Espacios. Vol. 24 (2) 2003

Política e gestão da inovação tecnológica: Estudo comparativo da evolução da disciplina no Brasil e na Ibero-América

Política y gestión de la innovación tecnológica: Estudio comparativo de la evolución de la disciplina en Brasil y en Iberoamérica

Policy and management in technological innovation: comparative study of the discipline in Brazil and Iberoamerica

Roberto Sbragia, Ivete Rodrigues, Maria Selma Baião y Tarcízio Rego Quirino


3.5 Áreas de interesse

Para identificar quais áreas de política e gestão da inovação tecnológica têm despertado mais interesse dos estudiosos e praticantes do mundo ibérico, foi feita uma análise da oferta dos trabalhos que foram apresentados durante as vinte edições dos seminários (ALTEC e SIGITEC), demonstrada no gráfico 5.

Os dois eventos possuem categorias temáticas diferentes para classificação dos trabalhos, o que significa dizer que não há uniformidade nas denominações das áreas. Assim, os autores fizeram uma reclassificação destas categorias, de acordo com a similaridade temática, consolidando-as em 9 áreas distintas, cujas denominações encontram-se a seguir:

  1. Estado, Progresso Econômico Social e Inovação Tecnológica; Políticas Públicas; Política Industrial, Científica e Tecnológica; Sistemas Nacionais e Estaduais de C&T.
  2. Processo de Inovação Tecnológica; Mudança Técnica; Infra-Estrutura de P&D; Indicadores de C&T; Avaliação de Resultados / Contribuição do Esforço de Inovação.
  3. "Entrepreneurship";, Pólos Tecnológicos e Novos Negócios de Base Técnica; Arranjos Institucionais e Cooperação Empresa-Universidade.
  4. Transferência e Marketing de Tecnologia; Cooperação Técnica Internacional; Informação em C&T; Propriedade Industrial e Intelectual; Normas Técnicas.
  5. Competitividade Empresarial e o Papel da Capacitação Tecnológica; a Função de P&D na Empresa, sua Missão, Atribuições e Impactos; Perfil e Comportamento das Empresas Inovadoras.
  6. Organização para Inovação; Gestão da Interface entre P&D, Marketing e Produção; Administração de Projetos Tecnológicos; Gestão da Qualidade, Produtividade e Técnicas Emergentes.
  7. Previsão e Avaliação Tecnológica; Planejamento Estratégico da Tecnologia; Parcerias e "Joint-Ventures" Tecnológicas.
  8. Aspectos Ambientais, Sociais, Culturais e Humanos da Inovação Tecnológica; Clima para Inovação; Administração de Profissionais Técnicos e Aspectos Correlatos.
  9. Fomento à Inovação Tecnológica; Incentivos Fiscais e Outros Mecanismos Indutores; Avaliação de Risco de Projetos de Inovação; Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Financeira em P&D; Educação e Treinamento em Política; Gestão da Inovação Tecnológica.

A grande variedade das áreas torna difícil a análise porque dilui os assuntos, criando células de freqüência muito pequena. Por outro lado, as células que concentram maior número de trabalhos se tornam importantes indicadores dos assuntos mais prestigiados pelos pesquisadores desta emergente especialidade acadêmica.

A área que reuniu maior interesse nos vinte eventos foi a 6, tanto no caso da ALTEC (33%), como do SIGITEC (19%), na qual estão os trabalhos relacionados à “organização para a inovação; gestão da interface entre P&D, marketing e produção; administração de projetos tecnológicos; gestão da qualidade, produtividade e técnicas emergentes”. A segunda área em importância para o SIGITEC é a 1, que trata de temas relacionados com aspectos políticos, com 17% dos interesses. Já a segunda preferência para o Seminário ALTEC, com 19%, foi a área cinco, que foca temas relacionados à realidade empresarial.

Os pesquisadores que contribuíram para o SIGITEC escolheram, em 7% dos casos, apresentar artigos sobre inovação tecnológica, infra-estrutura e avaliação (área 2), o que só aconteceu com 1% na ALTEC. O interesse quanto à previsão tecnológica, planejamento estratégico e parcerias tecnológicas (área 7) foi de 9% no SIGITEC e 2% no ALTEC.

Os dados sugerem que no SIGITEC há uma predominância do interesse voltado para a administração interna do processo de inovação, quer seja em uma abordagem mais teórica, quer seja em uma visão mais aplicada, enquanto os contribuintes para o ALTEC se preocupam mais com aspectos referentes à criacao de vantagens competitivas.

3.6 Formação acadêmica dos especialistas

Considerando-se a parcela de autores que permitiu a identificação de formação acadêmica, o Quadro 1 mostra que a maior parte das contribuições para o Seminário ALTEC vem de pesquisadores com formação em engenharia (34%), seguida pelos administradores. Juntas, as duas categorias englobam 47% dos autores. Depois, de forma mais pulverizada, aparecem os economistas, os de formação em medicina, física e ciência da computação. O SIGITEC, comparativamente ao ALTEC, apresenta uma inversão nas duas primeiras categorias de formação, denotando uma predominância dos administradores, com participação de 39%. Depois deles, vêm os do campo das engenharias, o qual abriga uma diversidade de especialistas. Estas duas categorias abrangentes de profissionais somam 66% de autores.

Embora haja uma clara predominância de engenheiros e administradores tanto no SIGITEC quanto no ALTEC, é possível perceber que o campo de gestão da inovação tecnológica tem se tornado cada vez mais multidisciplinar. O estudo dos processos administrativos parece interessar, cada vez mais, a profissionais de outras disciplinas, tais como sociólogos, economistas, profissionais da área de tecnologia da informação, dentre outros.  Esta é uma característica que pode denotar uma particularidade desta área.

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