Espacios. Vol. 36 (Nº 14) Año 2015. Pág. 13

O avatar de Veblen na confluência da deriva tecnológica brasileira

The Veblen's avatar at confluence of brazilian technological drift

José Henrique Bassi Souza SPERANCINI 1; Josmar CAPPA 2

Recibido: 13/02/2015 • Aprobado: 20/06/2015


Contenido

1. Introdução

2. Referencial Teórico Evolucionista

3. Metodologia

4. Análise e Discussão

5. Conclusão

Referências


RESUMO:

O objetivo desse texto é contrapor as noções definidas por Thorstein Veblen e Joseph Schumpeter a respeito do papel das "organizações públicas" no processo de avanço na economia. A meta é aplicar tais categorias para facilitar a compreensão do posicionamento estratégico tomado pelo governo brasileiro a respeito da participação da economia brasileira no sistema econômico mundial. Baseado em estudos de especialistas o artigo conclui que o quadro dirigente do Brasil atual sofre de grave atraso teórico e preconceito ideológico a respeito do processo de globalização. A acanhada concepção de mundo dos dirigentes brasileiros favorece a escolha de metas isolacionistas que procuram construir um sistema produtivo pouco competitivo.
Palavras-chave: Política Tecnológica. Inovação. Brasil.

ABSTRACT:

This paper opposes the concepts defined by Thorstein Veblen and Joseph Schumpeter about the role of "public organizations" in the process of economic advance. The goal is to apply these categories to facilitate understanding of the strategic position taken by the Brazilian government about the involvement of Brazilian economy in the world economy. Based on studies of experts the paper concludes that the current framework of Brazilian government suffers from serious theoretical delay and ideological bias regarding the globalization process. A narrow conception of the world of Brazilian leaders favors the choice of isolationist targets that seek to build a productive system in their own image and likeness.
Keyworld: Technology Policy. Innovation, Brazil.

1. Introdução

O desenvolvimento econômico pode ser entendido como um processo de mutação, melhoria, interação, colaboração, concorrência e seleção de tecnologias, profissionais, empresas e sistemas produtivos. Ocorre que as diferenciações, as diversidades e as especializações dos sistemas produtivos, a exemplo do que ocorre no mundo biótico, podem resultar em graus variados de fertilidade, vivacidade e durabilidade.

Naturalmente que os sistemas produtivos avançados são os que criam ambientes que oferecem condições adequadas para que cadeias produtivas, empresas, organizações e profissionais atinjam o máximo de eficiência, produtividade, criatividade e inovação. A capacidade de estabelecer relações de cooperação, inovar, atender as exigências dos consumidores e das regulamentações eliminam as entidades, as empresas, os profissionais e os sistemas produtivos precários. Assim, o desenvolvimento pode ser imaginado como um processo mundial de seleção operado por meio da ampliação da especialização, da produtividade, da criatividade e da inovação. Nesse processo, os serviços públicos de apoio à atividade econômica (ensino, treinamento, acordos internacionais, etc.) são fundamentais. Podem favorecer ou atrapalhar a velocidade de adaptação da capacidade produtiva aos novos ditames dos mercados globais. Por isso, o objetivo do artigo é refletir sobre o pensamento estratégico amplamente difundido pelos dirigentes do governo federal brasileiro em diversos meios de comunicação. O artigo pretende indagar, em um nível bastante abstrato, sobre o papel desempenhado pelas lideranças políticas na criação de um ambiente de negócios favorável ao desenvolvimento competitivo do sistema produtivo brasileiro. Para isso utilizarei o referencial teórico evolucionista e conceitos desenvolvidos por autores clássicos do pensamento econômico. O presente artigo não será baseado em conclusões de análises pormenorizadas de políticas específicas. Tomaremos por base a análise de alguns autores que afirmam a inadequação da atual estratégia de inserção internacional da economia brasileira.

Na primeira parte serão apresentados os conceitos de Avatar de Veblen e de Empreendedor para Schumpeter. Em seguida o texto descreve o modelo interpretativo evolucionista para, finalmente, refletir sobre a possibilidade da promoção do isolamento do sistema produtivo brasileiro.

2. Referencial Teórico Evolucionista

2.1 Regressão sob o Avatar Vebleniano

Segundo Veblen (1918, p. 97) os indivíduos da classe rica não são inovadores por não serem forçados a inovar. Segundo suas palavras,

"(...) em virtude da sua posição de avatar da boa conduta, a classe rica exerce uma influência retardadora sobre o desenvolvimento social. (...) Seu exemplo normativo age no sentido de enrijecer grandemente a resistência das outras classes contra a inovação, e fixar nos homens a estima pelas boas instituições que foram entregues por uma geração anterior"

Certamente Veblen estava se referindo a elite ociosa como resultado de uma metamorfose ou transfiguração. Em outras palavras, indivíduos que acreditam ser uma manifestação corporal terrena de um ser supremo. Veblen parece utilizar o termo igualmente para se referir a indivíduos que se veem como uma imagem materializada de um ideal de comportamento social, da excelência ou da superioridade. Entretanto, emprestamos esse conceito para se referir às classes dirigentes envolvidas na gestão do aparelho de Estado. Não se trata aqui de aplicar o conceito a uma simples elite governista, mas a um grupo que se considera especial e dotado de uma missão heroica. A ascensão de dirigentes públicos dotados de visões de mundo e propósitos quase messiânicos parece ser exatamente o que teria ocorrido no Brasil na última década.

O domínio do Estado por adeptos das teses estatizantes e que se consideram em uma missão salvacionista pode direcionar o desenvolvimento econômico para uma regressão competitiva e tecnológica. Sendo uma expressão fiel da verdade tais grupos evidentemente pretendem reduzir o universo econômico à sua própria imaginação.

