Espacios. Vol. 37 (Nº 04) Año 2016. Pág. 8

Análise dos Processos de Gestão Voltados à Sustentabilidade: Um Estudo de Caso em um Concessionário Mercedes-Benz

(Re)thinking the intersection between sustainability and supply chain

Deise Graziele DICKEL 1; Natasha CEZAR; Mayara Konze da MOTTA; Gilnei Luiz de MOURA

Recibido: 24/09/15 • Aprobado: 25/10/2015


Contenido

1. Introdução

2. Sustentabilidade

3. Metodologia

4. O Concessionário Estudado

5. Conclusão

Referências


RESUMO:

As questões socioambientais constituem um dos principais problemas enfrentados pela humanidade neste mercado competitivo. Assim, a presente pesquisa tem o objetivo geral de analisar se os processos e políticas organizacionais de um concessionário Mercedez-Benz estão alinhadas aos preceitos da sustentabilidade: econômicos, sociais e ambientais. Quanto aos procedimentos metodológicos, foi realizada uma pesquisa qualitativa e quantitativa, de caráter exploratório e descritivo em forma estudo de caso. Como principais resultados, evidenciou-se que a organização segue os procesos e políticas sustentáveis recomendadas pela fábrica, atendendo aos requisitos necessários, contudo, os colaboradores da empresa precisam ser melhor comunicados e mais engajados em tais práticas.
Palavras-chave: Sustentabilidade; responsabilidade social; gestão ambiental; processos.

ABSTRACT:

Social and environmental issues are one of the major problems facing humanity and, in a competitive market. Thus, the present study has the general objective to examine whether organizational practices and policies of a Mercedes-Benz dealer are aligned with the principles of sustainability, whether economic, social and environmental. As the methodological procedures, a qualitative and quantitative survey was conducted, and the same exploratory and descriptive case study in form. Main results showed that the organization follows sustainable practices and policies recommended by the factory, meeting the necessary requirements, however, the company's employees need to be better communicated and more engaged in such practices.
Key-words: Sustainability; social responsibility; environmental management; process.

1. Introdução

As questões socioambientais constituem um dos principais problemas enfrentados pela humanidade e, em um mercado tão competitivo, se as empresas não se adequarem, principalmente à exigência de seus clientes e fornecedores, estão fadadas a exclusão. Neste ínterim, "o planejamento associado ao conceito de desenvolvimento sustentável implica necessariamente na adoção de um sistema eficiente de gerenciamento socioambiental" (PALLERMO, 2006, p.26).

Segundo Santos (2004) o planejamento socioambiental se dá a partir da interação e integração dos sistemas que compõem o ambiente e em como as estratégias estabelecem ações dentro de contextos e não isoladamente. Sob a ótica gerencial, as atitudes e as tradições culturais, econômicas, sociopolíticas e ambientais têm levado as diferentes administrações a adotar uma política própria de ação, sendo o sistema de gestão de uma organização a base para o estabelecimento de um método de gerenciamento que vise à melhoria continua dos resultados e promova o desenvolvimento sustentável (PHAN E BAIRD, 2015).

Assim, a presente pesquisa teve o objetivo geral de analisar se as práticas e políticas organizacionais de uma concessionária Mercedes Benz estão alinhadas aos preceitos da sustentabilidade, sendo eles, os aspectos econômicos, sociais e ambientais.

Com o intuito de atingir o objetivo geral e a sua complementação de acordo com as etapas consecutivas, os objetivos específicos deste estudo são: conhecer aspectos relacionados às práticas e políticas de gestão da organização voltadas à sustentabilidade; levantar o posicionamento da empresa com relação aos motivos, vantagens e desvantagens que as práticas e políticas voltadas a sustentabilidades trazem para a mesma; verificar como as práticas e políticas sustentáveis são repassadas para os colaboradores, bem como, a importância da percepção e envolvimento dos colaboradores com tais práticas; identificando o grau de conhecimento e envolvimento dos colaboradores da empresa com as práticas e políticas voltadas a sustentabilidade do concessionário.

Ao identificar e levantar os problemas relacionados ao contexto socioambiental sabe-se do esforço das empresas em trabalharem para solucionar problemas relacionados a resíduos jogados na natureza. Assim, a gestão voltada à sustentabilidade se torna um instrumento de grande valia para empresas adotarem como ferramenta de gestão para a minimização destes problemas.

Este estudo torna-se importante para o mundo empresarial, principalmente para os proprietários gestores da empresa e outros concessionários, pois os mesmos poderão planejar suas atividades ambientais conforme os regulamentos vigentes, as leis ambientais referentes a sustentabilidade e a ISO 14000 que se refere as certificações de qualidade ambiental, e também poderão conscientizar os outros profissionais no ambiente de trabalho.

2. Sustentabilidade

As ideias a respeito de um desenvolvimento que respeite o meio ambiente foram amplamente propagadas a partir da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano realizada em Estocolmo em 1972. A expressão desenvolvimento sustentável começa a ser usada no final da década de 1970 e decola a partir dos trabalhos da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Comissão Brundtland, criada em 1983 pela Assembleia Geral da ONU. 

O conceito de sustentabilidade explora as relações entre desenvolvimento econômico, qualidade ambiental e equidade social. A sustentabilidade define-se como característica de um processo ou sistema que permite que ele exista por certo tempo ou tempo indeterminado. Sendo assim uma sociedade sustentável é aquela que não coloca em riscos seus recursos naturais dos quais depende (PEREIRA et al, 2011).

