Espacios. Vol. 37 (Nº 03) Año 2016. Pág. 14

Produção científica em estratégia: uma análise bibliométrica em periódicos brasileiros

Scientific production instrategy: an bibliometric analysis in brazilian journals

Ricardo dos Santos DIAS 1; Eliezer Rodrigues da Silva NETO 2; Isaac Gezer Silva de OLIVEIRA 3; Annor da SILVA JÚNIOR 4

Recibido: 16/09/15 • Aprobado: 23/10/2015


Contenido

1. Introdução

2. Referencial Teórico

3. Metodologia

4. Análise de dados

5. Considerações finais

Referências


RESUMO:

A publicação científica é a forma pela qual a produção acadêmica ganha visibilidade e alcança o reconhecimento da comunidade científica. Os periódicos enquanto meio formal de publicação possui papel importante no avanço do conhecimento. Assim, a avaliação da produção acadêmica é de fundamental importância para melhorar a qualidade e o rigor metodológico das pesquisas (Oliveira, 2002; Filho, 2008). Desta forma, o objetivo deste trabalho é analisar as características metodológicas utilizadas nas pesquisas acadêmicas sobre "estratégia" publicadas nos periódicos nacionais conceituados nos níveis A1, A2, B1 e B2 do sistema Qualis Capes no triênio 2010-2012. Foram publicados 278 artigos sobre estratégia publicados em 31 periódicos entre os anos de 2010 e 2012, os artigos foram qualificados metodologicamente utilizando o modelo adaptado de Tasca et. a.l. (2010). Na metodologia de pesquisa utilizou-se a abordagem qualitativa-quantitativa, empregando o estudo bibliométrico. Quanto aos procedimentos técnicos utilizou-se a pesquisa bibliográfica, levantamento ex-post facto e análise de correspondência. Entre os artigos pesquisados, 82% abordavam o tema estratégia na perspectiva econômica e 18% na perspectiva social. Foi perceptível também que doutores e mestres foram os principais responsáveis pelas publicações em periódicos nacionais durante o triênio: 351 autores com essas titulações (257 doutores, e 94 mestres). O estudo também mostrou que no triênio compreendido entre 2010-2012 a pesquisa em estratégia no Brasil na perspectiva social foi inferior se comparada com a perspectiva econômica.
Palavras-chave: Estratégia; Qualis Capes; Conhecimento Científico.

ABSTRACT:

Scientific publishing is the way that academic production gains visibility and reaches the recognition of the scientific community. Journals as a formal means of publication have vital role in the advancement of knowledge. Thus, valuation of academic production is critical to improve the quality and the methodological consistency of researches (OLIVEIRA, 2002; FILHO, 2008). This article aims to analyze the methodological characteristics used in academic research on "Strategy" published in national prestigious journals at the levels A1, A2, B1 and B2 of Qualis Capes system between 2010-2012. Were published 278 articles on strategy in 31 journals, the articles were qualified methodologically using the adapted model Tasca et. al. (2010). The research methodology used was documental analysis of exploratory and descriptive nature. As a technical procedure we used correspondence analysis (ANACOR). Among the surveyed items, 82% addressed the topic strategy in the economic perspective and 18% in social perspective. It was also noticeable that researches with doctoral (257 researchers) and master (94 researches) degree levels were the main responsible for the publications in national journals during the three-year period. The study also showed that in the three years between 2010-2012 the research in strategy in Brazil was negligible in the social perspective compared to the economic perspective.
Keywords: Strategy; Qualis Capes ; Scientific Knowledge.

1. Introdução

O progresso científico se dá através de hipóteses que vão ao menos colocar em questionamento as teorias vigentes que são ao longo do tempo adicionadas ao arcabouço teórico em questão. Perante esse contexto a ciência reúne fatos, teorias e métodos oriundos das contribuições de pesquisadores que convergem ou divergem de determinado elemento, outrora em processo gradativo propiciam o desenvolvimento da ciência (Kuhn, 2006).

Nesta perspectiva, é importante que o pesquisador esteja atualizado sobre os programas de pesquisas vigentes bem como conhecer de maneira holística os resultados de sua área de estudo. Um facilitador para que esse processo ocorra são os periódicos e revistas científicas, que no curto prazo publicam suas contribuições em forma de artigos científicos e assim reverberam seus resultados para todos os interessados.

Destarte, a evolução da ciência é permeada pela produção científica e difusão social desse conhecimento. Desse modo, observa-se nas últimas décadas um crescimento da produção científica que acompanham os avanços das indústrias da informação, tecnologia da informação e comunicação (Duarte, Silva & Zago, 2004; Bufrem et al, 2007).