Tal fenômeno pode ser materializado na forma de operação e nas estratégias de várias organizações públicas diretamente ligadas às estruturas de apoio ao sistema produtivo. Isto porque, ambientes distintos produzem condições de vidas e indivíduos também diferentes. Do mesmo modo, cada país ou região econômica permitem graus distintos de desenvolvimento das empresas e dos indivíduos. Provavelmente, à medida que os gestores públicos melhorem seus conhecimentos sobre as forças econômicas e sobre o papel das instituições suas ações podem ajudar a criar um ambiente que favoreça o sistema produtivo.

Entretanto, o contrário também pode ocorrer. Para Veblen

"(...) quando indivíduos, ou mesmo grupos consideráveis de homens, são segregados de uma cultura industrial mais alta e expostos a um ambiente cultural mais baixo, ou a uma situação econômica de tipo mais primitivo, eles depressa revelam sinais de reversão aos traços espirituais que caracterizam o tipo predatório" (VEBLEN, 1918, p. 96)

Veblen tratava de sociedades industriais do início do século XX, mas sua mensagem é clara. A "cultura industrial" molda os indivíduos, suas visões de mundo e formas de atuação. Os hábitos, as crenças e os valores tendem a regredir para patamares inferiores quando os indivíduos são forçados a viver em ambientes menos avançados. As implicações desse fenômeno descrito por Veblen, para o presente trabalho são evidentes.

Além da improvável capacidade da classe dos agentes públicos superar as "permanentes limitações do conhecimento" a respeito do funcionamento da economia de mercado (Hayek, 1998, p. 11), algo mais grave pode ocorrer. A ascensão ao poder de grupos ideológicos marcados por uma aversão rancorosa à iniciativa privada pode favorecer o isolamento econômico do país. Estamos nos referindo, sobretudo, às experiências recentes na América Latina como a Venezuela, Equador e Brasil. Os governos desses países, promovendo ligações econômicas apenas com economias atrasadas pode levar seus sistemas produtivos ao distanciamento da fronteira tecnológica e à regressão produtiva.

O perigo maior desse tipo de governo talvez seja a incapacidade de reconhecer resultados negativos de suas ações. No limite, uma simples constatação de que é necessária uma mudança de rota pode parecer uma ameaça às crenças centrais do grupo. Fosse um governo formado por técnicos tal problema seria menor ou, talvez nem existisse.

O isolamento de sistemas produtivos, o fechamento econômico e a integração de mercados fundada em afinidades ideológicas podem levar alguns países e regiões a se afastarem do "mundo moderno". A tecnologia do setor produtivo mimetizando os "hábitos mentais" dos gestores públicos podem regredir para padrões inadequados ao novo ambiente de seleção. Esse afastamento do sistema produtivo e da estrutura de apoio à inovação tecnológica dos contatos com os sistemas mais avançados pode gerar um efeito de isolamento regressivo para o sistema produtivo. É difícil resistir à tentação de comparar tal possibilidade com o processo de surgimento de subespécies decorrentes de separação de uma população no mundo biótico. É o que se denomina de "especiação geográfica" (Vanzolini, 1992, p. 43).

No mundo econômico, as variações nos caminhos do desenvolvimento podem ser conduzidas ou aceleradas por "antecipações de futuro", propósitos políticos ou sistemas de valores nacionais ou estratégias de desenvolvimento (Hodgson, 1997, p. 52). Na verdade, o "progresso" não é certeiro nem um resultado espontâneo do crescimento econômico. Uma "deriva genética" pode ser muito rápida e impulsionada ou, no mínimo, estimulada por ações políticas e institucionais. Marshall (1920), por exemplo, já havia relativizado a visão de Spencer segundo a qual a sociedade caminha em direção a um equilíbrio melhorado. Em seu modelo havia a possibilidade do progresso caminhar em direção à desintegração e à destruição (Hodgson, 1997, p. 113). E um grupo dirigente dominado por uma visão de mundo obsoleta pode ser um freio à modernização econômica no setor industrial ou de serviços (Suzigan e Furtado, 2010; e Bacha, 2012 e Oliveira, Zouain e Barbosa, 2013).

2.2 Integração e Especialização

Spencer, seguindo a fisiologia alemã (Hodgson, 1997, p. 88; Rodi, 1989, p. 117; Spencer, 1891, pp. 32 e 103) gera sua definição de progresso utilizando uma analogia com o desenvolvimento de um ser vivo no qual ocorre um "o avanço da homogeneidade da estrutura para a heterogeneidade da estrutura. O primeiro passo é o surgimento de uma diferença entre duas partes dessa substância; ou, como o fenômeno é chamado na linguagem fisiológica, uma diferenciação" (Spencer, 1860 e 1882, p. 235).

Tal evolução, chamada de "progresso" é descrita mesmo como um processo universal pelo qual todas as manifestações da natureza e da sociedade humana passam. Desse modo, para Spencer (1882, 1858 e 1891) os agregados homogêneos tendem a se deslocar para um estado heterogêneo por meio de subdivisões. Estas, porém, gerando estados de equilíbrios instáveis levam os agregados a outras subdivisões em um processo contínuo. Sendo expostos a diferentes forças externas as partes passarão por um processo de diferenciação no qual essa força vital de cada parte será moldada pelas forças que incidem sobre elas. Veblen (1909b, p. 623) parece ter descrito o mesmo fenômeno. Para este autor as circunstâncias externas que condicionam a conduta humana são variáveis, e, portanto, exercem efeitos variáveis sobre esta conduta e de acordo com o grau de tensão a que os indivíduos estão sujeitos a essas circunstâncias externas.

Spencer também argumenta que as partes, se modificando, também modificam as demais.  Utilizando como exemplo um ser vivo Spencer (1891, p. 72) conclui que:

Todo ser organizado constitui um todo, um sistema único e completo, cujas partes mutuamente correspondem e concorrem por sua reação recíproca para o mesmo fim definido. Nenhuma dessas partes pode ser alterado sem afetar as demais e, consequentemente, cada uma delas considerada separadamente, indica e fornece todo o resto.

