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Espacios. Vol. 37 (Nº 05) Año 2016. Pág. 22

Revisão Sistemática de Literatura sobre Indicadores da Inovação Regional

Systematic Literature Review on Indicators of Regional Innovation

Rafael de Moura SPERONI 1, Marcelo MACEDO 2, Fernando A. Ostuni GAUTHIER 3

Recibido: 09/10/15 • Aprobado: 02/11/2015

Contenido

1. Introdução

2. Protocolo da Revisão

3. Coleta de Dados

4. Resultados

5. Conclusões

6. Referências

Anexo A - Corpo de la Literatura

1. Introdução

A inovação é considerada um fator chave para o crescimento e competitividade e serve como um tipo de atrator intelectual que leva em conta os desafios impostos por uma sociedade baseada em conhecimento e pela competitividade econômica e global entre empresas, regiões, países e até continentes (Pinto; Guerreiro, 2008; Jalonen, 2013) .

Com base em teorias econômicas, passou-se a analisar a inovação por seu papel na economia de regiões como forma de explicar a organização das atividades econômicas no espaço, bem como o crescimento ou estagnação destas ao longo do tempo. O argumento é de que o conjunto de atores da região produz efeitos sistêmicos que encorajam as empresas a desenvolver formas específicas de capital que derivam das relações sociais, normas, valores e interações com a comunidade, reforçando a competitividade e a capacidade de inovação regionais (Doloreaux; Parto, 2004; Carayannis; Campbell, 2011) .

Em função do reconhecimento de sua importância, busca-se a utilização de indicadores para mensurar a inovação. Conforme observa Smith (2005), os principais indicadores utilizados para análises de inovação são os dados de P&D, os de dados de pedidos, concessões e citações de patentes e os dados bibliométricos, ou seja, dados sobre publicações científicas e citações. Alguns autores, entretanto, apontam fragilidades em cada um destes indicadores quando considerados individualmente, e consideram que eles expressam apenas parcialmente o esforço total de inovação realizado (Kleinknecht; Van Montfort; Brouwer, 2002; Nelson, 2009; Makkonen; Have, 2013) .

Outra abordagem considera a complexidade do processo de inovação e trata do desenvolvimento de indicadores compostos, ou índices de inovação, formados pela combinação ou agregação matemática de indicadores (Saisana; Tarantola, 2002). Dentre as publicações que representam este tipo de abordagem, citam-se o Global Innovation Index (Cornell University; Insead; Wipo, 2013), o European Innovation Scoreboard (European Union, 2010), o Union Innovation Scoreboard (European Union, 2014a) e o Regional Innovation Scoreboard (European Union, 2014b).

Este artigo é parte de um trabalho em andamento que visa à criação de um Modelo de Referência para Indicadores da Inovação Regional Suportado por Dados Ligados. A etapa aqui descrita tem por objetivo fazer de uma revisão sistemática de literatura que mapeia a produção científica sobre indicadores de inovação regional, visando identificar as principais fontes de publicação, autores, e referências bibliográficas. É objetivo, ainda, selecionar as obras que trazem apresentam modelos compostos para indicadores de inovação regional.

2. Protocolo da Revisão

Esta seção apresenta o protocolo de revisão aplicado na construção do artigo. Uma revisão sistemática de literatura é uma forma de identificar, avaliar e interpretar, de forma sistemática, as pesquisas disponíveis sobre determinado assunto, área ou fenômeno de interesse (Kitchenham; Charters, 2007). Para Kitchenham e Charters (2007), as razões mais comuns para a realização de uma revisão deste tipo envolvem: Sumarizar as evidências existentes em relação a um tratamento ou tecnologia; Identificar lacunas nas pesquisas existentes para sugerir áreas para investigação, e; Prover um cenário para posicionar apropriadamente novas atividades de pesquisa.

2.1 Perguntas de pesquisa

O objetivo deste trabalho é proporcionar uma visão geral das pesquisas publicadas sobre o assunto "indicadores de inovação regional". Para isso foram elaboradas as seguintes perguntas de pesquisa:

PQ1: Qual a quantidade e tipo de publicações por ano?

O agrupamento das publicações por ano visa permitir identificar possíveis tendências e o interesse da comunidade científica pelo tema. A análise das tendências pode determinar a importância que o tema tem despertado ao longo do tempo.

PQ2: Quais as principais fontes de publicação, autores, instituições e países?