Sendo assim a produção científica, através de artigos publicados em periódicos constantes em bases de dados são fundamentais para o avanço do conhecimento científico como comunicação científica, fonte bibliográfica e atualização dos leitores (Volpato, 2002; Oliveira, 2002). Nesse sentido estudos bibliométricos tem sido empreendido a fim de identificar e avaliar a comunicação escrita do desenvolvimento científico em uma determinada área, apontando indicadores, tendências e vieses. De acordo com Macias–Chapula (1998) a Bibliometria consiste no estudo de aspectos quantitativos da produção científica e da sua disseminação e emprego de informação registrada. Sendo assim o estudo bibliométrico quantifica, descreve e propicia prognóstico do processo de comunicação escrita (Beuren E Souza, 2008).

Perante este contexto, a presente pesquisa avalia, a partir de um estudo bibliométrico, as publicações acadêmicas, sob a forma de artigos científicos, realizadas no triênio 2010-2012 de uma determinada área de pesquisa: a estratégia. Foram reunidos todos os periódicos brasileiros com estratos A1, A2, B1 e B2 do sistema Qualis Capes. Os artigos foram avaliados seguindo uma adaptação do enquadramento metodológico proposto por Tasca et al. (2010).

É necessário ressaltar que os artigos foram analisados restritamente dentro das concepções propostas por Tasca et al. (2010) e que foram validadas sempre que possível as características metodológicas descritas pelos próprios autores do artigo.

Diante do exposto, o presente estudo tem como objetivo geral de pesquisa: Analisar as características metodológicas dos periódicos nacionais conceituados nos níveis A1, A2, B1 e B2 do sistema Qualis Capes no que tange a temática "estratégia" no triênio 2010-2012.

Para o cumprimento do objetivo geral, propõem-se os seguintes objetivos específicos: (a) verificar quais são os periódicos nacionais que se enquadram nas diretrizes do presente estudo; (b) examinar as publicações sobre estratégia, determinando suas características segundo a metodologia proposta por Tasca et a.l (2010); (c) avaliar as metodologias de pesquisas utilizadas nas publicações, sob a ótica dos descritores econômicos e social; (d) estudar as relações entre os estratos das revista, conforme classificação da capes, e as principais características metodológicas de suas pesquisas a fim de verificar o comportamento associativo das categorias destas variáveis.

A relevância do presente estudo reside na importância de compreender quais os métodos têm sido empregados nas investigações científicas que abordam estratégia, a fim de entender a cerne das abordagens empregadas e como estas têm contribuído para evolução da compreensão do tema.

O artigo está dividido em cinco seções, sendo esta introdução, a primeira. A segunda apresenta o referencial teórico abordando o desenvolvimento científico e a pesquisa científica e os conceitos de avaliação da CAPES. A terceira parte discorre sobre a metodologia adotada na pesquisa e sua operacionalização. A quarta e a quinta parte demonstram as análises dos dados e as considerações finais, respectivamente.

Os resultados deste trabalho visam contribuir para o desenvolvimento da pesquisa científica em estratégia no Brasil, bem como no desenvolvimento do conhecimento científico, ao demonstrar as principais abordagens metodológicas adotadas. E assim contribuir para os estudantes e pesquisadores de programas de graduação e pós-graduação na busca por oportunidades de pesquisa que sejam inovadoras e que possam verdadeiramente contribuir com a evolução do conhecimento.

2. Referencial Teórico

2.1 A Ciência, a Comunicação Científica e a Bibliometria

O método científico pode ser definido pelo conjunto de procedimentos racionais e sistemáticos que com maior segurança e economia possam a culminar em respostas que tenham por finalidade gerar conhecimento (Popper, 1980). Assim, o objetivo da pesquisa metodológica é buscar respostas ou soluções para um determinado problema, influenciando, por conseguinte a evolução do conhecimento científico.

Depreende-se, em congruência com a expansão da ciência e da tecnologia, que se torna cada vez mais relevante a necessidade de avaliar o desenvolvimento científico, identificar a evolução ocorrida em determinada área e novas tendências de estudos (Vanti, 2002).

O desenvolvimento científico se dá através do confronto entre teorias estabelecidas e hipóteses verificáveis que possam atender aos anseios sociais existentes de maneira mais eficiente. Nesse mesmo sentido Moreira Campos et al. (2011) argumentam que o desenvolvimento da ciência demanda uma epistemologia sempre aberta a novas respostas e que esteja intimamente relacionada à produção científica e com interligação com os processos epistemológicos de outras áreas científicas.

Desse modo, mesmo com toda racionalidade e preocupação com a sistematização e segurança da pesquisa, são necessárias ponderações de caráter epistemológico que a ciência tende a enfrentar. Nesse contexto Santos et al. (2006), destaca que a busca pelo conhecimento deve se inicializar a partir do conhecimento existente e princípios que já estão estabelecidos, ou seja a produção do conhecimento começa a partir de informações produzidas anteriormente acerca do objeto de pesquisa. Sendo assim, a ciência consiste em uma ferramenta essencial na busca por repostas que satisfaçam as diversas demandas e anseios da sociedade (Droesher; Silva, 2014).

