Espacios. Vol. 35 (Nº 9) Año 2014. Pág.5


Contribuições do planejamento e controle da produção para a competitividade empresarial: um estudo em uma empresa do setor moveleiro

Contributions of production planning and control to business competitiveness: a study in a company of furniture industry

Erivando MOREIRA 1; Antônio Carlos PACAGNELLA JÚNIOR 2; Ornella PACÍFICO 3; Alexandre Pereira SALGADO JÚNIOR 4

Recibido: 23/05/14 • Aprobado: 01/07/14


Contenido

RESUMO:
Este trabalho por meio de estudo de caso realizado em uma indústria de móveis de Jaboticabal-SP evidencia como o Planejamento e Controle da Produção pode influenciar o desempenho produtivo de empresa do ramo moveleiro. Como principais resultados encontrados destacam-se que o PCP da empresa busca aplicar práticas abordadas na literatura, utilizando atividades operacionais de programação da produção, sequenciamento, carregamento e controle, conseguindo organizar e direcionar o fluxo da produção no chão de fábrica, além disso, verificou-se que quanto a fatores competitivos de desempenho, a empresa, priorizando os objetivos flexibilidade, rapidez e custos, trabalha oferecendo uma ampla variedade de produtos com custos controlados e entregando os móveis de forma rápida e confiável ao cliente, porém, em contrapartida no objetivos qualidade, percebeu-se algumas lacunas gerenciais, como um sistema de controle de qualidade deficiente que permite que erros possam prosseguir no processo. Contudo, foi possível identificar um PCP bem estruturado que contribui significativamente para a competitividade empresarial.
Palavras-Chave: PCP, Competitividade, Objetivos de desempenho.

ABSTRACT:
This paper through a case study conducted in a furniture industry Jaboticabal , shows how the Planning and Production Control can influence productive performance of company in the furniture industry. As main results stand out as the company seeks to apply PCP practices addressed in the literature , using operational activities of production scheduling , sequencing , loading and control, managing to organize and direct the flow of production on the factory floor , in addition, found is that as the competitive performance factors , the company , prioritizing goals flexibility, speed and cost , works offering a wide variety of products with controlled costs and delivering the furniture fast and reliable customer form, but in return the objectives quality , it was realized some managerial shortcomings , as a control system that allows poor quality errors can continue the process. However, it was possible to identify a well-structured PCP which contributes significantly to business competitiveness .
Keywords: PPC, Competitiveness and Performance Objectives.


1. Introdução

O Planejamento e Controle da Produção vêm se consolidando como uma área estratégica para as empresas. Onde a gestão dos processos, dos estoques e de toda produção se tornam diferenciais competitivos que acabam refletindo no desempenho da organização. Para Fernandes (2005), num mundo globalizado, de acirrada competição e inúmeras oportunidades de investimento, as empresas devem investir em funções ou processos mais críticos para o sucesso do negócio.

A função do planejamento e controle da produção, resumidamente, consiste em determinar quais e quantos produtos finais devem ser produzidos em cada um dos períodos do horizonte de planejamento, de forma que possa atender à demanda, não violar a capacidade da produção e minimizar os custos.

Uma das maiores contribuições do PCP é de equalizar a demanda com a capacidade de produção no curto, médio e longo prazos, de forma a manter disponibilidade de atendimento e ainda assim conseguir estabelecer um nível de utilização que mantenha a organização competitiva em termos de produção (Olhager e Johansson, 2012).

O planejamento e controle da produção utilizam instrumentos gerenciais de grande importância para as empresas, pois os planos orientarão a produção e o controle permitirá que os mesmos sejam implementados de forma eficiente na prática. Em resumo, o PCP, leva a empresa a produzir com mais perfeição, rapidez e menor custo, obtendo assim, maior lucratividade.

Oramomoveleiroé usualmenteconhecidocomoumsetortradicional, em que há o predomínio de empresas familiares, especialmente de pequeno porte. A representatividade do setor é resultado direto da potencialidade das indústrias que o integram. São empresas cujo compromisso com o crescimento faz parte da história de desenvolvimento e evolução permanente do segmento.

A indústria de móveis no Brasil pode ser classificada na seguinte configuração: móveis de madeira, móveis de vime e junco e móveis de metal e de plástico. Os móveis de madeira são considerados os mais importantes desse segmento, e seus produtos são direcionados para uso residencial, móveis para escritório, armários embutidos, componentes para móveis e móveis para rádios e televisores. Em referência a participação no mercado, os móveis para uso residencial estão em primeiro lugar e para escritórios em segundo (LEAO, 2010).

