Espacios. Vol. 36 (Nº 22) Año 2015. Pág. 13

A Gestão da Cooperação na Integração entre Universidade-Empresa-Governo : Fatores Facilitadores da Tríplice Hélice

Cooperation Management in Integration of University-Industry-Government: Facilitators Factors Triple Helix

Nádia CARVALHO 1; Joel Yutaka SUGANO 2; Cibele Maria Garcia de AGUIAR 3

Recibido: 07/07/15 • Aprobado: 05/08/2015


Contenido

1. Introdução

2. Gestão da inovação

3. Tríplice hélice

4. Gestão da cooperação

5. Metodologia

6. Discussão dos resultados

7. Considerações finais

8. Referencias bibliográficas


RESUMO:

A inovação aberta, com o seu processo interativo de desenvolvimento da inovação, estimula a cooperação, desenvolvendo um papel essencial na aproximação de empresas e universidades. Neste sentido, o presente estudo visou identificar os fatores facilitadores no processo de cooperação entre U-E-G no âmbito do Polo de Excelência do Café (PEC), classificando portanto como um estudo de caso. Foram selecionados 6 projetos e seus respectivos coordenadores para serem entrevistados, além de uma pesquisa documental. A pesquisa identificou que os fatores facilitadores sejam divididos em três processos: informações de parceiros, disseminação de conhecimento e visibilidade aos incentivos para fomentar a cooperação.
Palavras Chiave: Triplice Helice, Cooperação na Integração, Inovação

ABSTRACT:

The open innovation, with its interactive process of developing innovation, encourages cooperation, developing an essential role in bringing companies and universities. In this sense, this study aimed to identify the facilitating factors in the process of cooperation between UEG under the Polo Excellence Coffee (SGP), therefore classifying as a case study. 6 projects were selected and their coordinators to be interviewed, as well as desk research. The research identified that the facilitating factors are divided into three processes: partner information, dissemination of knowledge and visibility to incentives to promote cooperation.
Keywords: Triple Helix, cooperation on Integration, Innovation

1. Introdução

No ambiente de mudanças em que as organizações estão inseridas, redes dinâmicas de cooperação entre os diferentes elos de agentes sociais e econômicos têm sido consideradas como um formato organizacional adequado para promover a geração e transferência de conhecimento e inovação, que se constituem, atualmente, nos elementos principais para garantir o crescimento e a competitividade das empresas, bem como garantir o desenvolvimento social.

A inovação é um processo complexo, que requer a interação entre uma grande variedade de agentes econômicos que devem desenvolver a sua capacidade de cooperar com outros atores, de modo a reduzir a incerteza e obter um conhecimento complementar relevante. O conceito de inovação, que de acordo com o Manual de Oslo, refere-se à introdução de um bem ou serviço novo ou modificado em suas características ou usos previstos (ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT - OCDE, 2005), migrou, nos últimos anos, de um significado mais estreito de inovação de produtos e processos, para um significado mais amplo envolvendo inovação organizacional e de mercado. A análise do processo inovador, antes focada somente na geração linear de novos saberes, também sofreu inúmeras mudanças e hoje aborda o desenvolvimento de novas formas de produzir, aplicar e distribuir o conhecimento, como, por exemplo, as parcerias firmadas entre empresas, universidades e governo. Essa interação faz com que o conhecimento gerado nas universidades seja repassado para as empresas, que por sua vez repassam às universidades recursos financeiros e tecnológicos, já o governo participa como o órgão regulador incentivando a relação.

Essas integrações identificadas são impulsionadas diante do novo modelo de inovação aberta (Open Innovation) que permite que as empresas sejam alavancadas com recursos de pesquisas, ou seja, com a cooperação das universidades e outras empresas (CHESBROUGH, 2006). Esse modelo de inovação aberta aponta a oportunidade das empresas realizarem atividades de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) de forma mais interativa, buscando a integração de conhecimentos. Essa nova abordagem exige algumas mudanças no processo de gestão, bem como uma nova visão sobre a importância do conhecimento disponível fora da empresa. Nesse sentido, a inovação aberta, com o seu processo interativo de desenvolvimento da inovação, estimula a cooperação, desenvolvendo um papel essencial na aproximação de empresas e universidades, uma vez que essa relação permite a integração de conhecimento e sua transferência, além da geração conjunta de soluções. Assim, o papel da inovação não se encontra em apenas um setor, mas em vários, demonstrando que uma perspectiva multidisciplinar é necessária quando se trata de inovação.

Desse modo, todas as formas de geração de sinergias são positivas, sendo, uma dessas formas, a cooperação dos setores produtivos com a academia e a atuação das empresas enquanto instituições geradoras e difusoras de conhecimento e tecnologia. O crescimento de acordos cooperativos entre instituições de pesquisa e entidades empresariais representa, portanto, nova tendência vivenciada pela sociedade. O estudo desses arranjos, notadamente a sua estrutura e sua gestão, poderá contribuir para o desenvolvimento de modelos gerenciais inovadores, dando suporte ao consequente crescimento econômico e tecnológico.

