Espacios. Vol. 36 (Nº 14) Año 2015. Pág. 7

Mapeamento do Estado da Arte do tema Avaliação de Desempenho direcionado para a Logística Lean

Mapping the State of the Art of Lean Logistic Performance Measurement

Mauricio Johnny LOOS 1; Carlos M. Taboada RODRIGUEZ 2

Recibido: 31/03/15 • Aprobado: 12/04/2015

Contenido

1. Introdução

2. Métodos

3. Resultados

4. Discussão

5. Considerações Finais

6. Referências

1. Introdução

Nos últimos anos, medição de desempenho organizacional e métricas têm recebido muita atenção dos pesquisadores e profissionais. O papel destas medidas e métricas para o sucesso de uma organização não pode ser exagerado, porque elas afetam o planejamento e controle estratégico, tático e operacional. E as métricas de desempenho têm um papel importante a desempenhar na definição de objetivos, avaliação de desempenho, e determinar as futuras linhas de ações. E as métricas de desempenho relativos ao SCM não tem recebido a devida atenção por parte dos pesquisadores ou profissionais (GUNASEKARAN, PATEL e MCGAUGHEY, 2004). A avaliação de desempenho fornece feedback sobre a qualidade de um projeto de concepção e / ou política operacional, e mais importante, sobre como melhorá-lo. Existem diferentes abordagens para avaliação de desempenho: análise comparativa, modelos analíticos e simulações (GU, GOETSCHALCKX e MCGINNIS, 2010).

Uma opção de investimento muito popular hoje em dia é a manufatura enxuta, que consiste em várias práticas de fabricação, incluindo foco do processo, puxar a produção, o desenvolvimento da qualidade, manutenção produtiva total, a melhoria contínua, a capacitação dos trabalhadores, desenvolvimento de fornecedores, dentre outros. O principal objetivo da manufatura enxuta é satisfazer as necessidades dos clientes sobre o nível mais alto possível através da eliminação de desperdícios. Algumas fontes de desperdícios são superprodução, produtos defeituosos, processos sub-otimizados, espera desnecessária, movimentação ou transporte e excesso de estoque (DEMETER e MATYUSZ, 2011). Muitas empresas olham para a melhoria contínua como uma ferramenta para aumentar a sua competitividade usando o gerenciamento da cadeia de suprimentos. Muitas empresas não conseguiram maximizar o potencial da sua cadeia de abastecimento, porque não conseguiram desenvolver as medidas de desempenho e métricas necessárias para integrar plenamente a sua cadeia de abastecimento, visando maximizar a eficácia e eficiência (GUNASEKARAN, PATEL e MCGAUGHEY, 2004).

No mundo de hoje, a gestão da cadeia de suprimentos é um fator estratégico fundamental para o aumento da eficácia organizacional e para a melhor realização dos objetivos organizacionais, tais como aumento da competitividade, melhor atendimento ao cliente e aumento da rentabilidade (GUNASEKARAN, PATEL e TIRTIROGLU, 2001). Melhorar o desempenho da cadeia de suprimentos tornou-se uma das questões cruciais para a obtenção de vantagens competitivas para as empresas (CAI et al., 2009). Nos últimos anos, uma série de empresas perceberam o potencial do gerenciamento da cadeia de suprimentos e na gestão de operações, no dia-a-dia. No entanto, elas muitas vezes não têm o discernimento para o desenvolvimento de medidas de desempenho eficazes e métricas necessárias para alcançar uma cadeia de suprimentos totalmente integrada, devido à falta de uma abordagem equilibrada e falta de distinção clara entre as métricas em níveis estratégicos, táticos e operacionais (GUNASEKARAN, PATEL, e TIRTIROGLU, 2001; HUDSON, LEAN e SMART, 2001). No contexto de uma cadeia produtiva dinâmica, melhorar continuamente o desempenho tornou-se uma questão crítica para a maioria dos fornecedores, fabricantes e varejistas relacionados para ganhar e manter a competitividade (CAI et al., 2009).

As empresas prospectivas hoje são dinâmicas; elas colaboram com fornecedores, clientes e até mesmo com os concorrentes; compartilham informações e conhecimento com o objetivo de criar uma cadeia de fornecimento colaborativa que seja capaz de competir (BAYRAKTAR, et al., 2009). Informações compartilhadas entre os parceiros da cadeia de suprimentos só podem ser plenamente aproveitadas através da integração de processos. A integração de processos significa o trabalho de colaboração entre compradores e fornecedores, desenvolvimento conjunto de produtos, sistemas comuns, e as informações compartilhadas (CHRISTOPHER, 2000).

Há um número de quadros conceptuais e discussões sobre medidas de desempenho da cadeia de suprimentos na literatura; no entanto, há uma falta de análise e estudos de caso empíricos sobre as métricas de desempenho e medições em um ambiente da cadeia de suprimentos (GUNASEKARAN, PATEL e MCGAUGHEY, 2004). O gerenciamento da cadeia de suprimentos representa uma das mudanças de paradigma mais significativas da gestão empresarial moderna, reconhecendo que as empresas individuais já não competem como entidades autônomas unicamente, mas sim como cadeias de abastecimento (Lambert e Cooper, 2000). Melhorar o desempenho da cadeia de abastecimento é um processo contínuo que requer, tanto um sistema de medição de desempenho analítico, e um mecanismo para iniciar as etapas para realização de objetivos de KPI (CAI et al., 2009). O desafio do gerenciamento da cadeia de suprimentos é o de procurar desenvolver estratégias "lean" até o ponto de acoplamento, mas estratégias "ágeis" para além desse ponto (CHRISTOPHER, 2000).

A literatura oferece muitas definições de cadeias de fornecimento, mas em geral pode-se dizer que a cadeia de abastecimento é um grupo de atores que desempenham papéis e processos específicos ligados uns aos outros por meio de bens, informações e fluxos de dinheiro, utilizando infra-estruturas específicas destinadas a cumprir o que o consumidor quer ao menor custo (VANDERVORST, 2000). Nos últimos anos, a gestão da cadeia de suprimentos (SCM) tornou-se um conceito de sucesso para a gestão dos processos logísticos entre empresas, nas cadeias e redes na indústria de fornecimento de valor agregado. A SCM conecta, alinha, e coordena os processos nas cadeias de fornecimento, bem como os fluxos de materiais e informações entre fornecedores e clientes (SCHNETZLER, SENNHEISER e SCHÖNSLEBEN, 2007).

