Espacios. Vol. 25 (3) 2004

Determinantes de êxito de empresas tecnológicas de base universitária: um estudo de casos múltiplos no âmbito do CIETEC/USP

Determinantes del éxito de empresas de base tecnológica universitaria: Un estudio de caso múltiple en el ámbito del CIETEC/USP

Success determinantes of university-technology based firms: a study of multiple cases from CIETEC/USP

Roberto Sbragia y Érica Cristiane Ozório Pereira*


Contenido


RESUMO:
Este estudo tem por objeto de analise empresas de base tecnológica – EBT´s de origem universitária incubadas, mas que já operam no mercado. Seu propósito é identificar fatores-chave que contribuíram para seu êxito, tanto interna como externamente. Quatro casos são estudados, todos do CIETEC- Centro de Incubação de Empresas Tecnológicas, situado no campus da Universidade de São Paulo, nos setores de instrumentos de laser, produtos odontológicos, automação de processo e biotecnologia. Um questionário semi-estruturado foi utilizado através de um procedimento de entrevista junto a seus sócios principais. Os resultados indicam que, enquanto trajetória, tais empresas têm experimentado os desafios comuns presentes, de um modo geral, em pequenas empresas, como dificuldades para lidar com sócios. Enquanto fatores de têm contribuído para seu êxito, do lado interno destacam-se a criatividade dos colaboradores técnicos e a visão de negócios/competência gerencial dos empreendedores, e, do lado externo, o ambiente proporcionado pela universidade em cujo sistema se inserem.

RESUMEN:
Este estudio tiene por objeto analizar el desempeño de empresas de base tecnológica -EBT´s de origen universitario que están operando en el mercado. El propósito es identificar factores clave, tanto internos como externos, que contribuyeron a su éxito. Cuatro casos son estudiados, todos del CIETEC (Centro de incubación de empresas tecnológicas), situado en el campus de la Universidad de Sao Paulo. Las empresas pertenecen a los sectores de instrumentos de laser, productos odontológicos, automatización de procesos y biotecnología. A través de encuestas a los socios principales de las empresas se aplicó un cuestionario semi-estructurado. Los resultados indican que en cuanto a su trayectoria las empresas experimentaron los mismos desafíos que las pequeñas empresas en general, tales como las dificultades para lograr acuerdos entre los socios. En cuanto a los factores que han contribuido al éxito, del lado interno destacan la creatividad de los colaboradores combinada con la experticia técnica, visión de negocios y competencia gerencial de los emprendedores, y del lado externo, el ambiente proporcionado por la universidad fue crucial para el desarrollo posterior de las empresas analizadas.

ABSTRACT:
This study tries to identify in university-technology based firms that are already operating in the market the main factors presented at their initial stages of development, internally and externally. Four cases were studied in the Brazilian case, all of them from CIETEC- Centro de Incubação de Empresas Tecnológicas, based at the University of Sao Paulo campus. The firms belong to the sectors of laser tools, deontology products, process automation and biotechnology. A semi-structured questionnaire, applied through an interview process to the main directors of these firms, was used for data collection. The results indicated that university-technology based firms have experimented some common challenges belonged to small firms in general, such as the difficulties to deal with partners. Furthermore, as internal factors , the creativity of the collaborators, combined with technical expertise, and business vision as a key entrepreneur managerial compe-tence, are fundamental for market success. As an external factor, the university environment seems to be crucial for their development.

1. Introdução

As empresas de base tecnológica têm se constituído em significativos instrumentos para a ação das universidades, através de suas Incubadoras, Parques Tecnológicos e Pólos Empresariais. Algumas dessas empresas têm sido êxitosas, porem esta não é a regra geral. Percebe-se, de maneira geral, que há limitações nos modelos e critérios de avaliação dessas empresas no que diz respeito ao seu potencial de êxito. De fato, as empresas de base tecnológica que atuam em mercados competitivos necessitam conciliar seus propósitos essenciais com uma gestão eficiente e profissionalizada. Por isso, é necessário analisar experiências que permitam identificar quais fatores, de origem interna ou externa, têm impactado o êxito dessas empresas e, a partir daí, desenvolver critérios e modelos mais sistematizados de avaliação a “priori” desses empreendimentos.