Na perspectiva de Popper (1980), credita-se o teor científico a uma teoria através da sua capacidade de ser refutada ou testada. O mesmo autor denomina como 'critério de refutabilidade' e complementa que a sustentação e a qualidade de uma teoria se dão pelos sucessivos testes de evidenciação empírica ao longo do tempo. Para que ocorra a refutação em comento é preciso observar o caráter epistemológico do estudo a ser realizado, bem como observar a metodologia mais adequada a ser empregada a fim de comprovar ou refutar um determinado estado da ciência e garantir o rigor científico.

O estado da ciência em determinada área de conhecimento pode ser mensurado a partir dos seus artigos publicados, tendo em vista que essa é a forma mais empregada para o exercício da comunicação científica (Beuren & Souza, 2008). Para Le Coadic (1996), a revista científica foi desenvolvida com o intuito de atender a demanda da divulgação de pesquisa pela comunidade científica. Dessa forma consiste em um instrumento em que os resultados de minuciosos estudos podem ser publicados e consequentemente fornecer caminhos para o desenvolvimento do método científico (Ziman, 1979).

A visibilidade das publicações indexadas em base de dados contribui para o desenvolvimento de uma área de conhecimento (Stumpf, 2001). Desse modo as bases de dados de artigos científicos são cruciais para o processo de transferência de informações, elucidação de problemas técnico-científicos e geração de novos problemas (Tasca et al, 2010).

Nesse sentido o emprego de estudos bibliométricos tem demonstrado sua relevância e contribuição para a ciência. A Bibliometria consiste em uma técnica quantitativa onde são produzidas estatísticas para mensuração da produção e divulgação do conhecimento científico (Araújo, 2007). Desse modo o estudo bibliométrico busca compreender o sistema de comunicação científica a partir de técnicas empregadas para medir, mapear, interpretar, avaliar e coletar indicadores de produção científica (Machado, 2007).

O mapeamento da produção e do conhecimento científico é importante para avaliar e aprimorar a comunicação científica divulgada em periódicos, podendo ainda contribuir para identificação do grau informacional da produção em um dado assunto, retratar o grau de desenvolvimento de uma área de conhecimento e o diálogo dessa produção com a sociedade (Autran & Albuquerque, 2002; Machado, 2007; Valério; Bernardino e Silva, 2012). 

Na concepção da pesquisa bibliométrica são apontadas três leis clássicas que abordam distintas métricas de mensuração. A primeira consiste na Lei de Lotka, desenvolvida em 1926 que consiste no estudo da produtividade de cientistas através da contagem de autores presentes nos estudos. A segunda lei bibliométrica trata-se da Lei de Bradford, preconizada em 1934, que incide sobre um conjunto de periódicos, estudando-se a distribuição dos artigos e a dispersão do conhecimento científico. Já a terceira lei clássica é a Lei de Zipf, de 1949, que pauta-se na distribuição e frequência de palavras no texto científico (Araújo, 2007).

Guedes e Borshiver (2005) Complementa que Lei de Bradford é focada na produtividade de periódicos, já a Lei de Lotka é pautada na produtividade científica de autores, enquanto que a Lei de Zipf orienta-se pela frequência de palavras. O quadro 01 ilustra o principal preceito dessas três leis clássicas. 

Quadro 1. Leis clássicas das métricas de bibliometria

              

               Fonte: Vanti (2002); Gilberto (2006)

Além das três leis clássicas outras métricas de bibliometria têm sido empregadas ao longo dos anos, sendo que a análise de citações é um das mais predominantes em razão da sua capacidade de mapear as ligações entre indivíduos, instituições e áreas de pesquisa (Gilberto, 2006).

Vanz e Stumpf (2010), salientam que há no Brasil uma demanda pelo desenvolvimento de indicadores e metodologias de pesquisa bibliométrica aplicada a realidade brasileira, sendo salutar os pesquisadores brasileiros aprofundarem conhecimentos acerca da pesquisa bibliométrica de forma a propiciar avanços e a prospecção de indicadores mais adequados para medir a produtividade científica nacional.

Ademais, é pertinente que os métodos quantitativos empregados em estudos bibliométricos sejam acompanhados de métodos qualitativos para melhor compreensão do cenário de análise (Araújo, 2007).

2.2 Desenvolvimento da pesquisa em Estratégia

Diversos autores contribuíram para a conceituação de estratégia, mas ainda hoje não se tem uma definição única. Uma das perspectivas afirma que estratégia pode ser compreendida como um processo interativo de busca da organização por um plano que possibilite o desenvolvimento e ajuste de sua vantagem competitiva (Henderson, 1998).

Outra abordagem conceitua que a estratégia representa criar ajustes, em um novo posicionamento, uma nova conduta, dentro de uma mesma perspectiva, buscando alcançar uma maior competitividade no mercado (Mintzberg Et al, 2010). Destaca-se que a reflexão sobre estratégia posicionará o gestor em um cenário com vantagens e desvantagens. As vantagens apresentadas podem atuar na fixação da direção, mapeando o caminho da organização, concentrando os esforços para que toda a organização caminhe na mesma direção, e assim esclarecer a definição da organização em comparação aos concorrentes (Mintzberg, Ahlstrand & Lampel, 2010).