Diante do novo cenário na busca pela inovação, com a necessidade de integração de competências, bem como dos fatores que influenciam a relação Universidade-Empresa-Governo, o presente trabalho busca estudar o processo de inovação, bem como o processo de cooperação e identificar os principais fatores da integração entre os agentes Universidade-Empresa-Governo que estimulem novos projetos. Para tanto o objeto de estudo foi o Polo de Excelência do Café, que passa a ser referenciado como PEC.

O PEC faz parte dos Arranjos Produtivos Locais, que é um dos três Projetos Estruturadores do Governo do Estado de Minas Gerais executados pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SECTES). Criado pela resolução conjunta da SECTES e da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA) em 2007. O Polo de Excelência do Café está sediado nas instalações do Centro de Ensino, Pesquisa e Extensão do Agronegócio Café, localizado no campus da Universidade Federal de Lavras no sul de Minas Gerais.

2. Gestão da inovação

Inovação, no Manual de Oslo (OCDE, 2005), refere-se a introdução de um bem ou serviço novo ou modificado em suas características ou usos previstos. Para Nonaka e Takeuchi (1997), inovação é recriar o mundo de acordo com uma perspectiva específica ou ideal. Assim, afirmam que o processo de criação de conhecimento é o combustível para a inovação, pois envolve tanto ideais quanto ideias. Schumpeter (1934) propôs cinco tipos de inovação: i) a introdução de novos produtos no mercado, ii) introdução de novos métodos de produção, iii) abertura de novos mercados, iv) desenvolvimento de novas fontes de matérias-primas e, v) a criação de novas estruturas de mercado em uma indústria.

Para Mohrman e Mohrman (1995), a inovação é um procedimento criativo de aproveitamento para o conhecimento existente, que possa combinar pequenos fragmentos de conhecimento para criar uma nova habilidade ou novas soluções. Sendo assim, seu processo envolve todo um ciclo que compreende pesquisa básica, aplicada, desenvolvimento, produção, e todas as interações e realimentações possíveis entre as fases. Dessa forma, Forcadell e Guadamillas (2002) afirmam que esse processo de inovação é caracterizado por uma série de características essenciais, como a implicação de cooperação e interação entre os agentes, o envolvimento de uma série de atividades cuja natureza é incerta em termos de resultados, além de ser uma atividade cumulativa, já que a maior parte do conhecimento tecnológico é específica. Assim, inovações podem melhorar a qualidade e eficiência do trabalho, acentuar a troca de informações e refinar a capacidade empresarial de aprender e utilizar conhecimentos e tecnologias (FREIRE; FREIRE, 2010).

Sendo assim, nos últimos anos a inovação tem se estabelecido como um dos fatores mais importantes para garantir o crescimento, a competitividade e a rentabilidade diferenciada às empresas. Elemento propulsor do dinamismo e da competitividade, a inovação continua a representar um desafio no Brasil, que ainda carece de conscientização quanto a sua importância como principal caminho para a competitividade. Novos processos e produtos, novos modelos de negócios, entrada em novos mercados, atração e retenção de talentos ou ainda a valorização da imagem perante parceiros, clientes e investidores, representam alguns dos resultados da inovação.

Dessa forma, com a inovação, o fluxo de informações tende a aumentar, elevando a capacidade de aprender da organização, já que está relacionada a um processo de mútua influência com o ambiente. Essa interação também deve ser identificada no interior da organização, possibilitando um modelo interativo no processo de inovação. Assim, a inovação tecnológica consistente é a chave para garantir competitividade e liderança de mercado. A inovação também é vista como um processo coletivo e colaborativo e que necessita mapear os agentes que possuem interesse na inovação (CALLON, 2004).

Dávila, Guilermo e Silva (2008) constata que existe uma relação positiva entre pesquisa científica e inovação, onde a inovação é sustentada por alguns elementos como a criatividade, mas necessita também de uma base de conhecimento e de pesquisa científica, que irá atuar como um catalisador na ampliação de horizontes e na quebra de paradigmas, sendo estes elementos fatores críticos para o sucesso do processo inovador. Assim Grizendi (2005) estabelece que o processo interativo de inovação.

Nesse modelo interativo, o centro da inovação é a empresa, ou seja, ele combina interações no interior das empresas e interações entre as empresas individuais e o sistema de Ciência e Tecnologia mais abrangente em que elas operam. Sendo assim, da empresa decorrem as iniciativas que vão possibilitar a inovação, partindo-se das necessidades do mercado, apoiando-se no conhecimento científico já existente ou buscando um novo conhecimento científico. Isso faz com que a relação entre pesquisa científica e tecnologia siga não somente um, mas vários outros caminhos, e a pesquisa científica pode interferir em diversos estágios do processo de inovação (GRIZENDI, 2005).