No contexto atual, a sustentabilidade exige uma postura preventiva, que identifique tudo que um empreendimento pode fazer de positivo, para que este seja maximizado e, de negativo, para que possa ser minimizado. Os avanços tecnológicos tornaram cada vez mais curto o tempo para que o impacto sobre o meio ambiente e a sociedade fosse plenamente sentido (ALMEIDA, 2002). O autor ainda completa que a empresa que quer ser sustentável inclui entre seus objetivos o cuidado com o meio ambiente, o bem-estar do stakeholders e a constante melhoria da sua própria reputação.

Araújo (2008) afirma que o desenvolvimento sustentável é definido pela Conferência Rio 92 como aquele que satisfaz as necessidades sem comprometer a capacidade das futuras gerações a satisfazer as suas próprias. Para o autor a construção e aplicação de estratégias de sustentabilidade são baseadas fundamentalmente no equilíbrio de fatores econômicos, sociais e ambientais e requer uma base tecnológica, institucional e legal eficaz de modo a instalar a necessária harmonia e a correta gestão ambiental.

A sustentabilidade pode ser vista como a reconciliação das metas sociais com as econômicas e com objetivos ambientais através de uma estratégica e efetiva gestão da economia e da sociedade, de modo a conquistar o equilíbrio final de dimensões de desenvolvimento (ARAÚJO, 2008). O autor ainda completa dizendo que nesse sentido o desenvolvimento apara desigualdade da colonização e acrescenta uma nova face da inclusão social, promovida por efetivas mudanças estruturais.

O desafio da produção ambientalmente sustentável projeta-se como elemento fundamental de sobrevivência e competitividade empresarial, convergindo ecologia e economia como ciências que tratam da mesma questão: o gerenciamento da escassez. Os novos modelos de produção sustentável não se referem às melhorias incrementais associadas ao combate à poluição, mas às inovações que ultrapassam as rotinas e o conhecimento comum (ALIGLERI et al, 2009; PHAN E BAIRD, 2015).

Neste contexto, o componente socioambiental gerado pelas transformações culturais pós 1960 no Brasil e no mundo adquire hoje relevância e aponta para as empresas uma série de restrições e ameaças, assim como uma série de oportunidades. Portanto, a questão socioambiental torna-se componente significativo do macro e microambiente (FIALHO et al. 2008).

2.1 Os pilares da sustentabilidade

Ao se planejar e executar suas ações, os governos, as empresas e as organizações tem que considerar o equilíbrio entre os seguintes aspectos no processo de tomada de decisões: econômicos (crescimento e desenvolvimento da economia); sociais (atendimento das necessidades humanas) e ambientais (capacidade de regeneração, recuperação do ambiente natural), conforme apresentado na Figura 1. Segundo Pereira et al (2011) a ideia é de que o desenvolvimento e o crescimento de um país sejam capazes de assegurar o mínimo de qualidade de vida para todas as pessoas, ao mesmo tempo em que seja garantida maior proteção ao meio ambiente.

Para que o resultado seja possível, cada dimensão deve receber a mesma atenção e examinada separadamente (PEREIRA et al, 2011) e, segundo os autores:

  1. A perspectiva social enfatiza a presença do ser humano na terra. Tem como principal preocupação o bem-estar humano e a qualidade de vida. A sustentabilidade social diz respeito a um processo de desenvolvimento que leve a um crescimento estável com distribuição de renda igualitária.
  2. A perspectiva econômica: relaciona a alocação e a gestão mais eficiente dos recursos com o fluxo regular do investimento público e privado. A eficiência econômica não deve ser avaliada apenas com base na lucratividade das empresas, mas deve levar em conta aspectos macrossociais.
  3. A perspectiva ambiental: a principal preocupação é com os impactos das atividades humanas sobre o meio ambiente. A sustentabilidade ecológica pode ser ampliada por meio da utilização do potencial encontrado nos diversos ecossistemas. Neste sentido, deve-se reduzir a utilização de combustíveis fosseis e a emissão de substâncias poluentes, adotar políticas de conservação de energia e recursos naturais, substituir produtos não renováveis por renováveis e aumentar a eficiência dos recursos utilizados.

Figura 01: O tripé da sustentabilidade
Fonte: Coral (2002)

Destaca-se que, o desdobramento do investimento social privado leva ao conceito da Responsabilidade Social Empresarial (RSE) que, conforme Pereira et al (2011) não se limita aos investimentos que as empresas fazem em uma comunidade, na verdade, esta é apenas uma das dimensões que integram a responsabilidade social.O mais importante na abordagem dessas três dimensões da sustentabilidade empresarial é o equilíbrio dinâmico necessário e permanente que devem ter, e que tem que ser levando em consideração pelas organizações (DIAS, 2011).

Neste sentido, no âmbito empresarial, as três dimensões da sustentabilidade se identificam com o conceito de Triple Bottom Line e o seu uso em corporações refletem um conjunto de valores, objetivos e processos que uma organização deve focar para criar valor em três dimensões: econômica, social e ambiental, que também é conhecido como os 3P's (People, Planet and Profit que traduzindo para o português significam pessoas, planeta e lucro). No Brasil é conhecido como o tripé da sustentabilidade, que tanto pode ser aplicado de maneira macro, para um país ou o próprio planeta, como micro, em uma residência, uma empresa, uma escola ou uma pequena vila (DIAS, 2011).