Este setor está entre os mais importantes da indústria de transformação no país, não só pela importância do valor da sua produção, mas também pelo seu potencial de geração de empregos. Conforme dados apresentados no relatório setorial da indústria de móveis no Brasil, a indústria moveleira no Brasil acumulou incremento na produção, no faturamento e na geração de empregos, fomentada principalmente pelo aquecimento do mercado interno.Em produção, a indústria de móveis no país cresceu 26,7% entre 2007 e 2011. No mesmo período, o faturamento dos fabricantes saltou 81,3% em dólares e 55,8% em reais, alcançando R$ 35,1 bilhões no ano de 2011. Em postos de trabalho ocupados, o acréscimo foi de 27,4% de 2007 para 2011, alcançando a marca de 307,6 mil empregos. (MOVERGS; IEMI, 2012)

Estas empresas caracterizam-se pela reunião de diversos processos de produção, envolvendo diferentes matérias-primas e uma diversidade de produtos finais, que pode ser segmentada principalmente em função dos materiais com que os móveis são confeccionados (madeira, metal e outros), assim sendo de acordo com os usos a que são destinados, em especial, móveis para residência e para escritório.

No chão de fábrica das indústrias deste segmento, frequentemente são identificadosproblemascomo falta de controle sobre oprocesso produtivo, sobre o fluxo de materiais, e desperdícios de matéria-prima. O que faz com que as restrições do sistema aumentem e o desempenho da produção diminua.

O Planejamento e Controle da Produção nestas indústrias é responsável por viabilizar, sincronizar e direcionar todo o fluxo operacional. Ele constitui-se como um dos principais instrumentos para obtenção de eficiência e eficácia no processo produtivo. Através das boas práticas e métodos de programação, sequenciamento, carregamento e controle, o PCP consegue aperfeiçoar a produção, reduzir as restrições e com isso contribuir para o aumento do desempenho da organização (HUSSEINI et al., 2006).

Corroborando estes argumentos, Georgiadis e Politou (2013), afirmam que um planejamento e controle insuficiente na manufatura, frequentemente torna recursos que não são gargalos em recursos com restrição de capacidade, que por sua vez passam a trabalhar de forma sobrecarregada.

Com as novas regras de negócios e competitividade do mercado, a busca pela melhoria contínua se tornou um dos objetivos das indústrias do setor, pelo fato das exigências serem muito grandes em um mercado muito seleto e competitivo. Atuando nesse foco, o PCP, bem aplicado vem para equilibrar e alinhar o processo, otimizando a produção e o desempenho da empresa frente à competitividade do mercado. O Planejamento e Controle da Produção por se tratar de uma área de grande influência no processo produtivo, onde a sua teoria e prática servem como apoio nas tomadas de decisões estratégicas das empresas, é foco de estudo deste trabalho, sendo relacionado com a sua influência sobre o processo produtivo na indústria moveleira.

Desta forma, observando-se os argumentos citados, este trabalho tem por objetivo geral analisar as contribuições do PCP para o desempenho do processo produtivo de indústrias de móveis.

2. Planejamento e controle da produção

Os bens e serviços que são consumidos diariamente, para que cheguem a disposição dos consumidores são produzidos por meio de sistemas de produção. A organização e direção desse processo é atividade da administração da produção, cuja função fundamental é a tomada de decisões eficazes que determinem para a organização, planos de ação que atinjam os objetivos estabelecidos.

O Planejamento e Controle da Produção consiste em todas as atividades que diretamente estão relacionadas com a produção de bens e serviços. Sendo que não compreende apenas as operações de fabricação e montagem de produtos, mas também as atividades de armazenagem, movimentação, entretenimento, aluguel, etc., quando estão voltadas para a área de serviços (CIURANA, et al. 2008).

A gestão do processo produtivo tem a função de garantir que a produção ocorra eficazmente e produza produtos e serviços como planejado. Isto requer que os recursos produtivos estejam disponíveis: Na quantidade adequada, no momento adequado e no nível de qualidade adequado, conforme conceitos do Just in Times. O gerenciamento da produção requer a conciliação do fornecimento e da demanda em termos de volume, em termos de tempo, e em termos de qualidade, dando assim prioridade aos objetivos de desempenho (KAIHATU E BARBOSA, 2006).

A administração da produção trata da maneira pela qual as organizações produzem bens e serviços. Onde todas as operações produzem produtos e serviços através da transformação de entradas em saídas, o que é chamado de processo de transformação (SLACK, CHAMBERS E JONHSTON, 2009).

Em um sistema produtivo, sempre que formulados metas e objetivos, é necessário formular planos de como atingi-lo, organizar recursos humanos e físicos necessários para a ação, direcionar a ação desses recursos, alocando-os da melhor maneira e controlar esta ação para correção de eventuais desvios. Na gestão da produção, este processo é realizado pela área de Planejamento e Controle da Produção (PCP) (TUBINO, 1997).

Planejamento e Controle diz respeito a conciliação entre o que o mercado requer e o que as operações podem fornecer. As atividades de planejamento e controle proporcionam os sistemas, procedimentos e decisões que juntam diferentes aspectos da oferta e demanda (SLACK; CHAMBERS E JOHNSTON, 2009).

De acordo com Chiavenato (2005) para produzir e bem é necessário planejar, organizar, dirigir e controlar. Para atender ao requisito de eficiência e de eficácia, a produção precisa repousar em um sistema de planejamento e controle confiável. Há muita atividade a ser planejada, organizada e coordenada para que a produção ocorra da melhor maneira possível. Há complexidade do sistema produtivo exige necessariamente um esquema de planejamento e controle.