Assim, rompe-se com o modelo tradicional de inovação, que via apenas um caminho para se chegar à inovação, ou seja, rompe-se com a sequência linear entre a Ciência, Tecnologia e Inovação. Para Chesbrough (2003b), esse rompimento com o modelo tradicional de inovação pode ser explicado devido à crescente disponibilidade e mobilidade de mão-de-obra qualificada, além do crescimento das opções externas para as ideias não aproveitadas dentro das empresas e pela capacitação, cada vez maior, de fornecedores externos. Segundo o autor, esses fatores levaram as indústrias a seguirem uma postura mais aberta no processo da inovação, o que sugere um modelo de inovação aberta, que permite que as empresas sejam alavancadas com recursos de pesquisas, ou seja, com a cooperação das universidades e outras empresas (CHESBROUGH, 2006).

O modelo de inovação aberta (Open Innovation) aponta a oportunidade das empresas realizarem atividades de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) de forma mais interativa, buscando a integração de conhecimentos. Essa nova abordagem exige algumas mudanças no processo de gestão de projetos, bem como uma nova visão sobre a importância do conhecimento disponível fora da empresa. Nesse modelo, as empresas competidoras cooperam entre si, na tentativa de gerarem soluções em conjunto, sendo um de seus objetivos a transferência do conhecimento (CHESBROUGH, 2003a). Nesse sentido, a inovação aberta, com o seu processo interativo de desenvolvimento da inovação, estimula a cooperação, desenvolvendo um papel essencial na aproximação de empresas e universidades, uma vez que essa relação permite a integração de conhecimento e sua transferência, além da geração conjunta de soluções. Assim, o papel da inovação não se encontra em apenas um setor, mas em vários, demonstrando que uma perspectiva multidisciplinar é necessária quando se trata de inovação.

Neste sentido, um dos principais desafios na adoção do modelo de inovação aberta está em encontrar pessoas com competências de forma a fomentar o trabalho colaborativo e buscar integrar descobertas científicas de forma inovadora (STOECKICHT, 2008). Porém, tão importante quanto encontrar essas competências é estabelecer os potenciais. São necessárias políticas claras e bem definidas de relacionamento com os parceiros. Há um grande desafio cultural relacionado a esse tema, sendo importante ressaltar que, ainda antes de se lançar no mundo acadêmico, uma empresa deve estruturar seus processos internos para que esteja preparada para uma futura parceria. Assim, a inovação aberta obrigará as empresas a reverem seus paradigmas sobre seus modelos de gestão, principalmente quando se trata a cooperação como um fator essencial no processo, da mesma forma, as universidades, geradoras de conhecimento, também deverão se adequar a uma nova realidade.

Neste contexto, em que o processo de inovação incentiva a formação da cooperação, com a integração de competências, dessa forma iremos analisar a Tríplice Hélice e interação entre Universidade-Empresa-Governo.

3. Tríplice hélice

Por muito tempo, a inovação foi vista como a interação de apenas duas esferas, as empresas privadas e o governo. Porém, viu-se que as universidades (academias de um modo geral) favorecem o acesso de conhecimento e tecnologias, passando a incorporarem essa relação.

O modelo que permite compreender essa relação entre esses três agentes institucionais é o modelo da Hélice Tríplice, proposto por Etzkowitz e Leydesdorff em 1996, sendo considerado o modelo para a nova configuração das instituições de ensino, indústria e governo (ETZKOWITZ; LEYDESDORFF, 1998), onde a inovação é associada às indústrias baseadas na ciência e às atividades de P&D (MELLO; ETZKOWITZ, 2006).

Nesse modelo de interação, as empresas percebem nas universidades uma fonte de conhecimento, que por outro lado, buscam nas empresas alternativas de recursos financeiros e tecnológicos. E o governo é visto como um mediador entre as duas instituições incentivando a relação Empresa-Universidade (ETZKOWITZ; LEYDESDORF, 1998). O papel do governo, nas experiências de condução de trajetórias tecnológicas discutidas por Dosi (2006), reforça seu estado de regulador do processo de disseminação e indutores da inovação em cooperação com a iniciativa privada.

Uma interação mais sólida nessa relação pode levar à obtenção de ganhos econômicos e de apoio, no caso das empresas, para as universidades os ganhos se dão na realização da fase de exploração do potencial econômico e tecnológico de seus produtos, além da certeza de que essa interação poderá servir de suporte para dar continuidade ao processo de inovação, por meio da exploração de novas oportunidades proporcionadas por conhecimentos e, por fim, devido à manutenção de um diálogo permanente com a comunidade científica, que possibilita o acesso a conhecimentos a serem utilizados na atualização tecnológica de produtos e processos (CASSIOLATO, 1996). Além dos ganhos econômicos, a transferência de conhecimento da universidade para a empresa, e vice-versa, é uma maneira de ambas cooperarem, e essa cooperação tem incentivado uma melhora na qualidade do ensino, a atuação do meio acadêmico na sociedade e a obtenção de conhecimentos que podem ser utilizados no próprio segmento universitário (SEGATTO; SBRAGIA, 1996).