No que tange a dimensão social, Araújo (2008) destaca que o conceito de responsabilidade social é essencialmente baseado na iniciativa das empresas em contribuir com o desenvolvimento da sociedade em termos socioambientais, inspiradas por uma tradição de auto-regulação e autodisciplina.

Neste ínterim, a responsabilidade social tem sido interpretada pelo público como a contribuição social voluntária das empresas, sendo destacada como a atuação das empresas junto à comunidade, sem considerar como parte integrante da gestão das organizações. É raro encontrar a questão da responsabilidade social tratada de fato como integrante da sustentabilidade, sendo essa uma boa razão para empregar o termo responsabilidade socioambiental para esclarecer que as questões socioambientais são indissociáveis (VILELA JR E DEMAJOROVIC, 2006).

Uma gestão responsável e sustentável é construída pelas pessoas e a forma como a empresa interage com seus colaboradores pode impactar mais no comprometimento, empenho e satisfação do que um bom salário. O bom ambiente de trabalho e a maneira como as organizações tratam as pessoas, sejam elas público interno ou sociedade em geral, que abrem oportunidades para o crescimento da sustentabilidade (RESTALL E CONRAD, 2015).

Cooperação, participação, diálogo, transparência, respeito, igualdade, diversidade e solidariedade são traços culturais importantes no atual contexto da sustentabilidade empresarial. Sendo assim, a empresa responsável e humanizada não se limita a respeitar os direitos dos trabalhadores, ainda que seja um pressuposto indispensável e deve investir no desenvolvimento pessoal e profissional de seus colaboradores, bem como na melhoria das condições de trabalho e no estreitamento de suas relações (ALIGLERI et al, 2009).

Araújo (2008) ressalta que a necessidade da empresa de exercer uma função social cabe questionar acerca do verdadeiro conceito, como também o próprio conceito de responsabilidade social. Ainda completa afirmando que mesmo que a empresa tenha interesse meramente financeiro exerce uma função social, pois dentre outros aspectos gera empregos, possibilita a circulação de riquezas. A capacitação para a sustentabilidade dever ser compartilhada na organização com um todo, pelo uso de vários métodos. Os valores e a estratégia devem ser entendidos e praticados pelo maior número de colaboradores.

No que tange ao pilar ambiental, percebe-se que os conceitos de gestão ambiental, bem como o desenvolvimento sustentável, amadureceram nas últimas décadas e, para se obter essa harmonia, tem-se que lidar com situações extremamente complexas, envolvendo uma realidade problemática e cujas condições necessitam ser melhoradas. O contexto de gestão ambiental não é apenas uma atividade filantrópica ou tema para ecologistas e ambientalistas, mas também uma atividade que pode propiciar ganhos financeiros para as empresas (SEIFERT, 2007).

O que se evidencia é que a legislação ambiental existe para patrocinar as soluções sustentáveis estimulando as empresas que se adotam e punindo as que se beneficiam dos custos de produção mais baixos por não investirem na proteção. Uma economia sadia não resiste sem investimento na área ambiental (ROBLES JR e BONELLI, 2006).

Sendo assim, acredita-se que a grande maioria dos impactos negativos provocados pelas indústrias se deve, fundamentalmente ao fato da inexistência de um modelo de gestão ambiental (REIS E QUEIROZ, 2004). Neste sentido, a gestão ambiental deve ser precedida por uma política de meio ambiente que organize e ponha em prática as diversas ações que visem o atendimento das demandas sociais e principalmente de proteção ambiental. A gestão ambiental e a responsabilidade social, enfim, tornam-se importantes instrumentos gerenciais para a capacitação e criação de condições de competitividade para as organizações, qualquer que seja seu segmento econômico (TACHIZAWA, 2010).

3. Metodologia

Quanto aos procedimentos metodológicos, a presente pesquisa possui natureza qualitativa e quantitativa e, de acordo com Michel (2009) a pesquisa qualitativa possui uma relação dinâmica, particular, contextual e temporal entre o pesquisador e o objeto de estudo e, por isso, carece de uma interpretação dos fenômenos à luz do contexto. Já a pesquisa quantitativa parte do princípio de que tudo pode ser quantificável, ou seja, que opiniões, informações, serão mais bem entendidas se traduzidas em forma de números, sendo que nela o pesquisador descreve, explica e prediz.

No que tange aos objetivos, a pesquisa é de caráter exploratório e descritivo e, segundo Andrade (2009, p.113), "a pesquisa exploratória é o primeiro passo de todo o trabalho cientifico. São finalidades de uma pesquisa, sobretudo quando bibliográficas, proporcionar maiores informações sobre determinado assunto". Já a pesquisa descritiva estabelece correlações entre variáveis e define sua natureza. Apresenta características de uma determinada população ou de um determinado fenômeno.

No que se refere aos procedimentos técnicos optou-se pelo método de estudo de caso, visto que, para Jung (2004, p.54), estudo de caso como "um procedimento de pesquisa que investiga um fenômeno dentro do contexto local, real e especialmente quando os limites entre fenômeno e o contexto não estão claramente definidos". Através dele é possível descrever um sistema de produção ou técnico no âmbito particular ou coletivo, sendo uma importante ferramenta para os pesquisadores que buscam entender "como" e "por que" funcionam os procedimentos.

