Espacios. Vol. 37 (Nº 03) Año 2016. Pág. 17

A Qualidade de Vida no Trabalho dos Professores da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica: percepções com a metodologia BPSO alinhado à qualidade da educação

The Quality of Working Life of Teachers of Federal Vocational and Technological Education Network: perceptions with BPSO methodology aligned to the quality of education

Rodrigo Ribeiro de OLIVEIRA 1; Ana Cristina LIMONGI-FRANÇA 2; Quintiliano Siqueira Schroden NOMELINI 3; Dagmar Silva Pinto de CASTRO 4; Luiz Roberto ALVES 5;Fernando Nascimento ZATTA 6

Recibido: 18/09/15 • Aprobado: 23/11/2015


Contenido

1. Introdução

2. Revisão de literatura

3. Procedimentos metodológicos

4. Análise e discussão dos resultados

5. Conclusões

Referências


RESUMO:

Com a expansão física da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, que passou de 154 campi no ano de 2005, para 562, em 2014, atualmente, conta com 37.146 professores. Nesse contexto, surge a necessidade de examinar a estrutura de funcionamento, observando as oportunidades de melhoria em diversos fatores relacionados à oferta e à qualidade dos serviços educacionais prestados. Faz-se necessário destacar que um dos fatores fundamentais para a qualidade da ação pedagógica depende da qualidade de vida do professor. O objetivo deste trabalho foi analisar o grau de satisfação dos professores em relação à Qualidade de Vida no Trabalho.
Palavras-chave: Professores do Ensino Técnico e Tecnológico. Qualidade de Vida no Trabalho. Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica.

ABSTRACT:

With the physical expansion of the Federal Network of Professional and Technological Education, which went from 154 campi in 2005, to 562, in 2014, now it has 37,146 teachers. In this context, there emerges the need to examine the structure of operation, observing the opportunities of improvement in various factors related to the offering and the quality of the educational services provided. It is necessary to highlight that one of the fundamental factors to the quality of the pedagogical action depends on the teachers' quality of life. The objective of this study was to analyze the teachers' satisfaction regarding the Quality of Life in the Workplace.
Keywords: Teachers of the Technological and Technical Education. Quality of Life in the Workplace. Federal Network of Professional and Technological Education.

1. Introdução

Nos últimos anos, o Brasil realizou a expansão física da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica (REDE EPT), que passou de 154 campi no ano de 2005, para 562, no ano de 2014 (Brasil, 2015a).

A REDE EPT está vinculada ao Ministério da Educação (MEC) através da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC).

Atualmente, a REDE EPT conta com 37.146 professores (Brasil, 2015b). No período de 2008 a 2015, ingressaram, através de concurso público, 20.137 novos docentes. Esse número mais que dobrou sua força de trabalho.

Em 2013, o número de alunos matriculados chegou próximo a marca de um milhão (989.478), o que representa um crescimento de 242% em comparação com 2010 (Barros, 2014). O Plano Nacional de Educação (PNE) propõe a consolidação da educação profissional e tecnológica. Dessa forma, em termos de vagas em cursos técnicos, a oferta deverá triplicar até 2024 (Brasil, 2014a).

Nesse panorama, surge a necessidade de examinar a estrutura de funcionamento da REDE EPT, observando as oportunidades de melhoria em diversos fatores relacionados à oferta e à qualidade dos serviços educacionais prestados. Faz-se necessário destacar que um dos fatores fundamentais para a qualidade da ação pedagógica depende da qualidade de vida do professor.

Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi analisar o grau de satisfação dos professores da REDE EPT em relação à Qualidade de Vida no Trabalho.

2. Revisão de literatura

Países como Japão, Coréia do Sul e, agora, China, conseguiram mudar o patamar de qualidade de seus sistemas educativos. Eles não esperaram que a educação respondesse às demandas da economia, mas, ao contrário, investiram pesadamente na educação e, a partir daí, conseguiram desenvolver uma economia da alta produtividade (Schwartzman, Castro, 2013).

A precária qualidade da educação brasileira aponta para baixo crescimento econômico nas próximas décadas, a menos que haja uma verdadeira revolução educacional no país, que consiga trazer a qualidade da formação para o primeiro plano de forma efetiva e eficaz e manter o jovem na escola, principalmente no nível secundário. Talvez, frente a esse desafio monumental, os 10% do PIB para a educação, previstos no Plano Nacional de Educação, não sejam tão exagerados como afirmam até mesmo alguns estudiosos do tema (Pedrosa, 2013).

No Brasil, menos de 10% dos jovens atualmente cursam educação profissional, enquanto que na Áustria são 74%, na Finlândia 69% e na Alemanha 52% dos jovens atualmente cursam educação profissional, sendo que a média dos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) está um pouco acima de 50%. Isto significa que no Brasil existe um vasto campo de oportunidade para os jovens contribuírem para a maximização da produtividade no trabalho (Lima, 2015).