Desse modo, Spencer faz do princípio da diferenciação uma lei universal de evolução que governa a natureza e o mundo histórico (Rodi, 1989, P. 117); a mesma afirmação que Jacobs (2001, p. 30, 31, 39 e 40) fez mais recentemente. Por exemplo, Spencer (1891, p. 201) afirma que nas sociedades primitivas a diferenciação entre profissões, isto é, a divisão do trabalho, é pequena. Com a evolução dessas sociedades as profissões se tornam crescentemente especializadas e interdependentes. Assim, Spencer (1891, pp. 207 a 211) demonstra as semelhanças entre as estruturas na biologia e na organização social e as semelhanças nas transformações pelas quais tais estruturas passam.

Veblen, por exemplo, entendia o desenvolvimento como um processo evolutivo baseado em princípios darwinistas (Hodgson, 2003b e 2008, p. 402; 2009b, p. 18; 2012, p. 03; Ambrosino, 2012, p. 230). De fato, Veblen argumenta que.

 "A vida humana, assim como a de outras espécies, é uma luta pela existência, e, portanto, um processo de adaptação seletiva. A evolução da estrutura social foi um processo de seleção natural das instituições. O progresso que se fez e que se vai fazendo nas instituições humanas e no caráter humano pode ser considerado, de um modo geral, uma seleção natural dos hábitos mentais mais aptos e um processo de adaptação forçada dos indivíduos a um ambiente que vem mudando progressivamente (...). As instituições são elas próprias o resultado de um processo seletivo e adaptativo que modela os tipos prevalecentes, ou dominantes, de atitudes e aptidões espirituais; são, ao mesmo tempo, métodos especiais de vida e de relações humanas (...)"

As instituições têm de mudar com a mudança das circunstâncias, uma vez que é de natureza do seu método habitual corresponder aos estímulos que essas novas circunstâncias variáveis proporcionam. O desenvolvimento dessas instituições é o próprio desenvolvimento da sociedade" (VEBLEN, 1918, p. 92)

Para descrever o processo seletivo, Veblen precisa acrescentar ao seu modelo o fator tempo. Isto porque se o desenvolvimento da sociedade é o próprio desenvolvimento das instituições é preciso entender que estas resultam de processos passados que operaram em circunstâncias diferentes das circunstâncias no tempo presente. Desse modo, o "processo de adaptação seletiva", mudando diariamente, implica em que as instituições selecionadas sempre tendem para o arcaísmo.

O modelo de Veblen incorpora a interminável persistência na gestação, criação, superação e substituição de instituições. Isto porque os hábitos mentais dos indivíduos tendem a permanecer imutáveis até que as circunstâncias exigem sua mudança. Desse modo as instituições sofrem processos de seleção, isto é, "ajustamentos" não definitivos. Tais ajustamentos das instituições decorrem de reações provocadas por estímulos, isto é, respostas à pressão externa e dependem do grau de exposição dos indivíduos às forças do ambiente.

2.3 Concorrência e Sobrevivência

Assim como ocorre na biologia não sobrevivem apenas as empresas que, para as condições dadas, são as mais adaptadas. Também ocorre um processo de ordenação pelo qual aqueles indivíduos menos adaptados também podem sobreviver (Marshall, 1920, p. 140). Caso somente os "mais fortes" sobrevivessem, não haveria variedade para que ocorresse um novo momento de seleção.

Tanto os indivíduos "menos adaptados" quanto os "mais adaptados", através do mecanismo de hereditariedade transmitem suas características para os descendentes. No modelo de Nelson e Winter (1982) as rotinas embutidas nas empresas são tratadas como análogas dos genes (Coccia, 2005; Hodgson, 1997, p. 49). Rotinas mal adaptadas caem em desuso enquanto aquelas associadas a níveis mais elevados de lucro são adoptadas. É interessante lembrar que o conceito de uso e desuso já havia sido adotado por Lamarck (1830, p. 219) e Spencer (1859, p. 54 e 1860, p. 94 e 121) quando definiram o processo de diferenciação. Segundo essa teoria as circunstâncias ambientais levam ao uso e ao desuso dos órgãos. Os mais utilizados são reforçados e os menos utilizados geram sua deterioração e desaparecimento.

Para Hodgson (1997, p. 50), na esfera biótica as fontes primordiais da variedade são a mutação genética e a recombinação enquanto que no sistema socioeconômico a variedade decorre, muitas vezes, do propósito e da criatividade humana. O importante é notar que o mesmo raciocínio pode ser aplicado às empresas. Não são somente as mais lucrativas empresas e os indivíduos bem preparados que se tornam bem-sucedidos. Alchian (1950) argumenta que não é necessário a maximização do lucro para ser bem-sucedido na economia de mercado. No meio ambiente econômico são os lucros positivos realizados e não os lucros máximos que garantem o sucesso e viabilidade das empresas.

"O fato de sua realização é suficiente. Este é o critério pelo qual o sistema econômico seleciona sobreviventes: aqueles que geram lucros positivos são os sobreviventes, aqueles que sofrem perdas desaparecem. (...) Lucros positivos revertem para aqueles que são melhores do que os seus concorrentes reais (...) O elemento crucial é a posição em relação aos concorrentes reais (...)" (ALCHIAN, 1950, p. 213)

Hayek, por exemplo, deixa claro que não é o indivíduo que é selecionado, mas os comportamentos de sucesso (Reyes et al., 2010). Para Marshall, a posse de uma característica favorável não é garantia de sobrevivência. A lei da sobrevivência do mais apto' diz que tendem a sobreviver os organismos mais aptos a utilizar o meio ambiente para os seus próprios fins". Desse modo, Marshall aponta para um aspecto do processo de seleção natural que é fundamental para a economia. Não é "o" mais apto que sobrevive, mas "os" mais aptos em relação a um ambiente dado. As empresas e os seres vivos competem entre si, mas a sobrevivência diz respeito à capacidade do organismo se adaptar às mudanças nas condições do ambiente. (Marshall, 1920, p. 140; Holm e Østergaard, 2010),

As espécies, que ao longo do processo de evolução, conseguem sobreviver não são apenas as espécies mais fortes ou adaptadas, mas também aquelas que conseguem gerar um maior número de herdeiros genéticos, isto é, uma prole maior. Aplicando esse modelo à economia podemos imaginar a forma como as instituições, os indivíduos, as rotinas e os sistemas se reproduzem e se perpetuam (Hodgson, 1997, p. 51).