O planejamento da cadeia de suprimentos é impulsionado por dois objetivos: (1) fazer uma boa previsão de demanda futura, e (2) coordenar as várias funções dentro de uma empresa e seus fornecedores e clientes (ZHOU e BENTON JR., 2007). O ambiente de negócios de hoje tornou-se um campo internacional em que as empresas têm para se destacar em desempenho logístico, ou seja, os mercados necessitam de resposta completa, produtos de alta qualidade e de alta confiabilidade do fornecimento em pequenas janelas de tempo com o menor custo (VLAJIC, VAN DER VORST E HAIJEMA, 2012). Embora existam muitos esforços em curso de investigação sobre vários aspectos e áreas da gestão da cadeia de suprimentos, até agora tem sido dada pouca atenção à avaliação de desempenho e, consequentemente, para as medidas e métricas de cadeias de fornecimento (GUNASEKARAN, PATEL e TIRTIROGLU, 2001).

Neste contexto, para o tema Avaliação de Desempenho em relação a Logística Lean, essa pesquisa busca responder as perguntas: i) Quais os artigos mais relevantes em relação à Avaliação de Desempenho direcionados para a Logística Lean? e ii) Quais os mais destacados artigos, autores, periódicos e seus respectivos fatores de impacto, e palavras-chave, sobre este tema? Com o propósito de responder às perguntas da pesquisa, tem-se como objetivo deste trabalho promover um mapeamento das publicações sobre o tema Avaliação de Desempenho direcionado para a Logística Lean. O objetivo divide-se em duas etapas: a) evidenciar um conjunto de artigos (portfólio bibliográfico) com reconhecimento científico, alinhados à visão dos pesquisadores sobre o tema "Avaliação de Desempenho direcionado para a Logística Lean"; e b) estabelecer os mais destacados autores, periódicos e palavras-chave sobre este tema. Para cumprir estes objetivos, o trabalho primeiramente estabelece os métodos, seguido pelos resultados, dados por meio da análise bibliométrica, discussão e, finalmente, suas considerações finais.

2. Métodos

Esta seção pretende enquadrar o presente trabalho científico, dando-lhe sustentação metodológica e possibilitar aos leitores uma contextualização sob qual ótica a pesquisa foi delineada e executada para atingir seus objetivos e resultados finais, dividindo-se em seis subseções: a) o objetivo da pesquisa; b) a lógica da pesquisa; c) o processo da pesquisa; d) o resultado da pesquisa; e) os procedimentos técnicos; e f) o instrumento de intervenção a ser utilizado na pesquisa.

A análise, descrição ou a explicação dos procedimentos e abordagens utilizadas para a pesquisa, visando especificar o conjunto de métodos de pressupostos filosóficos ou disciplinas, os quais fundamentam os temas ou finalidades que explicam ou esclarecem o estudo particular para o método científico é denominado de enquadramento metodológico (TASCA et al., 2010; ROSA et al., 2011). Em relação a natureza de seu objetivo, a presente pesquisa, caracteriza-se como exploratório-descritiva. Exploratória, pois objetiva construir no pesquisador o conhecimento acerca do tema, através do processo de seleção e análise dos artigos científicos publicados em periódicos, a partir das delimitações impostas pelos pesquisadores. Descritiva, devido descrever as características dos artigos que compõem o Portfólio Bibliográfico, por meio da bibliometria, discorrendo sobre os artigos com maior reconhecimento científico, os autores de maior destaque, os periódicos que mais publicaram sobre o tema e seus respectivos fatores de impacto, e as palavras-chaves mais citadas (GIL, 1999). Em relação à natureza do artigo, classifica-se como teórica ilustrativa, devido pretender consolidar informações da literatura sobre avaliação de desempenho em um determinado tema, nesse caso, Logística Lean, orientando a prática e os passos a serem seguidos durante a pesquisa (ALAVI e CARLSON, 1992).  Quanto a lógica, a pesquisa caracteriza-se como indutiva, devido gerar conhecimento acerca de um tema de pesquisa, cujo pesquisador não possui respostas e decide buscá-las (IUDÍCIBUS, 2004). O conhecimento é construído por meio da seleção do Portfólio Bibliográfico, pela identificação dos artigos mais alinhados com a percepção dos autores e, também, pela identificação dos artigos, periódicos, autores e palavras-chave de maior destaque dentro do Portfólio Bibliográfico. A coleta de dados da pesquisa utilizará tanto dados primários quanto dados secundários. A utilização dos dados primários é caracterizada pelas próprias delimitações estabelecidas pelos pesquisadores ao longo do processo de seleção do Portfólio Bibliográfico. Já, os dados secundários, dão-se a partir da dos resultados das análises dos artigos do Portfólio Bibliográfico e das referências constantes dos artigos do Portfólio Bibliográfico (RICHARDSON, 1999). Quanto à abordagem do problema, o trabalho é caracterizado tanto como qualitativo e quantitativo. Qualitativo devido a seleção dos artigos, que farão parte do Portfólio Bibliográfico, para a geração de conhecimento sobre o tema no pesquisador. Quantitativo, devido coleta e análise dos dados por meio da análise bibliométrica (RICHARDSON, 1999). Evidencia-se, devido a intenção de gerar conhecimento para aplicação à solução de problemas específicos, coletando-se dados com base em procedimentos estruturados e analisando-os segundo metodologias estruturadas, o resultado da pesquisa como sendo aplicada. Por ter sido realizada a partir da análise de publicações científicas, com contribuição de diferentes autores sobre o tema, cuja disponibilização é realizada por meio das bases de dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), sendo reconhecidas no domínio científico, a pesquisa é caracterizada como bibliográfica, quanto aos procedimentos técnicos (GIL, 1999; SÁ-SILVA et al., 2009).

Para o mapeamento do estado da arte, o instrumento de pesquisa utilizado foi o Knowledge Development Process Constructivist (ProknowC), proposto por Ensslin et al. (2010) e Ensslin et al. (2012). O processo ProKnow-C é composto de quatro etapas: 1) seleção do portfólio bibliográfico que proporcionará a revisão de literatura; 2) análise bibliométrica do portfólio bibliográfico; 3) análise sistêmica do portfólio bibliográfico; e 4) elaboração dos objetivos de pesquisa. Nesta pesquisa, utiliza-se das duas etapas iniciais: a seleção do portfólio de artigos sobre o tema de pesquisa e a análise bibliométrica.