Atualmente, são reconhecidas as limitações do ensino médio convencional e há a noção cada vez mais clara de que o Brasil não está formando pessoal de nível técnico e profissional em qualidade e quantidade adequadas para atender uma economia globalmente moderna. Tal situação justificou que o Governo Federal, nos últimos anos, aportasse uma grande concentração de recursos no campo da educação profissional (Schwartzman, Castro, 2013).

O trabalho tem um papel central na vida das pessoas e não deve submetê-las a condições estressantes, prejudiciais ou negativas e afetar o seu bem-estar (Almeida et. al. 2015). No que diz respeito ao trabalho do grupo professor, este se insere no contexto de uma atividade considerada, em geral, altamente estressante, com repercussões evidentes na saúde física, mental e no desempenho profissional dos professores (Reis, et. al. 2006). Os professores têm mais risco de sofrimento psíquico de diferenciadas matizes, sendo que a prevalência de transtornos psíquicos de menor intensidade é maior entre esses transtornos, quando comparados a outros grupos (Gasparini et. al. 2005).

A qualidade de vida no trabalho de um indivíduo é tão importante quanto sua qualidade de vida pessoal. A satisfação e contentamento em ambos os aspectos são muito importantes para manter a vida mais equilibrada. Uma desarmonia em um desses aspectos pode prejudicar o outro, gerando a insatisfação (Stephen, Dhanapal, 2012). O contexto laboral exerce importante influência na qualidade de vida no trabalho. Sua constituição é fortemente dependente, ao lado de outros importantes elementos, da organização do trabalho e das condições de trabalho (Ferreira, Brusiquese, 2014).

Sem uma qualidade de vida construída de forma enriquecedora, não se perpetua o progresso. A qualidade de vida no trabalho combinada com programas de qualidade, compromissos com a inovação, resgatando talentos, limites e necessidades humanas, consolida a cultura competitiva (Limongi-França, Rodrigues, 2009).

A construção da Qualidade de Vida no Trabalho, de acordo com Limongi-França e Rodrigues (2009), ocorre a partir do momento em que se enxerga a pessoa como um todo. Este enfoque é conhecido como biopsicossocial. Os autores explicam que o conceito de biopsicossocial originou-se da medicina psicossomática que propõe uma visão integrada, holística do ser humano, em oposição à abordagem cartesiana, que divide o ser humano em partes. No mesmo estudo define-se que "toda pessoa é um complexo biopsicossocial, ou seja, tem potencialidades biológicas, psicológicas e sociais que respondem simultaneamente às condições de vida". A partir dessa visão, deve-se trabalhar o que hoje conhecemos como domínios específicos. Esta expressão era conhecida como camadas, critérios ou indicadores. No entanto, visando ao alinhamento das discussões no âmbito da qualidade de vida, passou-se a denominar essas competências como domínios, que serão definidos a seguir.

O domínio biológico refere-se às características físicas herdadas ou adquiridas ao nascer e mantidas por toda a vida, compreendendo metabolismo, resistências e vulnerabilidades dos órgãos ou sistemas. O domínio psicológico refere-se aos processos afetivos, emocionais e de raciocínio conscientes ou inconscientes que formam a personalidade de cada pessoa e o seu modo de perceber e posicionar-se diante dos demais e das circunstâncias que vivencia. O domínio social revela os valores, as crenças, o papel na família, no trabalho e em todos os grupos e comunidades a que cada pessoa pertence e participa. O meio ambiente e a localização geográfica também formam a dimensão social. Visando a integrar o conceito com elementos do trabalho em organizações, desenvolveu-se o domínio organizacional, que se refere à cultura organizacional, porte da empresa, tecnologia, segmento econômico em que atua e padrões de competitividade (Limongi-França, 2010).

O conjunto desses domínios forma a visão de pessoa no trabalho, contemplando as visões Biopsicossocial e Organizacional - BPSO, em contínua interação, interdependência, mas como processos intrínsecos e extrínsecos próprios, conforme apresentada na Figura 1.


Figura 1. A visão de pessoal BPSO
Nota. Fonte: Limongi-França (2009)

Limongi-França (1996) revela que, para a criação de seu instrumento de pesquisa BPSO-96, baseou-se nos conceitos de Walton (1975) que propôs, em sua opinião, o mais completo conjunto de critérios e indicadores de qualidade de vida. A autora fundamentou-se também no conjunto de indicadores do Índice de Desenvolvimento Social (IDS) e no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

3. Procedimentos metodológicos

O presente trabalho teve como universo de pesquisa o  III Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica realizado no período de 26 a 29 de maio de 2015, em Recife, Pernambuco – Brasil. Esse evento contou com a participação de aproximadamente 21.500 pessoas, entre professores, estudantes, representantes da sociedade civil e de governos de diversos países.

O plano amostral teve como um dos critérios a otimização da coleta de dados primários enquanto o evento ocorria. Para tanto, os pesquisadores se posicionaram no evento em uma área considerada estratégica pelo alto volume e fluxo de circulação dos participantes. Tratou-se da área destinada para alimentação e descanso dos participantes ("praça de alimentação").