O planejamento dá as bases para todas as atividades gerenciais futuras ao estabelecer planos de ação que devem ser seguidos para atingir aos objetivos estabelecidos, bem como estipula o momento em que essas ações devem ocorrer. Já o controle envolve a avaliação do desempenho dos colaboradores, dos setores específicos da empresa e dela própria como um bloco, e a consequente aplicação de medidas corretivas se necessário (MOREIRA, 2011).

Para Slack et al. (2009) o planejamento é a formalização do que se pretende que aconteça em determinado momento no futuro. E controle é o processo de lidar com essas variações, fazendo os ajustes, permitindo que a operação atinja os objetivos estabelecido nos planos, mesmo que os pressupostos assumidos pelo plano não se confirmem.

A função de PCP e dos sistemas a ele associados tem como foco planejar e controlar a produção de modo que as empresas possam entender as reais necessidades de produção e assim gerenciar de forma eficaz todo processo produtivo. Os processos de PCP são hierárquicos, onde a atividade de planejamento é usada para ajudar a gerencia de produção a compreender e controlar as operações para as quais ela é responsável (BONNEY, 2000).

Segundo Pan et al. (2014) o objetivo principal do PCP é alinhar a produção com os objetivos estratégicos, atendendo aos critérios de desempenho. Gerenciar os processos produtivos com o máximo de aproveitamento de seus recursos, planejando, programando e controlando a produção de forma que satisfaça aos consumidores através dos produtos, bem como aos acionistas através dos lucros é tarefa prioritária desempenhada pela função.

A produção para que atinja os objetivos formulados pela organização, passa por horizontes de planejamento. Lustosa et. al. (2008) o PCP é responsável pela coordenação e aplicação dos recursos produtivos de modo a atender da melhor maneira possível aos planos estabelecidos nos níveis estratégico, tático e operacional.

Para Tubino (1997) as atividades do PCP são exercidas nos três níveis hierárquicos de planejamento e controle das atividades produtivas de um sistema de produção. No nível estratégico, onde são definidas as políticas estratégicas de longo prazo da empresa, o PCP participa da formulação do planejamento estratégico da produção, gerando um plano de produção. No nível tático, onde são estabelecidos os planos de médio prazo para a produção, o PCP desenvolve e implanta o planejamento mestre da produção (PMP). No nível operacional são preparados os programas de produção de curto prazo, o PCP prepara a programação da produção administrando estoques, sequenciando, emitindo e liberando as ordens de compras, fabricação e montagem, bem como executa o acompanhamento e controle da produção. Portanto, em termos simples, o PCP determina o que vai ser produzido, o quanto vai ser, como vai ser, onde vai ser, quem vai produzir e quando vai ser produzido.

Segundo Slack et al. (2009) o PCP deve conciliar o fornecimento com a demanda. E para que essa sintonia seja possível, quatro atividades principais devem ser desempenhadas: programação, sequenciamento, carregamento e controle.

As atividades do PCP são de extrema importância para a organização. A execução dessas tarefas dão apoio e suporte à gestão estratégica de processos. De acordo com Paladini et al., (2010) o modelo de gestão estratégica de processos prioriza as competências produtivas da capacidade instalada da organização, ou seja, do seu processo produtivo. A realização correta dessas tarefas cria o diferencial competitivo da empresa e, portanto, possuem notável impacto no desempenho da produção.

De acordo com Tubino (1997) o PCP para cumprir seu papel de suporte ao atingimento das metas estratégicas da organização deve ser capaz de apoiar o tomador de decisões logísticas a:

  • Planejar as necessidades futuras de capacidade produtiva da organização;
  • Planejar os materiais comprados;
  • Planejar os níveis adequados de estoques de matérias-primas, semi-acabados e produtos acabados, nos pontos certos;
  • Programar atividades de produção;
  • Ser capaz de prometer os menores prazos de entrega ao cliente;
  • Ser capaz de agir eficazmente;
  • Saber e informar a respeito da situação em que se encontra o processo produtivo.

Conforme Chiavenato (2005), ao desenvolver as suas funções, o PCP mantem uma rede de relações com as demais áreas da empresa. As inter-relações entre o PCP e as demais áreas se devem ao fato de que o PCP procura utilizar racionalmente os recursos empresariais, sejam eles materiais, humanos, financeiros, etc.

Para Tubino (1997) o Planejamento e Controle de Produção deve manter um relacionamento direto com todas as áreas que envolvem a empresa como: Engenharia de Produto, Engenharia do Processo, Marketing, Manutenção, Compras/Suprimento, Recursos Humanos e Finanças, pois são estes setores responsáveis em abastecer a produção com recursos fundamentais para segmento do processo produtivo como:

  • Desenvolvimento de novos produtos;
  • Melhoria ou maior valor agregado aos produtos;
  • Propaganda, desenvolvimento de rótulos e marcas;
  • Manutenção corretivo-preventiva ou novas instalações;
  • Abastecimentos de matérias primas/insumos;
  • Contração de mão-de-obra;
  • Liberação de recursos para o processo produtivo.