Assim, a Hélice Tríplice é definida por Dagnino (2003) como a interação do governo, universidade e empresa em busca do desenvolvimento tecnológico. Abdalla, Calvosa e Batista (2009) caracterizam a abordagem da Hélice Triplice como um modelo de evolução do conceito das Parcerias Público-Privadas (PPPs). Para o autor, o modelo das PPPs propõe a realização de atividades conjuntas entre o poder público e a iniciativa privada em prol da sociedade, já o modelo da Hélice Tríplice amplia esse horizonte propondo que as universidades façam parte nesse processo, o que acrescenta aos projetos o incremento do conhecimento e da inovação. Dessa forma, o modelo de interação Hélice Tríplice, se caracteriza pela presença das universidades como instituições de ciência e tecnologia, mas que possuem responsabilidades sociais quanto ao retorno de suas pesquisas.

Neste sentido, segundo Etzkowitz e Leydesdorff (1998), essa interação pode ser compreendida por meio de três estágios:

  1. Hélice Tríplice 1: onde as três esferas são definidas institucionalmente, interagindo por meio de relações industriais, transferência de tecnologia e contratos oficiais;
  2. Hélice Tríplice 2: onde as hélices são definidas como diferentes sistemas de comunicação, consistindo em operações de mercado, inovação tecnológica e controle de interfaces. Resultando em novas formas de comunicação ligadas à transferência de tecnologia e apoiadas em uma legislação de patentes;
  3. Hélice Tríplice 3: onde as três esferas institucionais, além das funções tradicionais, assumem papéis uns dos outros.

Assume-se que a Hélice Tríplice 3 seja o rearranjo que modela a nova forma de infraestrutura de conhecimento , partindo do modelo estático para um modelo dinâmico. Essas novas funções assumidas somam-se às funções tradicionais de cada agente, ampliando sua participação no processo de desenvolvimento socioeconômico. Na realidade, não se trata de uma troca de papéis, cada agente continua com sua autonomia, porém a interdependência e a sobreposição de interesses criam o espaço da interação Universidade-Empresa-Governo, onde a confiança é um fator determinante do sucesso das relações (LEYDESDORFF; ETZKOWTIZ, 1998). Dessa forma, nas interfaces entre as esferas institucionais, surgem mecanismos híbridos, como escritórios de ligação, escritórios de transferência de tecnologia, parques tecnológicos e incubadoras de empresas, que facilitam a comunicação e a interação entre as hélices.

Para Abdalla, Calvosa e Batista (2009), cada um dos componentes da Hélice detém competências e responsabilidades específicas, assim, analisaram as responsabilidades e as limitações de cada agente para contribuir para o bom funcionamento da Hélice Tríplice, conforme pode ser analisado no Quadro 1.

Quadro 1 Responsabilidades e limitações de cada ator da Hélice Tríplice

Ator

Responsabilidades

Limitações

Governo

Promover o desenvolvimento econômico e social através de novas estruturas organizacionais;

Possuir planos políticos com metas governamentais claras voltadas para inovação e conhecimento;

Interagir entre as diversas esferas políticas;

Promover benefícios à população.

Burocratização excessiva e falta de flexibilidade para implementação de projetos em parcerias;

Necessidade de gerenciamento público profissional e participativo.

Empresa

Desenvolver produtos e serviços inovadores;

Promover a integração com os centros de transferência de tecnologia da comunidade científica;

Liderar os processos de mudança.

Pouca capacidade de investimento em inovação e desenvolvimento de tecnologia;

Despreparo acadêmico e tecnológico para condução de pesquisas.

Universidade

Criar fontes de novos conhecimentos e tecnologias;

Estabelecer relações com as empresas e os governos;

Criar novas áreas de atuação;

Liderar os processos de mudança.

Dependência de órgãos de fomento para realização de pesquisa;

Visão míope de capacitação profissional e formação de mão-de-obra;

Vínculos fracos com a sociedade e com a iniciativa privada.

Fonte: Abdalla, Calvosa e Batista (2009)

Dessa forma, o modelo de Hélice Tríplice leva a um rearranjo de suas configurações que interferem no processo de inovação (LEYDESDORFF; DOLFSMA; PANNE, 2006) onde as indústrias tornaram-se também importantes produtores de novos conhecimentos, enquanto as universidades, às vezes, agem como organizadores dos sistemas regionais de inovação (ETZKOWITZ; LEYDESDORFF, 2000). Dessa forma, a Hélice Tríplice propõe uma nova forma de infraestrutura de conhecimento, diferindo do modelo clássico de ciência, ou seja, ligando a pesquisa básica e a pesquisa aplicada, além disso, cria-se a necessidade de cooperação entre os agentes e é essa cooperação que vai permitir trocas frequentes de informações, conhecimento, negócios e até trocas sociais. Sendo assim, todos os tipos de parcerias podem surgir, mas as legais, econômicas, sociais e de conhecimento são as mais comuns (BENGTSSON; KOCK, 1999).