Em média, cada um dos professores levou 12 minutos para responder as questões da pesquisa.

A análise dos dados referentes às questões respondidas pelos sujeitos não considerou a análise de proporção, visto que a escala utilizada não é qualitativa. Adotou-se a escala Likert de cinco pontos. A resposta mais próxima de um (1) revela um grau de insatisfação e mais próxima de cinco (5), revela um grau de satisfação.

As análises foram realizadas por meio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão17.

Para o estudo descritivo das notas de cada domínio foi calculada a média e seus respectivos intervalos de confiança. O intervalo de confiança (IC) para média (μ) populacional é apresentado a seguir:

 

Onde, conforme Morettin (2009):

- LI é o limite inferior e LS o limite superior do intervalo de confiança estimado, 1 - α é o nível de confiança fixado em 95%;

- α é o nível de significância;

- t refere-se a probabilidade α/2 unicaudal da distribuição t-student com n -1  graus de liberdade; e

- n é o tamanho da amostra.

Dos sujeitos que participaram do estudo, 57,89% são do sexo feminino; 39,47% estão na faixa etária de 31 a 40 anos; 59,64% são casados; 54,38% são mestres; 91,22% optaram pelo Regime de Trabalho de Dedicação Exclusiva; 37,71% atuam na REDE EPT com tempo que varia de 5 a 15 anos; 34,21% estão lotados na Região Nordeste do Brasil, sendo que 55,26% dos professores entrevistados não são sindicalizados.

4. Análise e discussão dos resultados

A partir do resultado dos questionários respondidos pelos professores com relação aos domínios: Biológico, Psicológico, Social e Organizacional – BPSO, o princípio adotado para as atividades docente é de que: As práticas de qualidade de vida no trabalho são fundamentais para que os professores da REDE EPT se façam envolvidos e comprometidos e, assim, possam desenvolver melhor suas atividades docentes de acordo com os princípios norteadores da docência.

Dessa forma, para as dimensões com médias abaixo de 3, considerou-se insatisfatório o nível entre 1 e 2,99 e, satisfatório o nível compreendido entre 3,1 e 5.

A seguir apresenta-se o resultado da análise dos resultados em cada domínio, compreendendo a análise das variáveis nos seus respectivos domínios.

No domínio biológico o resultado teve como média geral 2,51. Esse valor demonstra o nível de insatisfação dos professores.

O atendimento do plano de saúde (internações, consultas, exames, etc.) apresentou resultado com média de 2,73. A insatisfação dos professores nessa área é o retrato da realidade dos serviços prestados pelas empresas de saúde complementar (plano de saúde) no Brasil. As queixas dos usuários têm batido recorde de insatisfação e violação dos direitos dos consumidores ano após ano (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, 2015), os usuários sofrem com a dificuldade de marcação de consulta/agendamento, falta de prestador, mau atendimento por parte do prestador, descredenciamento de rede (Agência Nacional de Saúde Suplementar, 2015).

Quanto ao controle dos riscos ergonômicos (esforço físico, levantamento de peso, postura inadequada) e ambientais, a média apresentada foi de 2,49. Essa insatisfação revela a necessidade de adequação dos campi da REDE EPT às condições de segurança e saúde ocupacional, não somente com a finalidade de atender as exigências legais, mas principalmente para prevenir, controlar e/ou eliminar os riscos ergonômicos e ambientais a que os professores podem ser expostos durante o processo de ensino e aprendizagem.

As atividades de ensino da REDE EPT, por se tratar do ensino técnico e profissionalizante, utilizam, em sua maioria, aulas práticas em laboratórios (Agroindústria, Análise sensorial, Eletroeletrônica, Físico-Química, Mecânica, Microbiologia – Alimentos, Piscicultura etc.). Nelas podem ocorrer possíveis danos à saúde do professor (câncer, choques elétricos, cortes, danos diversos aos sistemas dérmico e respiratório, diarreias, disfunções hepáticas, doença de pele, dores abdominais, dores de cabeça, esmagamento de membros em máquinas, estresse, explosões devido ao manuseio de cilindros contendo gases e produtos químicos, febre, fungos, lacerações, náuseas, perda auditiva, perda de membros, perfurações, queda, queimaduras devido a contato com superfícies aquecidas, queimaduras químicas e vômitos) (Biotech Medicina e Engenharia do Trabalho, 2010; Enderle et. al. 2012; Caldas et. al. 2012; Rosa et. al. 2012).

O atendimento ambulatorial no campus (atender às questões de saúde da comunidade do campus) apresentou resultado com média de 2,47. A insatisfação dos professores nessa área se dá pelo fato desse atendimento não existir em alguns campi e de ser precário nos campi em que existe. O ambulatório oferta a comunidade interna (e em algumas situações atende a comunidade externa) ações referentes à saúde preventiva e curativa, sendo de suma importância devido a complexidade de certas atividades desenvolvidas pelos campi.

A qualidade da alimentação servida no campus (espaço físico para a alimentação, qualidade do alimento: balanceado, variado, etc.) apresentou resultado com média de 2,46.