Para a coleta de dados, primeiramente desenvolveu-se a pesquisa bibliográfica sobre o assunto em questão. Posteriormente utilizou-se das técnicas de análise de documentos da empresa e de entrevista semiestruturadas com o profissional responsável pela área de sustentabilidade da empresa. Sequencialmente, um questionário foi desenvolvido e aplicado a uma amostra por acessibilidade de 24 colaboradores da empresa, conforme os horários de trabalho, disponibilidade em responder, os que ficam na empresa durante o horário de almoço, de um total de 60 colaboradores em sete setores. O instrumento dividiu-se em duas partes, com 19 perguntas fechadas em escala Likert e uma entrevista com a pessoa responsável pela área ambiental da empresa. Segundo Gil (2009, p.121) "define-se questionário como a técnica de investigação composta por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses".

Após a coleta dos dados, os mesmos foram tabulados quantitativamente via estatística descritiva, com o auxílio do software SPSS 20.0 para posterior interpretação e análise qualitativa dos dados.

4. O Concessionário Estudado

Neste trabalho de pesquisa foram analisados os processos e práticas da Veísa Veículos Ltda, concessionário Mercedes-Benz, fundada em 22 de outubro de 1984 a partir da criação da Sulbra-Sul Brasileira Santa Maria Veículos e Acessórios S.A. A venda de caminhões, ônibus e sprinters é o carro chefe da empresa, que ainda possui a venda de peças, acessórios, presta serviços de oficina com profissionais treinados na fábrica e uma estrutura adequada para aplicação dos serviços em alta qualidade. Além disso, conta com a representação de pneus Michelin, que são parceiras há quase 20 anos.

A Veísa configura-se em uma das empresas do Grupo JMT, composto por outras empresas como: a Planalto Transportes LTDA, Planalto Turismo LTDA, Planalto Operadora, estações rodoviárias de Alegrete, São Borja, Uruguaiana e Rio Grande e JMT Agropecuária LTDA.

Neste contexto, a empresa em estudo, apresenta como definição do seu negócio a "representatividade da marca Mercedes-Benz, através de um padrão de excelência em produtos e serviços", possuindo como missão a busca por "fornecer soluções de transportes, através de produtos e serviços de forma personalizada a fim de alcançar a maior satisfação possível de seus clientes", bem como, a visão de "ser líder regional no segmento de veículos comerciais, através de um padrão de produtos e serviços diferenciados aos seus clientes, proporcionando o devido retorno do investimento".

4.1 Processos e políticas de gestão da Veísa voltadas à sustentabilidade

Partindo do objetivo de conhecer aspectos relacionados às práticas e políticas de gestão da organização voltadas a sustentabilidade, pode-se constatar que, a Mercedes-Benz do Brasil desenvolve uma série de atividades voltadas à preservação do planeta e ao aproveitamento consciente dos recursos naturais, tendo em vista que o compromisso ambiental da empresa está presente em todas as etapas dos processos produtivos, em suas atividades administrativas e na relação com as empresas parceiras, clientes e com a sociedade.

Neste ínterim, para chegar ao status de empresa sustentável, a Mercedes-Benz trilhou uma trajetória focada na melhoria continua de seus processos produtivos, na capacitação de seus profissionais para atuarem de maneira proativa, na preservação dos meios naturais e no desenvolvimento de uma cultura organizacional orientada para o bem-estar coletivo. A consolidação desta prática resultou na criação do sistema de gerenciamento ambiental, o qual estabelece um padrão de excelência para contratar fornecedores e prestadores de serviços.

Em um ritmo constante e eficaz, a Mercedes-Benz busca aperfeiçoar o seu convívio com o meio ambiente com ações que envolvem: a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias mais limpas, fabricação de veículos mais eficientes; redução e destinação adequada dos resíduos provenientes da manufatura; coleta seletiva e reciclagem; programas para diminuir o consumo de água e energia elétrica; conscientização dos colaboradores para que transformem as atitudes sustentáveis em hábitos permanentes; incentivo aos fornecedores para gestão de boas práticas ambientais; e apoio à comunidade para despertar e aprimorar condutas de respeito ao ecossistema.

É neste contexto que a Veísa se insere como empresa ligada a Mercedes-Benz, à medida que preza em todas as suas áreas de atuação, pelo desenvolvimento de atividades fundamentadas nos princípios da sustentabilidade, através de suas políticas de sustentabilidade, sendo elas:

- Reduzir e otimizar o uso dos recursos naturais visando à preservação do meio ambiente;

- Buscar o atendimento a legislação e as normas ambientais aplicáveis às atividades desenvolvidas pela empresa;

- Evitar e inibir a poluição do meio ambiente por meio da redução dos impactos ambientais relacionados aos efluentes líquidos, resíduos sólidos e emissões atmosféricas;

- Treinar, conscientizar e motivar nossos colaboradores, tendo como objetivo aperfeiçoar processos, produtos e serviços para melhor atender nossos clientes, comunidade e fornecedores visando à melhoria do meio ambiente;

- Política de gestão ambiental da Veísa garante seriedade nas ações e compromisso com a sustentabilidade;

- Praticar e promover a reciclagem dos resíduos descartados na concessionária; e

- Praticar a responsabilidade social na comunidade onde está inserida.