4. Gestão da cooperação

Por cooperação Hao (2004) entende como a iniciativa e a participação em acordos colaborativos com outras organizações, o que permite acesso a clientes, recursos e capacidades complementares dos parceiros, aprendizado e acúmulo de tecnologia, além da produção em escopo ou escala. Porto (2004) corrobora dessa ideia definindo a relação de cooperação como o resultado da ação conjunta de diferentes atores.

A necessidade crescente de conhecimentos científicos, que atualmente as organizações estão sentido, exige práticas de cooperação tecnológica entre os atores envolvidos no processo de geração, manutenção e difusão de inovações e competências (ABDALLA; CALVOSA; BATISTA, 2009). E, ao envolver organizações de natureza distinta, Segatto-Mendes (2001) afirma que não há, portanto, um consenso nos tipos de relações que possam estabelecer, variando conforme o grau de comprometimento de recursos, duração do relacionamento e formalização dos acordos (BONACCORSI; PICCALUGA 1994; LIMA; TEIXEIRA, 2001).

De acordo com Britto (2004), pode-se identificar três impactos básicos da consolidação de práticas cooperativas que são: i) a dupla dimensão do processo, uma vez que a cooperação constitui, ao mesmo tempo, um instrumento eficaz de processamento de informação, também constitui uma alternativa para viabilizar a aglutinação de competências complementares; ii) permite um melhor enfrentamento da turbulência ambiental e iii) facilita a identificação e exploração de novas oportunidades tecnológicas. O autor também assume que a cooperação visa ganhos competitivos que estejam relacionados com as novas oportunidades, sendo capaz de gerar resultados concretos. Dessa forma, a cooperação admite uma maior comunicação entre os agentes, o que permite a integração das competências, além de consolidar a confiança mútua dos agentes e uma maior sincronia nas ações estratégicas adotadas por eles.

Carvalho (2000) afirma que, para atingir a maturação dessa relação, na qual a cooperação é um fato comum, existem degraus da cooperação, que se inicia pelo diálogo, seguido da convivência, da confiança, da identificação cultural e por fim, a cooperação efetiva.

Como a relação de cooperação não é uma relação fácil de estabelecer, devido às diferenças estruturais e de objetivos existentes, a fim de minimizar as diferenças e estabelecer um ambiente que favoreça a interação Universidade-Empresa, o seu processo de gestão deve ser compreendido. De acordo com Segatto-Mendes (1996), a complexidade e a fragilidade do processo de cooperação envolvem etapas que devem ser compreendidas para evitar e prever equívocos que, possivelmente, poderão gerar complicações futuras, impedindo a obtenção da máxima produtividade e qualidade da relação.

Para Plonski (1999), os desafios gerenciais mais importantes para tornar a cooperação Universidade-Empresa uma relação transformadora são:

  1. Compartilhar uma visão multidimensional e integrada da cooperação Universidade-Empresa, centrada no desenvolvimento de competências humanas;
  2. Perceber com clareza as missões distintas, mas complementares, da empresa e da universidade no processo de inovação;
  3. Desenvolver respostas inovativas às diversas necessidades de cooperação Empresas-Universidades;
  4. Capacitar para a gestão eficaz da cooperação Universidade-Empresa.

Essa gestão colaborativa assume alguns pontos estratégicos para que seu sucesso seja atingido. Assim Bailetti e Callahan (1993) argumentam que os problemas de uma gestão desse tipo estão relacionados com a seleção dos parceiros, o desenvolvimento e a evolução da intenção estratégica do arranjo, a negociação de um contrato que constitui a base jurídica do acordo, a manutenção de uma comunicação clara e eficaz entre os agentes envolvidos, a coordenação das atividades internas nas empresas com a colaboração, bem como a avaliação do seu desempenho e a organização do design dessa colaboração. Matos e Kovaleski (2005) argumentam que através de métodos e técnicas de negociação, após divergências serem discutidas, os interlocutores poderão deter se ao processo de convergência, para tanto é preciso analisar os fenômenos sob novas óticas. Assim, atitudes mais transparentes tendem a ampliar o grau de confiança.

Compreender o processo de cooperação e seus fatores contribui para a concepção das parcerias a serem firmadas entre universidades e empresas, além de fortalecer a interação e dar continuidade aos projetos desenvolvidos em parcerias.

5. Metodologia

Para o presente estudo adotou-se a pesquisa qualitativa e exploratória para analisar os principais fatores da integração entre Universidade-Empresa-Governo que estimulem projetos inovadores, especificamente no âmbito do PEC. Quanto ao método, optou-se pelo estudo de caso, que segundo Cooper e Schindler (2003), enfatiza a análise contextual completa de poucos fatos ou condições e suas inter-relações com um único sujeito ou respondente. Além disso, permite ao pesquisador compreender os fenômenos observados, possibilitando melhor entendimento e análise das múltiplas fontes de evidência utilizadas. Utilizou-se como ferramenta para a coleta dos dados o método de entrevista, que foram gravadas e transcritas para a realização da análise dos dados pela análise de conteúdo.