O PCP interage com diversos setores da empresa, administrando as informações vindas de várias áreas do sistema produtivo. Da Engenharia do Produto são necessárias informações contidas nas listas de materiais de desenhos técnicos, da Engenharia de Processo os roteiros de fabricação e os leads times, no Marketing buscam-se os planos de vendas e pedidos firmes. A Manutenção fornece os planos de manutenção, Compras/Suprimentos informa as entradas e saídas dos materiais em estoques, dos Recursos Humanos são necessários os programas de treinamento, finanças fornecem o plano de investimentos e o fluxo de caixa, entre outros relacionamentos.

Para um maior entendimento a figura 5, representa algumas áreas interligadas com o PCP, dentro da empresa.

Figura 1- Fluxo de informações do PCP
Fonte: MARTINS (2000, pág. 156)

A sintonia do PCP com as outras áreas da organização reflete positivamente no bom desempenho das prioridades competitivas e nos objetivos de desempenho. De acordo com Neto et al. (2003), definem-se prioridades competitivas como sendo um conjunto consistentes de critérios que a empresa tem de valorizar para obter performance e desempenho no mercado.

O PCP ocorre principalmente na função produção de qualquer organização, entretanto, possui interações com diversas outras áreas como Marketing, principalmente no que se refere a vendas, a área de Suprimentos, que abastece a produção com insumos e Finanças, que libera recursos e avalia os custos das operações produtivas

Para Slack et al (2009) no processo decisório da produção, a organização precisa definir e seguir objetivos de desempenho pra se manter no mercado. A nível operacional existem cinco objetivos básicos de desempenho, que as empresas necessitam atender para satisfazer às exigências básicas dos consumidores.

O quadro 1 demonstra o relacionamento dos cinco objetivos com a mensuração de desempenho.

Objetivo de desempenho

Medida parcial de desempenho

Qualidade

Número de defeitos por unidade

Nível de reclamação do consumidor

Nível de refugo

Solicitações de garantia

Tempo médio entre falhas

Grau de satisfação do consumidor

Velocidade

Tempo do consumidor em fila

Lead time de pedido

Frequência de entregas

Tempo de atravessamento real versus teórico

Tempo de ciclo

Confiabilidade

Porcentagem de pedidos entregues com atraso

Atraso médio de pedidos

Proporção de produtos em estoque

Desvio médio da promessa de entrega

Aderência à programação

Flexibilidade

Tempo necessário para desenvolver novos produtos/serviços

Faixa de produtos ou serviços

Tempo de mudança de máquina

Tamanho médio de lote

Tempo para aumentar a taxa de produção

Capacidade média/capacidade máxima

Tempo para mudar programações

Custo

Variação de custos contra orçamento

Utilização de recursos

Produtividade de mão-de-obra

Valor agregado

Eficiência

Custo por hora de operação

Quadro 1 - Objetivos de desempenho e suas medidas
Fonte: Elaborada pelos autores

Como pode ser observado no quadro 1 os objetivos de desempenho possuem um caráter multidimensional, sendo compreendidos e mensurados por meio dos indicadores apresentados na coluna a esquerda.

Os objetivos de desempenho são áreas comuns de foco organizacional, que direcionam as estratégias das empresas. Para Meredith e Shafer (2002) o comportamento competitivo entre as empresas está dividido em objetivos que ele classifica de qualificadores de pedidos e ganhadores de pedidos. Um qualificador de pedido é uma condição necessária que o produto precisa ter para que seja comercializado. Um ganhador de pedido se trata de uma característica que faça com que o cliente realize a compra.

3. Aspectos metodológicos

Este item tem por finalidade apresentar os meios pelos quais busca-se atingir os objetivos da pesquisa. Para isto, um elemento importante que aproxima o pesquisador de seu objeto é a classificação do trabalho quanto aos objetivos.

Assim, do ponto de vista dos objetivos este trabalho pode ser caracterizado como exploratório, pois visa compreender como as atividades de PCP podem contribuir para o desempenho do processo produtivo da organização.

Segundo Gil (2002), outro elemento importante da pesquisa é o procedimento adotado para a coleta de dados, que podem ser aqueles que se valem das chamadas fontes de "papel" ou aqueles cujos dados são fornecidos por pessoas. No primeiro grupo encontram-se a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental e no segundo a pesquisa experimental, a pesquisa ex-post facto, o levantamento e o estudo de caso.

O presente estudo faz parte do segundo grupo proposto pelo autor, pois se trata de uma pesquisa qualitativa, que pode ser definida como uma investigação empírica que investiga o fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto na vida real, especialmente quando os limites entre o contexto e o fenômeno não estão claramente definidos.

O método proposto para atingir o objetivo é o estudo de caso, que visa estudar o fenômeno científico em profundidade no seu local de ocorrência. Este trabalho faz uso, de dados primários, que foram coletados durante observações in loco e entrevistas com profissionais que compõem o quadro de funcionários da área de PCP, principalmente o gestor de fábrica, gestor de produção, e técnico de planejamento.

Com os dados, informações, fotografias do processo produtivo e os métodos de gestão do PCP da empresa em estudo em mãos, esta pesquisa com foco em atender ao objetivo fundamental deste trabalho, analisou todo o material coletado, gerando ao final um relatório descrevendo os resultados obtidos, fazendo as considerações a respeito do problema de pesquisa e da função de PCP que norteou este projeto.