Nesse sentido compreender como são formuladas e desenvolvidas as estratégias dentro das organizações é substancial para perenidade dos negócios e, segundo Whittington (2004), a pesquisa em estratégia deve compreender sua formulação e seu comportamento e não apenas buscar a conceituação teórica, mas compreender seu processo de interação entre ambiente, pessoas e organização.

Nesse sentido salienta-se que o desenvolvimento da pesquisa em estratégia foi marcado pela perspectiva econômica, com a predominância em abordagens normativa e prescritiva a partir da performance econômica e racionalidade estratégica (Pettigrew et al, 2002). Não obstante, estudos que enfatizam a natureza social dos fenômenos organizacionais começam a revelar importância no campo de estratégia.

Kirschbaum e Guarido Filho (2011) destacam que a disciplina de Estratégia pode ser enriquecida com o maior desenvolvimento de estudos no ponto de vista social, de modo a aprofundar a compreensão de conceitos tradicionais da estratégia como recurso e como ambiente, buscando assim uma abordagem alternativa ao mainstream econômico. Para tanto os autores sugerem o emprego de variáveis evidenciadas em estudos sociológicos, buscando-se agregar natureza quantitativa aos trabalhos com esse escopo, bem como a compreensão de que a racionalidade estratégica é socialmente construída.

Do ponto de vista dos instrumentos de divulgação de desenvolvimento científico em estratégia, bem como em qualquer campo da ciência, entende-se que a produção do conhecimento tem o papel fundamental de direcionar praticantes e estudiosos. Neste contexto os programas de pós-graduação tem a função de direcionar as linhas de pesquisas acadêmicas, bem como as temáticas dos principais periódicos e anais de congressos, e também a formação de professores, pesquisadores, mestres e doutores que fomentaram a produção do cientifica (Filho, 2008).

Oliveira (2002) acresce que, os periódicos, teses, dissertações, anais e atas de congressos são os meios formais para promoção da qualidade das pesquisas e avanço do conhecimento, quando promovem a seleção e divulgação das pesquisas. Publicar em periódicos aceitos pela comunidade científica visando à divulgação dos resultados das pesquisas é, portanto, uma das principais responsabilidades e motivações do pesquisador, sendo uma forma de legitimar a investigação científica e divulgar o conhecimento produzido, contribuindo assim para reforçar ou refutar o conhecimento existente em determinada área.

Desse modo, a contribuição acadêmica para a produção de conhecimento é a constante renovação e o rigor metodológico na produção científicas, sendo as publicações presentes em anais de congressos e periódicos o caminho para divulgação e aceitação das pesquisas científicas como constituintes do conhecimento cientifico (Filho, 2008).

2.2.1 Estudos anteriores

Diversos autores pesquisaram a produção e disseminação da área e de sub-áreas da estratégia. Bertero et al (2003) realizaram um levantamento sistemático e avaliação crítica da produção científica em Estratégia Empresarial no Brasil. As publicações levantadas foram agrupadas por critérios temáticos, metodologias adotadas, autores e vinculações institucionais desses autores. Em estudo mais recente Roczanski et al. (2010) analisaram o estado da arte em estratégia na Revista de Administração Contemporânea (RAC). Foram analisados 32 artigos entre 2005 e 2007 e traçado um panorama com os principais métodos de coleta e análise de dados.

Tavares, Kamimura e Araújo (2011) analisaram a produção científica sobre gestão estratégica a partir da base de dados SciELO entre os anos de 2008 a 2010. Os autores concluíram que a temática mais abordada na perspectiva da estratégia foram a gestão estratégica empresarial, de custos e de hospitais.

Por conseguinte, Walter et al. (2013) avaliaram a produção científica na área de estratégia do ENANPAD e do 3ES no período de 1997 a 2010 a partir de um estudo sociométrico longitudinal. Os autores identificaram que a área de estratégia vem crescendo ao longo do tempo em quantidade de artigos e em laços de rede e coautoria.

Villar et al. (2014) estudaram o desenvolvimento da pesquisa em estratégia em 27 programas stricto sensu em Administração no Brasil. Os autores concluíram que não há um alinhamento nos interesses de pesquisa o que impacta na fragmentação da pesquisa em estratégia no país.

Já o trabalho de Darosi e Anderle (2014), analisou a produção científica sobre planejamento estratégico situacional e encontraram que a maioria dos estudos são desenvolvidos na América Latina, o que para os autores demonstra indícios de uma tentativa de possuir uma metodologia de planejamento estratégico própria, diferente das metodologias tradicionais e funcionalistas de planejamento estratégico norte-americano.

Destaca-se ainda o estudo de Okayama, Gag e Junior (2014), que investigaram a produção científica em estratégia como prática em periódicos internacionais e nacionais indexados nas principais bases de dados. Os autores concluíram que a vertente de pesquisa está relacionada a abordagens interpretativistas e construtivistas.

