de Administração Pública com uma oferta e uma reoferta, e dois cursos encerrados Administração Piloto e Administração. Com duração média de 25 minutos, as entrevistas foram gravadas e transcritas com autorização dos entrevistados. Depois de transcritas, elas foram inseridas no software NVivo para a categorização dos dados e posterior análise.  Conforme Lage (2011) o uso de softwares no processo de análise de dados visa aumentar a proximidade do pesquisador com os dados, liberando tempo para inferências e demais etapas do processo de análise.

Para análise dos dados foi utilizado o Método de Análise de Categorias com base em Lankshear e Knobel (2008). Para os autores, "análise de dados é o processo de organizar peças de informação, identificando sistematicamente suas características fundamentais (temas, conceitos, crenças, etc.) e interpretá-los" (Lankshear, Knobel, 2008, p. 223).

Na etapa de análise procurou-se traços de inovação na experiência dos sujeitos a cada tema encontrado e, posteriormente, as relações entre esses temas. A partir daí, foi possível ter uma visão mais contextualizada do sentido atribuído pelos sujeitos às suas experiências face inovação. Todas as análises foram descritas juntamente com a caracterização dos sujeitos o que permitiu a compreensão do fenômeno em estudo dentro do contexto natural dos sujeitos.

4. O Caso em Estudo

A UFMT – Universidade Federal do Mato Grosso tem por objetivo promover o ensino, a pesquisa e a extensão nos diferentes ramos do conhecimento. Além da Capital, possui três campi nas cidades do interior. Está presente, também, em 15 polos de formação à distância abrangendo todas as regiões de seu Estado. A IES conta com 27 institutos e faculdades; 01 Hospital Universitário, 01 Hospital Veterinário; uma fazenda Experimental; uma base avançada de pesquisa no Pantanal; estações meteorológicas; herbário; biotério, zoológico, ginásio de esportes, parque aquático, museus e teatro.

A Faculdade escolhida – FaeCC (Faculdade de Administração e Ciências Contábeis) para o estudo é composta por 02 Departamentos. O Departamento objeto da pesquisa é composto por 25 professores sendo 09 doutores, 08 doutorandos e 08 mestres. Atualmente o Departamento trabalha com 02 cursos de cursos de graduação, sendo um curso presencial e um curso na modalidade Educação a Distância pela Universidade Aberta do Brasil (EAD/UAB) com 02 ofertas, totalizando aproximadamente 1000 alunos de graduação, além de 03 cursos de pós-graduação Lato Sensu na modalidade EAD/UAB com aproximadamente 1400 alunos. O departamento já teve outros dois cursos de graduação na modalidade à distância, o curso de administração piloto (embrião do projeto) e o curso de administração.

Visando a compreensão dos traços de inovação na experiência de Ensino Superior a Distância no Estado do Mato Grosso, foram selecionados para participar da pesquisa os professores vinculados atualmente, ao Departamento de Administração da IES pesquisada, que tiveram ou tem experiência de docente e coordenação de cursos a distância. Sendo assim, participaram da pesquisa 04 professores.

O grupo pesquisado é formado por 02 docentes do sexo masculino e dois do sexo feminino. Desses, 01 é natural do Estado do Mato Grosso enquanto os demais são oriundos de outros estados, sendo Ceará, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Quanto à formação acadêmica, o grupo se mostra bem homogêneo. Somente um dos professores tem graduação e mestrado na área da Computação. Os demais são formados em Administração com mestrado na mesma área. Uma professora possui Doutorado em Economia.

As entrevistas foram realizadas no próprio ambiente de trabalho dos professores que se mostraram muito abertos e receptivos para compartilhar suas experiências. O roteiro pré-estabelecido para a entrevista serviu como orientação aos pesquisadores que ficaram livres para utilizar de questões follow up quando necessário para manter um diálogo motivando o entrevistado a falar sobre sua experiência.

4.1. Resultados e Análise dos Dados

Após a conversão do texto oral em um texto escrito pelo processo de transcrição, deu-se início a etapa dialógica entre pesquisador e os dados coletados procurando identificar os traços de inovação na experiência dos sujeitos a cada tema encontrado e, posteriormente, as relações entre esses temas.