4. O PCP em uma empresa do setor moveleiro

A presente seção apresenta um estudo realizado em uma empresa do setor moveleiro, procurando identificar como é realizado seu PCP e quais as suas contribuições para a competitividade empresaria. Para isso, são construídas duas subseções, a primeira busca apresentar a organização estudada e a segunda caracteriza propriamente o PCP e suas contribuições.

4.1. Caracterização da empresa

Para este estudo foi selecionada uma empresa localizada na cidade de Jaboticabal-SP. A empresa iniciou suas atividades há 18 anos, com o objetivo de atender as necessidades do mercado de móveis sofisticados e personalizados para quartos, oferecendo uma gama de produtos que englobam camas, criados mudos, cômodas, estantes, escrivaninhas, bancos, baús, mesas e móveis para televisão.

A empresa assina móveis planejados para quartos, com a marca da sofisticação. Seus produtos personalizados, o design, a qualidade das matérias-primas empregadas, proporcionam soluções diferenciadas que combinam aconchego com estilo, que irão mobilhar o lar de empresários, artistas, profissionais liberais e diversos clientes da classe A e B. Os móveis produzidos pela empresa são comercializados principalmente no estado de São Paulo, onde concentra cerca de 95% de suas vendas, e o restante para o resto do país.

O mercado evolui a cada dia e a indústria acompanha essa evolução, desenvolvendo produtos alinhados com asprincipais tendênciasmundiais e lançando peças exclusivas assinadas por grandes nomes da arquitetura e decoração. Assumindo um compromisso com a responsabilidade ambiental, a opção pelasustentabilidadetem levado a empresa a firmar parcerias com fornecedores certificados por instituições comprometidos com a proteção ambiental, garantindo vida longa às florestas sem abrir mão da qualidade.

A indústria estudada divide-se em 02 unidades, sendo um escritório central na capital São Paulo, onde ele é responsável pela área comercial, vendas e relacionamento com cliente e a fábrica localizada na cidade de Jaboticabal, interior do estado. Considerada uma empresa de médio porte, a fabricante de móveis possui um quadro de funcionários de 110 colaboradores, distribuídos entre área comercial, administrativa e manufatura. Obtendo com a receita de vendas de seus produtos um faturamento anual em torno de R$ 10 milhões.

A estrutura organizacional da empresa pode ser observada, conforme figura abaixo.


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Figura 2 - Organograma da empresa
Fonte: Disponibilizada pela empresa

No organograma, observa-se a divisão da empresa em departamentos, onde cada setor responde a um gestor e estes a uma diretoria. Com foco na área industrial, o gerente industrial é responsável por todos os setores relacionados à produção, como PCP, suprimentos, manutenção industrial e logística, áreas fundamentais para produção.

4.2. Planejamento e Controle da Produção

A empresa trabalha em regime make-to-order, ou seja, produz sob encomenda. Porém, durante o ano produz também produtos para serem comercializados em pronta entrega para absorver sazonalidade com demanda alta. O processo produtivo da empresa se inicia com a venda do produto pelo setor comercial, localizado na capital. Após a efetivação da venda, o pedido é enviado através de sistema para a fábrica em Jaboticabal, que processa o mesmo no PCP e envia as ordens de produção juntamente com os desenhos de detalhamento de cada etapa produtiva para a produção.

Com o processamento da venda pelo setor comercial, o fluxo de informações de processos administrativo do PCP, ocorre na seguinte forma, segundo o gerente de fábrica.

Os dados da venda são enviados ao departamento de Planejamento e Controle da Produção, onde são processados pela engenharia, que projetam os desenhos e descrevem a lista de materiais. Realizado esta tarefa, o PCP planeja e programa as ordens de produção e planilhas de controle a serem utilizadas na produção. Distribuídos em pacotes de trabalho, cada produto, é enviado para fabricação, onde é acompanhado pelo gerente de produção por meio de facilitadores que monitoram o avanço da produção.

Basicamente o processo produtivo no chão de fábrica se divide em 4 etapas: usinagem, montagem, acabamento e embalagem. Sendo o PCP uma atividade de suma importância, o acompanhamento do avanço de fabricação do móvel em cada etapa do processo é uma das prioridades, para com isso fazer-se cumprir os prazos de entrega ao cliente. No dia-a-dia da produção, o PCP tem várias tarefas a serem executadas. Nas atividades operacionais faz uso de sequenciamento da produção, onde a empresa trabalha com entregas programadas, e de acordo com estes prazos de entrega, é feito programação semanal, com liberação de 36 peças para a fabricação a cada 2 dias.

Ao que se refere a ordem de fabricação, os produtos seguem a prioridade da Data Prometida na dinâmica de filas FIFO, mas havendo pedidos que precisem ser entregues com urgência e mesmo que não obedeçam a teoria da Data Prometida, eles são processados com prioridades se enquadrando no método LIFO.