Aqui é preciso detalhar que, no processo de desenvolvimento, portanto, não basta garantir que as empresas existentes evoluam e sobrevivam. É preciso criar constantemente novas empresas. Daí a importância dos países que desejam desenvolver suas economias a instalação e apoio às incubadoras, berçários de empresas, leis favoráveis aos pequenos negócios, facilidades legais, fiscais e creditícias para a criação de novos negócios.

Também é importante notar que um ambiente de negócios altamente competitivo, cooperativo e exigente proporciona que a eficiência das empresas instaladas seja mais facilmente repassada para as empresas nascentes. A gestão eficiente dos bens públicos, por exemplo, pode favorecer um processo de transmissão hereditária e troca genética. A analogia para entender o avanço tecnológico e competitivo é clara.

2.4 A Deriva Tecnológica

Adam Smith (1904) com o conceito de especialização e Rosenstein-Rodan (1943) com o "Modelo de Big Push", por exemplo, defendiam a tese de que quanto maior o mercado, maior e a especialização dos agentes econômicos. Maiores também são os benefícios obtidos por todos os envolvidos. Mas, para obter benefícios é preciso interagir em grandes espaços.

O capitalismo é um sistema econômico dinâmico, na verdade o mais dinâmico da história (Hodgson, 1997). Sua lógica de condução envolve a expansão, a diversificação, o aprendizado interativo e as conexões entre os múltiplos mercados. Como o mercado se expande, as empresas procuram sempre novas oportunidades para o comércio e ganho. Como a concorrência e a cooperação as empresas inovam e diversificam os seus produtos na criação incessante de novos nichos de mercado (Rueschemeyer 1986). Nessa busca as fronteiras da ciência e da tecnologia são ampliadas, levando a novas áreas do conhecimento e da investigação. Novas concepções de mundo são adotadas e uma visão mais global é desenvolvida. Novas e variadas formas organizacionais são concebidas para aumentar a produtividade e gerenciar um número exponencialmente crescente de produtos e processos. (Hodgson, 2003a, p. 471). Em outras palavras, existem elos entre os níveis cognitivos, institucionais e econômicos (Gigante, 2013; Novarese e Rizzello, 2004; Tridico, 2006, p.12).

Segundo o "World Trade Organization", em 2009, excluindo petróleo, metade das mercadorias transacionadas internacionalmente era de bens intermediários. Assim, surgiu um "comércio de tarefas" no lugar de um comércio de bens. Tal transformação tende a reforçar a especialização das economias nacionais que passam a ter suas competitividades avaliadas de acordo com as tarefas a que lhes cabem nos elos da cadeia global de valores (Wto/Jetro, 2011).

Inúmeros estudiosos encaram a economia como um sistema complexo. Hayek (1988, 2013), Keynes (Cardoso, 2008), Hirschman (1958), Hodgson (2003a). No capitalismo global as possibilidades de aumento da complexidade socioeconômica e da especialização das habilidades são grandes. Uma implicação para esse fato é o potencial aumento na desigualdade de renda, riqueza e de poder entre as nações (Hodgson, 2003, p. 471). Portanto é fundamental que a elite gestora do Estado, ou os aspirantes a este posto, não se tornem refém do passado e consigam absorver o entendimento sobre o novo ambiente. As melhorias na comunicação e na mobilidade podem ajudar esses segmentos sociais a deixarem de se comportar como "uma influência retardadora sobre o desenvolvimento social" (Veblen, 1918, p. 97).

Veblen, Spencer e Marshall não estariam corretos ao afirmar que indivíduos expostos a ambientes diferentes reagiriam para responder às novas condições dadas? Por que não se verifica no Brasil um apelo dos gestores públicos por uma maior abertura e integração da economia brasileira à nova ordem moderna?

Como a antiga linha de produção descrita por Smith (1904) se fragmentou em escala global é fundamental, para as empresas, participar das correntes dinâmicas do comércio internacional. Estabelecer relações econômicas, tecnológicas e científicas com sistemas produtivos inovadores que contam com mercados sofisticados é muito mais proveitoso do que obedecer estratégias ideológicas regionais, por exemplo. No mais, atualmente, os mercados dos países ricos, novamente, confirmam maior estabilidade que o mercado regional (Schiemer apud Ladin, 2015).

Ficar isolado ou sem relações com os sistemas econômicos avançados é se condenar a uma deriva tecnológica e a uma cada vez mais difícil inserção competitiva no mercado global. A participação das empresas nessas grandes redes globais é fundamental para a aprendizagem e evolução dessas empresas e do sistema produtivo e de apoio. Emprestamos, portanto, da geologia o conceito de "deriva continental" de Wegener (2002) para utilizar como analogia a um sistema produtivo que se isola dos sistemas produtivos mais avançados.