Os gestores da REDE EPT, em sua maioria, fazem a concessão do direito de uso de espaços dos campi para exploração de serviços de alimentação ("cantinas") a terceiros. As empresas que ganham a concessão em sua maioria comercializam alimentos com baixo valor nutricional, altos teores de gordura saturada, gordura trans, açúcar livre e sódio, ferindo a orientação Interministerial do Ministério da Educação e do Ministério da Saúde (Brasil, 2006). Esse é um agravante, pois os professores, em sua maioria, estão no regime de trabalho de dedicação exclusiva, e, assim, passam um longo período do dia no campus ficando refém de uma alimentação inadequada para sua saúde, contribuindo para o aumento de doenças cardiovasculares, diabetes, excesso de peso e a obesidade entre outras.

A qualidade dos programas de preservação da vida e da integridade física, bem como com a promoção da saúde dos servidores e dos alunos, apresentou resultado com média de 2,57.

Dessa forma, fica claro que a insatisfação com esta variável se dá pelo não atendimento das três variáveis anteriores, inferindo o descaso por parte dos campi. Compete ao gestor público a implementação das ações que assegurem um ambiente de trabalho saudável para os professores (Brasil, 2010).

A Tabela 1 apresenta as médias das escalas das variáveis do domínio biológico.

Tabela 1:
Variáveis do Domínio Biológico

Variáveis do Domínio Biológico

Estimativas

Erro padrão

Intervalo de confiança de 95 %

LI

LS

Realização, no campus, do controle dos riscos ergonômicos (esforço físico, levantamento de peso, postura inadequada) e ambientais.

2,49

0,13

2,24

2,75

Atendimento ambulatorial no campus (atender às questões de saúde da comunidade do campus).

2,47

0,13

2,21

2,74

Atendimento do plano de saúde (internações, consultas, exames, etc.).

2,73

0,14

2,46

3,00

Qualidade da alimentação servida no campus (espaço físico para a alimentação, qualidade do alimento: balanceado, variado, etc.).

2,46

0,12

2,22

2,70

Qualidade dos programas de preservação da vida e da integridade física, bem como com a promoção da saúde dos servidores e dos alunos.

2,57

0,11

2,34

2,79

GERAL, média [IC]

2,51

0,08

2,36

2,66

Relativamente às questões que compõem o domínio psicológico, infere-se pelos resultados apresentados na Tabela 2 que os professores encontram-se satisfeitos. No domínio psicológico, o resultado apresentou grau de satisfação em relação a todas as suas variáveis, cuja média geral foi de 3,52. Apresentaram as maiores médias de satisfação nesse domínio, as variáveis referentes à confiança nos critérios de seleção de professores e ao clima de camaradagem entre os professores do núcleo comum.

A variável confiança no que diz respeito aos critérios de seleção dos professores (concurso público e/ou processos seletivos simplificados) apresentou média de 3,85.

O processo de seleção de professores efetivos se dá por meio de concurso público de provas e títulos. Esse processo ocorre mediante a realização de três fases: (I) prova objetiva (eliminatória); (II) prova de desempenho didático (de caráter eliminatório) e; (III) prova de títulos (de caráter classificatório). Essa estrutura composta por três fases contribui para uma percepção positiva dos professores. Existem restrições legais quanto à participação de avaliadores que têm algum tipo de relação com candidatos, o que inibe conflitos de interesse e  apresenta lisura quanto ao concurso.

A variável clima de camaradagem com os professores do núcleo comum apresentou média de 3,91.

Camaradagem no campus, por parte dos professores do núcleo comum, pode induzi-los a satisfazer as necessidades sociais de intimidade e segurança. É provável que experimentem mais emoções positivas quando percebem esse espírito de camaradagem como mais positivo, que aumentem os seus sentimentos de inclusão e que satisfaçam as suas necessidades de pertença (Souto, Rego, 2007). O apoio social estabelecido por meio de relacionamentos com seus pares e como isso ocorre pode ser uma fonte de bem-estar no trabalho (Almeida et. al. 2015). A Tabela 2 apresenta as médias das escalas das variáveis do domínio psicológico.

Tabela 2:
Variáveis do Domínio Psicológico

Variáveis do Domínio Psicológico

Estimativas

Erro padrão

Intervalo de confiança de 95 %

LI

LS

Confiança nos critérios de seleção dos professores (concurso público e/ou processos seletivos simplificados)

3,85

0,10

3,65

4,04

Forma de avaliação do desempenho para progressão funcional

3,23

0,12

2,98

3,47

Clima de camaradagem com os professores da área técnica

3,77

0,10

3,57

3,97

Clima de camaradagem com os professores do núcleo comum

3,91

0,10

3,72

4,10

Satisfação com a remuneração/vencimento

3,38

0,12

3,15

3,61

GERAL, média [IC]

3,52

0,06

3,00

3,25

No domínio social, todos os aspectos pesquisados apontaram resultados com média geral de 2,29, conforme apresentado na Tabela 3. Esse resultado se insere na faixa de insatisfação e pode ser decorrente da falta de adoção de políticas sociais. Nesse domínio, as variáveis que apresentaram as menores médias foram: auxílio transporte e auxílio alimentação. Vale destacar que esse resultado pode ser uma oportunidade para direcionar ações que proporcionem ao campus melhorias quanto a esses benefícios.