Para o estudo de caso foram selecionados seis (06) projetos desenvolvidos com a participação do PEC, sendo entrevistados os seus coordenadores e o coordenador executivo do PEC. Foram analisados os fatores integradores dos agentes na realização de projetos inovadores. Vale ressaltar que dos seis projetos selecionados apenas um era coordenado pela Hélice da Empresa, sendo os demais coordenador por pesquisadores acadêmicos.

6. Discussão dos resultados

Conhecer e compreender quais são os principais fatores que motivam o desenvolvimento de projetos em cooperação, permite uma maior clareza em relação ao processo e suas especificidades, assim, a análise dos fatores motivacionais, barreiras e facilitadores da integração no PEC busca contribuir com o estímulo à criação de novos projetos inovadores.

Para que haja de fato a cooperação no desenvolvimento de projetos entre as Universidades e Empresas, Segatto-Mendes (1996) afirma que é necessário uma disposição para o trabalho conjunto por parte dos agentes. Dessa forma, ao longo da pesquisa, observou-se que, em se tratando do contexto do PEC, há essa disposição inicial por parte dos agentes, uma vez que ao questionar os coordenadores entrevistados, que representam a esfera da Universidade, sobre o desenvolvimento de projetos em cooperação com empresas, os mesmos avaliam a relação como algo benéfico, porém corroborando com a ideia de Abdalla, Calvosa e Batista (2009), deve-se respeitar as responsabilidades de cada agente, definindo os papéis de cada agente dentro da relação:

"No passado havia muita resistência, hoje entendemos que essas parcerias são necessárias. Não vejo restrição nenhuma, desde que a universidade possa ter liberdade de pesquisa... Desde que seja definido os papéis, a parceria é, mas do que bem vinda, é necessária. É a forma da universidade passar para a sociedade o conhecimento aqui desenvolvido"(U1).

"A cooperação entre Univeridades-Empresas só tem a acrescentar, cada um em sua competência, vem pra somar. Quanto mais a gente puder agregar competências, cada um na sua área, melhor. Esse seria o ideal" (U2).

Visão também contemplada pela empresa, já que segundo o seu representante, a união de competências pode tanto agregar valor aos negócios quanto criar novas oportunidades.

"...uma parceria com a universidade pode gerar novos produtos e agregar um portifólio maior ao que a empresa já possui" (E3).

Assim, pode-se inferir que no contexto do PEC o primeiro passo para a cooperação efetiva já foi atingido. Diante disso, os principais fatores motivacionais encontrados foram: acesso a equipamentos/ laboratórios modernos de pesquisa, acesso à fonte alternativa e flexível de recursos, desenvolvimento do potencial da academia na geração de ciência e tecnologia, aquisição de conhecimentos complementares, obtenção de fundos para realizar pesquisas – editais, cooperação, difusão do conhecimento e possibilidade de troca de experiências.

Percebe-se que, tanto do lado das universidades quanto da empresa, o acesso a conhecimento, à infraestrutura complementar e obtenção de recursos, são os fatores potenciais na motivação do desenvolvimento de projetos cooperativos. Assim, há uma similaridade entre as percepções, fator essencial para a relação, ou seja, os atores do processo estão alinhados quanto à cooperação, o que favorece a relação, pois uma visão distorcida entre os agentes pode retardar o processo, uma vez que seria difícil estabelecer os papéis dentro da relação. Assim, para o PEC o trabalho se concentra em potencializar tais motivações, principalmente por meio da disseminação do conhecimento gerado pelas interações.

Porém, ao discutir a cooperação na relação Universidade-Empresa-Governo, surge um questionamento quanto às interações dentro da esfera Universidade. Assim, os coordenadores representantes das universidades foram questionados quanto à prática de interação dentro da própria esfera. Em se tratando das motivações para desenvolverem projetos em parcerias com outros pesquisadores, todos os entrevistados já desenvolveram ou estão desenvolvendo projetos em parcerias.

A interação entre pesquisadores é uma prática que, ao mesmo tempo que é comum de se observar, é uma prática muito delicada, pois ainda sofre uma forte barreira, a da cultura cooperativa (discutida na próxima seção), porém, ela torna-se mais simples quando há um contato anterior entre os pesquisadores, ou seja, conforme apresenta Carvalho (2000), em seu modelo dos degraus da cooperação, o diálogo e a convivência são fatores categóricos para que as parcerias sejam firmadas.

"A parceria pessoal é mais facil do que a institucional, a qual acaba acontecendo depois, de forma indireta. A relação vem de baixo para cima" (U5).

Assim, percebe-se que a existência de um ambiente de interação irá favorecer a relação, porém, como toda relação não acontece de maneira simples, pois envolvem diversos aspectos, as barreiras quanto ao desenvolvimento de projetos cooperativos foram abordadas e serão apresentadas a seguir.

Ao levantar as barreiras para o processo de cooperação, o estudo buscou compreender os fatores que retardam o processo, uma vez que a existência de barreiras implica na necessidade de uma estrutura de intermediação para favorecer a relação. Ao serem questionados quanto as barreiras para a relação de cooperação entre Universidade e Empresa, os resultados mostram que, o principal gargalo da relação encontra-se na definição dos papéis diante da relação, uma vez que ainda há problemas conceituais dificultando a relação.