Isto ocorre porque vem aumentando as exigências quanto a capacitação empresarial para atender a crescente complexidade legal do comércio internacional (Thorstensen, 2012), para coordenar tarefas em escala global e a participar de cadeias de negócios que estimulam as inovações tecnológicas, o aprendizado e as competências gerenciais. Fixar marcas em grandes mercados e poder contar com consumidores exigentes e sofisticados, diversificar riscos, ganhar escala e economia de escopo também são benefícios que podem surgir da internacionalização (Dunning, 2001; Stal, 2010). Para isso, é preciso que as empresas desenvolvam ativos e competências para o processo de internacionalização (Dunning, 2001). Também argumentam Oliveira e Sbragia (2012a e 2012b) que a criação de estruturas integradas de tomada de decisão em uma cadeia de produção que incorpora uma grande quantidade de agentes exige habilidades avançadas nas organizações. Costa (2014) igualmente lembra das vantagens relativas à diversificação de ativos, aquisição de novas técnicas gerenciais, mudanças na escala de produção, melhoria na vivência mundial e avanço na cultura empresarial.

A competitividade está baseada na criação, na difusão e no uso do conhecimento. O sucesso dos profissionais, das empresas, dos segmentos produtivos e das economias nacionais depende a capacidade de gerar, compartilhar, selecionar e utilizar o conhecimento. Ocorre que tal capacitação é desenvolvida de forma interativa e compartilhada entre vários atores (Jacobs, 2001 e Oliveira, Zouain e Barbosa, 2013). A inovação requer uma grande interação entre diferentes atores – empresas, laboratórios, instituições de pesquisa e ensino e consumidores – e "feedback" entre ciência, engenharia, desenvolvimento, produção e marketing. A cooperação em rede permite que as empresas reduzam os custos e os riscos da inovação; acessem resultados de pesquisas, tecnologias e componentes e compartilhem atividades de produção, distribuição e marketing (OECD, 1996). Esse processo de especialização e criação de riqueza é acompanhado por um aprendizado coletivo dos seres humanos (North, 1996a, p. 27, 1996c, p. 02; Gigante, 2013; Rizzello e Turvani, 2000, p. 166 e Bandura 1989 e 2001).

Por fim, cabe salientar que existem inúmeras críticas ao processo de globalização. Para alguns economistas o mercado global tende a dificultar o desenvolvimento dos países pobres ou ampliar as desigualdades entre classes e países (Chang, 2004 e Reis e Cardoso, 2010). A perspectiva a respeito do processo de globalização que o presente artigo adota é diametralmente oposta. Participando da cadeia global de valores é possível elevar os contatos entre culturas, padrões de consumo e tendências de mercados. A ampliação da cooperação entre povos, sistemas produtivos e empresas e o avanço nas coordenações entre agentes econômicos certamente permitirá potencializar a criatividade humana. Ficar de fora ou não conseguir "escalar" a cadeia global em busca de atividades mais nobres é se condenar ao atraso.

Os países precisam estar preparados para treinar trabalhadores - cujas habilidades tendem a se tornar obsoletas – para ocupar novas funções, sobretudo aquelas que possibilitem maiores níveis de habilidades e remuneração. Daí a prioridade que deve ser atribuída às políticas corretivas ligadas à qualidade e ao acesso à educação e ao treinamento. Por isso, para Hodgson (2003a, p. 475) estamos diante de um sistema capitalista mais complexo e de um cenário de "competências reforçadas e crescente intensidade do conhecimento".

3. Metodologia

A metodologia do estudo compreende a aplicação do modelo interpretativo evolucionista à estratégia da política tecnológica adotada no Brasil na última década. Como a pesquisa ainda se encontra em estágio embrionário não serão analisados os textos que constituíram a aplicação da estratégia. Recorreremos à análise de Suzigan e Furtado (2010) e Bacha (2012) como fundamentação para avaliar a estratégia da política tecnológica no período. Em um segundo artigo pretendemos apresentar um estudo focado na leitura e nos resultados práticos da referida estratégia.

4. Análise e Discussão

4.1 O Estado Brasileiro na Confluência da Deriva Tecnológica

É de se esperar, logicamente, que em um ambiente novo os agentes, sobretudo os que possuem mais acesso às informações, desenvolvam crenças e demandem novas posturas do Estado. Porque, então, tais agentes, em um ambiente crescentemente globalizado e com um sistema econômico em rápido processo de fragmentação e cooperação não formulem demandas claramente melhores adaptadas o novo ambiente?

Se a elite social produtiva se beneficia do novo ambiente é natural que ela se acomode e pouco se manifeste. Entretanto, o avanço na fragmentação da produção em escala global (Rauen e Furtado, 2014) não eliminou o diferencial de produtividade entre os países. Segundo Franco (1999, p. 38) "prevalecem enormes diferenciais internacionais e inter-regionais nos níveis absolutos de produtividade". A velocidade das mudanças tecnológicas é global, mas os ritmos de aprendizagem dos agentes e a capacidade de inserção nas redes econômicas globais são distintos, o que muda o poder competitivo entre eles. Na verdade, foi criada uma sociedade em rede, na qual a capacidade de acesso pleno ao conhecimento e de construção de relações de aprendizagem intensiva determinam a posição socioeconômica dos indivíduos e das empresas (David e Foray, 1995).

Portanto,

A sensibilidade para o internacional passa a ser um requisito indispensável do político moderno ... a globalização exige que essa sensibilidade se volte para as questões de longo prazo. Mais do que nunca, as opções de política econômica devem ser feitas com visão de futuro. Os estímulos que dermos hoje serão decisivos para definir, no longo prazo, as possibilidades de progresso. (Cardoso, 1995, p. 152)

No atual "padrão de seleção" é preciso desenvolver o que Nelson e Sampat (2001) denominam de "tecnologia social", isto é, organizações dotadas de padrões de conduta e de interação entre agentes e que promovam a busca pela inovação, pela competitividade e pela melhoria constante. Tais infraestruturas, quando motivadas e bem gerenciadas, podem ser forças vitais na conquista de novos patamares de produtividade; quando anacrônicas podem ser barreiras ao avanço competitivo do país e para a criação de segmentos de produtos intensivos em conhecimento e de alta qualidade.

A dúvida que o presente artigo gostaria de levantar é se estaria o gestor público brasileiro disposto e capacitado para ajudar o sistema produtivo a enfrentar essa nova realidade.