A identificação das principais fontes de publicação permite determinar em que áreas do conhecimento os indicadores para a inovação regional tem sido aplicados. A identificação do perfil profissional, localização geográfica, filiação institucional, grupos de colaboração e inter-relações dos principias autores permite visualizar os locais onde o tema tem despertado maior interesse e as respectivas regiões do mundo onde estão sendo desenvolvidos estudos sobre o tema.

PQ3: Quais as obras mais referenciadas pelo corpo de literatura selecionado?

Por último, a determinação das obras e autores mais referenciados permite estabelecer a base conceitual a partir da qual a área de estudos vem se desenvolvendo, fornecendo indicadores para que os interessados em futuros trabalhos possam buscar as referências e autores mais significados no campo.

PQ4: Quais artigos apresentam modelos compostos para indicadores da inovação regional?

A identificação dos artigos do corpo de literatura que apresentam modelos compostos para indicadores aplicados à inovação regional possibilitará, em uma etapa posterior, a criação de um modelo de referência para indicadores da inovação regional suportado por dados ligados, proposto com base neste levantamento de literatura.

2.2. Definição do corpo de literatura

A estratégia para coleta das obras consiste na busca por termos nas bases dados científicas Web of Science e Scopus. A extração de literatura consiste na pesquisa de uma palavra-chave com os termos '"regional innovation" and "indicators"' nas bases especificadas.

Para a seleção de uma obra, a mesma deveria seguir os seguintes critérios:

(1) Os termos de busca deveriam existir por inteiro no título, palavras-chave ou resumo;

(2) Sendo um artigo científico, ter passado por uma revisão por pares;

(3) Ser escrito em língua inglesa, portuguesa ou espanhola;

(4) Ter o corpo de documento maior do que uma página;

(5) Contar com o texto completo disponível na base de busca.

O corpo de literatura é, portanto, resultado os seguintes passos:

1. Coleta da literatura, consistindo do resultado das buscas executadas nas bases.
2. Exclusão de duplicidades. A literatura coletada é verificada com o objetivo de identificar artigos tenham sido encontrados em mais do que uma base científica.
3. Aplicação dos critérios de exclusão/inclusão. As obras resultantes são analisadas, sendo excluídas aquelas que não se enquadrem nos critérios estabelecidos.
4. Verificação dos artigos incluídos. A literatura é verificada pela leitura dos textos objetivando certificar de que os trabalhos incluídos na revisão estejam dentro do contexto de indicadores para a inovação regional.

3. Coleta de Dados

A obtenção do corpo de literatura da revisão iniciou-se pela realização de busca nas duas bases científicas, tendo os dados sido extraídos no dia 25 de Agosto de 2015.

Tabela 1 - Quantitativos de busca e seleção do corpo de literatura

Fonte: elaborado pelos autores

A busca nas bases de dados apresentou inicialmente um total de 276 registros. Foram identificados e excluídos: 74 trabalhos encontrados em duplicidade nas bases de dados; 20 por serem escritos em outros idiomas, e; 72 por falta de disponibilidade de texto completo.

Com a leitura individual foram excluídos quatorze trabalhos por não se enquadrarem nos critérios de seleção ou serem considerados fora de contexto, de forma que o corpo de literatura resultante ficou composto por 96 artigos, conforme ilustrado na Tabela 1.

4. Resultados

Os 96 artigos que compõem o corpo de literatura para análise foram publicados em 66 diferentes fontes de publicação, por 212 diferentes autores, vinculados a 111 instituições, localizadas em 27 diferentes países. Os artigos foram catalogados pelas bases científicas com um total de 235 palavras-chave diferentes, e utilizam um total de 2170 referências bibliográficas diferentes. 

Tabela 2 - Resumo dos quantitativos gerais do corpo de literatura

Fonte: elaborado pelos autores

A tabela 2 apresenta os dados quantitativos que descrevem o corpo de literatura.

4.1. Publicações por Ano

A Figura 1 apresenta a distribuição dos documentos selecionados ao longo dos anos. Observou-se que os anos com maiores frequências de publicação foram: 2009, com dezessete artigos (dez em conferências e sete em journals); 2011, com quatorze artigos (dez em conferências e quatro em journals); 2010, com doze artigos (três em conferências e nove em journals), e; 2013, com dez artigos (três em conferências e sete em journals).

Figura 1 - Distribuição dos artigos por ano
Fonte: Elaborado pelos autores

A primeira ocorrência é registrada no ano de 1994, e trata-se do artigo "The geography of innovation in small and medium-sized firms in West Germany", de Oliver Pfirmann. No trabalho, o autor apresenta possíveis explicações sobre algumas das disparidades na inovação regional na antiga Alemanha Ocidental. O estudo baseia-se em dois casos de empresas inovadoras, de pequeno e médio porte, e confirma constatações de estudos que indicam que as disparidades são mais pronunciadas quando empregados indicadores de entrada do processo de inovação, em relação a quando utilizados indicadores de saída.