Para efeitos de análise foram definidas as seguintes análises: Caracterização do perfil EAD. Pressupostos da Inovação e Aspectos Inovativos, as quais estão descritas abaixo:

4.1.1. Caracterização do perfil EAD

Buscando a compreensão do contexto social ao qual pertencem os professores/coordenadores participantes da pesquisa, o roteiro de entrevista previa: questões sobre o momento da vida do entrevistado, em que ele se tornou docente; e, os fatores que levaram à docência, bem como a transição do mesmo para o EAD. Durante o processo de análise, alguns aspectos se destacaram como fatores que influenciaram ou motivaram o professor a se tornar docente. Foram encontrados 03 temas (sub-categorias) diretamente ligados à categoria: Experiência anterior, Motivação pra a docência e transição para o EAD, conforme figura a seguir:

Ilustração 1: Caracterização do perfil EAD
Fonte: Dados da pesquisa.

Experiência anterior

A experiência anterior foi um fator que ponderou no fato dos professores/coordenadores assumirem a docência no ensino a distância. Para alguns, a docência aparece como uma opção para a liberdade de trabalho, como pode ser observado no excerto:

Eu já tinha trabalhado, a convite das pessoas com cursos técnicos em informática para pessoas mais velhas, é... eu não lembro o nome da empresa... aqui é FAPEMAT, lá no Mato Grosso do Sul era outro nome...  então, eu achava bacana a experiência até de trabalhar com eles, mas eu acabei parando e ficando mais na parte administrativa. Depois que eu casei e tive filhos, eu não estava trabalhando, então eu vi a docência como uma possibilidade de eu voltar a trabalhar sem ficar oito horas fora de casa... (Prof. A).

Motivação para a Docência

Buscando a compreensão dos fatores que levaram a docência, observou-se durante o processo de análise, alguns aspectos se destacaram como fatores que influenciaram ou motivaram o professor a se tornar docente, como pode ser observado no excerto:

É... desde quando eu fazia faculdade lá, eu comecei a fazer monitoria, além da pesquisa a monitoria também e, na monitoria, os professores sempre estimularam a aprender a pratica de metodologia docente, entendeu? E a partir dessas experiências que foram me levando pra sala de aula, e daí, às vezes até eu ia pra lá para tirar as dúvidas dos alunos. E a partir daí que me interessei (...) (Prof. F).

Transição para o EAD

A transição para o EAD, foi um processo inovador para alguns professores, somente um professor teve a experiência de aprender ao mesmo tempo, presencial e o EAD, como pode ser observado no excerto:

 (...) eu terminei o doutorado, defendi minha tese (...). Na segunda feira eu cheguei aqui na universidade, me apresentei (...), e ai o reitor me chamou e me disse (...) e ai então participei da montagem, da discutição pedagógica desde o princípio para a criação desse curso, e foi assim que eu entrei na educação a distância, fui fazendo, aprendendo, escrevendo, observando. E foi assim (Prof. F).

4.1.2. Pressupostos da Inovação

Buscando a compreensão dos pressupostos da inovação os professores/coordenadores participantes da pesquisa, o roteiro de entrevista previa questões sobre o conceito de inovação no ponto de vista dos entrevistados, se eles consideravam a modalidade de ensino a distância inovador. Durante o processo de análise, alguns aspectos se destacaram como pressupostos da inovação. Foram encontrados 04 temas (sub-categorias) diretamente ligados à categoria: conceito de inovação, pressupostos para inovar, evolução das práticas e barreiras à inovação, conforme figura a seguir:

Ilustração 2: Pressupostos da inovação
Fonte: Dados da pesquisa.
Conceito de inovação

O conceito de inovação, na visão dos professores é algo novo, uma nova maneira de se fazer algo já existente, uma nova aplicação, ou um novo significado, como pode ser observado no excerto:

(...) é fazer alguma coisa diferente, não necessariamente tem que ser uma nova tecnologia, um novo dispositivo, algo totalmente novo, às vezes inovação é adotar uma prática que não era rotina, simplesmente uma nova prática... (Prof. N).