Os trabalhos elencados contribuem para a investigação da produção científica em estratégia e demonstram que ainda há lacunas na compreensão do desenvolvimento da área a partir de estudos bibliométricos e/ou sociométricos, demonstrando assim oportunidades de pesquisa.

2.3 O sistema Qualis de avaliação dos periódicos

A difusão da atividade científica de pesquisa é vital para o processo contínuo de desenvolvimento da ciência como um todo, pois sem a mesma haveria um rompimento do processo dialético que culminaria em prejuízo na aceitação do que é produzido para a constituição do conhecimento científico (Oliveira, 2002).

 Os programas de pós-graduação stricto sensu no Brasil utilizam os periódicos e as revistas científicas como forma de divulgação de suas produções (Nascimento & Beuren, 2012). Para uma avaliação qualitativa de tais produções, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) utilizou a partir de 1998 um sistema que se baseava em apenas dois parâmetros: abrangência da distribuição (local, nacional ou internacional) e em níveis de qualidade (A: alta, B: média, C: baixa) (Leite, 2010).

Porém, como o critério tornou-se obsoleto (Leite, 2010), foram feitas alterações e a partir de 2007 houve a adoção de um novo procedimento de avaliação indireta dos artigos através da avaliação dos periódicos. O sistema adotado denomina-se QUALIS (Brasil, 2012).

Através deste sistema se estabelece oito classificações (A1,A2,B1,B2,B3,B4,B5 e C), sendo atribuído ao nível A1 o conceito mais elevado de indicação de qualidade e ao nível C, o menor grau. Ressalta-se ser muito possível que a classificação estipulada possa ser uma variável incentivadora para a escolha dos autores por determinado periódico (Erdmann et al., 2012).

No triênio de 2010-2012 foram atualizados os critérios de avaliação do sistema Qualis através do comunicado nº 002/2012 emitido pela Diretoria de Avaliação da Capes, no qual ficaram definidos os critérios para os estratos de A1 ao B2, foco deste estudo, e expostos na Tabela 1.

Tabela 1. Classificação Qualis-CAPES.

A1

H Scopus > 20 ou JCR > 1,0, o que for mais favorável ao periódico.

A2

4 < H Scopus ≤ 20 ou 0,2 < JCR ≤ 1,0, o que for mais favorável ao periódico.

B1

Atender aos estratos anteriores;

Scopus e 0< H Scopus ≤ 4 ou 0 ≤ JCR ≤ 0,2, o que for mais favorável ao periódico;

Ou Estar no Scielo ou Redalyc

Ter mais de 5 anos;

Ou ser periódico de uma das seguintes Editoras: Sage; Elsevier; Emerald; Springer; Inderscience; Pergamo; Wiley; e Routledge.

B2

Atender as demandas para se enquadrar no estrato anterior;

Ter mais de 3 anos;

Ter 1 Indexador (SCOPUS, EBSCO DOAJ, GALE, CLASE, HAPI, ICAP, IBSS)

Apresentar a legenda bibliográfica da revista em cada artigo;

Ter conselho diversificado;

Editor chefe não é autor;

Informação sobre o processo de avaliação.

Fonte: WebQualis (BRASIL, 2013)

3. Metodologia

O presente estudo classifica-se como descritivo ao passo que busca características de um determinado problema a partir de um determinado grupo de variáveis (Richardson, 1999). Quanto aos procedimentos técnicos foram utilizados a pesquisa bibliográfica e levantamento, ex-post facto. A amostra foi coletada e organizada em fichas catalográficas e tabuladas com o emprego de técnicas estatísticas e bibliométricas dando ao estudo o caráter quantitativo. Outrora, foi realizada ainda análise qualitativa nos resumos a fim de possibilitar a compreensão mais adequada do fenômeno de estudo. Dessa forma o estudo apresenta-se em com uma abordagem qualitativa-quantitativa.

Empregou-se como concepção de pesquisa o estudo bibliométrico que de acordo com Vanti (2002) consiste na pesquisa de métodos quantitativos concernentes à produção, disseminação e emprego de informações registradas. Dessa forma o objetivo da bibliometria é mensurar a partir de processos quantitativos a produção de uma determinada área a fim de propiciar resultados consistentes para análise e tomada de decisões.

Vanti (2002) descreve que dentre as diversas possibilidades o emprego de técnicas bibliométricas pode sugerir o desenvolvimento e tendências do conhecimento em determinada área, identificar as principais revistas e as revistas secundárias de certa área de conhecimento, prever tendências de publicações, avaliar os aspectos metodológicos e a linguagem, bem como o surgimento de novos temas e a identificação de temáticas ignoradas.