4.2. Principais fontes de publicação, autores, instituições e países

A segunda verificação visa identificar as fontes de publicação mais representativas em termos de ocorrência do corpo de literatura selecionado. A tabela 3 apresenta as sete publicações com maior número de artigos.

Com sete ocorrências, a IEEE International Conference on Information Management, Innovation Management and Industrial Engineering (ICIII) é uma conferência que provê uma plataforma para discussão e troca de ideias para pesquisadores interessados em gestão da informação, gestão da inovação e engenharia industrial. Trata-se de uma conferência anual, cuja primeira edição aconteceu no ano de 2008, e cujos anais são indexados na base IEEE Xplore.

Tabela 3 - Principais fontes de publicação

Fonte: Elaborado pelos autores

O journal Research Policy, que conta com seis artigos, é uma publicação da Elsevier dedicada a analisar, compreender e a oferecer respostas a desafios econômicos, políticos, de gestão, organizacionais e ambientais impostos pela inovação, tecnologia, Pesquisa e Desenvolvimento e ciência. Esta publicação é reconhecida como um dos mais importantes journals no campo dos estudos da inovação, com alto fator de impacto na área multidisciplinar.

Com cinco artigos selecionados, a International Conference on Management Science & Engineering (ICMSEM) é uma conferência anual organizada e promovida pela International Society of Management Science and Engineering Management (ISMSEM) e pela Sichuan University, cuja primeira edição aconteceu no ano de 2007. As edições são realizadas em diferentes países, contando com a parceria de instituições locais.

Também com cinco artigos, o Scientometrics é um journal publicado pela Springer com ênfase em pesquisas nas quais o desenvolvimento e os mecanismos da ciência são estudados por métodos matemáticos estatísticos.

Três publicações contam, cada uma, com três artigos: O Chinese Geographical Science é um journal publicado na China pela Springer desde o ano de 1991, que cobre todas as áreas da geografia; A Portland International Conference on Management of Engineering & Technology (PICMET) é uma conferência cuja primeira edição aconteceu em 1991 para disseminar informações sobre gestão de tecnologia, inicialmente com periodicidade bienal e, posteriormente, a partir de 2004, tornando-se anual; O journal Regional Studies é uma das principais publicações que trata do desenvolvimento de teorias e conceitos, análises empíricas e debates políticos na área dos estudos regionais.

A análise quanto aos autores mais representativos consistiu da verificação daqueles com maior número de artigos publicados. Dos 214 autores constantes no corpo de literatura selecionado, apenas quatorze constam como autores de mais de um artigo, e seus dados são apresentados na tabela 4. Os quatro autores com maior número de ocorrências são brevemente apresentados.

Tabela 4 - Principais autores em relação ao número de artigos

Fonte: elaborado pelos autores

Antonio Gutierrez-Garcia é pesquisador do Conselho Superior de Pesquisas Científicas da Espanha (CSIC) e da Universidad Politécnica de Valencia (UPV), estando vinculado ao Instituto de Gestión de la Innovación y del Conociemiento (INGENIO). Suas áreas de interesse incluem: estratégias de inovação empresarial; capacidade de absorção empresarial; relações universidade-empresa; sistemas nacionais e regionais de inovação.

Jon Mikel Zabala-Iturriagagotia também possui vínculo com o INGENIO, além de ser pesquisador da Universidad de Deusto. Suas áreas de pesquisa compreendem: empreendedorismo e demografia empresarial; Clusters e redes locais; PMEs, empresas familiares e competitividade empresarial; Cidades e indústrias criativas; Visões alternativas da economia; Tomada de decisões.

Fernando Jiménez-Sáens é professor do Departamento de Projetos de Engenharia da UPV e está vinculado ao INGENIO. Suas áreas de interesses compreendem: Projeto e avaliação de políticas públicas de Ciência, Tecnologia e Inovação; Empreendedorismo e capacitação de empreendedores; Análise de Sistemas de Inovação, regionais, nacionais e setoriais.

Cabe observar que os autores Gutierrez-Garcia, Zabala-Iturriagagotia e Jiménez-Sáez são coautores nos quatro artigos em que aparecem.