O fenômeno do desenvolvimento não depende apenas da disposição de capital, trabalhadores e recursos financeiros. Os aspectos culturais são de extrema importância. Ragnar Nurkse, por exemplo, diz: "O desenvolvimento econômico é muito condicionado a peculiaridades humanas, atitudes sociais e políticas e acidentes históricos. Para o progresso, o capital é uma condição necessária, mas não exclusiva" (Nurkse, 1957, p. 03)

Assim, para entender o processo de desenvolvimento é preciso compreender o conceito fundamental de "instituições". Veblen no início do século XX escreveu.

Na vida econômica, como em outros caminhos de conduta humana, os modos habituais de atividade e as relações têm crescido e têm por convenção estabelecido um tecido de instituições. Essas instituições, e os conceitos habituais envolvidos nelas, têm uma força própria prescritiva e habitual, (...). Mas a estrutura institucional subsiste e os homens vivem dentro de suas linhas, com mais ou menos questionamento, é verdade, mas com mais condescendência do que dissidência (Veblen, 1909, p. 300)

Sem entender o papel das instituições e da cultura dificilmente entenderíamos o papel dos dirigentes públicos no processo de desenvolvimento. Os fenômenos da vida humana ocorrem, para Veblen, como fenômenos da vida de um grupo ou comunidade porque os indivíduos seguem normas de conduta do grupo. Assim, variando as normas de conduta do grupo, denominadas por Veblen de "instituições", varia também a conduta individual. As necessidades, os desejos e os objetivos do indivíduo - e do grupo - se modificam à medida que essas complexas e instáveis instituições se transformam (1909b, p. 629).

Para Veblen

Como toda cultura humana esta civilização material é um esquema de instituições - tecido institucional e crescimento institucional. Mas as instituições são um resultado natural do hábito. O crescimento da cultura é uma sequência cumulativa de habituação, e seus modos e meios são a resposta habitual da natureza humana às exigências que variam incontinenti, cumulativamente, mas com algo de uma sequência consistente nas variações cumulativas que assim avançam, - incontinenti, porque cada novo movimento cria uma nova situação que induz um nova variação da maneira habitual de resposta; cumulativamente, porque cada nova situação é uma variação do que aconteceu antes dela e incorpora como fatores causais todos os que têm sido realizados pelo que se passou antes, de forma consistente, porque os traços subjacentes da natureza humana (propensões, aptidões, e quais não) por força da qual a resposta ocorre, e com base na qual a habituação entra em vigor, permanecem inalterados". (1909b, p. 628)

O crescimento e as mutações do tecido institucional são um resultado da conduta de cada um dos membros do grupo, uma vez que é a partir da experiência dos indivíduos, através da habituação das pessoas, que as instituições surgem, e é nesta mesma experiência que as instituições agem para direcionar e definir os objetivos e o fim da conduta. É, claro, sobre os indivíduos que o sistema de instituições impõe esses padrões convencionais, ideais e cânones de conduta que compõem o esquema de vida da comunidade.

Assim, dado que a conduta humana se diferencia dos fenômenos naturais pela presença da cultura, da criatividade e do proposto é preciso levar em conta que o entendimento a respeito do desenvolvimento econômico deve levar em conta a cultura. Desse modo, levar em conta como os "hábitos estabelecidos", "pensamentos comuns" (Veblen, 1909b, p. 626) e valores se transformam e atuam sobre os indivíduos que governam as estruturas de apoio ao avanço do sistema produtivo.

4.2 Entre o Avatar Vebleniano e o Empreendedor Global

De fato, a classe dos funcionários públicos de alto e médio escalões, muitas vezes, é composta por indivíduos provenientes da militância partidária. A elite partidária nos regimes democráticos, o clero nos regimes teocráticos e os líderes sindicais ou comandantes militares no pós-revolução, os oficiais de alta patente nos regimes militares são esses atores fundamentais que estamos querendo descrever. Tais agentes possuem o poder de orientar políticas, ações públicas e grupos de pressão; redirecionam os sistemas de ensino, pesquisa, financiamento público, incentivos fiscais, políticas de compras públicas, acordos internacionais e programas de desenvolvimento de acordo com suas convicções. Ocorre que as visões de mundo que guiam tais grupos e o modo particular que imaginam as relações de produção e o ambiente econômico muitas vezes estão em total falta de sintonia com o seu tempo. Na verdade, dependendo do paradigma que partem a leitura do mundo econômico desses indivíduos pode não passar de uma ideologia que se sustenta em erros de análise histórica intencionalmente cometidos com o objetivo de sustentar utopias, antipatias e preconceitos.

Estar sob governos formados por esse perfil de indivíduos é uma receita certa para o fracasso econômico de qualquer nação. Mas de onde poderia surgir uma alternativa de poder?

Para Schumpeter, "O novo não nasce do velho, mas aparece ao lado deste e o elimina na concorrência" (1985, p.143). O personagem capaz de gerar esse "novo" é o empreendedor e o faz por meio da inovação. Para o economista austríaco as inovações nada mais são do que novas combinações de fatores de produção. Podem se manifestar de cinco formas diferentes: Novos bens ou novas qualidades, Novo método produtivo, Novos mercados, Novas fontes de matéria-prima e Novas formas de Organização Industrial. E, podemos acrescentar, novas formas de ler e entender o mundo econômico.

Tal concepção de Schumpeter implica que é justamente essa classe especial de indivíduos que faz o sistema produtivo avançar. O desenvolvimento e a passagem do sistema produtivo para patamares mais evoluídos em termos de produtividade e satisfação da comunidade estão diretamente ligados à capacidade inovadora desses empreendedores. Para cumprir seu papel o empreendedor deve ser possuidor de características especiais que o tornam um agente transformador da realidade. Seus hábitos, costumes, qualificações gerenciais, visões de mundo e disposição são fundamentais para impulsionar um movimento econômico rumo a um padrão mais elevado de desenvolvimento econômico.