Tomando como base as diretrizes da NBR ISO 14.001 e com o objetivo de cumprir os requisitos do programa Star Class da concessionária Mercedes-Benz, a Veísa Veículos vem implementando, desde 2009, o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), estabelecendo objetivos e metas para diminuir os impactos referentes às suas atividades.

Para tanto, a empresa desenvolve um programa de ações internas que garantem as melhores práticas e procedimentos para a preservação do meio ambiente. O programa é composto por diversas etapas, entre elas e já implementadas no Grupo, tem-se o programa de gerenciamento de resíduos sólidos, programa de gerenciamento de efluentes líquidos e coleta seletiva. Pode-se verificar que a empresa possui um cronograma anual de atividades, tais como palestras e cursos para todos os colaboradores, que são desenvolvidas com o objetivo de conscientizar sobre a importância em tornar rotina de trabalho, as práticas que preservam o meio ambiente.

4.2 Posicionamento da empresa quanto à sustentabilidade

A segunda parte da pesquisa visou levantar o posicionamento da empresa com relação aos motivos, vantagens e desvantagens que as práticas e políticas voltadas a sustentabilidades trazem para a mesma. Neste sentido, em entrevista realizada junto à pessoa responsável pelo setor verificou-se que, os motivos que levaram a Veísa a aderir os quesitos sustentabilidade relacionam-se diretamente à empresa participar do programa de qualidade da Mercedes-Benz, sendo conhecido como programa de qualidade Star Class, que tem dentre seus objetivos a preocupação com as práticas sustentáveis dos representantes da marca Mercedes-Benz, sendo atualmente a Veísa classificada como Concessionário Ouro.

O programa Star Class tem como objetivo o alinhamento das estratégias da Mercedes-Benz do Brasil e a rede de concessionários Mercedes-Benz de Veículos Comerciais, através de uma plataforma de desenvolvimento sustentável de resultados. Sendo assim, ampara-se na necessidade de aumentar o impacto da marca Mercedes-Benz através de um padrão único de excelência em atendimento e qualidade de produtos e garantir a integração, evolução e a sustentabilidade dos resultados da rede. Para tanto, torna-se necessário manter a melhoria contínua dos processos e sistemas visando à completa satisfação dos clientes e reconhecer os resultados e esforços com um sistema de recompensas e incentivos.

Neste contexto, a empresa procura estar sempre atentas às inovações do mercado e as práticas do programa de qualidade, visando proporcionar uma cultura sustentável em seu ambiente interno e, consequentemente, para seus colaboradores, via a implantação de processos que visam à qualidade e desenvolvimento da Empresa, desenvolvendo em seus colaboradores a responsabilidade referente ao consumo dos recursos naturais, tendo como meta a redução e otimização de seu uso, alinhando-se a requisitos da legislação, para que os impactos ambientais sejam minimizados. Outro ponto destacado pela empresa, relaciona-se ao desenvolvimento de ações comunitárias e de parcerias que visem o desenvolvimento sócio, econômico e ambiental, buscando melhoria para toda comunidade.

No que tange as vantagens e desvantagens na aplicação das práticas sustentáveis, foi destacado como vantagem o respeito e cuidado com o meio ambiente, via identificação da utilização consciente e da reciclagem dos materiais, que são vendidos, retornando como investimento em projetos para melhorias internas e materiais para divulgação e reeducação de seus colaboradores. Outro ponto importante ressaltado refere-se à interação da empresa com ações sociais e parcerias com a sociedade, incluído parcerias entre clientes em Santa Maria e em outras regiões. No entanto, foi destacado como desvantagem, o não alinhamento e integração de todos os processos da empresa de forma auto sustentável pois, a empresa continua investindo diretamente no programa.

A concessionária acredita que, para alcançar os resultados desejados, é primordial melhorar e adequar seus processos, principalmente em relação à gestão ambiental, buscando melhorar os destinos para todos os seus resíduos, principalmente os perigosos. Por ser um processo que envolve toda a empresa, é necessário a conscientização de todos seus colaboradores para que os processos e procedimentos sejam usados no dia a dia, visando à separação, reciclagem e otimização de processos. Para tanto, torna-se necessário o investimento em prática e políticas que busquem uma política auto sustentável, bem como, o investimento constante em parcerias, visando retorno para investimentos em projetos de melhoria.

Ao abordar sobre como as práticas e políticas sustentáveis são repassadas para os seus colaboradores, percebeu-se que, a empresa, através do programa de qualidade da Mercedes-Benz, implantado desde 2006 na concessionária Veísa, a empresa se utiliza de uma metodologia de treinamento, através de palestras e reuniões com os colaboradores, onde o responsável pela área de sustentabilidade interage direto com os mesmos e o ambiente onde atuam. Neste processo, os colaboradores têm acesso às informações do site da concessionária, em folders que são entregues aos mesmos, banners no setor de serviços e, cada setor da empresa possui uma pasta com todas as ações da concessionária, bem como, suas políticas e respectivos responsáveis, incluindo os impactos individual de cada setor nestes processos.