Loet Leydesdorff é professor da Amsterdam School of Communication Research (ASCoR), da Universidade de Amsterdam. É autor de livros sobre Economia do Conhecimento, Teoria de comunicação Sociológica e Scientometria. Atualmente, é Presidente de Honra da World Association for Triple Helix & Future Studies (WATEF), e foi listado pela Thomson Reuters em 2014 e 2015 entre os autores mais citados durante os últimos dez anos.

As instituições com maior número de ocorrências são a Universidad Politécnica de Valencia, a University of Amsterdam e a Beijing University of Aeronautics and Astronautics, com quatro artigos cada. Em seguida, com três artigos, as chinesas Harbin Institute of Technology, Fudan University e Inner Mongolia University. Além destas, outras quatorze instituições constam com dois artigos publicados.

Como é possível observar a partir dos dados sobre os principais autores e instituições, a China desponta como um dos países mais importantes neste corpo de literatura. Esta constatação confirma-se quando analisados os países de vínculo dos autores

A figura 2 traz um mapa com a distribuição das instituições às quais os autores estão vinculados. A concentração é representada pela cor cobrindo a área, indo do amarelo claro, para menores concentrações, ao vermelho, para maiores concentrações. O mapa resultante indica uma forte concentração na Ásia, mais especificamente sobre a China, seguida de uma importante concentração na Europa.

Figura 2 - Mapa da distribuição das instituições de vínculo dos autores
Fonte: elaborado pelos autores

Dos 214 autores, 98 têm vínculo com instituições da China. A diferença é bastante significativa em relação aos países subsequentes nesta lista. O segundo país com maior número de vínculo de autores é a Espanha, com dezoito, seguido por: Itália, com quatorze; Estados Unidos da América, com doze; Rússia com onze; Alemanha e Reino Unido com nove cada. Além destes todos os outros países contam com cinco ou menos autores.

4.3. Principais referências bibliográficas utilizadas

Os 96 artigos que compõem o corpo de literatura em análise utilizaram um total de 2170 diferentes referências bibliográficas. A tabela 6 apresenta as dez referências mais citadas.

Tabela 6 - Referências bibliográficas mais citadas

Fonte: elaborado pelos autores

A referência mais citada é o livro "National Innovation Systems: Towards a Theory of Innovation and Interactive Learning"(Lundvall, 1992), com 26 ocorrências. A obra aborda a dinâmica da economia nacional e global, e parte do princípio de que a competição internacional entre as nações é baseada na inovação. Busca investigar o papel desempenhado por cada uma das diferentes partes do sistema nacional na determinação das dinâmicas de longo prazo da economia, bem como identificar o que acontece com a coerência dos sistemas nacionais de inovação em uma era caracterizada pela internacionalização de longo alcance e globalização.

Com quinze ocorrências, o artigo "Patent Statistics as Economic Indicators: A Survey" (Griliches, 1990) apresenta uma revisão sobre o uso de dados patentes em análises econômicas, mais especificamente como indicadores de mudanças tecnológicas. O autor considera que, apesar de muitas dificuldades e reservas, os dados sobre patentes são um recurso de fundamental importância para o estudo das mudanças na tecnologia.

O artigo "Regional Innovation Systems: institutional and organisational dimensions" (Cooke; Gomez Uranga; Etxebarria, 1997), com quatorze ocorrências, toma por base as contribuições das pesquisas em Sistemas Nacionais de Inovação e considera que a abordagem pode ser complementada muitas formas por um foco subnacional. O artigo especifica os conceitos de 'região', 'inovação' e 'sistema', estendendo a discussão sobre a importância da capacidade financeira, do aprendizado institucionalizado e da cultura produtiva para a inovação sistêmica.

O "European Innovation Scoreboard" (European Union, 2010), referência que conta com treze citações, era uma publicação que fornecia a avaliação comparativa da performance de inovação dos países membros. Iniciada com o relatório de 2001, as publicações repetiram-se até 2010, sendo substituída pelo "Innovation Union Scoreboard", a partir de 2011.

Com treze ocorrências, o livro "National Innovation Systems: A Comparative Analysis" (Nelson, 1993) parte do princípio chamado "tecno-nacionalismo", força tecnológica observada em países como o Japão, Taiwan e Korea nos anos 70 e 80, que combina as crenças de que as capacidades tecnológicas de uma nação são fatores chave para o processo competitivo, e a de que tais capacidades existem em nível nacional, podendo ser construídas por ações nacionais. Traz estudos sobre dezessete países, destacando mecanismos e instituições que apoiam a inovação, apresentando similaridades e diferenças.