Obedecendo uma capacidade de produção determinada, por meio de tempos de produção coletados em Cronoanálise, o PCP define uma carga de trabalho que cada posto de trabalho deve processar ao dia, alocando uma quantidade mínima de produção de 03 produtos para cada funcionário do piso, em seus respectivos setores da produção. Com essa tarefa, observa-se a aplicação da atividade de Carregamento da produção, pelo departamento de PCP.

Quanto aos métodos de controle, o PCP monitora a produção pelo próprio sistema de gestão, por um técnico de planejamento que trabalha no chão de fábrica acompanhando a produção, e faz uso de controle visual, com quadros de programação, em cada setor da fábrica, conforme figura a seguir:

Descripción: C:\Users\Erivando\Desktop\TCC II - ESTUDO DE CASO\TCC CASA PRONTA\100_1585.JPG

Figura 3 - Quadro de programação da produção
Fonte: Disponibilizada pela empresa

Nos quadros de programação, como o mostrado na figura, o PCP distribui as tarefas, aos funcionários, onde quem fará o que e quando, e assim controlando o avanço da fabricação.

Conforme avança a produção, são gerados resíduos durante o processo. Ao ser questionado sobre a destinação destas perdas, o gerente de fabrica explica que:

  • No caso de madeira, a produção conta com uma prensa para madeira, onde são aproveitados pedaços maiores, prensados e reutilizados no próprio processo;
  • No caso da serragem, é destinado à criadores de cavalos para fazer cama das baias e também para a Universidade Estadual Paulista (UNESP), localizada no município;
  • Os cavacos são cedidos para pequenos artesãos;
  • Para diminuir as sobras a empresa utiliza software que projeta o corte das chapas de madeira para maior aproveitamento da mesma.

Sobre as ferramentas de TI, tendo em vista que hoje os sistemas de gestão são de grande importância para o desempenho empresarial, pois permitem que as empresas se tornem mais competitivas ao manter custos baixos, diferenciar produtos e serviços, focar nichos de mercado, o gerente de fabrica diz que a empresa possui dois softwares, um que foi desenvolvido na própria empresa, estruturado com base no banco de dados Acess, conforme figura abaixo.

Descripción: F:\ARQUIVOS\Sistema Producao CP.JPG

Figura 4 - Tela inicial do sistema de produção
Fonte: Disponibilizada pela empresa

O sistema em acess é responsável por gerar todas as ordens de produção e planilhas de controle além de gerar os relatórios gerenciais para a gestão da empresa. Para uma melhor gestão integrada dos processos, no presente momento a empresa está em fase de implantação de um ERP FOCCO, onde a empresa busca benefícios como:

  • Integrar o ciclo fornecedor, fábrica e loja
  • Automatização dos processos agilizando a geração das informações
  • Controle rigoroso de documentos conforme as normas de gestão de qualidade
  • Geração de relatórios para atender as necessidades gerenciais
  • Melhor tomada de decisões

A figura abaixo, mostra a interface do sistema em implantação pela empresa.

Descripción: F:\ARQUIVOS\Focco Lay out rev.jpg

Figura 5 - Interface do sistema Erp em implantação pela empresa
Fonte: Disponibilizada pela empresa

O erp em implantação, vai integrar as áreas funcionais da empresa, comercial, financeiro, manufatura, suprimentos, agilizando o fluxo de informações e reduzindo algumas das dificuldades da empresa, que segundo o gerente de fábrica, estão hoje relacionadas com as inconsistências no cadastro da lista de materiais dos produtos e em relatórios de gestão que interferem negativamente, entre outros fatores, principalmente na acuracidade das informações.

4.3 O PCP e os objetivos de desempenho

Para Devise e Pierreval (2000), toda organização precisa ter objetivos de desempenho de produção bem definidos não só para guiar a empresa em sua gestão empresarial, mas também para permitir o monitoramento e controle completo da produção com o intuito de aprimorar seus processos e atingir os resultados pretendidos.

Para que a empresa alcance resultados positivos em relação aos seus objetivos de desempenho, a empresa num todo deve estar em sintonia, com os departamentos integrados, onde de acordo com Lustosa et al. (2008) o PCP atua cooperando e coordenando as demais funções organizacionais, e por ter essa função articuladora e de integração ele age de forma a reduzir os conflitos potenciais entre as demais funções.

Referente ao relacionamento e comunicação do PCP com os outros departamentos o gerente industrial esclarece que o PCP se relaciona com praticamente todas as áreas, comercial, engenharia de produto, suprimentos, produção, recursos humanos e logística. A comunicação é diária a fim de gerir a produção. Para tanto utilizam o próprio sistema, Skype, telefone, e-mail, reuniões e o próprio contato pessoal com as áreas acima citadas buscando a resolução de problemas no momento. Percebe-se que as ações da empresa no que diz as formas de se relacionarem entre si, são condizentes com o colocado por Lustosa et. al (2008).

Em análise da variável custo, o PCP em interação com financeiro participa no controle e redução através de relatórios gerenciais que indicam desde o preço a ser pago pela matéria-prima, bem como se os recursos que estão sendo empregados nos produtos seguem um padrão de consumo histórico. A forma com que o PCP da empresa participa na gestão de custos está alinhada com que Slack et al. (2009) diz, onde a administração da produção influência nos custos gerenciando as variáveis em que eles estão incorridos, desde custo de materiais, custo de mão-de-obra e custos de instalações, tecnologia, equipamentos, etc.