Não obstante, é salutar o emprego das técnicas de bibliometria como uma técnica de suporte, associando-a com outras técnicas qualitativas instrumentais no campo das ciências sociais. Depreende-se que para não ficar apenas preso aos dados e ao tratamento quantitativo destes, Araújo (2007) sugere a leitura desses dados empregando a perspectiva sócio-histórica em que a atividade científica é produzida. Dessa maneira é possível ampliar a análise bibliométrica tradicional, permitindo a identificação do contexto concreto em que ocorrem os fenômenos informacionais (Wormell, 1998; Borgman; Furmer, 2002).

Na análise dos dados foi empregada a estatística descritiva para compreender a natureza dos dados levantados e por se tratar de um estudo com variáveis nominais foi utilizada à análise de frequências dessas variáveis através da Análise de Correspondência. Para Vanz e Stunpf (2010), além do emprego de indicadores relativos e análise descritiva é pertinente empregar nos trabalhos de bibliometria técnicas multivariadas de dados tal como a Análise de Correspondência.

A análise de Correspondência também denominada ANACOR, é uma técnica de interdependência que busca associações entre variáveis qualitativas em um espaço multidimensional, o que permite demonstrar graficamente a natureza das relações em um mapeamento perceptual (Hair et al., 2006).

Fávero et al. (2006), destacam que a ANACOR utiliza o teste χ² para padronizar os valores das frequências e formar base para associações. Para tanto são consideradas as diferenças entre as frequências observadas e esperadas, desse modo o teste χ² padroniza os valores das frequências e cria uma medida em distância métricas formando projeções ortogonais onde as categorias são alocadas representando um grau de associação gerado pelas distâncias χ² em um espaço dimensional.

O levantamento de todos os periódicos de conceito A1 ao B2 do QUALIS CAPES que tenham publicações com o tema Estratégia no período compreendido entre 2010 e 2012. A utilização dos estratos mais altos conforme classificação QUALIS CAPES foi necessária para diminuir a amostra tornando a pesquisa viável e garantindo, pelo menos supostamente, a investigação dentre os periódicos com maior fator de impacto na divulgação dos resultados à comunidade científica. A série temporal foi definida de forma a analisar as pesquisas mais recentes, ou seja, a possível vanguarda das pesquisas em estratégia.

A seleção dos artigos foi realizada nos periódicos supracitados utilizando como índex de busca a palavra Estratégia. A proposta inicial foi analisar as pesquisas do triênio 2010-2012 no Brasil, para tanto, foram excluídos da amostra periódicos internacionais e artigos onde o conteúdo foi produzido em língua estrangeira. Para garantir uma efetiva coleta de artigos pertinentes ao proposto e assim compor a amostra, foram executados os seguintes procedimentos de triagem: análise de título, análise do resumo, análise de palavra-chave e número de aparições do termo "Estratégia" no texto.

Para o registro e organização dos dados foi criada uma ficha catalográfica de acordo com enquadramento metodológico adaptado proposto por Tasca et al. (2010) que está esquematizado na figura 01. O único enquadramento retirado do modelo foi a análise de instrumento (Proknow-C), pois não há relevância e nem utilidade observável para a pesquisa em questão. Em um segundo momento os artigos foram subdivididos em dois descritores: econômico e social. Assim, os dados foram analisados estatisticamente com intuito de tornar evidente um conjunto de características da amostra. Os testes estatísticos foram procedidos através do software de modelagem estatística SPSS (Statistics Packet for Social Science).

Determina-se os artigos para o descritor econômico todos aqueles em que é possível evidenciar um desenvolvimento explicativo do desempenho organizacional.  Guarido Filho, Seifert Jr. e Kirschbaum (2011) afirmam que esta orientação tem como premissa o entendimento de que o desempenho é um valor amplamente reconhecido entre os gestores e que assim se torna possível a mensuração dos fatores de sucesso. Por complementaridade, se avalia como foco do descritor social todo artigo onde não há foco no desempenho organizacional.

É valido expressar que aos artigos foram atribuídas as características metodológicas descritas pelos próprios autores e apenas quando não havia nenhum tipo de menção em relação aos métodos utilizados é que foram feitas as atribuições devidas. 

Figura 1. Modelo de enquadramento metodológico.

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Fonte: Tasca et al, 2010.

 O único enquadramento retirado do modelo foi a análise de instrumento (Proknow-C), pois não há relevância e nem utilidade observável para a pesquisa em questão. Em um segundo momento os artigos foram subdivididos em dois descritores: econômico e social. Os dados foram analisados estatisticamente com intuito de tornar evidente um conjunto de características da amostra.

Dentro do proposto foram inicialmente encontrados 280 periódicos entre os estratos A1 e B2. Mas em uma primeira triagem de identificação, a constatação inicial foi de que não havia nenhum periódico da área de Administração, Ciências Contábeis e Turismo de estrato A1 que seja publicado no Brasil ou que utilize português como língua, tratando-se do tema Estratégia. Assim a amostra reduziu para 242 periódicos. Entre os estratos A2, B1 e B2 e foram constatados 93 periódicos com as mesmas características, reduzindo a amostra para 149 periódicos.