A variável referente ao reembolso do plano de saúde (assistência à saúde suplementar do professor e demais beneficiários) apresentou média de 2,36. Trata-se de um "auxílio indenizatório", reembolsado mensalmente de acordo com a tabela de participação per capita do Governo Federal no custeio da saúde dos servidores ativos, inativos, seus dependentes e pensionistas. Os valores variam entre R$ 82,83 e R$ 167,70, conforme a idade e a renda do professor e seus beneficiários (Brasil, 2012a). Quanto mais elevada for a faixa etária e menor a renda, maior é a contrapartida do Governo para fazer o reembolso. Assim, a maior contribuição do governo é destinada aos servidores (ou dependentes) na faixa de 59 anos ou mais e com remuneração até R$ 1.499,00. Já os mais jovens e com maior renda recebem uma contrapartida menor do Governo quanto ao valor do reembolso. O menor reembolso vai para quem percebe salário acima de R$ 7.500 e que tem até 18 anos. De acordo com os dados apresentados na seção 3.1 Dados Demográficos, os professores enquadram-se na equação faixa etária de 31 a 40 anos. Dessa forma, infere-se que a insatisfação nessa variável pode estar ligada ao reembolso por parte do governo, com menores valores contribuindo para sua insatisfação.

A variável "oportunidade de lazer proporcionado pelo campus" (esporte, área de lazer, excursões, etc.) apresentou insatisfação, com média de 2,14. A REDE EPT pode ofertar condições para que seus professores desfrutem de lazer (esportes, áreas de lazer, excursões, etc.) em seus campi de forma a contribuir para melhor qualidade de vida do professor.

A partir do momento em que as organizações contribuem com o desenvolvimento dos sujeitos, via atividades de lazer, elas podem criar cidadania, pois permitem o acesso de seus trabalhadores à produção de cultura e ao direito social de ter o lazer como parte integrante de sua vida, já que a humanização da sociedade passa pela questão do lazer (Aguiar, 2000; Sá, 2007). 

A variável auxílio Pré-Escolar (por dependente, até os 05 (cinco) anos de idade) apresentou média de 2,40 e a variável referente ao valor do auxílio alimentação apresentou média de 2,04. Um dos fatos que acarretam a insatisfação dos professores em relação a essa variável  é a disparidade dos valores dos benefícios sociais repassados aos servidores públicos dos Três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. No Executivo o auxílio-alimentação é R$ 373,00, enquanto que o Legislativo e o Judiciário pagam aos seus servidores R$ 835,06 e R$ 799,00, respectivamente. Já a assistência pré-escolar é de R$ 95,00, paga pelo Poder Executivo, R$ 632,00, paga pelo Poder Judiciário e R$ 706,62, paga pelo Poder Legislativo (Brasil, 2012b; Brasil, 2015c; Brasil, 2015d; Brasil, 2015e). Percebe-se a inexistência de isonomia em relação aos benefícios entre os três Poderes da República, o que pode contribuir para a insatisfação dos professores da REDE EPT.

A variável qualidade referente à previdência complementar (FUNPRESP-EXE) apresentou média de 2,27. Os professores que ingressaram na REDE EPT a partir de março de 2013 não se beneficiam da aposentadoria integral. Nesse caso, os valores da aposentadoria se limitam ao teto do benefício pago pelo Regime Geral da Previdência Social (RGPS). O governo criou a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Executivo (FUNPRESP-EXE) como opção para complementar as aposentadorias dos novos professores da REDE EPT, acreditando que este novo regime contribui para precarização do regime previdenciário dos professores, o que gera insatisfação (Brasil, 2012c).

A variável "financiamento ou bolsas para cursos externos" (pós-graduação, congressos, etc.) apresentou média de 2,67. Isso pode ser reflexo da insatisfação no meio acadêmico nacional em relação à redução dos recursos destinados aos programas de pós-graduação e bolsas de estudos para professores e estudantes por parte do Ministério da Educação (MEC) (Brasil, 2015f). Acredita-se que essa redução de recursos torna mais difícil a qualificação profissional do professor através de programas de pós-graduação, bem como a participação em eventos científicos subsidiados pela REDE EPT.

A variável valor do auxílio transporte apresentou média de 2,03. Os campi da REDE EPT em quase sua totalidade não autorizam o pagamento do valor do auxílio transporte aos professores que utilizam seus veículos particulares para se locomover até o local de trabalho. Em fevereiro de 2015, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região determinou que fosse pago o auxílio a um professor da REDE EPT de São Paulo abrindo jurisprudência para os professores, bem como para os demais servidores receberem o auxílio transporte (Brasil, 2014b). Na Tabela 3 apresentam-se as médias das escalas das variáveis do domínio social.