Sobre o objetivo confiabilidade da produção, o PCP da empresa não possui uma gestão concreta sobre esse indicador, o gerente de fabrica relata que para garantir o funcionamento da produção, sem falhas, eles fazem uso de manutenção preventiva parcial e manutenção corretiva, mas que as falhas que ocorrem no processo não causam impacto prejudicial à produção. Para Slack et al. (2009) confiabilidade dá estabilidade, e caso a produção não atenda a esse objetivo, seu desempenho nos outros objetivos podem ser insatisfatórios.

Agora sobre confiabilidade dos produtos e qualidade o gerente de fabrica diz que existe um controle de apontamentos de assistência técnica apontadas por motivo, bem como, existe também um controle de não conformidades que indicam as causas dos problemas e gera um plano de ação que resultara na melhor qualidade dos produtos, mas que precisa ser melhorado. Em esclarecimentos sobre a qualidade dos produtos o técnico de planejamento relata que o controle de qualidade da empresa possui algumas deficiências, onde às vezes uma peça percorre todo o processo e o defeito só é descoberto no último estágio da fabricação, no caso a embalagem e sendo assim tendo que retornar pra retrabalho, gerando novos custos.

Segundo Lustosa et al. (2008) produzir com qualidade é atender as especificações, evitando refugos de material e retrabalhos, e numa associação com a qualidade dos processos produtivos da empresa, considera-se que pode ser melhorada buscando reduzir ao máximo os defeitos.

Sendo a flexibilidade a capacidade dos sistemas produtivos responderem as regras de mercado, introduzindo novos produtos, novos processos, reengenharia, alavancando assim o desempenho empresarial da organização, o gerente de fabrica explica que o PCP coopera e interage no desenvolvimento de novos produtos praticamente em tempo integral (a engenharia de produtos e o PCP da empresa funcionam inclusive na mesma sala, reduzindo barreiras de comunicação). Há uma interação muito grande principalmente no que se refere ao processo, auxiliando a engenharia a elaborar produtos de forma mais eficiente e que tragam benefícios para o desempenho produção. Associando flexibilidade com inovação, o PCP influência no desempenho inovador trazendo soluções, tanto em nível de processo quanto desenvolvendo técnicas que possam gerar produtos novos, através também de parceria com arquitetos de renome que assinam projetos de produtos trazendo um design com as tendências do mercado.

Segundo o Técnico de planejamento, através de análise de processo, o PCP busca implantar melhorias, para facilitar a produção. Avaliando os critérios competitivos de inovação e flexibilidade, Davis, Aquilano e Chase (2001) afirmam que flexibilidade é a habilidade da empresa oferecer variados produtos a seus clientes e inovação sua capacidade de inserir mudanças e melhorias em seus processos de negócios. A partir do colocado por esses autores, evidencia-se que a empresa está alinhada com a filosofia destes objetivos de desempenho, pois possuem uma ampla linha de produtos e buscam aperfeiçoamento da produção.

Descrevendo sobre o objetivo de desempenho Rapidez, Slack et al (2009) aborda a rapidez como o tempo transcorrido entre o pedido e entrega do produto pelo cliente. Sendo a velocidade na entrega dos produtos ao cliente, um fator de grande importância, o PCP contribui para o atendimento deste critério trabalhando com entregas programadas, onde o mesmo tem papel importante no controle do processo para que o pedido fique pronto no prazo estipulado, ao que se refere o gerente de fábrica, no processo macro, desde a disponibilidade e processo da área de suprimentos até a embalagem final. Ainda sobre rapidez, o departamento de Planejamento e Controle da Produção influencia na confiabilidade de entrega dos produtos por meio de um sistema de apontamento dos produtos carregados através de código de barras, eliminando assim os problemas em relação à falta de produtos no pedido do cliente ou mesmo a troca de produtos entre os pedidos, além disso, todo o agendamento de entrega feito ao cliente é realizado pelo departamento, feito com antecedência, desta forma o cliente se prepara para receber seus móveis.

A empresa no que se refere a velocidade de entrega de seus produtos, atende ao exposto pela literatura, fazendo uso de um controle apropriado com utilização de ferramenta de rastreamento por códigos de barras e frota própria de entrega e em algumas ocasiões utilizam serviços de entrega terceirizada.

Em fase conclusiva da entrevista com gerente de fábrica, foi questionado quais diferenciais competitivos o PCP da empresa possui, e o mesmo explica que a empresa possui um processo produtivo baseado em alguns princípios da filosofia Lean Production e o PCP está alinhado com esta metodologia que se aplica perfeitamente ao tipo de negócio.

E por fim a respeito de destaque positivo ou negativo relevante no PCP, o gerente de produção esclarece que mesmo se tratando de fabricação de produtos complexos, e com algumas restrições, o PCP busca controlar toda a produção, sendo este ponto positivo, e hoje com a implementação completa do software ERP FOCCO, tem como meta uma gestão eficiente de toda a empresa. E como fator negativo, o gestor diz que está nas interferências no fluxo de informações, devido ao escritório comercial se localizar em São Paulo, o que às vezes interfere na precisão e qualidade das informações.