Através da observação direta, percebeu-se que existiam certos periódicos que publicavam o mesmo conteúdo na modalidade online e impressa e nesse caso optou-se por utilizar a modalidade online, tal medida foi utilizada pela praticidade e velocidade na coleta dos dados. Após esse procedimento restavam 79 periódicos na amostra.

Foram retirados também os periódicos que através do título eram facilmente identificados como não fazendo parte da amostra, exemplo: Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, estrato A2 (ISSN: 0103-846X). Ao final desse processo restaram 59 periódicos.

Por último os periódicos foram analisados para identificar aqueles que continham uma ou mais respostas para o index 'estratégia' retornando como resposta ao procedimento 31 periódicos, sendo essa a composição amostral.

A partir dos 31 periódicos foram coletados 333 artigos publicados entre janeiro de 2010 e 08 de dezembro de 2012 (data da coleta). Porém apenas 278 foram efetivamente utilizados, pois havia ainda artigos em que o título e o resumo eram apresentados em português, mas o referencial teórico e as demais partes eram desenvolvidos em língua estrangeira.

4. Análise de dados

Uma das propostas foi analisar os procedimentos metodológicos dividindo a amostra em dois descritores: o econômico e o social. As tabelas de 2 a 4, no corpo do texto desta sessão reportam a configuração metodológica da amostra dividida nesses dois descritores.

Quanto ao ano de publicação, 35,9% (100) dos artigos foram publicados em 2010, 38,4% (107) em 2011 e 25,5% (71) no ano de 2012, sendo que em 2012 a coleta foi realizada até o dia 8 de dezembro de 2012. Foi observado conflitos em 4 artigos quanto a data de submissão, aprovação e publicação, onde alguns apresentavam data de publicação anterior à data de aprovação.

Do total utilizado como amostra, 73,3% (204) dos estudos tinham entre 2 e 3 autores. Não foi alvo desta pesquisa verificar os motivos que potencializam este arranjo representativo, mas supõe-se que este comportamento pode ser enxergado como facilitador na organização e implementação das pesquisas, bem como no controle da produção científica como um todo.

Foram contabilizados 436 autores com sua devida titulação, porém em 40,3% dos casos houve omissão desse dado. Existem revistas que optam deliberadamente por não divulgar tal dado. Em outros casos, percebe-se que essa foi uma escolha dos autores, pois na mesma revista foram encontrados artigos em que a titulação foi exposta.

Doutores e mestres foram os principais responsáveis pelas publicações em periódicos nacionais durante o triênio: 351 autores com essas titulações (257 doutores, e 94 mestres). Esse número talvez fosse mais expressivo se não fosse à omissão deste dado em 112 artigos.

Já os mestrandos e doutorandos somados eram apenas 11,2% (49) da amostra identificável, o que pode ser reflexo da publicação de artigos por esta parte da amostra em momento posterior ao período de realização do curso.

Tabela 2. Natureza dos Artigos

Descritor

Natureza dos Artigos

Prático

Teórico

Econômico

180

85,30%

48

71,60%

Social

31

14,70%

19

28,40%

Total

211

100,00%

67

100,00%

Fonte: Elaborado pelos autores

A tabela 2 apresenta a natureza dos artigos publicados no período, onde 24,1% (67) são de natureza teórica, enquanto 75,9% (211) são de natureza prática. Dentre os artigos de natureza prática, 70,1% desenvolveram estudo de caso, 27,0% o método survey e 2,9% a pesquisa experimental (Tabela 3).

Tabela 3. Natureza do Artigo Prático

Descritor

Natureza do Artigo Prático

Estudo de Caso

Survey

Experimental

Econômico

124

83,80%

50

87,70%

6

100,00%

Social

24

16,20%

7

12,30%

0

0,0%

Total

148

100,00%

57

100,00%

6

100,00%

Fonte: Elaborado pelos autores

Dentre os artigos de natureza teórica, 16,4% são conceituais, 77,6% são conceituais aplicados e 6% são ilustrativos, conforme pode ser observado na tabela 4.

Tabela 4. Natureza do Artigo Teórico

Natureza do Artigo Teórico

Conceitual Aplicado

Conceitual

Ilustrativo

45

77,60%

3

37,50%

0

0%

13

22,40%

5

62,50%

1

100%

Fonte: Elaborado pelos autores

Também foi perceptível que a lógica indutiva esteve presente em 262 artigos, o que representa 94% da amostra, as fontes primárias foram utilizadas 53%, as secundárias 31%, e ambas 16%. Quanto à abordagem do problema 50% foram de forma qualitativa, 18% quantitativa e 32% com ambas as formas de abordagem.

Através dos resultados encontrados, quando separada a amostra por descritores não foi possível identificar um comportamento metodológico que os diferencie. Mas fica evidente que as pesquisas desenvolvidas no Brasil sob a perspectiva econômica em estratégia foram predominantes no período analisado. Foram 228 (82,0%) pesquisas de cunho econômico e apenas 50 (18%) pesquisas de cunho social.