Seleção do portfólio bibliográfico

A seleção do portfólio de artigos permite selecionar um Portfólio Bibliográfico, composto pelos artigos considerados mais relevantes na área de conhecimento relativa ao tema da pesquisa, alinhados com a percepção do pesquisador, alinhamento este representado pelas delimitações que o pesquisador estabelece para a pesquisa.  Essa seleção do portfólio de artigos é desenvolvido através de duas etapas: a) a seleção dos artigos nas bases de dados, compondo o Banco de Artigos Brutos; e b) a filtragem dos artigos selecionados com base no alinhamento com o tema da pesquisa. O resultado da seleção do portfólio de artigos é um conjunto de artigos considerados relevantes pelo pesquisador e que estejam alinhados com o tema da pesquisa. Este conjunto de artigos é denominado Portfólio Bibliográfico (ENSSLIN et al., 2010; AFONSO et al., 2011; BORTOLUZZI et al., 2011; LACERDA, ENSSLIN, ENSSLIN, 2012).

Seleção do Banco de Artigos Brutos

A fim de definir o banco de artigos brutos, parte-se da determinação dos eixos da pesquisa, conforme a percepção do pesquisador. Neste trabalho, tem-se dois eixos de pesquisa: a) Avaliação de Desempenho, que corresponde ao tema central do trabalho e b) Logística Lean, relacionada a aplicação do primeiro eixo.

A seleção do Banco de Artigos Bruto é composta por:

a) Definição das palavras-chave: "Performance Measurement", "Performance Evaluation", "Performance Assessment" e "Performance Measure Indicators"; "Lean Logistics", "Internal Logistics", "Logistics Operations", "Industrial Logistics", "Material Handling" e "Warehouse".

b) Definição dos bancos de dados: EBSCO, Scopus, Engeneering Village, ISI Web of Knowledge, Wiley, Proquest e Science Direct. Referente ao conteúdo dessas 7 bases de dados, registra-se que foi efetuada a busca pelas 24 combinações de palavras-chave, utilizando os campos título (article title), o resumo (abstract) e as palavras-chave (keywords). A delimitação temporal é de 14 anos (2000 a setembro de 2014) e publicações do tipo Journal Article.

c) Levantamento dos artigos nos bancos de dados com as palavras-chave: após conclusão da busca das 10 palavras-chave nas 7 bases de dados, foram selecionadas 776 publicações para compor o portfólio denominado Banco de Artigos Bruto.

Filtragem do banco de artigos brutos

No processo de filtragem do Banco de Artigos Brutos, analisaram-se as 776 publicações quanto aos seguintes aspectos: a) artigos repetidos; b) títulos dos artigos alinhados ao tema de pesquisa; c) artigos com reconhecimento científico; d) resumos alinhados ao tema de pesquisa; e, e) texto integral dos artigos alinhados com o tema da pesquisa.

Usou-se da biblioteca Endnote para a importação das publicações selecionadas nas bases de dados pesquisadas. Após importação, encontrou-se 39 publicações que não são artigos. Com a eliminação dessas publicações restaram 737 artigos. Na análise da redundância foram removidos 142 artigos duplicados, restando 595 artigos no Banco de Artigos Bruto.

Analisando o alinhamento do título em relação ao tema da pesquisa, foi detectada uma grande quantidade de artigos (297) que estavam fora do escopo da pesquisa. Assim, restaram 298 artigos não duplicados e com título alinhado ao tema de pesquisa, que foram submetidos à análise quanto ao reconhecimento científico no Google Scholar. Para fins dessa análise, entende-se por reconhecimento científico de um artigo como sendo o número de citações encontradas para o artigo após consulta ao Google Scholar. Nesta etapa, os artigos foram divididos em dois grupos:

a) primeiro grupo com reconhecimento científico; e b) segundo grupo sem reconhecimento científico.

No primeiro grupo, foram selecionados 72 artigos, os quais correspondiam a 80% do total das citações de todos os artigos, ficando esse ponto de corte em no mínimo 60 citações. Esses 72 artigos foram submetidos à análise do alinhamento do resumo em relação ao tema de pesquisa. Restaram 32 artigos não duplicados, com reconhecimento científico e com título e resumo alinhado ao tema da pesquisa.

No segundo grupo composto por 226 artigos, encontrou-se 115 artigos publicados há mais de dois anos, e, em 7 desses os autores tinham artigos selecionados no portfólio do referencial (32 artigos acima colocados). Para esses efetuou-se a análise do alinhamento do resumo em relação ao tema de pesquisa, e 4 estavam com os resumos alinhados. Esses 4 foram selecionados para prosseguirem nas análises, sendo os outros 3 descartados juntamente dos 108 artigos que não estavam no banco de autores. Com isso chegou-se, num primeiro momento, a 36 artigos com o título e resumo alinhados ao tema de pesquisa.

Dando prosseguimento, entre os 226 artigos, verificou-se que 111 artigos foram publicados recentemente (entre os anos de 2012 à 2014), possuindo potencial para reconhecimento científico futuro. Desses, foram selecionados os artigos que possuíam mais de 20 citações (20), e esses 20 artigos foram submetidos à análise do alinhamento do resumo em relação ao tema de pesquisa, restando desta análise 4 artigos com resumo alinhado, sendo que esses 4 foram incluídos aos 36 artigos com título/resumo alinhados. Assim sendo, obteve-se 40 artigos não repetidos, com título e resumo alinhados, e com reconhecimento científico.

Em seguida, os 40 artigos selecionados foram analisados em relação ao alinhamento do texto integral com o tema de pesquisa. Dos 40 artigos, todos possuíam texto completo disponível no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Esses artigos tiveram seus textos analisados na íntegra e, então, 21 artigos foram excluídos por não estarem alinhados. Os outros 19 artigos foram considerados constituintes de parte do Portfólio Bibliográfico dos artigos relevantes e alinhados ao tema.

Com o propósito de testar a exaustividade dos 19 artigos do portfólio, esses foram submetidos ao teste de representatividade. Na análise das referências dos 19 artigos, foram constatados 1.331 artigos, para os quais foram identificadas o número de citações no Google Scholar. Foram encontrados 7 artigos que representam 30% das citações, dos artigos das referências que estavam com os títulos alinhados. Desses 7 artigos, todos possuíam texto completo disponível no Portal da Capes, e, um deles era repetido quanto aos 19 selecionados anteriormente. Para os 6 artigos restantes, procedeu-se a leitura integral e se constatou que 3 artigos estavam alinhados, os quais foram incorporados aos 19 artigos do Portfólio Bibliográfico inicial e passaram a constituir o Portfólio Bibliográfico final.

