Espacios. Vol. 24 (2) 2003

As fontes de tecnologia no setor de telecomunicações e os fatores motivadores para cooperação

Las fuentes de tecnologías en el sector de telecomunicaciones y los factores motivadores para la cooperación

Technologies sources in telecomunications sector and motivators factors for cooperation

Geciane S. Porto , Flavia Oliveira do Prado y Guilherme Ary Plonski


4.3.1 Os Fatores Motivadores para Cooperação

Neste estudo, foram listados 17 itens que contribuem para projetos em parceria com centros de pesquisa/universidade, os quais os respondentes deveriam indicar o seu grau de concordância ou discordância em relação aos mesmos.

Para identificar os fatores mais relevantes foi utilizada a análise fatorial, Pereira (1999). Embora a amostra seja pequena, verificou-se a consistência dos dados3. Foram encontrados 05 fatores que explicam 81,02% da variância das respostas. Esses fatores, após a análise dos itens que compõem cada um, foram denominados conforme o seu conteúdo mais expressivo, conforme pode ser observado na tabela abaixo.

Ao analisar os fatores que contribuem para cooperação empresa-universidade e/ou instituto de pesquisa, observa-se que as empresas do setor de telecomunicações são motivadas a cooperar para desenvolver e absorver a tecnologia de forma mais eficaz, para desenvolver os recursos humanos da empresa, ter acesso às instalações universitárias, desenvolver novos produtos e processos, reduzir o tempo de desenvolvimento de projetos de P&D, entre outros. No entanto, ao comparar com o resultado da tabela 3, percebe-se que este desenvolvimento deve estar direcionado muito mais a tropicalização e as melhorias incrementais dos produtos do que a criação efetiva de novos produtos e processos.

O acesso a recursos financeiros e recursos humanos qualificados também é outro fator de grande importância. Com base nesse fator, pode-se destacar a importância que a lei da informática possui para o setor, sendo que esta muitas vezes é o fator decisivo não só para cooperação com entidades externas, como para o próprio investimento em P&D&E no país.

5. Conclusões

Este estudo permitiu verificar quais são as principais fontes de tecnologia e a sua freqüência de uso para as empresas fabricantes de equipamentos do setor de telecomunicações. Por meio do conhecimento dessas fontes pode-se conhecer melhor qual é o perfil da empresa inovadora, seu esforço tecnológico e caracterizar a natureza das inovações realizadas com as instituições parceiras.

As fontes de inovação em ordem de relevância são: a) o departamento de P&D da Matriz; b) P&D interno; c) Universidades e centros de pesquisa; d) Conferências, simpósios, férias, exposições e publicações especializadas; e) Clientes e outros departamentos da empresa.

No entanto, verificou-se que as fontes cuja importância de uso é mais elevada, não são utilizadas na mesma freqüência em que são avaliadas como importantes. Isto indica que embora as empresas considerem relevantes determinadas fontes de informação a sua utilização não vem ocorrendo na intensidade devida.

As fontes que são mais utilizadas são: a) departamento de P&D da Matriz;. b) departamento de P&D interno; c) Universidades; d) Institutos de pesquisa, e) conferências, simpósios, feiras e exposições.

O estudo indica também que embora as universidades e institutos de pesquisa sejam procurados para desenvolver projetos em parceria em 82,6% dos casos, estes são de natureza mais restrita, ou seja, para a adaptação de novos produtos e/ou processos. Isto vem a confirmar que a tecnologia estratégica é desenvolvida nos centros de P&D da matriz ou da própria empresa.

Um aspecto interessante observado é que os clientes são citados como a quinta fonte de maior importância, o que indica uma divergência entre o discurso corrente no setor de assumir as necessidades dos clientes como fator chave no processo de inovação.

Ao se verificar o grau de inovação das empresas, observou-se que o maior volume do faturamento advém de produtos novos lançados entre 13 e 36 meses no mercado, indicando que as empresas têm uma preocupação constante em renovar o seu mix de produtos, o que reflete a disputa acirrada neste mercado.

Os fatores que mais contribuem para realização de projetos em cooperação com institutos de pesquisa/universidades são: a) Desenvolvimento e absorção de tecnologia da empresa mais eficaz; b) Melhoria do potencial mercadológico da empresa; c) Acesso a recursos financeiros e recursos humanos qualificados e melhoria da imagem da empresa; d) Uso em parceira das instalações de pesquisa e informações tecnológicas; e) Otimização do desenvolvimento de produto com menor risco para empresa. Observa-se que os fatores obtidos por meio da análise fatorial para empresas instaladas no Brasil corroboram a literatura internacional sobre o tema.

Outro aspecto observado é que as empresas investem em média 5,3% do seu faturamento bruto com atividades tecnológicas. Esse valor é muito próximo da obrigação mínima da Lei de Informática (lei nº 10.176/01). O que indica que as empresas não incorporam o desenvolvimento tecnológico no país como uma das suas prioridades estratégicas, havendo uma forte dependência da regulamentação para manutenção dos esforços de P&D no país no caso do setor de telecolunicações. A atuação do governo na elaboração de políticas públicas permanece fundamental para incentivar cada vez mais o P&D nacional no setor e a suspensão da lei poderá impactar diretamente nos esforços tecnológicos atualmente desenvolvidos no país, podendo levar a um abandono e /ou transferência dos investimentos para outras regiões.

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