"A gente sabe que existem problemas conceituais quando se trabalha universidades e empresas. Existem pesquisadores que acham que por terem um cargo público, não deveriam se envolver com instituições prividas ou receberem recursos de instituição privada" (U4).

"Eu acho que hoje esse envolvimento é extremamente novo no país. Até antes da lei da inovação não se tinha muito acesso a essa questão de mercado e pesquisadores e, o grande enfoque ainda era o mercado acadêmico. As patentes eram o que de melhor deveria ser atingido pelos pesquisadores. Nos últimos anos, esse conceito tem mudado, só que essa informação ainda está um pouco longe das instituições de pesquisa. É um conceito que ainda não mudou por ser algo novo e que ainda está sendo lançado. Por causa disso, eu vejo que ainda existe uma barreira muito significativa nessa parceria universidade-empresa. justamente pela dificuldade em se aproximar.Falta informação tanto das instituições quanto das empresas em conhecer esse trâmite(...). Falta realmente um canal entre os dois. Esse seria o maior desafio. primeiro esclarecer as vantagens do procedimento e depois criar uma facilidade de acesso (E3).

Ou seja, para que haja a expansão da cooperação, deve haver antes uma disseminação da cultura de cooperação dentro de cada esfera. Outro resultado apresentado na pesquisa diz respeito à dificuldade encontrada na relação Universidade-Empresa quanto aos objetivos. Como ambas as partes buscam atingir seus objetivos que, às vezes, podem ser distintos, a etapa inicial de planejamento (ou a negociação) do projeto é algo que deve estar muito bem estruturado, para que a relação continue evoluindo e subindo seus degraus, corroborando com as ideias de Porto (2004).

É uma relação que, a meu ver, não é difícil, porém é uma relação delicada e estratégica. As empresas têm recursos financeiros, querem investir, porém querem o retorno. É uma relação 'ganha-ganha'. E, por isso, se torna delicada. Deve ser bem estruturada, sendo este o maior desafio da relação" (U4).

Dentre as barreiras, podemos destacar: afastamento do pesquisador em relação às atividades da indústria, ausência de mecanismos de estímulo à cooperação, menor tempo para desenvolver o projeto e a ênfase excessiva na pesquisa aplicada.

Diante dos resultados levantados, percebe-se que ambas as esferas não consideram possuir objetivos diferentes dificultando a relação, porém quanto ao alvo percebe-se que há um viés mínimo para a relação, o que já era esperado. As empresas buscam a pesquisa aplicada e o tempo de desenvolvimento para ela é considerado menor pelas universidades, uma vez que estão inseridas em um contexto de mercado, o que não ocorre com as universidades, pois desenvolvem tanto a pesquisa básica quanto a aplicada e o fator tempo não é determinante no desenvolvimento dos projetos, pois buscam apenas gerar conhecimento. Além disso, ambas as esferas consideraram que a ausência de mecanismos adequados de estímulo à cooperação, é uma forte barreira para a cooperação. Essa ausência faz com que o processo de cooperação não seja compreendido por todos, o que acaba gerando dúvidas quanto ao desenvolvimento de projetos cooperativos, ou seja, não conhecem o potencial da cooperação, contribuindo assim para a existência de desconfiança, o que dificulta muito todo o processo de cooperação.

Ainda destaca-se que na visão da empresa as universidades ainda são pouco flexíveis e burocráticas quanto ao processo de cooperação. Por outro lado, os coordenadores representantes das universidades não compartilham dessa visão, o que demonstra que as universidades estão passando por um processo de adequação, uma vez que o desenvolvimento de projetos em cooperação com empresas já é uma realidade, assim, a burocracia que ainda existe retarda o processo de cooperação.

Assim, é necessário trabalhar a esfera acadêmica quanto ao processo de cooperação. Nesse sentido, a pesquisa buscou ainda, analisar as barreiras dentro da esfera Universidade. Quando se questiona a relação Universidade-Empresa, percebe-se que seu desafio encontra-se na cultura que os agentes envolvidos possuem quanto ao sistema de cooperação, porém quando tratamos da relação Pesquisador-Pesquisador, também tem-se um problema cultural, muitas vezes pela falta de informação e também pelo paternalismo, quanto ao conhecimento gerado pelos pesquisadores.

"O maior problema, em desenvolver projetos entre pesquisadores é o ciúme gerado (problemas internos). Isso atrapalha cooperar com outros pesquisadores" (U4).

Facilitadores do processo de cooperação

Como a gestão da cooperação assume alguns pontos estratégicos para que o sucesso da relação seja atingido, buscou-se identificar quais seriam os fatores que, se presentes, influenciam positivamente a relação.