Portanto, o processo de filtragem resultou em um Portfólio Bibliográfico formado por 22 artigos (Apêndice 1).

3. Resultados

Apresenta-se a análise das características dos artigos que formaram o Portfólio Bibliográfico alinhado ao tema: Avaliação de Desempenho direcionada para Logística Lean, em termos da seleção dos mais destacados artigos, autores, periódicos e as palavras-chave mais utilizadas no assunto.

Análise bibliométrica

A análise bibliométrica consiste na aplicação de métodos matemáticos e estatísticos de um conjunto definido de artigos para a gestão da informação e do conhecimento científico do tema de pesquisa (AFONSO et al., 2011; ENSSLIN et al., 2012). Para tanto, a análise bibliométrica do Portfólio Bibliográfico foi desenvolvida em quatro etapas: a) avaliar o grau de relevância dos periódicos; b) avaliar o reconhecimento científico dos artigos; c) estimar o grau de relevância dos autores; e d) avaliar as palavras-chave mais utilizadas. Para cada uma das etapas acima colocadas, com exceção das palavras-chave mais utilizadas, as análises seguem a seguinte ordem: a) análise bibliométrica dos artigos do Portfólio Bibliográfico; b) análise bibliométrica das referências dos artigos do Portfólio Bibliográfico; c) análise bibliométrica do conjunto formado pelos artigos e suas referências.

Ressalta-se que, para análise bibliométrica, foi composto um conjunto de dados assim distribuídos: 22 artigos que formam o Portfólio Bibliográfico e 1.331 artigos das referências bibliográficas do tipo Journal Article encontradas nos artigos do Portfólio Bibliográfico.

Estimar o grau de relevância dos periódicos: a primeira análise busca identificar em qual periódico foi publicado o maior número de artigos dentre aqueles que compõem o Portfólio Bibliográfico. Encontrou-se 11 periódicos diferentes, evidenciando-se entre eles o periódico International Journal of Production Economics, com 6 artigos publicados (Figura 1).

Figura 1. Relevâncias dos periódicos no Portfólio Bibliográfico.
Fonte: Elaborada pelos autores (2014).

A segunda análise evidencia os periódicos com maior número de artigos dentre os citados nas referências do Portfólio Bibliográfico. As referências dos artigos do Portfólio Bibliográfico foram publicadas em 309 periódicos diferentes, e destaca-se o periódico Journal of Operations Management, com 84 artigos, seguido pelo periódico International Journal of Production Economics, com 73 artigos (Figura 2).

Figura 2. Relevância dos Periódicos nas Referências dos Artigos do Portfólio Bibliográfico.
Fonte: Elaborada pelos autores (2014).

A terceira análise compara a relevância dos periódicos dos artigos do Portfólio Bibliográfico e a relevância dos periódicos das referências dos artigos do Portfólio Bibliográfico, ressaltando-se que: a) o periódico International Journal of Production Economics apresenta destaque no Portfólio e nas referências; b) os periódicos Journal of Operations Management e International Journal of Operations and Production Management apresentam destaque nas referências do Portfólio Bibliográfico; c) não encontrou-se periódico que apresenta destaque no Portfólio Bibliográfico; e d) entre os periódicos presentes nos artigos e também nas referências, destacam-se: IIE Transactions, e também,  European Journal of Operational Research (Apêndice 2).

O periódico de destaque, International Journal of Production Economics (IJPE), concentra-se em temas que tratam da interface entre a engenharia e gestão. Todos os aspectos relacionados às indústrias de fabricação e processo, bem como a produção em geral são abrangidos. A revista é interdisciplinar por natureza, considerando os ciclos inteiros de atividades, tais como o ciclo de vida do produto - investigação, concepção, desenvolvimento, teste, lançamento, disposição – e o ciclo de fluxo de material - fornecimento, produção, distribuição. O objetivo final da revista é disseminar o conhecimento para melhorar a prática industrial e para fortalecer a base teórica necessária para apoiar a tomada de decisões. Ela fornece um fórum para a troca de ideias e a apresentação de novos desenvolvimentos na teoria e aplicação, para que a engenharia e tecnologia atendam o ambiente empresarial e econômico em que a indústria opera. A revista combina os altos padrões de uma abordagem acadêmica tradicional, com o valor prático de aplicações industriais (International Journal of Production Economics, 2014).

Estimar o grau de reconhecimento científico dos artigos: o Google Scholar permite consultar a determinação do número de citações para os artigos do Portfólio Bibliográfico, bem como as suas referências, evidenciando o reconhecimento científico.

Na primeira análise, ao avaliar o reconhecimento científico dos artigos do Portfólio Bibliográfico, evidencia-se os artigos: "Performance measures and metrics in a supply chain environment", de Gunasekaran, A.; Patel, C. e Tirtiroglu, E., com 1.321 citações; "The Agile Supply Chain: Competing in Volatile Markets", de Christopher, M., com 1.270 citações; "A framework for supply chain performance measurement", de Gunasekaran, A.; Patel C. e McGaughey, R.E., com 1.131 citações; e "Towards a theory of supply chain management: the constructs and measurements", de Chen, I. J. e Paulraj, A., com 1.035 citações (Apêndice 3).

A segunda análise objetivou identificar o reconhecimento científico dos artigos do Portfólio Bibliográfico nas referências presentes nos artigos do Portfólio Bibliográfico. Destaca-se, nessa etapa, os artigos "A framework for supply chain performance measurement" de Gunasekaran, A.; Patel C. e McGaughey, R.E., com 6 citações (Apêndice 4).

A terceira análise compara o número de citações do artigo do Portfólio Bibliográfico e o número de citações obtidas pelo autor mais citado de cada um dos artigos nas referências do Portfólio Bibliográfico, com base no Google Scholar. Verificou-se que:  a) um artigo apresenta destaque no Portfólio Bibliográfico, sendo os autores: Chen, I. J. e Paulraj, A. (2004); b) três artigos de destaque do Portfólio Bibliográfico foram realizados por autores de destaque das referências do Portfólio Bibliográfico, sendo esses: Gunasekaran, A.; Patel, C. e Tirtiroglu, E. (2001); Christopher, M. (2000) e Gunasekaran, A.; Patel C. e McGaughey, R.E. (2004); e, c) os artigos de Gu, J.; Goetschalckx, M. e McGinnis, L. F. (2010); e, Bayraktar, E.; Demirbag, M.; Koh, S. C. L.; Tatoglu, E. e H. Zaim (2009) foram realizados por autores de destaque nas referências do Portfólio Bibliográfico (Apêndice 5).