"A grandeza de um país depende não só da formulação de planejamentos voltados à solução de suas reais necessidades, mas também de estrutura operacional administrativa dotada de competência" (Bittencourt e Zouain, 2010, p. 07). Para Schumpeter (1951, p. 260), por exemplo, o estado também pode agir como empreendedor. E não necessariamente precisa se tronar "empresário". Seriam exemplos de empreendedorismo no Estado a execução de políticas bem elaboradas de desenvolvimento e a montagem de uma eficiente capacidade organizacional para coordenar, de forma eficiente, ações complexas, múltiplos programas e diferentes atores responsáveis pelo processo de inovação. Entretanto, para Suzigan e Furtado (2010, p. 08).

"A ineficácia da organização institucional para implementar uma política industrial e tecnológica no Brasil decorre, em parte, de sua extrema complexidade: um número excessivo de órgãos com precária capacidade de mobilizar recursos, administrando instrumentos dispersos e desarticulados, e com poucos quadros técnicos com formação adequada. Decorre também, talvez em maior parte, do "envelhecimento" das instituições, aprisionadas por práticas antigas de fazer políticas. Muitas instituições são remanescentes, e mantêm as mesmas práticas, da organização institucional construída ao longo do período do pós-guerra, em que a política industrial buscava internalizar setores sob um regime de forte proteção, subsídios e decisões centralizadas".

Também no modelo de "Desenvolvimento como Cadeia de Desequilíbrios" (Hirschman, 1958) as atividades mais diretamente empresariais – as "Directly Productive Activities" - dependem de serviços fornecidos pelo poder público; as atividades "Social Overhead Capital". Ou seja, o sistema produtivo brasileiro dificilmente vai desenvolver capacidade competitiva internacional sem dispor de infraestruturas públicas de apoio. Entretanto, na última década o Brasil ampliou o número de órgãos públicos, ocupando os mesmos com servidores sem qualificações adequadas e; com um diagnóstico desenvolvimentista, executa ações a partir de estratégias estabelecidas nos anos 1970.

"Hoje o mundo da indústria é outro: economia aberta, competição internacional, foco em inovação, uso intensivo de conhecimento, agilidade decisória, pronta implementação. As instituições de política macroeconômica e o marco regulatório evoluíram de forma coerente com o novo quadro da economia mundial, mas as instituições da área de indústria e tecnologia pouco se renovaram. Aquelas ganharam status e poder, estas se enfraqueceram, subjugadas e desaparelhadas. Sua reforma é imperativa para que possam atuar de modo eficaz na execução da política industrial e tecnológica" (Suzigan e Furtado, 2010, p. 08)

Segundo Sem (2000) e Jacobs (2001), o desenvolvimento não é uma coleção de coisas, mas um processo que produz coisas e para isso exige pessoas economicamente criativas. Como a criatividade acontece, permanentemente é preciso oferecer condições para que os indivíduos exerçam a iniciativa e a criatividade econômica. Portanto, é necessária uma ação do Estado para construir um ambiente no qual a criatividade seja ampliada.

Não se trata aqui de propor o intervencionismo desenvolvimentista ou acalentar a crença do estado como força autônoma que "molda o progresso" (Cardoso, 1995, p. 151). Como salientou Hayek (2013, p. 48) "Há, em particular, enorme diferença entre criar deliberadamente um sistema no qual a concorrência produza os maiores benefícios possíveis, e aceitar passivamente as instituições tais como elas são"

Para Suzigan e Furtado (2010, p. 21)

"(...) atuais instituições da área não atuam de forma sistêmica ou articuladas, com base em uma visão compartilhada; estão, em muitos casos, envelhecidas, marcadas por suas missões do passado – por isso, têm dificuldades para responder aos desafios impostos seja pela dinâmica do crescimento econômico impulsionado por inovações, seja por uma visão de futuro da indústria e da tecnologia; constituem um conjunto extremamente complexo, fragmentado, com grande dispersão de instrumentos que, por vezes, geram conflitos de competências; operam com quadros técnicos que ainda não têm todas as capacitações requeridas por missões mais qualitativas e sofisticadas, relacionadas a visões prospectivas de política industrial e tecnológica; geram grandes dificuldades em termos de articulação de instrumentos e da política industrial com outras políticas e com o setor privado, e, sobretudo, têm um frágil comando político e uma séria deficiência de coordenação."

A integração da economia brasileira à Cadeia Global de Valores e a criação de um ambiente institucional favorável poderiam gerar estímulos favoráveis ao aumento do investimento, da produtividade e da inovação. Segundo Jacobs (2001, p. 27) "Desenvolvimento (...) opera com uma rede de co-desenvolvimentos interdependentes". Porém, o Estado brasileiro não vem procurando integrar a indústria local às correntes de comércio internacional, mas evitando essa integração (Bacha, 2012a e 2012b; Costa, 2014) por meio do fechamento econômico e de acordos comerciais pautados em afinidades ideológicas entre governos.

Ou seja, o Estado brasileiro, no âmbito federal, vem demonstrando um direcionamento ideológico. Seus quadros se orgulham e se manifestam abertamente contra as liberdades econômicas, contra a adoção de políticas de integração com regiões mais desenvolvidas e favoravelmente às políticas nacionalistas e estatizantes. Tamanho equívoco é especialmente danoso no presente momento. É visível que o sistema produtivo global caminha para uma nova estrutura tecnológica global com a crescente interligação dos sistemas produtivos e tecnológicos do ocidente e do oriente.

Este é um problema grave porque a boa organização de um Estado "é o maior fator de prosperidade econômica, é o produto de uma variedade infinita de motivos, muitos dos quais não têm nenhuma ligação com a procura de enriquecimento da Nação" (Marshall, 1920, p. 143).