Observa-se que, no âmbito dos pesquisadores acadêmicos, os fatores podem ser divididos em três grandes grupos: Informações dos parceiros, disseminação de informações e apoio financeiro. Ou seja, para se ter um ambiente eficaz de cooperação, é preciso fornecer informações básicas sobre os parceiros, bem como disseminar o conhecimento e os resultados dos projetos desenvolvidos em parceria. Além disso, atuar junto aos órgãos de apoio à pesquisa a fim de fomentar os projetos cooperativos. Para tanto, também se torna importante divulgar informações sobre esses órgãos e seus editais para fomentar a pesquisa e a cooperação no setor cafeeiro. Resultado também observado pelo lado da empresa pesquisada, demonstrando um alinhamento quanto à necessidade das práticas a serem adotadas visando facilitar a relação.

Como descreve Etzkowitz e Leydesdorff em seu modelo de integração Hélice Tríplice, na relação Universidade-Empresa encontra-se a terceira Hélice que é o Governo, assim a pesquisa também buscou compreender e descrever melhor a atuação do governo na relação, visando justamente facilitar o processo de cooperação entre os pesquisadores do PEC e as empresas.

Corroborando com Segatto-Mendes, Etzkowitz e Leydesdorff, os resultados da pesquisa apontam o governo como o regulador da relação, no sentido de mediar e incentivar a pesquisa e a inovação, fornecer fundos iniciais para o desenvolvimento de projetos, além de atuar como um parceiro na relação e dividir os custos com a indústria e a universidade.

Desse modo, o governo torna-se uma hélice importante na relação Universidade-Empresa, porém percebe-se que ele não deve engessar a mesma, e sim, ser o elo de apoio e incentivo.

"O governo, eu creio que ele está começando a incentivar isso [relação Universidade-Empresa], como principal formador de opinião.A gente vê que essa tendência entre a pesquisa está nascendo, eu vejo principalmente em relação à Finep. Hoje para você aprovar um projeto tem de ser totalmente voltado para inovação, mercado e a interação com o mercado. Isso é uma forma de forçar os pesquisadores a olharem para o mercado. Em breve vários outros orgãos irão realizar isso também. Há um certo incentivo do governo, mas ainda está iniciando" (E3).

Assim, diante dos resultados busca-se um equilíbrio entre os fatores para que haja uma cooperação efetiva para contribuir com a construção de um ambiente propício ao desenvolvimento de projetos cooperativos. Ou seja, tanto as questões específicas da relação Universidade-Empresa, quanto a cultura de cooperar-se servem de base para gestão do processo de cooperação.

7. Considerações finais

A inovação é o elemento central e propulsor para a competitividade de qualquer setor produtivo, assim, o modelo da inovação aberta gera novas oportunidades para que os agentes centrais da cafeicultura se articulem e desenvolvam projetos e estratégias para um desenvolvimento sustentável do setor. Portanto, diante das discussões teóricas e do caso avaliado no PEC, observa-se que os mecanismos e fatores cooperativos identificados, vão ao encontro das expectativas prévias da pesquisa, apontando para uma necessidade de gerenciamento da cooperação com elevado potencial na difusão do conhecimento e geração de inovações. Assim, espera-se que tais fatores possam tornar a integração mais transparente e estimular a cooperação entre seus agentes no desenvolvimento de novos projetos, assim, espera-se que a cultura da cooperação seja de fato uma realidade. 

Desse modo, a hélice do governo precisa tomar certas medidas para que a cooperação aconteça e, tanto o conhecimento quanto a inovação gerada dentro das universidades sejam transferidos para a sociedade.

É importante buscar a simplificação do processo, para que o sistema possa ser amplamente utilizado e, dessa forma, a relação Universidade–Empresa-Governo seja de fato, estabelecida, através de medidas que busquem o encorajamento dessas uniões, medidas que muitas vezes envolvem, alterações culturais, o que pode tornar o processo, complexo e difícil.

É importante ressaltar, a partir da presente pesquisa, que é possível compatibilizar os interesses e as necessidades dos setores acadêmico, governamental e industrial, diante da adoção de práticas gerenciais flexíveis e eficientes que levem em conta as particularidades da gestão de projetos cooperativos.

Por fim, conclui-se com a pesquisa que o Polo de Excelência do Café e seus projetos estruturadores se configuram em um mecanismo de estímulo à cooperação, uma vez que pode ser visto como um catalisador da relação Universidade-Empresa-Governo, em que cada esfera 'conversa' em mesmo ambiente sendo, então, ao mesmo tempo um centralizador e disseminador de conhecimento. Espera-se que o trabalho desenvolvido possa ter contribuído, tanto com a estrutura do PEC, quanto com a geração de conhecimento existente sobre o tema, dando espaço para a continuação dos estudos voltados para a temática desenvolvida.

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1. Professora da Universidade Federal de Juiz de Fora, Campus Governador Valadares, Departamento de Administração. Email: nadia.carvalho@ufjf.edu.br
2. Professor adjunto da Universidade Federal de Lavras, Departamento de Administração e Economia.
3. Coordenadora-geral de impressa da Universidade Federal de Lavras.


Vol. 36 (Nº 22) Año 2015

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