Tendo como finalidade contribuir para com essa lacuna, o presente trabalho busca expor os resultados de uma pesquisa de campo, realizada com empresas incubadas já graduadas operando no mercado, na busca da identificação de alguns desses fatores. Inicialmente apresenta-se um quadro conceitual. Depois, descreve-se os casos estudados, incluindo a metodologia utilizada e a análise dos dados coletados. Por fim, as conclusões e recomendações finais são apresentadas.

2. Marco teorico

Para BIZZOTTO et al. (2002), os principais problemas das empresas residentes são a falta de experiência empresarial, as dificuldades técnicas, a má gestão de projetos de inovação, e as dificuldades para a penetração no mercado. Os autores afirmam ainda que as incubadoras, visando minimizar esses problemas, devem promover a articulação dos incubados com outras empresas residentes, com a universidade, com empresas já estabelecidas, e com entidades de apoio à geração e ao desenvolvimento de empresas desse tipo. Além disso, apontam que é necessário avaliar “a adequação de ferramentas, das técnicas e dos processos utilizados para o desenvolvimento do produto ou oferecimento do serviço”; analisar “a estratégia de posicionamento da empresa no mercado”, verificar “os aspectos relacionados à gestão da empresa (...), além de avaliar a qualidade da rede de contatos” (BIZZOTTO et al., 2002:4).
Lee et al. (apud Dornelas, 2002) complementa esse quadro, afirmando que a performance das empresas start-up de tecnologia são influenciadas por:
Fatores internos:

Fatores externos:

Um outro aspecto que deve ser levado em conta para o sucesso de um empreendimento, cujo resultado seja um produto ou serviço inovador, é ter-se um mercado bem definido e conhecer as necessidades do consumidor (Leite, 2002). Essa, na verdade, tem sido uma das grandes dificuldades das empresas de base tecnológica, pois muitas vezes as mesmas surgem mediante o technological push, ao invés do demand pull, tendo, assim, uma grande dificuldade para dimensionar o mercado. O autor ainda aponta outros fatores importantes para a gestão de empresas de base tecnológica: a definição de metas e a realização de um plano estratégico de negócios. De fato, é muito importante que se pense no futuro da organização e onde se quer chegar, para que a empresa possa trabalhar focada e direcionar seus esforços naquilo que é essencial e que vai gerar resultados.

Já a respeito da incubadora e sua gestão, como um instrumento facilitador que pode influenciar o êxito ou fracasso das empresas incubadas, Carleial (1997) afirma que a visibilidade institucional tem relevância particular. A autora aponta ainda que a capacidade da incubadora de mobilizar recursos políticos, financeiros e organizacionais são importantes para a definição estratégica e o desempenho mercadológico das empresas incubadas. Acredita-se que sejam essas as benesses principais obtidas por uma empresa que se instala em uma incubadora, ou seja, não somente usufruir de uma sala e de serviços a preços menores que o de mercado, mas de toda uma serie de ganhos intangíveis.

Dentre as funções que a incubadora deve ter para apoiar o desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas - MPE’s incubadas e, portanto, auxiliar no seu sucesso (Carleial 1997), está a de atuar como um elemento de intermediação entre elas e várias outras instituições de pesquisa, políticas publicas e financeiras, em nível nacional, regional ou local. Uma outra função ainda é a de colocar a empresa incubada no centro de redes formais e informais de informações tecnológicas, legais e econômicas, abrindo caminho de acesso a recursos humanos qualificados e estabelecendo um espaço de negociação com os poderes públicos.

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