No que se refere à percepção e envolvimento dos colaboradores com as práticas sustentáveis, verificou-se que, para a empresa é fundamental que seus colaboradores compreendam a essência do processo de gestão sustentável, pois o mesmo vai muito além de apenas procedimentos, e sim, relaciona-se à busca constante da empresa em adequar-se aos pilares da sustentabilidade e, assim, minimizar impactos socioambientais e proporcionar maior proteção do meio ambiente, o qual beneficia a todos, o que deve ser um trabalho realizado por toda a equipe. Foi destacado pela empresa que, o apoio de todos os colaboradores é fundamental para a organização efetiva do programa de qualidade da Mercedes-Benz. De acordo com a empresa, os colaboradores necessitam inserir as iniciativas sustentáveis no seu dia a dia, tanto na organização, quanto em sua vida pessoal, sendo um processo que beneficia ambos, organização e colaboradores, podendo, até mesmo contribuir com projetos de melhoria em suas comunidades.

O último quesito analisado relacionou-se aos problemas enfrentados pela empresa na transmissão de informações sobre as práticas e políticas de sustentabilidade para o envolvimento dos colaboradores e, quanto a isso, percebeu-se que, a maior dificuldade encontrada na implantação do processo é a falta de conhecimento a respeito do assunto e, principalmente, a constatação da cultura dos indivíduos de que tais problemas não competem à responsabilidade de cada um. De acordo com a entrevistada, os colaboradores da Veísa não vêm agregando os procedimentos necessários a sua função, o que dificulta o andamento do processo. Evidencia-se que, este ponto demanda que a organização em estudo una às práticas e política voltadas a sustentabilidade com as metas individuais de cada colaborador, buscando incentivos para que os mesmos absorvam e as incorporem no seu cotidiano, conseguindo, desta forma, quebrar a barreira cultural presente hoje na organização.

4.2 O conhecimento e envolvimento dos colaboradores com a sustentabilidade da Veísa

A última parte da pesquisa objetivou identificar o grau de conhecimento e envolvimento dos colaboradores da empresa com as práticas e políticas voltadas a sustentabilidade da Veísa. Para tanto, um instrumento foi desenvolvido e aplicado a uma amostra por acessibilidade de 24 colaboradores. Neste sentido, no que tange ao perfil dos pesquisados, 70% são do sexo masculino, 58,2% possuem entre 36 e 55 anos, 58,3% possuem o 2º grau completo e 29,2% estão cursando ou possuem o 3º grau completo. Dos pesquisados, 45,8% estão há mais de 10 anos na empresa, 95,8% atuam em nível operacional.

Na tabela 01 verificam-se os resultados no que tange ao posicionamento dos pesquisados quanto ao grau de conhecimento (1- não conheço, 2 – pouco conheço, 3 - indiferente, 4 – conheço em parte e 5- conheço totalmente) acerca das políticas e práticas voltadas a sustentabilidade de Veísa.

Tabela 01: Conhecimento dos colaboradores sobre as políticas e práticas de sustentabilidade da empresa

QUESTÕES

CONHECIMENTO

POLÍTICAS E PRÁTICAS VOLTADAS A SUSTENTABILIDADE DA VEÍSA

1

2

3

4

5

Total

1 As práticas e políticas do programa de sustentabilidade da empresa.

8,3

29,1

4,1

50

8,3

100%

2 Os motivos que levaram a Veísa a desenvolver práticas e políticas de sustentabilidade.

25

16,6

12,5

33,3

12,5

100%

3 Programas da empresa de ação contínua à proteção ambiental

20,8

25

0

41,6

12,5

100%

4 A política da empresa, que visa fornecer bases para estabelecimento e revisão de objetivos e metas ambientais.

37,5

12,5

8,3

37,5

4,1

100%

5 Programas da empresa de ação contínua à proteção ambiental

16,6

25

8,3

41,6

8,3

100%

6 Processos da empresa de descarte dos resíduos, tais como óleos e fuligem dos pneus.

4,1

20,8

8,3

58,3

8,3

100%

7 Processos da empresa que visam à redução, reutilização e reciclagem dos materiais, tais como papéis

8,3

20,8

0

66,6

4,1

100%

8 Programas da empresa de ação contínua à proteção ambiental

12,5

25

0

62,5

0

100%

9 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)

8,3

16,6

8,3

45,8

20,5

100%

10 Busca pela empresa da participação dos colaboradores nos processos de melhoria do ambiente de trabalho.

16,6

16,6

4,1

45,8

16,6

100%

11 Programas da empresa de ação contínua associadas à prevenção de acidentes no trabalho.

12,5

29,1

12,5

37,5

8,3

100%

12 Certificação da empresa de qualidade de âmbito nacional/internacional para seus produtos, serviços ou processos.

20,8

12,5

8,3

33,3

25

100%

13 Ações desenvolvidas pela empresa para fins de desenvolvimento da comunidade local através da geração de trabalho e renda

41,6

25

8,3

25

0

100%

14 A utilização de normas ou códigos de conduta profissional no âmbito da empresa

16,6

16,6

8,3

37,5

20,8

100%

15 Diretrizes e programas contínuos da empresa voltados para a promoção de integração dos colaboradores com a sociedade.

29,1

20,8

16,6

29,1

4,1

100%

16 Políticas formais de capacitação de funcionários que a empresa possui.

12,5

20,8

25

33,3

8,3

100%

17 Planos da empresa de ações preventivas para problemas (situações que não estão de acordo com o planejamento e a legislação).

29,1

25

12,5

29,1

4,1

100%

Fonte: os próprios autores

Como mostrado na tabela 01, verifica-se que os colaboradores possuem um maior conhecimento nas questões a respeito dos processos de descarte de resíduos, redução, reutilização e reciclagem dos materiais e acerca da CIPA. Em contra partida, observou-se que os pontos relacionados à revisão e objetivos de metas ambientais, as ações desenvolvidas com a comunidade local e o plano de ações preventivas da empresa para tais problemas merecem maior atenção por parte da empresa.