Tabela 3:
Variáveis do Domínio Social

Variáveis do Domínio Social

Estimativas

Erro padrão

Intervalo de confiança de 95 %

LI

LS

Valor do reembolso para pagamento do Plano de saúde (assistência à saúde suplementar do professor e demais beneficiários)

2,36

0,12

2,12

2,60

Oportunidade de lazer proporcionado pelo campus (esporte, área de lazer, excursões, etc.)

2,14

0,12

1,91

2,38

Auxílio Pré-Escolar (por dependente, até os 05 (cinco) anos de idade)

2,40

0,11

2,18

2,63

Qualidade Previdência Complementar - FUNPRESP-EXE

2,27

0,10

2,06

2,47

Financiamento ou bolsas para cursos externos (pós-graduação, congressos, etc.)

2,67

0,13

2,42

2,92

Valor do auxílio alimentação

2,04

0,11

1,83

2,25

Valor do auxílio transporte

2,03

0,12

1,80

2,27

GERAL, média [IC]

2,29

0,07

2,16

2,42

No domínio organizacional, observa-se que os respondentes apresentaram grau de satisfação. O resultado apontou média geral de satisfação de 3,12, com destaque para a variável "programas sociais destinados aos alunos carentes" (auxílio alimentação e bolsa transporte) com média de 3,79.

A REDE EPT conta com o Programa de Assistência Estudantil (PAE), que busca atender estudantes em risco de vulnerabilidade social, objetivando também a permanência do aluno com sucesso. Acredita-se que a percepção positiva do professor deve-se aos resultados positivos que os estudantes apresentam e podem ser mensurados através de menores evasões  no âmbito institucional, com influências positivas e significativas em seus indicadores escolares (Ramalho, 2013).

A quantidade de técnicos administrativos em educação que o campus necessita apresentou resultado com média de 2,96. Os técnicos administrativos em educação devem assegurar a eficiência, a eficácia e a efetividade das atividades de ensino, pesquisa e extensão das Instituições Federais de Ensino (Brasil, 2005). Um quantitativo menor do que o necessário pode comprometer as atividades de apoio ao ensino do campus e sobrecarrega os professores com atividades burocráticas. O resultado da percepção negativa dos professores quanto à variável "qualidade dos procedimentos administrativos para práticas pedagógicas" (apoio dos servidores técnicos administrativos) apresentou média de 2,97, que deve ser reflexo do quantitativo reduzido.

A variável "comunicação interna quanto ao informacional" apresentou resultado com menor média de satisfação, de 2,62. A insatisfação dos professores em relação a essa variável pode se dar pelo fato de se depararem com uma comunicação interna precária e muitas vezes falha (Vecchi, 2010), com ruídos (Oliveira, 2013), sem efetividade, podendo criar conflitos de informações distorcidas e/ou falsas (Fernandes et. al. 2010). Dessa forma, os gestores (MEC, SETEC, e Reitoria dos campi) precisam tratar a comunicação interna como instrumento de gestão eficaz. A insatisfação reflete o descrédito em relação a todas as necessidades de mudanças gerenciais que têm ocorrido na gestão pública brasileira. É importante destacar algumas expressões utilizadas por servidores públicos no que se refere a comunicação interna: "caixa-preta"; "falta de transparência"; "a gente não sabe de nada"; "aqui a comunicação interna não existe" (Ferraz, Rocha, 2011).

Tabela 4:
Variáveis do Domínio Organizacional

Variáveis do Domínio Organizacional

Estimativas

Erro padrão

Intervalo de confiança de 95 %

LI

LS

Biblioteca (número de livros e revistas para sua disciplina, profissional capacitado para atendimento em todos os turnos, espaço físico apropriado para leitura)

3,19

0,12

2,95

3,42

Salas de aula são suficientes para o número de alunos do campus

3,51

0,14

3,23

3,78

Programas sociais destinados aos alunos carentes (auxílio alimentação e bolsa transporte)

3,79

0,10

3,59

4,00

Atuação do departamento de Recursos humanos/Gestão de pessoas no campus (Programação de férias, requerimento diversos, lançamentos na folha, etc.)

3,62

0,13

3,36

3,87

Oportunidade de participar de comitês de decisão

3,40

0,12

3,16

3,64

Qualidade dos procedimentos administrativos para práticas pedagógicas (apoio dos servidores Técnicos Administrativos)

2,97

0,11

2,75

3,19

Oportunidade de Desenvolvimento Profissional (cursos, seminários, palestras, encontros, congressos, conferências e outros)

3,35

0,11

3,13

3,58

Imagem do campus junto aos professores

3,44

0,10

3,25

3,64

Melhorias nos processos de trabalho e novas tecnologias

3,13

0,10

2,93

3,33

Quantidade de professores que o campus necessita

3,02

0,11

2,80

3,24

Quantidade de técnicos administrativos em educação que o campus necessita

2,96

0,12

2,72

3,19

Condições de segurança no campus (zelar pela pessoa)

3,16

0,11

2,95

3,38

Comunicação interna - feedback (retorno de informação)

2,62

0,12

2,39

2,85

GERAL, média [IC]

3,12

0,06

3,00

3,25

Fazem parte deste domínio as seguintes variáveis: (I) boas condições de trabalho, que inclui os espaços educativos organizados, limpos, arejados, agradáveis, cuidados; (II) móveis, equipamentos e materiais didáticos adequados à permanência do professor e que favoreçam o convívio entre seus pares e alunos e; (III) oferta de ambientes propícios para a realização do ensino, pesquisa e extensão proporcionando uma prestação de serviço de qualidade aos alunos, aos responsáveis pelos alunos e a comunidade.