Estimar o grau de relevância dos autores: procedeu-se à primeira análise buscando destacar quais os autores de relevância dentre os 55 autores dos artigos do Portfólio Bibliográfico. Ressaltam-se os autores Gunasekaran, A. e Patel, C. com participação em 2 artigos do Portfólio Bibliográfico. Os demais 53 autores possuem participação com apenas 1 artigo no Portfólio Bibliográfico (Apêndice 6).

A segunda análise busca identificar quais os autores de maior relevância dentre os 1.671 autores das referências dos artigos do Portfólio Bibliográfico. Encontra-se, portanto, o autor de maior relevância: Towill, D. R., com 21 artigos publicados (Figura 3).

Figura 3. Autores de destaque nas referências do Portfólio Bibliográfico.
Fonte: Elaborada pelos autores (2014).

A terceira análise evidencia os autores com maior participação no portfólio e suas referências. Portanto, tem-se: a) 2 autores como destaque: Gunasekaran, A. e Patel, C. possuem 2 artigos no Portfólio Bibliográfico; e b) desses destaca-se Gunasekaran, A., autor de 11 artigos nas referências do Portfólio Bibliográfico (Apêndice 7).

A quarta análise compara o número de artigos realizados pelos autores do Portfólio Bibliográfico e o número de artigos de cada autor nas referências do Portfólio Bibliográfico. Destaca-se (Figura 4): a) Gunasekaran, A.; Patel, C.; Koh, S. C. L.; McGinnis, L. F.; Christopher, M. são os autores de destaque nas referências do Portfólio Bibliográfico. Não há autores de destaque no Portfólio Bibliográfico, e não há autores de destaque no Portfólio Bibliográfico e nas referências do Portfólio Bibliográfico.

Figura 4. Autores de destaque no Portfólio Bibliográfico.
Fonte: Elaborada pelos autores (2014).

Nota: a) Gunasekaran, A.; b) Patel, C.; c) Koh, S. C. L.; d) McGinnis, L. F.; d) Christopher, M.; e) Cheng, T. C. E.; e) McGaughey, R. E.; f) Van Hoek, R. I.; f) Van Der Vorst, J. G. A. J.; g) Kim, S. W.; g) Bhagwat, R.; g) Demirbag, M.; g) Sharma, M. K.; g) Tatoglu, E.; h) Paulraj, A.; h) Wong, C. W. Y.; i) Lee, Y. H.; i) Tirtiroglu, E.; i) Gu, J.; i) Chen, I. J.; i) Bayraktar, E.; j) Matyusz, Z.; j) McGinnis, L.; j) Angelides, M. C.; j) Carvalho, H.; j) Zaim, H.; j) Liu, J.; j) Vlajic, J. V.; j) Tan, K. H.; j) Demeter, K.; j) Angerhofer, B. J.; j) Johnson, A.; k) Sennheiser, A.; k) Dües, C. M.; k) Liu, X.; k) Goetschalckx, M.; k) Schnetzler, M. J.; k) Suresh, N. C.; k) Cho, D. W.; k) Haijema, R.; k) Ahn, S. H.; k) Machado, V. Cruz; k) Gruat La Forme, F.-A.; k) Braunscheidel, M. J.; k) Zhou, H.; k) Hwang, M. K.; k) Lim, M.; k) Cai, J.; k) Schönsleben, P.; k) Azevedo, S. G.; k) Campagne, J.-P.; k) Genoulaz, V. B.; k) Benton Jr, W. C.; k) Lai, K.-h.; k) Xiao, Z..

Análise do Fator de Impacto dos Periódicos do Portfólio Bibliográfico: o Fator de Impacto, Journal Citation Reports (JCR) é uma medida que reflete o número médio de citações de artigos científicos publicados em determinado periódico (Web of Knowledge, 2012). E, o indicador Scientific Journal Ran Kings (SJR), desenvolvido pelo SCImago Journal & Country Rank, refere-se numa medida de visibilidade das revistas científicas (dados a partir de 1996), ou seja, mede a "influência científica" média dos artigos de uma revista (SCImago, 2007).

Assim, a primeira análise buscou evidenciar a relevância do assunto dentre os 11 periódicos que compõe o Portfólio Bibliográfico. Destacam-se com maior fator de impacto os periódicos: "Journal of Operations Management" com JCR de 4.478; e "Journal of Cleaner Production" com JCR correspondente a 3.590 (Apêndice 8).

A segunda análise busca evidenciar o indicador SJR nos artigos do Portfólio Bibliográfico, ou seja, a influência científica para o tema desta pesquisa. Destaca-se o "Journal of Operations Management", com maior fator de impacto, tendo o SJR de 5.872, seguido do periódico "European Journal of Operational Research" com SJR de igual a 2.595 (Apêndice 9).

A terceira análise visa à representatividade do fator de impacto dos periódicos do Portfólio Bibliográfico. Destacam-se: a) o periódico "Journal of Operations Management" como destaque em JCR e SJR; b) o periódico "Journal of Cleaner Production" como destaque em JCR; c) o periódico "European Journal of Operational Research" como destaque apenas em SJR; d) o periódico "Decision Support Systems" é destaque para o tema da pesquisa (Apêndice 10).

Estimar as palavras-chave mais utilizadas: esta análise buscou evidenciar quais as palavras-chaves mais utilizadas nos artigos do Portfólio Bibliográfico. Foram identificadas 72 palavras-chaves utilizadas 91 vezes no Portfólio Bibliográfico. Desse total, 8 foram utilizadas duas vezes ou mais, evidenciando-se que as palavras-chave mais utilizadas foram "Supply chain management", aparecendo 9 vezes no Portfólio Bibliográfico; a palavra-chave "Performance measurement" aparece 5 vezes; "Supply chain" aparece 3 vezes; "Case studies", "Metrics", "Lean", "Framework" e "Supply chain integration" aparecem 2 vezes (Figura 5). Nessa análise realizou-se a comparação entre as palavras-chave definidas para o tema de pesquisa e aquelas encontradas no Portfólio Bibliográfico.

Figura 5. Palavras-chave mais utilizadas no Portfólio Bibliográfico.
Fonte: Elaborada pelos autores (2014).

Destacam-se na Figura 5, pelas linhas pontilhadas, aquelas palavras chave que foram definidas para o tema de pesquisa que estavam presentes no Portfólio Bibliográfico. Encontraram-se duas das dez palavras-chave definidas para o tema da pesquisa, dentre aquelas do Portfólio Bibliográfico utilizadas duas vezes ou mais.