Barreiras à inovação

As barreiras à inovação manifestaram-se nos depoimentos dos professores, como algo que possa impedir que a inovação aconteça, ou que minimize seus efeitos, como pode ser observado no excerto:

(...) no final das contas, com a correria do que a gente tem pra fazer, a gente repete na distância os mesmos materiais, os mesmos exercícios, a mesma metodologia que a gente usa em sala de aula, talvez por isso a gente não consiga os mesmos resultados (...) (Prof. A).

Evolução das práticas

A inovação como uma evolução de práticas manifestou-se nos depoimentos dos professores, como pode ser observado no excerto:

Se a gente fizer uma análise histórica sim, porque ai nós temos diferentes práticas que foram sendo colocadas principalmente com base nas tecnologias que foram modificando- se né? (...) (Prof. A).

Pressupostos para inovar

Os pressupostos para a inovação manifestaram-se nos depoimentos dos professores, como requisitos para que a inovação aconteça, como pode ser observado no excerto:

Eu acho que para ter inovação, precisa ter base, interesse, estrutura, empenho, se não as inovações passam a ser isoladas e as pessoas vão levando nas costas as suas próprias iniciativas e as consequências disso (Prof. A).

4.1.3. Aspectos Inovativos

Buscando a compreensão da inovação no contexto dos professores/coordenadores participantes da pesquisa, o roteiro de entrevista previa questões sobre o tipo de inovação. Durante o processo de análise, alguns aspectos se destacaram como aspectos da inovação. Foram encontrados 05 temas (sub-categorias) diretamente ligados à categoria: mudança de paradigma, inovação em comunicação, inovação em processo, impacto da tecnologia e necessidade de motivação, conforme figura a seguir:

Ilustração 3 – Distribuição dos cursos mais ofertados
Fonte:
dados da pesquisa
Impacto da tecnologia

O impacto da tecnologia manifestou-se nos depoimentos dos professores, como principal efeito da inovação, como pode ser observado no excerto:

(...) trouxe uma inovação, de estudar, eu posso fazer os meus horários de estudo, embora eu tenha um limite de início e fim da disciplina (...). O virtual melhora essa interação e essas dúvidas, por exemplo, se você quer corrigir erros do processo, com o computador é mais rápido (...) (Prof. N).

Inovação em comunicação

A inovação em comunicação manifestou-se nos depoimentos dos professores, como um tipo de inovação, como pode ser observado no excerto:

(...) agora com o computador com internet o aluno tem que interagir, ele tem de responder, enviar algo para o professor ou em um tempo assíncrono (...) o aluno não fica limitado com o que o professor está falando em sala de aula, ele tem outras fontes de pesquisa, ele pode consultar outras pessoas também, interagir com outras pessoas sobre o conteúdo, a possibilidade de interagir com os colegas também ganha outras dimensões que vai além da sala de aula porque ele pode interagir em outros momentos (...) (Prof. V).

Inovação em processo

A inovação em processo manifestou-se nos depoimentos dos professores, como um tipo da inovação, como pode ser observado no excerto:

Sim, eu percebo inovação na forma de comunicar, eu percebo inovação na forma de organizar as disciplinas, planejar as disciplinas, fazer as provas, a distribuição das provas, que eram práticas diferentes da que a gente adotava rotineiramente, então ai eu percebo inovação (Prof. V).

Mudança de paradigma

A inovação manifestou-se nos depoimentos dos professores como um processo de mudança de paradigma como pode ser observado no excerto:

Olha, eu vejo que ela poderia ser uma mudança de paradigmas, de pensamentos, de uma forma diferente de ver a educação (Prof. A).

Necessidade de motivação

A inovação como um processo de mudança de paradigma que necessita de motivação manifestou-se nos depoimentos dos professores, como pode ser observado no excerto:

(...) esse novo modelo é desafiante, precisa de gente motivada, e lógico, não se valoriza a profissão do professor na modalidade presencial, e na distância a gente vê também que continua não valorizada, enquanto não valorizar a profissão do professor, passa a ser valorizado, a sociedade se conscientizar que a educação é importante e dar o devido respeito a educação, a gente vai continuar a ter restrições serias, apesar de toda a tecnologia a disposição (Prof. V).