Para Castells (2000, p. 47) "um modelo estatista de inovação leva à estagnação por causa da esterilização da energia inovadora autônoma da sociedade para criar e aplicar tecnologia". Bastaria ao Estado estimular "ao máximo as forças espontâneas da sociedade e recorrer o menos possível à coerção" (Hayek, 2013, p. 48). Também podemos citar Jacobs (2001, p. 41) segundo a qual "As pessoas não precisam ser geniais ou extraordinariamente talentosas para desenvolver seu trabalho. Os requisitos são iniciativa e diligência – qualidades abundantes na raça humana, quando não são desestimuladas ou suprimidas".

Arthur Lewis (1960) argumenta que O principal problema do desenvolvimento é gerar ações humanas nas direções corretas. A escassez de recursos decorre da escassez de decisões corretas. Jane Jacob (2001, p. 40) argumenta na mesma direção quando, tratando do que denomina de "Teoria da Coisa" afirma que

"Pensar que as coisas por si mesmas, são suficientes para provocar desenvolvimento cria falsas e fúteis expectativas. Pior ainda, evita providências que poderiam efetivamente promover desenvolvimento (...) o processo requer pessoas criativas (...) A criatividade acontece, permanentemente, nos mais inesperados lugares.

Imagine agora que parcelas da população sejam impedidas de exercer a iniciativa e a criatividade econômica em razão de discriminação ligada a sexo, raça, casta, religião, classe social, ideologia ou qualquer outra coisa. Isso significa que o trabalho realizado por essas pessoas fica automaticamente esterilizado – não pode se constituir em generalidades das quais venham emergir novas diferenciações"

Dessa forma,

"Primeiro cumpre indagar que espécies de instituições favorecem o crescimento, e quais as que são hostis ao esforço, à inovação ou ao investimento (...) depois (...) indagamos das causas que fazem a nação criar instituições favoráveis e não favoráveis, ao crescimento. Residirá parte da resposta que se busca nos diferentes valores que as diversas sociedades atribuem a produtos e a serviços, relativamente à sua estima de satisfações não-materiais, como o lazer, a segurança, a igualdade, a boa camaradagem ou a salvação religiosa" (Lewis, 1960. p. 14)

"O mais difícil problema de compatibilidade será explicar por que tem o povo as crenças que tem. O crescimento econômico depende de atitudes em relação ao trabalho, à riqueza, à poupança, à procriação, às invenções, aos estrangeiros, à aventura, e assim por diante, atitudes essas que brotam de fontes profundas da mente humana" (Lewis, 1960. P. 17).

Acrescentando ao pensamento de Lewis podemos acrescentar "a falência dos modelos ideológicos. O Estado tem de resolver problemas concretos com os meios concretos de que dispõe. O segredo da boa divisão de tarefas com a sociedade não pode nascer de uma fantasia ideológica, mas de compromissos negociados, fundados em consenso" (Cardoso, 1995, p. 151).

Veblen, quando trata a classe rica como um avatar dos bons costumes e retardadora da inovação, está pensando, sobretudo nas inovações mentais. Um "habito mental conservador" e uma aversão à mudança reflete uma resistência instintiva oposta a qualquer mudança nos hábitos mentais. Obviamente que não é possível fazer um salto seguro entre o conservadorismo dos hábitos e o apego a ideologias antiquadas a respeito do mundo dos negócios e das estratégias de desenvolvimento. Mas, sendo os profissionais de alto escalão tão importantes para o desenvolvimento econômico, é muito interessante refletir sobre quais são as forças que operam para que esses agentes sejam mais ou menos empreendedores ou inovadores? Ou seja, quais são os elementos que explicam que, em alguns países a elite gestora estatal seja mais audaciosa, "flexível" (Reyes et al., 2010) e tenha uma visão de mundo mais favorável ao avanço do sistema produtivo?

Uma resposta provável para essa indagação, talvez, possa ser encontrada em modelos interpretativos da economia que se aproximam da biologia. Por isso, é preciso descrever como alguns autores entendem o processo de desenvolvimento baseado no evolucionismo.

5. Conclusão

O caráter dinâmico do capitalismo não apenas provoca efeitos benéficos como também problemas de adequação das organizações às condições necessárias de produção. Crescendo a complexidade do sistema produtivo é provável que ocorra um aumento das especializações produtivas locais. A crescente variedade das tarefas exige maior flexibilidade e capacidade de aprendizagem das populações empregadas no sistema produtivo. Por isso, em um sistema produtivo mais dinâmico e mais complexo é preciso reforçar as competências e a intensidade do aprendizado.

O perfil econômico, cultural, ideológico e técnico das classes dirigentes e seu poder sobre as organizações de treinamento e ensino superior são fundamentais para a viabilidade e processo de desenvolvimento econômico. Sem organizações de ensino e treinamento adequadas muitas janelas de oportunidades não serão ocupadas, negócios não serão realizados e mercados mais exigentes não serão atingidos. A interação "com os melhores", a aprendizagem interativa com novas culturas, tecnologias, métodos de gestão e tendências de mercado não será aproveitada. Dessa forma o sucesso de profissionais, empresas e segmentos produtivos podem ficar prejudicados. As oportunidades de trabalho conjunto entre empresas, laboratórios, instituições de pesquisa e ensino e consumidores; o acesso a resultados de pesquisas, tecnologias, componentes; o compartilhamento de atividades de produção, distribuição e marketing e a possibilidade de redução dos custos e os riscos da inovação serão perdidos ou pouco aproveitados.

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1. Economista, Mestre e Doutor pela Unicamp. Historiado pela UNISO. Professor e Pesquisador Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas (CECS) da Universidade Federal do ABC - UFABC. Email: josehenrique.souza@ufabc.edu.br

2. Doutor em Economia pela Unicamp. Professor e pesquisador na Faculdade de Ciências Econômicas da PUC Campinas. E-mail: josmarcappa@gmail.com

 

Vol. 36 (Nº 14) Año 2015

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