Para efetivar a análise das características metodológicas da pesquisa no âmbito da classificação dos periódicos por estratos Qualis Capes, foi procedido a Análise de Correspondência (ANACOR) sendo verificadas as observações referentes aos estratos e características metodológicas. Nem todos os critérios de análise preconizados por Tasca et al. (2010) puderam ser empregados em decorrência de alguns não atenderem aos pressupostos da ANACOR.

A figura 01 demonstra que o mapa perceptual do estrato do periódico versus o tipo de coleta de dados. A partir do eigenvalue (autovalores) de cada valor é possível identificar a contribuição de cada dimensão, demonstrando a variabilidade contida nos dados. Com o teste qui-quadrado de 8,21 (Hipótese nula: as variáveis são independentes, ou seja, não há associação entre suas categorias) foi possível rejeitar a hipótese nula a um nível de significância de 0,10 e atender ao pressuposto subjacente ao uso da análise de correspondência (ANACOR). Na referida análise a Dimensão 1 explicou 78% da inércia total e a dimensão 2 representou 22%. Pode-se inferir que os artigos com estrato A2 estão mais próximos da utilização de dados secundários em seus processos de coleta dados.

Figura 1. Mapa perceptual: Coleta de dados e estrato Qualis Capes.

A segunda análise empregada foi em relação ao estrato e natureza da pesquisa. Consideraram-se as naturezas dos objetivos encontrados na base de dados, bem como a combinação de algumas delas, tendo em vista que alguns estudos realizam pesquisa com mais de uma vertente tipológica. A hipótese de independência fora rejeitada (χ2 = 15,92; p =0,000 < 0,05) indicando o uso adequado da análise. A dimensão 1 possui um percentual de variância explicada de 76,79%, enquanto a dimensão 2 explica 23,21%. Observou-se uma aproximação de estudos explanatórios com o estrato A2 e pesquisas exploratórias com estrato B1.

Figura 2. Mapa perceptual: Natureza da pesquisa e estrato Qualis Capes.

Em seguida foi verificado o estrato e a abordagem de pesquisa. Através do teste Qui-quadrado a hipótese nula foi rejeitada (χ2 = 10,94; p = 0,02 < 0,05). A dimensão 1 e 2 representaram respectivamente 71,79% e 28,21% da inércia total. Foi possível identificar uma maior aproximação das pesquisas quantitativas dos estratos B2.

Figura 3. Mapa perceptual: Abordagem de Pesquisa e estrato Qualis Capes.

Finalmente foi observado o número de autores e os respectivos estratos. Pelo teste Qui-quadrado rejeitou-se a hipótese nula  (χ2 = 14,763; p=0,006 < 0,05). A dimensão 1 explica 67,92% da variância total e a dimensão 2 explica 32,08%. O estrato A2 esteve mais aproximado de dois autores.

Figura 4. Mapa perceptual: Número de autores e estrato Qualis Capes.

 

5. Considerações finais

Este estudo buscou identificar as características das metodologias empregadas nos artigos da temática de estratégia no triênio 2010-2012 no Brasil. Foi observado, em sua maioria, o desenvolvimento de estudos descritivos (51,0%), de natureza prática (75,9%), dimensão econômica (85,3%), com lógica indutiva (82,4%). Verificou-se também, por meio da análise de correspondência a aproximação de determinados enquadramentos metodológicos a alguns estratos Qualis-Capes, não que tal fator represente determinações, contudo revela o comportamento dos dados no triênio em comento, demonstrando algumas tendências.

Cabe salientar que há indícios de que os pesquisadores em estratégia no Brasil busquem na perspectiva econômica a comprovação de hipóteses que levem a respostas que possam gerar efeitos práticos na maneira de se executar estratégia. Fica evidente a necessidade de se fazer ciência em estratégia sob a ótica social, analisando fatores intra e interorganizacionais.

Ademais, apesar de não quantificado foi possível perceber através da observação direta que muitos estudos brasileiros têm caráter replicador, refazendo estudos já publicados na comunidade científica com diferentes amostras e em diferentes realidades. O que demonstra dificuldade em termos de inovação.

Logo, se a "característica-mestra" do pesquisador é questionar a natureza em busca de soluções que ajudem a elevar a fronteira do conhecimento é possível supor de que exista uma pressão para que se publique reafirmando o comportamento de "Publish or perish!" (Publique ou pereça!).

Assim, através dos resultados aqui encontrados é possível incentivar, principalmente, os pesquisadores iniciantes que busquem contribuir com pesquisas em estratégia de foco social, pois além de contribuírem para uma área incipiente no Brasil, aumentam suas oportunidades de publicação.

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1. Universidade Federal do Espírito Santo; ricardodossantosdias@gmail.com
2. Universidade Federal do Espírito Santo; mt.eliezer@gmail.com
3. Instituto Federal do Espírito Santo; isaac@ifes.edu.br
4. Universidade Federal do Espírito Santo; annorsj@gmail.com


Vol. 37 (Nº 03) Año 2016

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