4. Discussão

A bibliometria trata-se de uma técnica quantitativa e estatística que permite medir índices de produção e disseminação do conhecimento, acompanhar o desenvolvimento de diversas áreas científicas e os padrões de autoria, publicação e uso dos resultados de investigação (OKUBO, 1997; ARAÚJO, 2006). A avaliação da produção científica, fator primordial para o reconhecimento dos investigadores junto da comunidade científica, nacional e internacional, e das agências financiadoras, faz-se através da aplicação de diversos indicadores bibliométricos (SANCHO, 2002).

Inicialmente voltada para a medida de livros (quantidade de edições e exemplares, quantidade de palavras contidas nos livros, espaço ocupado pelos livros nas bibliotecas, estatísticas relativas à indústria do livro), aos poucos foi se voltando para o estudo de outros formatos de produção bibliográfica, tais como artigos de periódicos e outros tipos de documentos, para depois ocupar-se, também, da produtividade de autores e do estudo de citações (ARAÚJO, 2006).

Nesse contexto, o resultado exposto sobre o mapeamento do estado da arte do tema (Avaliação de Desempenho direcionada para Logística Lean) possibilitou as condições para desenvolver a análise bibliométrica. A utilização conjunta dos dois eixos teóricos Avaliação de Desempenho e Logística Lean, sustentou e alinhou a pesquisa de forma exploratória a atender o objetivo geral de construir conhecimento.

Justificando o alinhamento dos resultados apresentados, e, através do aprofundamento nos artigos envolvidos no desenvolvimento do trabalho, entende-se que:

De acordo com Azevedo, Carvalho e Machado (2011), o desempenho da cadeia de suprimentos pode ser visto a partir das perspectivas operacionais, econômicas e ambientais. Em termos operacionais, as medidas de desempenho propostas são "qualidade" e "satisfação do cliente"'. A partir da perspectiva econômica, as medidas recomendadas são "custo", "custo ambiental" e "eficiência". Finalmente, do ponto de vista ambiental, a medida utilizada é "desperdício de negócios". Os níveis de gerenciamento, conforme Ballou (2004), podem ser no nível estratégico, o qual lida com decisões que têm um efeito de planejamento de longo prazo sobre a empresa. Isso inclui as decisões de gestão de nível superior em relação a concepção do produto, seleção de fornecedores e parcerias estratégicas, refletindo muitas vezes a investigação de políticas de base ampla, planos financeiros das empresas, a competitividade e nível de adesão às metas organizacionais; no nível tático, que inclui decisões que normalmente são atualizadas em qualquer lugar entre uma vez por trimestre e uma vez a cada ano. Estas incluem políticas de estoque, alocação de recursos e medição do desempenho em relação às metas a serem cumpridas a fim de alcançar resultados especificados no nível estratégico; e no nível operacional refere-se à decisões do dia-a-dia como o agendamento, o tempo necessário e roteirização. A medição neste nível requer dados precisos e avalia os resultados das decisões dos gestores de nível baixo.

A empresa precisa ter indicadores para avaliar a sua flexibilidade, reatividade, confiabilidade e rentabilidade (GRUAT LA FORME, GENOULAZ e CAMPAGNE, 2007):

1. No nível estratégico, a empresa considera a estratégia e as restrições de seus fornecedores para elaborar sua estratégia de oferta e estoques.
2. No nível tático, a empresa inclui limitações de seus fornecedores em seu planejamento de reabastecimento.
3. No nível operacional, a empresa é capaz de fornecer informações sobre o seu fluxo de produto à pedido dos seus fornecedores.

A avaliação de desempenho é importante tanto para projeto de armazenamento e operação. Avaliando o desempenho de um armazém em termos de custo, produtividade, utilização de espaço e serviço fornece feedback sobre como um projeto específico ou política operacional executa em comparação com os requisitos, e como ela pode ser melhorada (GU, GOETSCHALCKX e MCGINNIS, 2010). As métricas que são usadas na medição e melhoria de desempenho devem ser aquelas que realmente captam a essência do desempenho organizacional. Um sistema de medição deve facilitar a atribuição de métricas para onde seria mais adequada. Para a medição de desempenho eficaz e melhoria, metas de medição devem representar os objetivos organizacionais e métricas selecionadas devem refletir um equilíbrio entre as medidas não-financeiras e financeiras, que podem ser relacionados aos níveis estratégico, tático e operacional da tomada de decisão e controle (GUNASEKARAN, PATEL e MCGAUGHEY, 2004). Na prática, uma vez que as medidas de desempenho da cadeia de suprimentos são desenvolvidas de forma adequada, os gestores têm de identificar os KPIs críticos que precisam ser melhorados. No entanto, é difícil descobrir as intrincadas relações entre diferentes KPIs e a ordem de prioridades para a realização de KPIs individuais. Por uma questão de fato, a determinação de prioridades dentro de um determinado conjunto de KPIs tornou-se um gargalo para muitas empresas em seus esforços para melhorar sua gestão da cadeia de suprimentos (CAI et al., 2009).

Através do desenvolvimento de um alto nível de integração do SC, os fabricantes são capazes de identificar e eliminar atividades que não agregam valor, e, posteriormente, reforçar as capacidades de qualidade do produto e confiabilidade de entrega, proporcionando assim uma base para o crescimento das vendas (ROSENZWEIG et al., 2003). Drogeetal (2004) indica que a extensão do uso de práticas de integração interna e externa tem um efeito positivo sobre os fatores de flexibilidade, como o tempo de desenvolvimento de produtos (time-to-market), o tempo de ciclo do produto (time-to-product) e capacidade de resposta. A estratégia da cadeia de suprimentos define-se como um conjunto de objetivos priorizados, ou seja, as prioridades estratégicas, e uma maneira de operacionalizá-las, ou seja, determinar as medidas necessárias, a fim de construir e capitalizar sobre os chamados potenciais de sucesso de logística que pode potencialmente resultar no desempenho do negócio de sucesso (SCHNETZLER, SENNHEISER e SCHÖNSLEBEN, 2007).