Como sugestão às problemáticas identificadas, sugere-se a adoção de um plano de comunicação interna que esclareça os objetivos das práticas e políticas de sustentabilidade, bem como, o alinhamento destas com os objetivos estratégicos, bem como, proponha ações que possa envolver a empresa, os colaboradores e a comunidade local, de forma que o mesmo possa atingir os objetivos e metas ambientais e estando em conformidade com a legislação vigente.

Na tabela 02 verifica-se do grau de envolvimento (1 – não me envolvo, 2 – pouco me envolvo, 3 – indiferente, 4 – me envolvo em parte e, 5 – me envolvo totalmente) dos pesquisados com relação às políticas e práticas voltadas a sustentabilidade de Veísa.

Como mostrado na tabela 02, verifica-se que os colaboradores possuem o maior envolvimento com a redução, reutilização e reciclagem dos materiais, a participação dos colaboradores na melhoria do ambiente, a certificação em qualidade e a utilização de normas ou códigos de conduta profissional. Em contra partida dos melhores resultados com relação ao envolvimento com as práticas e políticas de sustentabilidade, observou-se que as práticas e políticas do programa de sustentabilidade da organização, os motivos que levaram a Veísa a desenvolver tais práticas, a política que visa fornecer bases para a revisão dos objetivos e metas ambientais, programa de ação continua à proteção ambiental, e as ações desenvolvidas com a comunidade local através da geração de trabalho e renda merecem uma profunda atenção por parte da empresa.

Tabela 02: Envolvimento dos colaboradores com as políticas e práticas de sustentabilidade da empresa

QUESTÕES

ENVOLVIMENTO

POLÍTICAS E PRÁTICAS VOLTADAS A SUSTENTABILIDADE DA VEÍSA

1

2

3

4

5

Total

1 As práticas e políticas do programa de sustentabilidade da empresa.

20,8

33,3

4,1

37,5

4,1

100%

2 Os motivos que levaram a Veísa a desenvolver práticas e políticas de sustentabilidade.

33,3

29,1

8,3

20,8

8,3

100%

3 Programas da empresa de ação contínua à proteção ambiental

25

25

12,5

37,5

0

100%

4 A política da empresa, que visa fornecer bases para estabelecimento e revisão de objetivos e metas ambientais.

41,6

20,8

0

37,5

0

100%

5 Programas da empresa de ação contínua à proteção ambiental

25

33,3

4,1

33,3

4,1

100%

6 Processos da empresa de descarte dos resíduos, tais como óleos e fuligem dos pneus.

33,5

12,5

12,5

41,6

0

100%

7 Processos da empresa que visam à redução, reutilização e reciclagem dos materiais, tais como papéis

20,8

12,5

0

58,3

8,3

100%

8 Programas da empresa de ação contínua à proteção ambiental

33,3

20,8

8,3

37,5

0

100%

9 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)

33,3

12,5

8,3

33,3

12,5

100%

10 Busca pela empresa da participação dos colaboradores nos processos de melhoria do ambiente de trabalho.

20,8

20,8

4,1

45,8

8,3

100%

11 Programas da empresa de ação contínua associadas à prevenção de acidentes no trabalho.

25

25

8,3

37,5

4,1

100%

12 Certificação da empresa de qualidade de âmbito nacional/internacional para seus produtos, serviços ou processos.

29,1

8,3

8,3

33,3

20,8

100%

13 Ações desenvolvidas pela empresa para fins de desenvolvimento da comunidade local através da geração de trabalho e renda

45,8

16,6

25

12,5

0

100%

14 A utilização de normas ou códigos de conduta profissional no âmbito da empresa

25

12,5

4,1

45,8

12,5

100%

15 Diretrizes e programas contínuos da empresa voltados para a promoção de integração dos colaboradores com a sociedade.

41,6

12,5

20,8

25

0

100%

16 Políticas formais de capacitação de funcionários que a empresa possui.

20,8

20,8

29,1

25

4,1

100%

17 Planos da empresa de ações preventivas para problemas (situações que não estão de acordo com o planejamento e a legislação).

33,3

12,5

25

25

4,1

100%

 

Tendo em vista tais problemas, que foram levantados com a pesquisa, enfatiza-se na necessidade da Veísa Veículos investir no desenvolvimento de uma cultura interna voltada a sustentabilidade e, isto demanda a necessidade de um processo de sensibilização de seus colaboradores, amparado em um programa de comunicação claro e voltado aos objetivos estratégicos da organização que estejam claramente alinhados aos objetivos das práticas e políticas voltados a sustentabilidade. Destaca-se que, para que exista o comprometimento e engajamento de seus colaboradores para com tais práticas, é necessário que a organização invista também em incentivos que motive os colaboradores e os direcionem aos objetivos comunicados.

Sequencialmente, buscou-se levantar como os pesquisados avaliam o processo de comunicação das práticas e políticas de sustentabilidade da empresa para com os colaboradores e, a figura 2 apresenta tais resultados.