5. Considerações finais

O objetivo deste trabalho foi mostrar e analisar as contribuições do PCP para o desempenho do processo produtivo dentro de uma indústria moveleira, onde em um mercado cada vez mais competitivo, é preciso ter um gestão eficiente de seus processos, alinhados com os cinco objetivos de desempenho.

Partindo da pergunta problema de Como o Planejamento e Controle da Produção influência no desempenho da produção?

Pode-se considera-la respondida, pois conclui-se que o PCP age diretamente na gestão da produção e por meio de suas atividades principais de programação, sequenciamento, carregamento e controle, busca padronizar e agilizar os processos tornando as etapas do processo produtivo mais enxutas e assim fazendo com que a fabricação flua com eficiência.

Sobre as contribuições do PCP para o desempenho da organização, destaca-se que o mesmo é capaz de organizar o fluxo de materiais e os processos de produção com estoques baixos e de maneira ágil, o que permite que a mesma obtenha diferenciais competitivos em relação a concorrência.

Além disso, a empresa, possui foco em flexibilidade e pois oferecem uma linha diversificada de produtos, com design diferenciado, atendendo o perfil do cliente no mercado em que atua. No que tange a inovação foi verificado que o Planejamento e Controle da Produção, busca trazer atualizações tanto em produto como na produção, através de parcerias com arquitetos no desenvolvimento de produtos e análise de processos, buscando melhorias continuamente.

Responder rapidamente as solicitações do mercado é primordial para a fidelização do cliente. No objetivo rapidez, o PCP gerencia o lead time da produção, e com isso contribuindo para o cumprimento das datas de entrega do produto ao cliente, atendendo ao critério do objetivo rapidez, mas ressalva que durante o processo produtivo, em algumas restrições que possam ocorrer, a empresa acaba não executando a produção como planejado, influenciando na prorrogação das datas de entregas, mas numa análise macro sobre esse objetivo, a empresa se posiciona positivamente, pois adota práticas e ferramentas para atender ao objetivo rapidez.

No que se refere ao custo, o PCP da empresa, age diretamente em seu controle, pois além de controlar o almoxarifado, decide sobre utilização de horas extras, compra de maquinário, e atua juntamente com financeiro, no monitoramento dos gastos e receitas da empresa. Contribuindo positivamente para gestão desse objetivo.

E por fim numa análise dos objetivos qualidade e confiabilidade, pode-se dizer que os produtos da empresa possuem uma qualidade diferenciada, e também pelo público que se direciona, exige-se que assim sejam. E quanto a confiabilidade do produto, os clientes esperam que os móveis façam jus ao preço, e assim a empresa busca atender. Ainda a respeito de qualidade e confiabilidade, agora em relação à produção, conclui-se que mesmo adotando práticas de controle de relatórios de não conformidade e testes, esses fatores podem ser melhorados, com eliminação de desperdícios e retrabalhos, e implantação de sistema de qualidade ISO, que segundo o gerente de fábrica, a empresa ainda não possui.

Desta forma, atendendo ao objetivo proposto, este estudo, demonstrou as práticas de PCP da empresa em estudo e como ele age contribuindo para o desempenho da produção. Esclarecendo que uma boa gestão, influência diretamente nos objetivos de desempenho, tornando a empresa mais competitiva, lembrando que a empresa e o PCP devem sempre buscar melhoria continua, para garantir sua posição no mercado.

Logo, este estudo obteve êxito, por identificar as contribuições do Planejamento e Controle da Produção, que por meio de suas técnicas administra todas as fases de produção, proporcionando a uma maior segurança aos resultados e melhorando a eficiência do processo produtivo e tornando a empresa mais competitiva.

A competitividade é vital para qualquer empresa. Na empresa estudada, pode ser observado um alinhamento concreto com as técnicas que o Planejamento e Controle da Produção oferecem, mas para ter sucesso competitivo, estas práticas devem estar vinculadas à estratégia de negócios. A empresa, através do PCP, para se sobressair diante de seus concorrentes deve encarar o desafio de gerir a produção com eficácia e determinar como obter vantagem competitiva.

Como limitação do estudo pode ser destacado o fato da coleta de dados ter sido dirigida a gestores, o que mostrou uma visão tática do PCP, mas que não impediu de atingir o objetivo, no que se refere a fatores operacionais.

Por fim, como sugestões para trabalhos futuros, é possível destacar a realização de estudos comparativos entre empresas deste setor, como forma de avaliar a maturidade do PCP nas organizações, ou ainda um estudo intersetorial que possa situar o nível de contribuição do PCP para a competitividade empresarial de empresas moveleiras, frente a outros setores.

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1 Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP Erivando_moreira@ hotmail.com
2 Universidade Metodista de Piracicaba – UNAERP Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP acpjr1@gmail.com
3 Centro Universitário UNISEB ornella_pac@gmail.com
4 Universidade de São Paulo – USP asalgado@usp.br


Vol. 35 (Nº 9) Año 2014
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