Com 12 citações, o livro "Technology and Economic Performance: Lessons from Japan" (Freeman, 1987) é uma das obras que fundamentam a teoria de Sistemas Nacionais de Inovação. A obra aborda o surgimento do Japão como uma superpotência econômica.

O livro Innovation and the Growth of Cities. Cheltenham (Acs, 2002)é referenciado por onze dos artigos. Na obra, o autor explora a relação entre a inovação industrial e o crescimento econômico em níveis regionais, apresentando conclusões sobre o motivo pelo qual algumas regiões crescem mais do que outras, utilizando um enfoque baseado na inovação e na teoria de crescimento endógeno.

Também referenciado por onze artigos, o livro "The Competitive Advantage of Nations" (Porter, 1990) traz a primeira teoria sobre competitividade baseada na produtividade. O autor apresenta um modelo de "diamante", que oferece uma nova forma de entendimento sobre a posição competitiva de uma nação em uma competição global, sendo parte de um pensamento internacional de negócios. Seu conceito de clusters tornou-se uma nova forma pensar a economia.

No artigo "The determinants of national innovative capacity" (Furman; Porter; Stern, 2002), referenciado dez vezes, apresenta uma verificação empírica dos determinantes da produção de patentes internacionais dos países. O artigo introduz um novo framework baseado no conceito "capacidade nacional de inovação", caracterizado como a capacidade de um país para produzir e comercializar um fluxo de tecnologia inovadora, o ambiente para a inovação em clusters industriais nacionais e a força das ligações entre estes.

A décima obra mais referenciada, com nove ocorrências, é o artigo "On the mechanics of economic development" (Lucas, 1988). Neste artigo, o autor considera as perspectivas para a construção de uma teoria neoclássica de crescimento e comércio internacional que seja consistente com algumas das principais características do desenvolvimento econômico.

5. Conclusões

Este artigo está insere-se como parte de um trabalho em andamento, que visa à proposição de um modelo de referência para indicadores da inovação regional suportado por dados ligados. Neste contexto, um de seus objetivos é a identificação de artigos científicos que apresentem modelos compostos para a representação de indicadores de inovação, aplicados ao nível regional.

A revisão de literatura realizada possibilitou uma descrição do mapeamento da literatura científica sobre indicadores da inovação regional. Constatou-se que o período com maior produção inicia-se em 2009, com um pico de dezessete artigos publicados, e estende-se até o ano de 2014, com números próximos a dez artigos por ano.

Quanto à localização dos autores, é possível observar um polo bastante importante na China, que conta com 98 dos 214 autores vinculados a instituições daquele país. A segunda concentração mais importante é verificada na Europa, estando dividida entre países como Espanha, Itália, Alemanha e Reino Unido.

Três temáticas principais foram identificadas no conjunto de artigos analisados. Constatou-se que sete artigos apresentam como característica principal a temática de revisão de literatura, enquanto que 38 dos artigos tratam da aplicação de utilização de dados oriundos de surveys de inovação, aplicando técnicas específicas para a comparação de regiões, empresas ou países. O terceiro grupo, cujas características dos artigos os posicionam como alvo de interesse deste trabalho, conta com 52 artigos que apresentam modelos compostos para a representação de indicadores de inovação em nível regional. Os dados referentes aos artigos são apresentados no Anexo A.

Dos 52 artigos que apresentam modelos compostos para a representação dos indicadores, não há consenso quanto às características destes modelos. O número de níveis utilizados, bem como as subdivisões para estes níveis são feitas segundo critérios subjetivos, tornando os modelos, assim como o número de indicadores que utilizam, bastante diversos.

Os dados desta revisão permitem constatar a importância do tema enquanto objeto de pesquisa científica e indicam os principais autores, instituições, fontes de publicação e referências bibliográficas. Destaca-se a importância do desenvolvimento de modelos que permitam a avaliação do desempenho da inovação regional, em função de sua importância para o desenvolvimento econômico das regiões.

A análise e catalogação dos indicadores utilizados nos 52 artigos, em seus diferentes níveis e agrupamentos, será objeto de estudo em um próximo artigo, cujo objetivo principal será a proposição de um modelo de referência, baseado na literatura, para indicadores da inovação regional, e que estará contextualizado no mesmo trabalho em andamento.

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Anexo A - Corpo de Literatura

1. Aluno do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da UFSC. Docente do Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari / rafaelsperoni@ifc-araquari.edu.br
2. Docente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina / marcelomacedo@egc.ufsc.br
3. Docente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina / gauthier@egc.ufsc.br