Figura 2: Avaliação do processo de comunicação das práticas e políticas de sustentabilidade da empresa
Fonte: Os próprios autores

Percebe-se no gráfico 01 que menos da metade dos pesquisados consideram o processo de comunicação das práticas e políticas da empresa como sendo bom, ou seja, apenas 45,8%, ao mesmo tempo em que, o somatório dos conceitos razoável, ruim e péssimo obtiveram o percentual de 54,2%. Este ponto mais uma vez enfatiza a necessidade da organização investir em um plano de comunicação e sensibilização claro que motive e envolva os colaboradores com tais práticas.

Na Figura 3 pode-se observar a avaliação dos colaboradores participantes da pesquisa com relação ao programa de sustentabilidade da empresa.

Figura 3: Avaliação do programa de sustentabilidade da empresa
Fonte: os próprios autores

Percebe-se na Figura 3 que menos da metade dos pesquisados consideram o programa de sustentabilidade da empresa como sendo bom, ou seja, apenas 45,8%. Já no somatório dos conceitos razoável, ruim e péssimo obtive-se, o percentual de 54,2%, demonstrando, mais uma vez, que a organização necessita focar internamente no desenvolvimento de uma cultura sustentável para conseguir o engajamento de seus colaboradores.

A última questão desta pesquisa buscou levantar contribuições dos pesquisados através de sugestões de como a empresa pode investir seus esforços de maneira a conseguir o seu comprometimento para com as práticas e políticas de sustentabilidade e, na visão dos participantes da pesquisa, é preciso que a empresa invista na comunicação, promoção e divulgação das práticas de sustentabilidade, para que os colaboradores possam ter consciência da importância e, assim, possam ser cobrados. Entretanto, torna-se necessário que a empresa veja a sustentabilidade como um bem ativo e não apenas como uma obrigação, fazendo que esta se torne uma tarefa diária, sendo preciso a compreensão por todos das suas vantagens, para que se torne um guia aos colaboradores. Outro ponto evidenciado, foi á necessidade de maiores investimentos no desenvolvimento de programas de incentivo e de valorização dos colaboradores envolvidos.

5. Conclusão

Tendo em vista as questões ambientais tão comentadas nos dias de hoje, e levando em conta a cobrança de todos os atores da sociedade civil e empresarial para que as empresas estejam nas conformidades legais com relação às questões voltadas a sustentabilidade, ou seja, é necessário que as empresas busquem desenvolver práticas que visem adaptar os pilares da sustentabilidade, sejam eles, o econômico, o social e o ambiental. Neste sentido o presente estudo partiu do objetivo de analisar se as práticas e políticas organizacionais da Veísa Veículos, concessionária Mercedes Benz em Santa Maria, estão alinhadas aos preceitos da sustentabilidade, sejam eles, os aspectos econômicos, sociais e ambientais.

Ao conhecer os aspectos relacionados as práticas e políticas de gestão voltadas à sustentabilidade desenvolvidas pela organização em estudo, levantou-se que a empresa, com o objetivo de cumprir os requisitos do programa Star Class da concessionária Mercedes-Benz, a Veísa Veículos vem implementando desde 2009 o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), estabelecendo objetivos e metas para diminuir os impactos referentes às suas atividades, desenvolvendo um programa de ações internas que visam garantir as melhores práticas e procedimentos para a preservação do meio ambiente.

Já no que tange o posicionamento da empresa em relação aos motivos, vantagens e desvantagens que tais práticas e políticas trazem para a mesma, verificou-se que a participação no programa de qualidade da Mercedes-Benz torna-se necessária para a melhoria contínua de seus processos visando à completa satisfação dos clientes e reconhecimento dos resultados e esforços dos colaboradores, estando a mesma atenta às inovações do mercado, proporcionando uma cultura sustentável em seu ambiente interno e externo.

Como vantagem, observou-se o respeito e cuidado com o meio ambiente através da utilização consciente e da reciclagem dos materiais que são vendidos e posteriormente retornam como investimentos em projetos para melhorias internas e materiais para divulgação e reeducação de seus colaboradores. No entanto, no que se refere à desvantagem evidenciou-se o não alinhamento e integração de todos os processos da empresa de forma auto sustentável.

Evidenciou-se que, apesar da importância da percepção e envolvimento dos colaboradores com as práticas e políticas voltadas a sustentabilidade da empresa, tal envolvimento é baixo pela falta de clareza nas informações passadas pela empresa, bem como, por não haver incentivos para tal engajamento. Este fato fica mais evidente ao ser levantado o grau de conhecimento dos colaboradores da empresa em relação a este assunto e a aplicabilidade dele dentro da empresa, ao verificar-se que há um conhecimento no que se refere à redução, reutilização e reciclagem, porém, as demais práticas são desconhecidas fazendo assim com que os colaboradores não se importem com tais práticas, o que influenciou negativamente também no seu envolvimento.

Assim, o presente estudo proporcionou informações que permitem a empresa identificar pontos de melhoria no seu processo de comunicação, cabendo sugerir que a organização em questão invista principalmente na divulgação e implementação do programa de incentivos aos colaboradores, alinhados as práticas e políticas sustentáveis. Conclui-se que, há o interesse por parte da empresa com relação as questões sustentáveis, porém, são claras as barreiras tais como a cultura organizacional, engajamento dos colaboradores e, principalmente, a necessidade do investimento na comunicação e no incentivo a participação e comprometimentos com os princípios sustentáveis da empresa.

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1. Email: deisedickelsm@gmail.com


Vol. 37 (Nº 04) Año 2016

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