5. Considerações Finais

A leitura dos dados construídos permitiu a compreensão da inovação em três categorias de análise: caracterização do perfil EAD, pressupostos da inovação e aspectos inovativos.

Para o grupo pesquisado, a caracterização do perfil do EAD, permitiu observar as experiências anteriores dos entrevistados, sua motivação para a docência e como fora a transição para o ensino a distância. Percebe-se que para a maioria dos entrevistados a motivação para docência funde-se com a experiência anterior, ou seja, foi no ensino de graduação a primeira experiência de ensino, através das práticas de monitoria, de tutoria que se despertou o desejo para a docência. Isso denota a importância de tais práticas ao longo do curso, despertando especial preocupação quanto a sua efetividade no ensino a distância.

Quanto aos pressupostos da inovação, percebe-se que o conceito de inovação presentes nas definições apresentadas pelos entrevistados denota a característica de algo novo, uma nova maneira de se fazer algo já existente, uma nova aplicação, ou um novo significado para algo existente. Vindo de encontro ao que Tidd, Bessantt e Pavitt (2008) descrevem que mudanças nas coisas (produtos/serviços); inovação de processos – mudança na forma em que os produtos/serviços são criados e entregues.

Constatou-se também como barreiras a inovação, a falta de preparo do professor para lidar com a inovação, ele tende a repetir suas práticas adotadas no presencial no ensino a distância, sem levar em consideração a mudança de contexto, de tecnologias e de procedimentos. O cunho político dado a modalidade, por permitir maior acesso, maior quantidade de alunos e etc. a questão da infraestrutura necessária nos polos, a necessidade de deslocamentos.

Corroborando com os pressupostos encontrados na literatura (Freeman, 1987; Tidd, Bessant e Pavitt, 2008  e Afuah, 1998), infere-se que as barreiras para a inovação também são: individual, grupal e organizacional. A resistência à mudança depende de como cada indivíduo concebe a mudança. A cultura da organização, medo ou aversão ao risco depende de como o grupo é instigado a assimilar as mudanças culturais-organizacionais.  As estratégias, estruturas organizacionais, processos e práticas de gestão, são de responsabilidade organizacional. Por outro lado os pressupostos para a inovação são praticamente o oposto das barreiras: o interesse, a estrutura e o empenho dos participantes do processo.

Quanto aos aspectos inovativos, percebeu-se que os entrevistados caracterizaram a inovação como processo de inovação tecnológica, em processos e de comunicação, necessitando de mudanças de paradigmas e, sobretudo, da necessidade de motivação. Quanto a inovação como processo de inovação tecnológica, percebeu-se que a tecnologia no ensino a distância reduziu distâncias, aprimorou processos e dinamizou controles, servindo de base para a melhoria nos processos de comunicação, quebrando a barreira temporal.

6. Apontamentos de Futuros Estudos

Seria relevante, estudos futuros abordarem a questão da qualidade no ensino a distância, e fazer um paralelo entre o aumento da oferta de curso e a evolução dos processos de qualidade.

Analisar a questão da motivação e satisfação dos alunos, tutores e professores envolvidos com o ensino a distância.

Analisar a percepção da sociedade acerca do ensino a distância.

Seria importante extrapolar o estudo nas instituições que ofertam ensino a distância no Estado, no centro oeste, no Brasil e, fazer uma comparação dos resultados.

Referências

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1. Universidade Federal do Mato Grosso/UFMT – Brasil . E-mail: marquesjc@ufmt.br
2. Universidade Presbiteriana Mackenzie/MACKENZIE - Brasil . E-mail: mazilber@mackenzie.com.br

3. Universidade Federal do Mato Grosso/UFMT – Brasil . E-mail: adrianacaparroz@ufmt.br 

4. Universidade Federal do Mato Grosso/UFMT – Brasil . E-mail: renatoneder@hotmail.com


Vol. 37 (Nº 09) Año 2016

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