A atividade docente apresentou resultado com média geral de 3,46, compreendendo o conjunto das variáveis que as compõem. Dessa forma, observa-se que os respondentes apresentaram níveis de satisfação em relação ao domínio organizacional. Nesse domínio, destaca-se que a variável que apresentou a média "muito satisfeito" foi a relação professor-aluno no processo de ensino e aprendizagem. Acredita-se que os professores conseguem acompanhar o desenvolvimento do aluno por todo o curso (do ingresso à conclusão do curso), podendo perceber as mudanças nos alunos decorrentes do seu trabalho o que pode contribuir para um sentimento de satisfação.

O professor se realiza profissionalmente à medida que visualiza que o seu trabalho contribui para o crescimento e mudança de vida dos alunos (Cupertino, Garcia, 2012). Nesse processo, o professor por vezes percebe que também muda (Menezes et. al. 2011). Os alunos devem proporcionar aos seus professores recordações de sua própria história social e acadêmica, fortalecendo, assim, essa identificação e, ao mesmo tempo, os professores simbolizam para esses alunos uma perspectiva de futuro, um exemplo de vida, uma suposição de que são donos do saber, o que também proporciona esse enlace (Oliveira et. al. 2012).

A média mais baixa quanto à satisfação no domínio organizacional diz respeito a: (I) laboratórios atendem às necessidades dos cursos ofertados pelo campus e (II) ao ambiente de descanso dos professores. O ambiente de descanso dos professores que se refere à copa, sofá, televisão, banheiro, geladeira, água filtrada, entre outros apresentou resultado com média de 2,75.

A pesquisa apresentou que os professores trabalham em regime de dedicação exclusiva e entende-se que para desenvolver suas atividades relacionadas ao ensino, à pesquisa e à extensão, se faz necessário passar um longo período do dia no campus. É necessário um local acolhedor no qual o professor possa fazer uma pausa entre os intervalos na rotina para descansar (no sentido de se desligar, mesmo que por alguns minutos, para recompor suas energias) e que tenha acesso a um espaço no qual ele possa lanchar, tenha acesso à água filtrada com banheiro próximo e até mesmo um sofá, proporcionando um ambiente acolhedor e evitando o esvaziamento do campus por parte do professor.

No que se refere ao atendimento dos laboratórios quanto às necessidades dos cursos ofertados pelo campus (quantidade, tamanho, segurança, equipamentos, etc.), o resultado das entrevistas apresentou média de 2,93. A insatisfação dos professores com essa variável demonstra uma deficiência na infraestrutura dos campi, nos quais os laboratórios da REDE EPT não estão devidamente equipados para aula (Brasil, 2013). Os laboratórios se constituem em recursos institucionais necessários para o desenvolvimento dos cursos, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio (Brasil, 2012d). A Tabela 5 apresenta as médias das escalas do domínio organizacional inerente à atividade docente.

Tabela 5:
Variáveis do Domínio Organizacional – Atividade Docente

Variáveis do Domínio Organizacional – Atividade Docente

Estimativas

Erro padrão

Intervalo de confiança de 95 %

LI

LS

Quantidade de alunos por sala de aula

3,53

0,11

3,30

3,75

Os laboratórios atendem às necessidades dos cursos ofertados pelo campus (quantidade, tamanho, segurança, equipamentos, etc.)

2,93

0,12

2,69

3,17

O campus incentiva a produção científica (Acesso ao Portal de Periódicos da CAPES, bolsa para alunos, redução de carga horária didática do professor pesquisador)

3,13

0,13

2,88

3,39

Qualidade dos equipamentos (televisão, aparelho de som, retroprojetor, data show, vídeo, DVD, projetor de slides, microfone, etc.)

3,87

0,10

3,66

4,08

Número de equipamentos disponíveis (televisão, aparelho de som, retroprojetor, data show, vídeo, DVD, projetor de slides, microfone, etc.)

3,82

0,10

3,62

4,03

Salas de aula em boas condições (iluminação, ventilação, ruído, temperatura, mobília)

3,62

0,11

3,39

3,85

Mesa e cadeira adequada para uma boa postura do professor em sala de aula

3,48

0,12

3,24

3,73

Quantidade de aulas semanais destinadas à disciplina que ministra

3,78

0,12

3,55

4,02

Relação professor-aluno no processo de ensino e aprendizagem

4,16

0,08

4,00

4,33

Ambiente de descanso dos professores (copa, sofá, televisão, banheiro, geladeira, água filtrada, etc.)