Em uma de suas pesquisas, Zhou e Benton Jr. (2007), concluíram:

1. partilha de informação eficaz aumenta significativamente a prática da cadeia de abastecimento eficaz;
2. o dinamismo da cadeia de abastecimento tem influência positiva e significativa sobre o compartilhamento de informações;
3. o dinamismo da cadeia de abastecimento tem influência positiva sobre a prática da cadeia de suprimentos, mas não tanto quanto na troca de informações;
4. o compartilhamento de informações eficaz e prática da cadeia de abastecimento eficaz tem influência significativa no desempenho de entrega;
5. quanto maior o nível de compartilhamento de informações, mais importante é a prática da cadeia de abastecimento em se obter um desempenho superior.

A agilidade também foi definida, no contexto de desembaraçar o enxuto e a agilidade, como a capacidade de mudar de forma eficiente os estados operacionais em resposta às condições de incerteza e mudança de Mercado (BRAUNSCHEIDEL e SURESH, 2009). O mercado sensível significa que a cadeia de abastecimento é capaz de ler e responder a demanda real. A maioria das organizações estão orientadas pelas previsões, em vez de orientadas pelas demandas. Em outras palavras, porque elas têm pouca informação direto do mercado por meio de dados sobre as necessidades reais dos clientes, elas são forçadas a fazer previsões com base nas vendas ou remessas passadas, e converter estas previsões em estoques (CHRISTOPHER, 2000). Em nossa opinião, cadeia de suprimentos robusta é uma propriedade desejada para se ter performances. Isso é extremamente importante porque o ambiente de negócios de hoje é caracterizado por exigências em relação performances sólidas (por exemplo, pedidos de fornecimento confiável e maior qualidade do produto aumentando níveis dentro menor tempo de entrega) (VLAJIC, VAN DER VORST E HAIJEMA, 2012).

Conforme Angerhofer e Angelides (2006), as medidas podem ser:

1. Medidas de Recursos, que geralmente medem os custos, contribuirão para a melhoria do desempenho da cadeia de suprimentos por minimizar os custos, ou se medir a eficiência. Ajudam a melhorar o desempenho da cadeia de suprimentos, maximizando a utilização de recursos.
2. Medidas de saída, que medem as saídas de uma cadeia de suprimentos, tentam fornecer meios para otimizar o desempenho.
3. Medidas de flexibilidade, são usadas para medir a capacidade da cadeia de abastecimento para lidar com o volume e variações de agendamento de clientes, bem como fornecedores.

Uma vez que os KPIs críticos foram identificados e selecionados de forma eficaz, outro desafio difícil é coordenar as etapas paralelas exigidas pela realização de melhoria em um KPI identificado (CAI et al., 2009). Um pequeno desvio de um KPI da norma representa uma pequena perturbação. Ao nível do processo, geralmente, representa uma variação aceitável no resultado do processo e é considerado como parte do "negócio normal". Um grande desvio de um KPI da norma representa uma grande perturbação, isto é, o processo é realizado apenas parcialmente. Os valores extremos de processo de KPIs representam um fracasso da execução do processo (VLAJIC, VAN DER VORST E HAIJEMA, 2012). A determinação da importância de medidas de desempenho individual é outro desafio para os decisores da cadeia de suprimentos. Especificamente, há duas questões difíceis que gestores enfrentam enquanto da implementação de um sistema de medição de desempenho bem construído (CAI et al., 2009). As organizações exigem agilidade em suas cadeias de fornecimento para fornecer o valor superior, bem como para gerenciar riscos de interrupção e garantir um serviço ininterrupto aos clientes (BRAUNSCHEIDEL e SURESH, 2009).

Um dos objetivos fundamentais da manufatura enxuta é eliminar excesso de estoques como forma de desperdícios. Outras fontes de resíduos também afetam o nível e volume de negócios de estoques. Sobre a produção, por exemplo, significa que a empresa produz mais produtos do que o esperado, o que resulta em altos estoques de produtos acabados que passam muito tempo no armazém ou nunca poderão ser vendidos (DEMETER e MATYUSZ, 2011).

A empresa mostra comportamento colaboração pró-ativo quando (GRUAT LA FORME, GENOULAZ e CAMPAGNE, 2007):

1. No nível estratégico, a empresa anuncia as informações relacionadas à sua estratégia de sourcing, metas para os seus fornecedores, a fim de melhorar o desempenho de alimentação;
2. No nível tático, a empresa compartilha seu planejamento de abastecimento projetado com os seus fornecedores, a fim de validá-lo com eles;
3. No nível operacional, a empresa compartilha sistematicamente informações sobre seus estoques com os seus fornecedores, a fim de sincronizar e otimizar o fluxo de abastecimento.

O benefício de tal integração do SCM pode ser alcançado através de ligação eficiente entre várias atividades do SC, e a ligação deve ser sujeita à efetiva construção e utilização de várias práticas do SC para a cadeia de suprimentos integrada (KIM, 2009). Morash (2001) classifica as capacidades da cadeia de suprimentos como as capacidades do lado da oferta e capacidades do lado da procura. Ele alega que as capacidades do lado da oferta com foco na excelência operacional, incluindo a tecnologia baseada em tempo (por exemplo, JIT) ou lean, pode suportar capacidades competitivas de liderança de custo global e altos níveis de tecnologia de marketing. Já os recursos do lado da procura com foco na proximidade do cliente, com base em infra-estruturas logísticas, pode suportar capacidades competitivas de diferenciação através de elevados níveis de valor acrescentado serviço ao cliente (KIM, 2009).

As potencialidades de sucesso Logística são constituídas por três elementos principais (SCHNETZLER, SENNHEISER e SCHÖNSLEBEN, 2007):

1. Potencial para a abertura de novos mercados: volume de negócios potenciais excedente, que pode ser alcançado se as necessidades específicas dos clientes são atendidas;
2. Redução potencial de investimento: a redução dos custos de capital, em que os investimentos em curso (armazém, estoque) e ativos fixos (infra-estrutura) são racionalizadas;
3. Redução de custos em potencial: a racionalização dos custos de logística (custos para os fluxos de materiais e informações, armazenagem, gestão, e assim por diante).

A redução da complexidade do produto deve ser uma prioridade importante para o marketing e logística, por meio de pessoas trabalhando juntas. A complexidade de produtos inclui não só projetar questões (como exemplo, o número de componentes fora do padrão em um produto), mas também variedade excessiva, que não contribui para uma maior cliente ou valor para o consumidor (CHRISTOPHER, 2000). São necessários esforços criativos para projetar novas medidas e novos programas de avaliação do desempenho da cadeia de suprimentos como um todo, bem como o desempenho de cada organização que é uma parte da cadeia de abastecimento. Organização, fornecedores e os clientes devem se reunir para discutir como eles vão lidar com a medição e melhoria do desempenho do gerenciamento da cadeia de suprimentos (GUNASEKARAN, PATEL e MCGAUGHEY, 2004).