2,75

0,14

2,47

3,03

Sala dos professores (armários individuais, impressora, computador com acesso à internet, mesas, cadeiras, banheiros)

3,08

0,14

2,81

3,36

Serviço de transporte para a realização de viagens acadêmicas e visitas técnicas

3,20

0,13

2,93

3,46

GERAL, média [IC]

3,46

0,07

3,32

3,60

5. Conclusões

Baseado no resultado dos questionários respondidos pelos professores com relação aos domínios: social, biológico, psicológico, organizacional e organizacional – atividade docente, no que tange às práticas de qualidade de vida no trabalho, conclui-se que as mesmas são fundamentais para que os professores da REDE EPT se façam envolvidos e comprometidos e, assim, possam desenvolver melhor suas atividades docentes para atender os princípios norteadores da docência, ante as diretrizes curriculares nacionais para a educação profissional técnica de nível médio. Nesse contexto, analisou-se o grau de satisfação dos professores da REDE EPT em relação à Qualidade de Vida no Trabalho.

No domínio social, todos os aspectos pesquisados apontaram uma média geral de 2,29. Esse resultado se insere na faixa de insatisfação e pode ser decorrente da falta da adoção de políticas sociais. As questões que apresentaram as menores médias foram: oportunidade de lazer proporcionado pelo campus (esporte, área de lazer, excursões, etc.) (2,14); auxílio transporte (2,03) e alimentação (2,04). Vale destacar que esse resultado pode ser uma oportunidade para direcionar ações que proporcionem à REDE EPT melhorias quanto aos benefícios sociais.

Nesse contexto, no domínio biológico a média geral foi de 2,51. Esse valor demonstra a insatisfação dos participantes com as seguintes variáveis: controle dos riscos ergonômicos e ambientais; atendimento ambulatorial; atendimento do plano de saúde; qualidade da alimentação servida no campus e qualidade dos programas de preservação da vida e da integridade física, bem como com a promoção da saúde dos servidores e dos alunos.

O domínio psicológico apresentou média geral de satisfação em relação a todas as suas variáveis de 3,52. Obtiveram as maiores médias de satisfação nesse domínio as questões referentes à confiança nos critérios de seleção dos professores (3,85) e em relação ao clima de camaradagem entre os professores da área técnica e do núcleo comum (3,91).

Observa-se que no domínio organizacional, os respondentes apresentaram grau de satisfação com média de 3,12, com destaque para os programas sociais destinados aos alunos carentes (auxílio alimentação e bolsa transporte), média de 3,79 e, por outro lado apresentaram insatisfação com a variável comunicação interna que revelou média de 2,62.

O domínio organizacional - atividade docente apresentou média geral de 3,46, considerando-se o conjunto de todas as variáveis que o compõe. Dessa forma, observa-se que os professores respondentes apresentaram níveis de satisfação em relação a este domínio. Nesse domínio, destaca-se que a variável que apresentou a maior média (muito satisfeito) foi a relação professor-aluno no processo de ensino e aprendizagem com média de 4,16. As duas questões que apresentaram as menores médias foram: atendimento dos laboratórios às necessidades dos cursos ofertados pelo campus  com média de 2,93 e, ambiente de descanso dos professores com média de 2,75.

Entre os cinco domínios avaliados, constatou-se que o domínio social foi o que apresentou o menor índice de satisfação com média de 2,29, enquanto que o domínio psicológico obteve o maior índice de satisfação com média de 3,52.

O presente trabalho teve como o objetivo analisar o grau de satisfação dos professores da REDE EPT em relação à Qualidade de Vida no Trabalho visando à possibilidade de verificar quão fundamentais são as práticas de qualidade de vida no trabalho para que os professores da REDE EPT se façam envolvidos e comprometidos e assim, possam desenvolver melhor suas atividades docentes de acordo com os princípios norteadores da docência.

Embora os resultados não possam ser generalizados para o expressivo universo de professores da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, bem como para a REDE EPT em si, os achados deste estudo demonstram a necessidade de alinhamento quanto à política de gestão de benefícios e apoio familiar e comunitário no grupo pesquisado e revelam a influência da qualidade de vida no trabalho relacionada ao ensino-aprendizado, nesse campo de estudo. Em termos de trabalhos futuros, sugere-se a triangulação de metodologias de pesquisa "quali/quanti" por meio de entrevistas em profundidade, bem como expandir o campo de estudo envolvendo outros atores envolvidos nesse campo de estudo.

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3. Universidade Federal de Uberlândia. E-mail: quintiliano@famat.ufu.br
4. Universidade Metodista de Piracicaba. E-mail: dscastro@unimep.br
5. Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação. Professor Titular de Pesquisa e Didática do PPGA - Universidade Metodista de São Paulo. E-mail: luiz.alves@metodista.br
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