Encontramos as seguintes etapas comuns que são relevantes no processo de (re) design (VLAJIC, VAN DER VORST E HAIJEMA, 2012):

1. A descrição e análise do cenário da cadeia de abastecimento para um caso particular e a identificação de KPIs;
2. A identificação de acontecimentos inesperados e distúrbios que afetam a performance;
3. A avaliação dos desempenhos, ou seja, o quanto e por quanto tempo pode a cadeia de abastecimento resistir às perturbações?
4. A identificação das fontes de vulnerabilidade que explicam as perturbações no processo e, como tal, o que pode (fortemente) afetar a solidez do desempenho e, eventualmente, aumentar a vulnerabilidade da cadeia de abastecimento.
5. A identificação de estratégias de redesenho apropriadas que eliminam perturbação, agindo sobre as fontes de vulnerabilidade ou que reduzam o impacto do distúrbio, desativando o efeito dominó a outros processos e performances da cadeia de suprimentos.

As áreas-alvo gerais da SCM são qualidade (atender às demandas dos clientes mais elevados), a confiabilidade de entrega (pontualidade, taxa de confiabilidade de entrega), prazo de entrega (prazos de entrega, a alta taxa de preenchimento), flexibilidade (gestão de mudanças e incertezas), e os custos (custos de logística, infra-estrutura, inventário) (SCHNETZLER, SENNHEISER e SCHÖNSLEBEN, 2007). O SCM (Supply Chain Management) procura melhorar o desempenho competitivo por meio da integração das funções internas de uma empresa, e relacionando-os com as operações externas de fornecedores, clientes e outros membros do canal (KIM, 2009).

5. Considerações Finais

Por meio das análises e evidências encontradas nos artigos que fizeram parte do Portfólio Bibliográfico, pode-se fazer algumas considerações gerais entre a Avaliação de Desempenho e Logística Lean:

É cada vez mais difícil, obter-se vantagem competitiva através do gerenciamento da cadeia de suprimentos, visto o ambiente altamente competitivo. Para se otimizar o desempenho operacional da empresa, é necessário reduzir custos por meio da eliminação de desperdícios, em todos os processos da empresa. Dessa forma, o controle de processos em uma cadeia de suprimentos é fundamental para melhorar o desempenho e, a medição pode ajudar e muito nesse objetivo. Para trazer um melhor desempenho em uma cadeia de suprimentos, a medição de desempenho e estudos de melhoria deve ser feito em toda a cadeia. O envolvimento e participação de todos os envolvidos faz-se necessário, visando ter-se o aumento da competitividade.

Por meio dos estudos e aprofundamentos realizados, pode-se concluir que uma cadeia de suprimentos lean objetiva melhorar a eficiência, melhorar a qualidade e promover um melhor desempenho dos fornecedores, além de remover os fatores de custos desnecessários no sistema de suprimento de materiais, ou seja, os desperdícios.

Nessas condições, este trabalho teve por objetivo geral promover um mapeamento das publicações sobre o tema Avaliação de Desempenho direcionado para a Logística Lean, por meio do uso da ferramenta Proknow-C.

Os resultados obtidos com a bibliometria realizada, além de visar contribuir com o avanço do progresso científico, poderão direcionar os leitores interessados no tema Avaliação de Desempenho direcionado para a Logística Lean, através da identificação das bases de dados, palavras-chaves, periódicos e autores de destaque e alinhados ao contexto estudado.

Para efeito dessa pesquisa, ressaltam-se as delimitações definidas pelos pesquisadores que influenciaram, de alguma forma, os resultados encontrados: a) as fontes de dados foram restritas ao banco de dados do Portal Capes; b) o período de publicação analisado foi de janeiro de 2000 a setembro de 2014; c) os artigos considerados são de cunho teórico-empírico; d) o alinhamento do entendimento do conteúdo referente à Avaliação de Desempenho alinhada à Logística Lean foi realizado segundo a percepção dos pesquisadores.

Como recomendação para futuras pesquisas, sugere-se a utilização do instrumento ProKnow-C para ter-se uma melhor organização de informações e, assim, poder estruturar cenários e formas mais aprofundadas de análises.

Agradecimentos

Aos autores Ensslin et al. (2010) e Ensslin et al. (2012), os quais propuseram o instrumento de pesquisa "Knowledge Development Process Constructivist – ProknowC", que veio à contribuir por meio da sistematização de análises bibliométricas, bem como outros tipos de consultas acadêmicas.

6. Referências

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APÊNDICE 1

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APÊNDICE 2

Figura Apêndice 1. Relevância dos Periódicos presentes no Portfólio Bibliográfico e Referências.
Fonte: Elaborada pelos autores (2014).

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APÊNDICE 3

Figura Apêndice 2. Nº de Citações do Artigo do Portfólio Bibliográfico na literatura (Google Scholar).
Fonte: Elaborada pelos autores (2014).

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APÊNDICE 4

Figura Apêndice 3. Relevância dos artigos do Portfólio Bibliográfico nas Referências do Portfólio Bibliográfico.
Fonte: Elaborada pelos autores (2014).

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APÊNDICE 5

Figura Apêndice 4. Artigos e seus Autores do Portfólio Bibliográfico de maior destaque.
Fonte: Elaborada pelos autores (2014). 

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APÊNDICE 6

Figura Apêndice 5. Autores com maior participação no Portfólio Bibliográfico.
Fonte: Elaborada pelos autores (2014).

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APÊNDICE 7

Figura Apêndice 6. Autores com maior participação no Portfólio Bibliográfico e suas Referências.
Fonte: Elaborada pelos autores (2014).

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APÊNDICE 8

Figura Apêndice 7. Relevância do assunto para o Portfólio Bibliográfico (JCR).
Fonte: Elaborada pelos autores (2014).

APÊNDICE 9

Figura Apêndice 8. Relevância do assunto para o Portfólio Bibliográfico (SRJ).
Fonte: Elaborada pelos autores (2014).

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APÊNDICE 10

Figura Apêndice 9. Comparativo entre Fatores JCR x SRJ dos Periódicos do Portfólio Bibliográfico.
Fonte: Elaborada pelos autores (2014).

1.Doutorando em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. (e-mail: mauricioloos@hotmail.com).
2. PhD pela Universidade Politécnica de Madrid e Professor da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. (e-mail: taboada@deps.ufsc.br).